Charlotte, Valentine, Ulisses



Capítulo 1- Charlotte, Valentine, Ulisses e Orlando

PARTE 1- CHARLOTTE

- Lily, você sabe que horas são?- perguntou Marlene McKinnon, com um ar falsamente inocente.
Lily Evans levantou suas orbes “irritantemente verdes”, de acordo com a amiga, pôs uma mecha rebelde do cabelo ruivo atrás da orelha, e respondeu, com um sorriso irônico:
- Você é quem não está fazendo nada. Deveria ter mais tempo do que eu para olhar pro lado e ver que horas são no relógio.
- Lil, eu estava sendo irônica.
- Tentando ser, na verdade.
- Precisar esculachar?
- Quando você tenta ser irônica e acaba me atrapalhando, sim.
- OK. Mas era apenas pra fazer você tomar consciência de que são sete horas da noite e apenas nós estamos no Salão Comunal.
- E?
- E, enquanto isso, as pessoas estão lá embaixo, degustando da deliciosa comida dos elfos.
- E daí?
- Daí que pessoas normais precisam de alimento, Lily “Sou-Um-ET-Anêmico-E-Anoréxico” Evans! EU preciso de alimento!
- E quem está prendendo você aqui?
- VOCÊ!
- Eu? O que EU estou fazendo?
- Você está me prendendo aqui com essa cara de “Eu-nunca-mais-vou-falar-com-você-se-me-abandonar-aqui-Marlene-McKinnon”!
- Você tem uma mente bem produtiva sabia? Podia aproveitá-la melhor, sem me atrapalhar. Escrever um livro de histórias mirabolantes sobre um menino bruxo que sobreviveu a um feitiço fatal de um bruxo das trevas, ou ser repórter de um tablóide e dizer que ele é filho do bruxo das trevas e que a santa mãe dele havia dado um novo sentido ao apelido do pai dele...
- O que é tablóide?
- Deixa pra lá.- e voltou sua atenção para o relatório.
- Lily Charlotte Evans, quer fazer o favor de largar esse relatório e ir jantar!- agora Marlene começava a se irritar. O que não faz a fome com uma pessoa.
- Se o Potter aprontasse menos, nós já estaríamos na mesa. – disparou Lily, sem tirar os olhos do pergaminho.
Foi aí que Marlene se irritou mesmo.
- Por que tudo você tem que meter o Potter no meio, Lil? Se chove, a culpa é do Potter. Se não chove, a culpa é do Potter. E se fica no chove não chove, a culpa TAMBÉM é do Potter!
Marlene se levanta e vai em direção ao quadro da Mulher Gorda.
- Você gira em torno do Potter, Lil.- e sai do Salão Comunal, deixando lá uma estupefata Lily.
- Como é, Marlene? Acho que não entendi!
Lily se levantou rapidamente, esquecendo-se momentaneamente do fato de ter uma mesa em cima de suas pernas e uma cadeira sem rodinhas em que estava sentada, o que conseqüentemente nos leva, em fantásticos dois segundos, a uma Lily da cor dos cabelos, de raiva e dor, com as coxas latejando de uma forma extremamente incômoda, estirada no chão do vazio Salão Comunal da Grifinória, e a única pessoa que podia socorrê-la lhe fez o favor de sair triunfalmente. Mas, Lily é uma garota de fibra, e em vez de começar a gritar desesperada que havia quebrado a unha quando caiu, ou que o impacto de sua cabeça contra o chão, além de ter resultados dolorosos havia quebrado sua fivela, ela apenas soltou um tímido:
- Ai.
Silêncio.
“Nunca tinha reparado que tem pinturas no teto do Salão Comunal”, pensou Lily.
“Acho que porque você nunca o encarou, realmente, a não ser no seu primeiro ano, mas provavelmente você não lembraria disso.”, ‘respondeu’ uma voz em sua cabeça.
“Quem é você?”
“Chalotte, prazer. Hã... se eu tivesse uma mão, eu estenderia, só para... registro.”
“Hã... tá. Chalotte.”
“Sim, querida.”
“Não é por nada não, mas o que você está fazendo dentro da minha cabeça?”
“Conversando com você?”
“É, eu percebi. Mas se você está dentro da minha cabeça, significa que está dentro de mim, o que significa que você é parte de mim. O que significa...?”
“Significa...?”
“POR QUE EU ESTOU FALANDO COMIGO MESMA, DEITADA NO MEIO DO SALÃO COMUNAL?”
“Se você não sabe, como EU vou saber?”
“Ahn, sei lá, achei que se eu não soubesse, você, que também sou eu, saberia.”
“Aahh... aham, certo.”
Silêncio na cabeça de Lily.
“Lil?”
“Lil? Eu comecei a falar contigo há cinco minutos e você já me chama de Lil?”
“Lil, você fala comigo desde que se entende por gente, mas nunca se tocou realmente disso. A cada coisa que você fizesse, e surgisse um pensamento chato, sarcástico, irônico, e demonstrasse ser contra o que quer que você estivesse fazendo, era eu.”
“Então, você é...”
“Isso mesmo, Lily.”
Lily rapidamente se senta e encara a lareira do Salão Comunal.
“Você é aquela vozinha que me mandou socar a Petúnia aos dez anos!”
“Ah, não me diga que você não gostou de fazer aquilo!”
“Meu punho nunca mais foi o mesmo! Você sabe o quão duro é o nariz da Petúnia?”
“Lil, eu faço parte de você, por isso tenho seu nome do meio, é claro que eu sei. Aliás, é por MINHA causa que doeu SÓ aquilo, se você não estivesse tão feliz por MINHA causa teria doído mais!”
Silêncio novamente.
“Lil?”
“Meu Deus, eu tenho uma maníaca violenta, irônica e convencida como consciência!”
“Violenta não. Dou apenas o castigo doloroso que certas pessoas merecem. Irônica não. Apenas não posso deixar de comentar minha oposição de uma forma mais humorada. Convencida não. Apenas tenho plena consciência da realidade, dos fatos. Agora sim: yeah, esta sou eu!”
“Eu tô com medo.”
“E eu estou com fome, Lily, então trate de ir pro Salão Principal!”
Lily terminou de se levantar de um pulo e saiu em direção ao Salão Principal.
- Essa foi, definitivamente, a coisa mais estranha que já me aconteceu.- comentou para si mesma.
“Ah não mesmo, nada bate aquele dia na casa da Marlene...”, ‘disse’ Charlotte.
- Sshhh!- fez Lily, olhando para os lados. Um casal de quartanistas da Corvinal apressou o passo no corredor.
“Haha, sei que é constrangedor, mas não se esqueça que só quem está me ouvindo é você, mas o resto das pessoas pode te ver falando sozinha. E você tem um resto de reputação para cuidar.”, ‘riu’ Chalotte.
- RES...- começou Lily, mas parou no meio do caminho. Então pensou o que achava ser um pensamento que furaria os ouvidos de Charlotte.
“RESTO DE REPUTAÇÃO!”Mas só serviu para chacoalhar ainda mais sua cabeça confusa com a situação.
“Hoho, não adianta, Lil. Os ouvidos a serem furados seriam os seus, então te aconselho a não tentar isso novamente. E sim, resto de reputação, ou você ainda queria que fosse bem vista em toda Hogwarts se vive gritando com o Potter por aí?”
“Ele me irrita me chamando pra sair direto! E ainda pensa que eu vou aceitar! Ora tenho mais coisas pra fazer do que ficar me agarrando com um idiota arrogante, convencido, sem um pingo de juízo, com a cabeça cheia de titica de coruja!”
"Ah, quer dizer que o problema é falta de tempo então?"
"Nem que eu tivesse tempo sobrando sairia com esse idiota. Pensei que por estar dentro de mim você soubesse disso."
“Na verdade, remexendo umas gavetas de pensamentos registrados há... quase dois meses... ahá, aqui está! ‘Quero dizer, como ele ousou fazer aquele showzinho, com a minha participação especial, que, devo dizer, não foi de livre e espontânea vontade?’ ‘Showzinho? Pra mim aquilo foi o Rock in Rio, isso sim! Com um gran finale, devo dizer!’ ‘Você chama de gran finale o aproveitamento de uma situação de descontrole e de defesas baixas?’ ‘Foi só um beijo, Lil, e você ainda deixou duas marcas no garoto. Bem, uma você não pode ver, não é? Ou pode? Acho que ele até gostaria...’ ‘Sua pervertida!’ ‘Ah, vai me dizer que não gostou?’ ‘NÃO!’ ‘Certo, veremos o que os seus sonhos dizem...’. Bom, você assume que gostou ou ainda quer os sonhos?”
“Como é? Eu já falei: eu detestei, e ainda quero matar o Potter por ter feito aquilo!”
“Aiai, é a vida... onde eu deixei o histórico dos sonhos, mesmo? Ah, sim! E é só puxar esse neurôniozinho e...”

FLASHBACK DO SONHO DA LILY

James está se aproximando lentamente de Lily. Finalmente eles se beijam. Uma música romântica começa a tocar. Eles estão no vazio Salão Comunal.
James está se aproximando lentamente de Lily. Finalmente eles se beijam. Uma música romântica começa a tocar. Eles estão sozinhos à beira do lago.
James está se aproximando lentamente de Lily. Finalmente eles se beijam. Uma música romântica começa a tocar. Eles estão num parque.
James está se aproximando lentamente de Lily. Finalmente eles se beijam. Uma música romântica começa a tocar. Eles estão num enorme transatlântico, num pôr-do-sol, abraçados na proa.
James está se aproximando lentamente de Lily. Finalmente eles se beijam. Uma música romântica começa a tocar. Eles estão no meio de um palco e Lily não parece estar muito bem.
As imagens começam a se repetir rapidamente na cabeça de Lily...

FIM DO FLASHBACK DO SONHO DA LILY

Ela sacode a cabeça veemente para os lados e sai correndo desabalada pelos corredores.

PARTE 2 - VALENTINE

- Quer saber? Eu não agüentei, explodi com ela mesmo, e não me arrependo! Lily Evans não se toca da sorte que ela tem! Bom, Lil é uma pessoa maravilhosa, conseguiu o que conseguiu por mérito próprio, mas me diga se não é sorte despertar a atenção e fazer o Vice Mister Hogwarts se jogar aos seus pés? Quero dizer, 95 da população feminina e 7 da população masculina, e a intersecção de 3 das duas populações de Hogwarts daria tudo pra trocar de lugar com ela! E ELA TROCARIA!
É de conhecimento de toda Hogwarts que Marlene Valentine McKinnon fala pelos cotovelos. Mas apenas os quadros de Hogwarts sabiam da mania que ela tinha de falar sozinha quando estava irritada, em meio a passeios pelo castelo.
- Merlim, será que ela não percebe que, além de bonito, charmoso e engraçado, James é um ótimo amigo, leal e inteligente? “Você só fala isso porque ele é seu primo!” Grande coisa! É só mais um motivo pra ela ficar com ele! Nós ainda seríamos parentes!
Agora, realmente, Marlene estava dando medo até nos quadros.
- Mas nãão! Ela ainda quer que um Príncipe Encantado trouxa venha buscá-la montado num cavalo branco! Poupe-me, Lily Evans, e acorde para a vida! Homens perfeitos iguais aos dos seus contos de fadas não existem!
“Mas homens perfeitos parecidos com os dos contos de fadas existem.”
Marlene virou-se rapidamente, de varinha erguida.
- Quem está aí?- perguntou, temerosa. Oh, Merlim, minha reputação...
“Valentine.”
- Onde?
“Aqui.”
- Aqui onde?- Marlene começou a girar em torno de si mesma, parecendo uma barata tonta.
“Aqui, dentro da sua cabeça, sua tonta!”
- Hã?
“Marlene McKinnon, sua garota anormalmente obtusa nas determinadas situações que a minha magnífica pessoa se manifesta, cale a boca imediatamente e obedeça piamente as minhas instruções, ou você sofrerá sérias conseqüências!”
Por estar sendo ameaçada por alguém que ela não podia nem ver, num lugar onde ninguém poderia lhe ajudar, e com os nervos tão á flor da pele que não se lembrava nem de um feitiço, Marlene decidiu cooperar.
“Boa menina. Certo. Marlene, eu tenho que te contar uma coisa que vai mudar a sua vida.”
- Eu vou pra Academia?
“Ahn... não.”
- Eu sou a líder da semana?
“Ahn... não.”
- Eu ganhei na loteria do Profeta Diário?
“Ahn... não.”
- Eu vou conhecer o Johnny Depp?
“Ahn... não.”
- Vou pro show do Pearl Jam?
“Ahn... não.”
- Eu vou matar o Bush?
“É uma boa idéia, mas... não.”
- Então o que diabos você tem pra me dizer, criatura que eu não sei quem é, o que é e onde está?
“Você é uma consciente, Marlene.”
Marlene começa a escutar uma musiquinha instrumental em sua cabeça e pergunta:
- Eu... eu sou o que?
“Uma consciente. Uma grande consciente na verdade, assim como seus pais.”
- Mas... eu não posso ser uma... uma consciente. Eu sou... a Marlene. Só Marlene.
“OK, Só Marlene. Você nunca ouviu uma voz na sua cabeça, uma voz te dando conselhos ou te contradizendo em alguma coisa?”
Marlene ficou em silêncio.
“Hmmm... então, prossigamos. Eu sou Valentine, sua consciência.”
- Ah, tá.
“E quer parar de falar em voz alta? Já não basta ficar falando sozinha pelos corredores? Apenas pense.”
“Isso é muito estranho. E pensar que eu estava só divagando sobre melhores amigas, primos e Príncipes Encantados...”
“Finalmente você voltou ao assunto!”
“Que assunto?”
“Céus, como às vezes você é lenta! E injusta!”
“EU? Injusta? Por que?”
“Porque você condena a Lil por sonhar com um Príncipe Encantado, quando você mesma sonha com um.”
“Eu não sonho com um Príncipe Encantado! Eu sonho com alguém de verdade, com defeitos e qualidades! Eu sonho com um cara com um sorriso verdadeiro, e não aqueles de plástico dos livros da Lil. Com uma beleza real, e não um loiro-gema de olhos azul-turquesa. Inteligente, que não vá enfrentar um dragão só com a cara e a coragem, e sim pensando no que diabos vai fazer. Que me faça rir, não necessariamente vivamos felizes para sempre, mas na medida do possível e enfrentando tudo juntos. E nada de cavalos. Eles fedem. Pode ser um conversível. Ou uma moto poderosa.”
“Você sabia que o Sirius comprou uma moto voadora?”
“SÉRIO? Puxa, daquelas pretonas?”
“Pelo que ele diz...”
“Caraaaca... ei, peraí! Quê que isso tem a ver?”
“Oh, céus! Minha pequena Einstein, minha menina prodígio de ouro... você nunca reparou em como o Black se encaixa em tudo isso?”
“Ahn...não! Simplesmente porque ele não se encaixa! Ele me irrita com suas brincadeiras, às vezes! Acha que por ter quase todas as garotas na palma da mão, EU não estou incluída no quase, só porque não sou mãe dele! Além de que é arrogante, petulante, convencido, egocêntrico, se acha, canalha, cafajeste, galinha...”
“Você falou praticamente a mesma coisa, mas eu deixo passar. E você não queria alguém de verdade, com defeitos e qualidades? Aí está! Ainda ganha o bônus de que ele é muito sexy!”
“Bom, nisso eu me sinto obrigada a concordar. Se Sirius Black não é sexy, ninguém no mundo é. Mas não presta! E ponto final!”
“Exclamação, na verdade.”
“AAAARRGHH! Você me irrita ainda mais que o Black!”
“Mas, assim como eu, você não vive sem ele!”
Ela pega vigorosamente nos cabelos, como se fosse realmente maluca, e sai pisando forte, mais irritada do que quando abandonara Lily no Salão Comunal.

PARTE 3 - ULISSES

OK. É aceitável que James Potter goste de quadribol. É aceitável que ele não pare de falar nisso nas proximidades dos jogos, ou que dê discursos ao ouvir “quadri...”, já que não deixava nem quem começou o assunto terminar, ou que vá e leve consigo pra enfermaria todo indivíduo que ousar falar mal do esporte. Mas era realmente coisa de viciado ficar treinando horas depois do término do treino, sob a garoa fina, com o próximo jogo a meses de distância. Ou coisa de “James Potter se mostrando para uma garota”.
OK. É aceitável que a tal Lufa-Lufense faça parte do fã-clube oficial de James. Mas era realmente coisa de viciada, além de ser nauseante, gritar e pular como ela pula e grita simplesmente com o vento batendo no cabelo dele.
- Muito bem. Eu não faço a mínima objeção em sair com a tal Rebecca, mas se eu ouvir mais um “Jamie, como você voa bem!” com essa voz de gralha sendo esganada, eu juro que me jogo dessa vassoura!
- Jamie, como você voa bem!- grita Rebecca, dando pulinhos de felicidade, com um sorriso de orelha a orelha.
James encara a grama do campo.
- É uma altura considerável. - diz ele baixinho.
“É perfeita. Um suicídio original, te proporcionando uma última felicidade, além de que vai deixar uma pessimamente mórbida lembrança nessa gralhinha loira, o que pode ser considerada uma grande vingança.”, diz uma voz em sua cabeça.
James arregala os olhos de espanto.
- Eu estava só brincando.
“Você está se acovardando diante da realização de seu juramento.”
- Como se atreve a me chamar de covarde?- grita James.
- O que você disse, Jamie, querido?- grita Rebecca, das arquibancadas.
- Nada! Você está imaginando coisas!- diz ele, para um interlocutor indefinido.
- Ah, tudo bem. Mas quando você vai descer, afinal? Não quer mais sair comigo?- pergunta Rebecca, fazendo biquinho, já na beira do gramado.
“Atrevendo-me oras. Então, vai se jogar ou não?”, fala novamente a voz na cabeça de James.
- Não! Eu não estava falando sério, era só da boca pra fora!- diz o garoto, já perto do gramado, com o pomo em mãos.
“Ao menos você nunca mais precisaria ouvir a voz dessa garota. Por falar em voz, para falar comigo, apenas pense. Está parecendo Barnabás, o Amalucado.”
Rebecca estava parada à beira do gramado, boquiaberta e de olhos arregalados, encarando James ir guardar o pomo e as outras bolas.
“Eu nunca mais vou ouvir a voz dessa garota porque assim que eu descer e der um selinho nela ela vai entrar em choque, o que me dá tempo de voltar ao castelo e nunca mais encontrá-la por lá! E quem diabos é Barnabás, o Amalucado?”
“O que te faz acreditar tanto que isso vai acontecer? E como assim você não sabe quem é Barnabás, o Amalucado?”
James estava voltando e encarava a assustada garota à sua frente. Ela parecia prestes a chorar.
- Você não quer mais se encontrar comigo?- perguntou, com a voz trêmula.
“Porque isso acontece com todas com quem eu só fico cinco minutos! Não sabendo, oras!”
- James? Você não quer mais se encontrar comigo?- ela perguntou novamente, como se ele não tivesse ouvido.
“Esse selinho vai durar CINCO MINUTOS? Você é demasiadamente sem cultura, sabia?” disparou a voz na cabeça do garoto.
-Era modo de dizer, você leva as coisas à sério demais. Por falar nisso, quem diabos é você?- disse James, irritado.
Rebecca desabou no choro e saiu correndo, aos prantos, trancos e barrancos, do campo de quadribol.
“Bem feito, seu idiota. Eu FALEI: ‘Apenas pense’, mas você me ouve? Nãão!”, diz a voz em sua cabeça.
“Eu fiquei confuso, caramba! Queria ver se estivesse no meu lugar!”, diz James furioso, acertadamente em pensamentos, indo em direção ao castelo.
“Mas eu estou no seu lugar! Eu sou você, também. Faço parte de você. Ulisses é o meu nome.”
James estancou no meio do caminho.
“O que foi dessa vez?”, ‘perguntou’ Ulisses.
“Merlim, tem um cara na minha cabeça! Eca!”
Ele balança a cabeça veementemente para os lados, as mãos presas aos cabelos, o rosto contorcido em nojo.
“Urgh! O que você está pensando, seu idiota! Pontas sempre teve e sempre terá um ÚNICO sentido! E se EU não fosse um cara, VOCÊ estava sendo seduzida pelo Sirius!”
James estanca novamente no meio do caminho.
“ECA!”
Ele sai correndo desabalado em direção ao castelo, fugindo da chuva torrencial que começou a cair.

PARTE 4- ORLANDO

- Que Sonserina metidinha essa que eu fui arranjar, viu? – dizia Sirius, enquanto subia as escadas para o sétimo andar. – Com tanto tempo para um encontro, tem que ser justo na hora do jantar? E na Sala Precisa? Ela não tem pena das minhas pernas, não?
“Metidinha, mas esperta e que definitivamente não tem pena de você e nem de nenhuma parte do seu lindo corpinho.”, disse uma vozinha na cabeça dele.
Sirius estancou no meio da escada.
“Veja só, Sirius. Esforce-se um pouco, mas não o suficiente para melar tudo, e veja se consegue acompanhar minha linha de raciocínio. Você e Ruby. Sozinhos. Na Sala Precisa, que se transformará no em qualquer coisa que vocês imaginarem. Numa sala que ninguém sabe que vocês estarão. Num horário em que ninguém, mesmo que soubesse, poderia atrapalhá-los.”, continuou a voz.
- Hummmm...- murmurou Sirius, malicioso, já recostado à parede da estátua de Barnabás, o Amalucado.
“Além do mais... com quantas Sonserinas você acha que James já saiu?”
- Nenhuma.
“Ponto para o Sirius!”
- Você não acha que ele sairia com uma Sonserina e não ia me contar, acha?
“Bom, não, mas...”
- Mas o quê?
“Você já saiu com uma Sonserina e não contou pra ele. Será que ele faria o mesmo?”
- Mas Mithrandír é um caso à parte. Aquilo foi um acidente na minha vida e que eu pretendo esquecer, para poder manter minha reputação até o fim. Mas James não faria uma coisa dessas comigo, faria? Ele quebraria sua promessa? Ele acabaria com a confiança que tenho nele?
“Assim você parece uma esposa traída, Sirius.”
- Heey, nem vem que não tem, o maroto chifrudo é o James, me tira dessa história! Já basta meu nome do meio! Você acha que a Ruby estaria me traindo nesse momento? Porque pra ser chifrudo, só se ela estiver saindo com outro cara ou...
“O QUE É QUE TEM DE ERRADO NO SEU NOME DO MEIO?”
- Será algum tipo de conspiração sonserina? Porque pra ela ter aceitado finalmente, só pod... quê?
“O QUE É QUE TEM DE ERRADO NO SEU NOME DO MEIO?”
- Orlando? ORLANDO? Você ainda pergunta?
“É CLARO QUE EU PERGUNTO! O QUE TEM DE ERRADO COM ORLANDO?”
- É nome de bi... de bi...
Sirius não conseguia terminar de falar, tamanha a dor que sentia em sua cabeça.
“Você ainda quer continuar, Sirus?”
- N... não...
“Ótimo. Nada de comentários a respeito do maravilhoso e estupendo nome Orlando.”
- Por que você gosta tanto desse nome?
“Porque é o MEU nome!”
- QUEM É VOCÊ?
“Orlando, seu obtuso.”
- ORLANDO? QUE ORLANDO? E COMO VOCÊ CONSEGUE ME MACHUCAR? RESPONDA SEU BRUXO DAS TREVAS DESGRAÇADO, SER SUJO DAS PROFUNDEZAS...
“Se eu soubesse desse seu dom poético teria dado um jeito com as Poderosas Chefonas de te colocar na Idade Média.”
- Hã?
“Oh, céus e Comandantes. Dêem-me paciência para aturar esse consciente, porque se vocês me derem forças eu bato nele!”
- Quer se explicar, ser desconhecido, invisível e perigoso?
“Sirius, abaixe a varinha e pare de falar em voz alta. Isso. Escute-me. Acompanhe minha genial explicação da situação em que você sempre se encontrou, mas nunca se deu conta da magnitude envolvida. Eu sou Orlando. Eu – Orlando – recebi a missão de seres de uma superioridade tamanha que você não entenderia a complexidade de ser a consciência de você – Sirius - um insignificante, obtuso, mas incrivelmente sortudo e preferido ser. Se você começar a se sentir o máximo só porque é um favorito, eu serei obrigado a recolhê-lo a seu devido e insignificante lugar, ser desprovido de massa cinzenta. Ótimo. Voltando. Eu – Orlando – consciência de você – Sirius – tenho como dever orientá-lo, apresentá-lo à definição de bom senso e valores morais, e de aconselhá-lo nas mais diversas situações. Embora você – Sirius – não obedeça de boa vontade as minhas ordens, o que faz com que eu – Orlando – dê o ar de minha graça e faço com que você – Sirius – se convença de que o que eu – Orlando – digo, é o melhor a se fazer. Mas quando eu – Orlando – não consigo persuadir você – Sirius – medidas...”
- Quer parar de falar comigo como se eu fosse um retardado mental?
“Se eu não falasse como se você fosse um retardado mental não estaria falando com você.”
- Depois dessa eu me calo.
“É bom mesmo. Estava parecendo um maluco falando sozinho.”
- Mas eu estava falando com você!
“Mas pra falar comigo não precisa abrir a boca. Eu estou dentro de você, idiota!”
- Como se atreve a me chamar de idiota?
“Eu já não disse expressamente pra quando quiser se comunicar comigo SIMPLESMENTE PENSAR, seu energúmeno? Se não vai seguir o conselho, cale-se e mantenha sua reputação!”
- Cale-se você! Ouch!- disparou ele, tocando a têmpora.- Isso dói!
“Mas é claro que dói! Duh, que consciente obtuso que eu fui pegar! Isso é algum tipo de castigo, Comandantes? Chefinhas? Autoras queridas do meu coração?”
- Com quem você tá falando!
“Ninguém da sua conta, Black. Você não tinha um encontro com a tal Sonserina?”
- Duh, é mesmo! Ruby já deve estar me esperando!
Ele desencostou-se da parede e andou três vezes em frente à estátua, pensando “Leve-me à Ruby, leve-me à Ruby, leve-me à Ruby”.
A porta oculta revelou-se e Sirius empurrou-a, encarando o estranho aposento que se revelara.
Uma sala enorme, de paredes cinzas com faixas amarelas e salmão. Um sofá de almofadas pretas e brancas, com pufes vermelhos para todos os lados. Na parede da frente, um enorme gato preto com expressão maldosa. E velas para todos os lados. Uma música desconhecida ecoando pelas paredes.
Um clique da porta se fechando. Sirius vira-se e encontra Ruby Lee, a Sonserina mais fora do comum com quem ele já tinha topado. Topado, sim, porque ela era mais de uma cabeça mais baixa que ele, mas era uma baixinha perigosa e atrevida. Não fora fácil domá-la e conseguir o encontro. Mas, digamos que a escolha do seu guarda-roupa foi meio... fora do comum. Botas de combate, meia arrastão, saia e blusa desfiadas e repletas de adereços, cheia de correntes no pescoço e com três brincos em cada orelha. Sem falar o piercing no nariz, o cabelo negro cortado espetado e o lápis nos olhos.
- Oi, Ruby.- diz Sirius, galante, aproximando-se.- Qual é a música?
“O que você fez, seu idiota!”, berra Orlando, quando Ruby começa a andar estranhamente curvada e em círculos, mexendo estranhamente com a língua e soltando seguidos: “AAA EEE ÍÍÍ qual é a música? Aaa oi, oi qual é a música?”
Sirius sacudiu a varinha, desesperado, mas Ruby já havia acabado aquela música e começado outra que envolvia um pintinho amarelinho, o qual ela imitava batendo as asas.
- Ai, meu Merlim! – falou Sirius desesperado.
“O que foi, meu filho?”, perguntou Orlando, engrossando a voz.
- Merlim?
“Sim?”
- Faz ela parar!
“Se vira, mané!”
Sirius deu uma volta em volta de si mesmo.
- Agora o senhor já pode me ajudar?
“Você é besta assim mesmo ou isso é só comigo?”, perguntou Orlando, voltando à voz normal.
Sirius, com raiva, chutou uma almofada que voou e acertou em cheio na cara de Ruby, que ainda imitava o pintinho, agora fugindo do gavião. Ela se assustou e pareceu voltar ao normal, sem se lembrar de nada.
Ela olhou para a almofada, calculando como ela havia voado até ela e em três segundos cinqüenta almofadas voaram em direção á Sirius que, é claro, foi soterrado.
“Estou começando a concordar com você que isso uma Conspiração Sonserina... SAI DAÍ AGORA!"
Sirius começou a nadar entre as almofadas, tentando sair dali em meio ao pânico. Quando conseguiu sair e correr para a porta da sala, Ruby pareceu acordar de um devaneio e correu atrás dele.
Já no corredor (finalmente ele sentiu que usava corretamente aquilo), correndo desembestado, ele sentiu alguma coisa rasgando enquanto uma voz gritava desesperadamente na sua cabeça.
“ELA É UMA ASSASSINA! COMENSAL! ELA QUER NOS PEGAR! CORREEEEEEEE!”
Então percebeu que sua camisa estava mais curta do que deveria. Virou-se e viu a Sonserina largada no chão, olhando-o maliciosamente, mas com um sorriso meio... estranho no rosto. Sirius arregalou os olhos e, com o apoio de Orlando aos músculos de suas pernas, ele voltou a correr desembestado.

Lily chegava no saguão, depois de uma longa corrida. A seu lado, no mesmo estado deplorável, estava Marlene.
Vindo do campo, James chegava todo molhado e em choque. Surgindo de algum lugar desconhecido, Sirius, apavorado, um pouco rasgado e meio descabelado, segurava-se no amigo.
“Não faça nada precipitado, nem que pareça que aconteceu algo de diferente, aja naturalmente.”, ‘disseram’ Charlotte, Valentine, Ulisses e Orlando, nas cabeças de seus respectivos conscientes.
- Então... Lily, finalmente largou o relatório. – comentou Marlene, casualmente.
- E você veio atacar a comida dos elfos. – ofegou Lily.
- Pensei que fosse demorar mais, James. Não tinha um encontro com a tal Lufa-Lufa? – arfou Sirius, ainda de olhos arregalados.
- Aah... desmarquei. Ela gritava demais. E a tal... – James vê o estado do amigo. – Deixa pra lá. Você se encontrou mesmo com a Sonserina.
Um momento de silêncio constrangedor, enquanto os outros alunos retardatários entravam no Salão Principal, deixando os dois marotos e as duas amigas encarando-se em seus estados catastróficos.
- Aah... vamo nessa! – disseram os quatro.

PARTE 5- MELLANY & RAVENA

N/AS:

- Um, dois, três, quatro...
"Haja paciência pra agüentar minha consciente"
- Não rimou, mellany!
Andressa observando a confusão...
- Ainda bem que Charlotte não se manifestou ainda... – ela suspirou - Acho que ela pediu demissão... ou férias...
- Sorte sua! – Leka deu alguns pulinhos, gesticulando com um ser invisível – Tô ensinando a Mellany a rimar, mas ela se recusa!
"Rimas são para consciências sentimentalistas"
"Porque vocês não começam logo a gritar e tocar bateria? Bem mais prático que tentar fazer poesia"
- Ela voltooou! – falou Dressa desesperada
"Não, Charlotte pediu demissão. Sou sua nova consciência."
Dressa cai desmaiada no chão. Leka pega um balde dágua e joga nela. Ela acorda desesperada, olhando para os lados.
- NOVA CONSCIÊNCIA?
"É, energúmena. Sou Ravena, a azarada da vez."
- RAVENA? Mas você não tava no meu livro?
"Tava, ainda estou na verdade. Mas resolvi tomar o lugar de Char um pouquinho. Ela precisava urgentemente de férias."
"Pobre Charly - concluiu mellany - Essas conscientes piram qualquer um"
- Eu já disse que não piro ninguém – se intrometeu Leka – eu sou a pirada e os outros que me imitam porque eu sou demais!
- Minha cabeça tá explodindo - começou Dressa - vou tomar um banho, ver se melhora – depois completou - volto em 15 séculos.
Leka viu Andressa sair de fininho. Olhou de um lado para o outro e saiu gritando:
- HEEEEY! ME ESPERAAA!NÃO ME DEIXA SOZINHA COM A MELLANY! ELA É DO MAL!
Então as cortinas vermelhas se fecharam e palmas ecoaram no ar.

Obs da Leka: só pra constar. Ela REALMENTE foi tomar banho depois disso.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.