Amor e Ódio nos ensaios



Capítulo 7 – Amor e Ódio nos ensaios

Lily arrumava as coisas que ela e Marlene precisariam para o começo dos ensaios. As outras garotas da “banda” só iriam na véspera da apresentação. “Sonserinas metidinhas, essas...” pensava Lily.
- Vamos logo, Lene, antes que alguém pegue o Salão!

- PONTAAAAS! Poxa cara, desce logo! – berra Sirius no Salão Comunal, um embrulho mal-disfarçado da guitarra sobre o ombro.
- Pronto, pronto, cheguei! – disse James, entregando a palheta a Sirius. – Que idéia de trazer a guitarra pra cá, hein! Tudo bem, faz um sucesso andar com ela nos ombros, mas Marlene não vai nem reparar.
- Então por quê você está usando?– e indicou a outra guitarra presa a James. – Eu sei que você acredita na minha teoria, meu caro. Aluado e Rabicho já estão lá fora, esperando a gente. Vamos antes que alguém pegue o Salão!

- Afinal, o que tanto você leva aí, Lils? – Marlene espicha o pescoço pra grande mochila amarela que Lily carregava às costas. A ruiva lhe lançou um olhar mortífero.
- Você não acha realmente que nós iríamos sair em público com as roupas da apresentação, não é?
- Pra quê tanto sigilo?
- Uma palavra: reputação.
“Você não tem reputação”, diz Charlotte. Lily emburra.
- Você não tem reputação. – diz Marlene. Lily emburra mais ainda.
- Okay, okay, já aceitei o fato. Não é culpa minha que o Potter faz meu sangue ferver!
- Hmmm… - Marlene engrossa a voz, sobe as mangas, tornando-as fofas e expondo os braços e sai dançando pelo corredor (melhor dizendo, sai rebolando atraindo olhares dos passantes, principalmente dos garotos). – Ohhhh, eu te amo... Ohhhh, eu te amo meu amor... Ohhhh, eu te amo... O meu sangue ferve por você!
Lily estanca com o ataque súbito de loucura da amiga. Calma e cautelosamente, ela se aproxima de Marlene (que por acaso estava dançando uma espécie de tango sozinha, com castanholas imaginárias e movendo bruscamente a saia de um lado para o outro), colocando a mão em seu ombro.
- Lene? Você tá legal?
Marlene se vira com um imenso sorriso.
- Tô. Nunca estive tão bem.
E ela volta a caminhar normalmente em direção ao Salão Principal. Lily pisca repetidas vezes, atordoada.
- Você não vem mais?
“Eu desisto de entender a mentalidade humana.”, diz Charlotte, sabiamente.

- Sirius, James, por favor... tenham bom senso, ao menos uma vez na vida… - pedia Remus, já com um tom desesperado na voz. – Ainda dá tempo de desistir!
- Desistir? Você pirou, Aluado? – disparou Peter, já que os reais destinatários da mensagem estavam ocupados tirando fotos com garotas de Hogwarts, assinando pergaminhos, bolsas e bocas. – Até EU virei celebridade!
- Rabicho, você tá parecendo uma gueixa com as baquetas aí. – disse James, sensatamente. Peter murchou imediatamente e caminhou solitário e melancólico pelo corredor.
- Não falei que essas guitarras eram um charme a mais, Pontas? – sorriu Sirius, já acenando em despedida para o grupo de terceiranistas. – Você me deve dois galeões, três sapos de chocolate e um abraço no Seboso.
- Heey, mas eu falei charme com LILY e LENE! É DIFERENTE! E eu não vi isso surtir efeito ainda. Então VOCÊ que me deve dois galeões, três sapos de chocolate e – acrescentou maldoso – um abraço num Seboso carente e desiludido.
- Como é a história? – Rabicho volta correndo o mais rápido que suas curtas pernas e seu enorme peso lhe possibilita.
- Mas que rato fofoqueiro! – exclama Remus, que caminhava derrotado e pensativo, encarando uma palheta na mão.
- É o seguinte – começou James. – Sabem a namorada do Snape, Levine?
- BELLATRIX? – exclamou Sirius.
- Seu cachorro tapado, é Levine, não Lavigne.
- Aahn…
- Aquela que deu uns amassos no Seboso na frente de toda a Hogwarts? – gente, até o REMUS estava fofocando, onde o mundo vai parar?
- ESSA MESMO! Pois não é que ela deu um mega pé na bunda do Seboso?
- Juuuura? – exclamou Peter.
- Juro. Duas horas depois me contaram que ela tava se agarrando com o Crabbe na torre de Astronomia.
- Que vaca! – disse Sirius.
- Pois é. E você vai ter que consolar o Ranhoso, Sirius.
- COMO É? O VEADO CHIFRUDO É VOCÊ!
- Mas você está perdendo a aposta – sorriu James. – Você não é o “Batedor Gostosão de Hogwarts”?
Sirius bufa de raiva. Decidido, ele sai marchando para longe dos amigos. Quando ele pára e olha para os outros Marotos, com a sobrancelha levantada e um sorriso irônico nos lábios.
- Eu sei que eu sou... bonito e gostoso... e sei que você... me ama e me queer! – cantou, acompanhado de algumas voltinhas, reboladinhas, quebradas de ombros e coisas do tipo.
- ORA, SEU CACHORRO PULGUENTO! – grita James, meio irritado, meio divertido, e sai correndo atrás do amigo, acompanhado por Remus e Peter.

Lily e Lene, não a mais nova dupla sertaneja do momento, mas nossas duas inseparáveis amigas e protagonistas, andavam rindo de alguma besteira que Marlene provavelmente contara, quando estancaram na dobra do corredor.
Na outra ponta, também rindo (ou gargalhando, se rachando ao meio, caindo pelos cantos) vinham James, Sirius, Remus e Peter. Eles pararam ao ver as garotas na outra extremidade.
...
...
Minutos de tensão. O corredor estaria deserto se não fosse pelos seis. Um vento corre, balançando os cabelos soltos das garotas e a franja caída de Sirius. Lily encara James, que encara Marlene, que encara Sirius, que encara Lily, que encara Remus, que encara Lene, que encara Peter, que encara Lily, que encara James... okay, vocês já entenderam.
James, parado com as pernas bem separadas uma da outra, abre bem as mãos e faz movimentos estranhos com os dedos, parecendo aquecê-los para um duelo ou algo do tipo. Paralela a ele, Lily colocava as mãos no quadril e segurava o pano da saia, irritada. A seu lado, Marlene sorria ironicamente para Sirius, que fazia cara de mau do lado de James. Um pouco de feno enrolado passou voando rapidamente, enquanto o som de flauta soava.
- É isso aí, cara. – diz James, meio enrolado, arrancando o palito do pirulito que Peter estava desenrolando e pondo-o na boca.
Lily e James permanecem se encarando. Sem piscar. Sem se mexer. Até que James piscou.
- HÁ! GANHEI! – gritou Lily e desatou a correr, puxando Marlene, para o Salão Principal. Os Marotos despertaram do torpor, correndo atrás delas.
James ultrapassa Lily, Lily ultrapassa Lene, Lene ultrapassa Sirius, Remus ultrapassa Sirius, que ultrapassa Peter, que fica em último, como sempre.
Já de frente às portas fechadas, todos tentam, mas não conseguem parar subitamente com a corrida, o que nos leva, em impressionantes dois segundos, a...:
James no chão.
Lily caída em cima do James, os cabelos na cara deste.
Lene por cima de Lily, formando uma cruz humana.
Sirius por cima de Lene, com uma visão panorâmica.
Remus sortudo caído SÓ soterrado pela perna de alguém não-identificado.
Peter em cima de todo mundo.
- AAAAAAAAAHHH! – gritam sufocados.
Lily esperneia, Marlene grita, Remus tenta bater no ser desconhecido que o soterrava, Peter parecia desmaiado em cima de todo mundo. James e Sirius estavam aproveitando-se da situação ou ao menos tentando já que o apanhador estava meio que, digamos, sufocado tanto pelo cheiro do shampoo de Lily e pelos cabelos ruivos em sua boca e o batedor não via muita coisa na camisa comportada de Marlene.
- Sai... – começou Lily.
- ... de cima… - disse Marlene.
- … da gente… - bufou Remus.
-... PETER! – gritaram os três, acordando a pobre ratazana gorda e podendo enfim, respirar normalmente. Embora alguns estivessem meio contrariados, eles apressaram-se a tomar suas posições iniciais.
Marlene limpava a poeira da parte de trás da saia, sendo observada fixamente por Sirius. Remus engatava uma séria conversa com Peter sobre obesidade, tortinhas de chocolate e morte por sufocamento. E James e Lily...
- Obrigada, Potter, mas eu não preciso de ajuda.
- O QUE É ISSO, LILY! Imagina, você deve ter se machucado nessa queda, não, não mesmo, venha cá... – e a enlaçou firmemente pela cintura, ajudando-a a levantar-se.
“Okay. Anotação. Nunca deixe James Ulisses Potter respirando na curva do seu pescoço, enquanto está te abraçando. Nível vermelho: alerta de consciência em pane. Alerta: CONSCIENTE DESGOVERNADA!”
Lily ofegou ao sentir os joelhos fraquejarem um pouco. Só não caiu por causa do... Potter. Mas se ela caísse seria por causa do... Potter. Tudo é por causa do Potter?
“Tome uma atitude Lily Evans! Sirva pra algo enquanto eu estou em crise!”
- Ahn... Potter?
- Sim, Lil, querida?
- QUER FAZER O FAVOR DE ME SOLTAR?
Todo mundo bem sabe o poder de um grito de Lily “Tenho-Um-Megafone-Nas-Cordas-Vocais” Evans. Apesar de James já ter se acostumado com eles, deu um suspiro cansado e afrouxou o aperto de seu carinhoso abraço.
“Hã... hã... quê? Liiilyy... Lily, querida, eu tô com frio...”, diz Charlotte.
“E eu com isso?”, retruca Lily.
“Com isso que eu também sou você, você também sou eu, então você também está sentindo a temperatura cair drasticamente. Você tem um casaco aí?”
“Não.”
“Cachecol?”
“Não.”
“Jaqueta?”
“Não.”
“James Potter?”
“Quê! Sim, mas...”
Charlotte tomou providências. Lily não conseguiu controlar os impulsos de seu subconsciente e agarrou os braços de James, ainda envoltos em sua cintura.
- Hem, hem... Sabe, nós tínhamos um ensaio pra fazer ainda, não é Pontas? Então que tal pegar uma ficha com a ruiva pra mais tarde?
“Sirius, seu poodle maldito! Aguarde minha vingança!”, diz Ulisses.
“Ta, cheeegaa! Alerta verde: CONSCIÊNCIA DE VOLTA! LILY! Estapeie o Potter!”, exclama Charlotte.
Lily arregala os olhos e dá um tapinha de leve no braço de James, que a solta. Ela sai rapidamente do alcance dos braços dele e vira-se, esvoaçando os cabelos ruivos:
- Ensaio? Vocês vieram ensaiar também?
- TAMBÉM? Você vai participar do SHOW DE TALENTOS Lily?
- Quer fazer o favor de PARAR de me chamar de Lily! Não temos intimidade o suficiente para isso!
- Sério? Não sabia que você prezava momentos mais íntimos do que esse último em público... vou anotar isso para ocasiões futuras... (N/AS: anotações futuras podem ser perigosas...)
- NÃO SE ATREVA, SEU... SEU PERVERTIDO!
- Hem, hem... – fez Marlene dessa vez. – E nosso ensaio, Lil?
- Não podemos ensaiar com eles aqui, então... – Lily sacou a varinha, mas Sirius perguntou mais rápido:
- Por que não?
Lily ficou escarlate e começou a balbuciar coisas incompreensíveis, detrás da cortina de cabelos. Marlene foi um pouco melhor sucedida e apenas repetia as sentenças.
- Porque... – “É perigoso estando a menos de trinta metros de distância de Sirius Orlando Black.”, disse Valentine. -... porque... – “Brincar com fogo já trouxe sérias, desastrosas e pervertidas conseqüências.” - porque... – “O fim do mundo da coreografia assistida não precisa ser antecipado.” - ... porque não, oras!
- Por que nós não acabamos logo com isso, deixamos elas ensaiarem e vamos jogar Snap Explosivo? – sugere um esperançoso Remus.
- NÃO! – berram Sirius e James. Remus murcha.
- Então nós ensaiamos, elas esperam e depois ensaiam. Nós temos maior urgência. – não é que Peter usa o cérebro além de controlar os movimentos do maxilar para mastigar?
Os outros se espantam.
- Até que não é uma má idéia Rabicho... – diz James.
- É UMA MÁ IDÉIA SIM! Eu não estou nem um pouco a fim de ficar aqui vendo vocês cantando, dançando, tocando ou o que diabos vocês vão fazer! – retruca Lily, irritada.
- Mas vai ficar!
James puxa Lily pelo pulso, tira sua varinha e conjura uma cadeira, onde ele a senta, bruscamente. Ele se ajoelha diante dela, e...

Every time we lie awake
(Toda vez que nós deitamos acordados)
After every hit we take
(Depois de cada golpe que tomamos)
Every feeling that I get
(Cada sentimento que eu tenho)

As primeiras notas musicais saíram das cordas vocais de James para quem quisesse ouvir. Lily apenas arregalou os olhos.
Os outros se entreolharam. Sirius revirou os olhos com a perspectiva de mais uma tentativa de James. Remus sentou-se em alguma coisa coberta com um pano preto e começou a brincar com os dedos.

But I haven't missed you yet
(Mas eu ainda não senti sua falta)
Every room make kept awake
(Cada colega de quarto que fica acordado)
By every sigh and scream we make
(Por causa de cada suspiro e grito que damos)

Lily não piscava, não respirava, não dava nem ao menos um sorriso. James abraçou as pernas dela se aproveitando do estado de choque em que ela se encontrava.
Lene agora, se sentava no chão para admirar os dois, esperançosa. Peter parecia ter desmaiado.

All the feelings that I get
(Todos os sentimentos que eu tenho)
But I still don't miss you yet
(Mas eu ainda não senti sua falta)
Only when I stop to think about it...
(Somente quando eu paro para pensar sobre isso...)

“Charlotte...”
“Central das Consciências informa: Charlotte se encontra desligada ou fora da área de cobertura. Seu recado estará sujeito à cobrança após o sinal. TU RU RU”
“Isso é hora pra ela me abandonar?”

I hate everything about you!
(Eu odeio tudo sobre você!)
Why do I love you...?
(Por que eu te amo...?)
I hate everything about you!
(Eu odeio tudo sobre você!)
Why do I love you...?
(Por que eu te amo...?)

Lily tomou um susto com tamanhas verdades. Chegou quase a cair da cadeira.
Remus fez sinal para os outros saírem. Lene não queria levantar e foi empurrada por Sirius. Peter foi carregado por um feitiço de Remus.

Every time we lie awake
(Toda vez que nós deitamos acordados)
After every hit we take
(Depois de cada golpe que tomamos)
Every feeling that I get
(Cada sentimento que eu tenho)

James pegou a mão de Lily, levemente, sorrindo pra ela. Em sinal de que havia voltado os sentidos, ou que Charlotte havia voltado, ela sorriu de volta.

But I haven't missed you yet
(Mas eu ainda não senti sua falta)
Only when I stop to think about it...
(Somente quando eu paro para pensar sobre isso...)

Tendo aquilo com um sinal de que podia avançar, ele se levantou a fazendo levantar junto com ele. Abraçou-a pela cintura, como havia feito alguns momentos atrás. Mas agora ela levou as mãos à nuca dele.
Lily sorriu e jogou a cascata vermelha que os cabelos faziam para trás.

I hate everything about you!
(Eu odeio tudo sobre você!)
Why do I love you...?
(Por que eu te amo...?)
I hate everything about you!
(Eu odeio tudo sobre você!)
Why do I love you...?
(Por que eu te amo...?)

Ele começou a cantar sussurrando no ouvido dela, arrepiando-a, ao mesmo passo que eles se moviam, docemente, como numa dança.
Ela encostou a cabeça no ombro dele. Já havia perdido a razão, a cabeça. Qualquer coisa que acontecesse dali pra frente era lucro.

Only when I stop to think about you I know...
(Somente quando eu paro para pensar sobre você eu sei...)
Only when you stop to think about me do you ...!
(Somente quando você pára para pensar sobre mim você sabe...)

Ele parou de cantar sussurrando em seu ouvido para encarar os olhos verdes brilhantes que tanto amava e que, agora, brilhavam, não de ódio, como antes, mas de alguma coisa que ele não podia identificar.

I hate everything about you!
(Eu odeio tudo sobre você!)
Why do I love you...?
(Por que eu te amo...?)
You hate everything about me!
(Você odeia tudo sobre mim)
Why do you love me!
(Por que você me ama!)

I hate...
(Eu odeio...)

Parada estratégica para um selinho.

...you hate!
(Você odeia!)

E novamente mais um beijo.

I hate...
(Eu odeio…)

Então ela tomou a iniciativa e o beijou. Ele sorriu, satisfeito, acrescentando:

you love me...
(Você me ama...)
I hate everything about you!
(Eu odeio tudo sobre você!)
Why do I love you?
(Por que eu te amo?)

N/AS:

- O amor não é lindo? – suspira Dressa, vendo tudo pelo buraco da fechadura.
- É sim, mas me deixe ver mais, okay? – pediu Leka.
- Agora não!
- Agora sim!
Leka e Dressa começaram uma discussão que só terminou com a saída de James e Lily, aparentemente de mãos dadas (coisa que ficou na dúvida, pois no segundo seguinte as mãos pareciam estar bem longe).
- Oooooh! – exclamaram juntas, quando os dois sumiram de vista.
- Ele saiu da fossa né?
- James Potter + Lily Evans = Harry Potter responde a sua pergunta?

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