Nós matamos o tempo, o tempo n

Nós matamos o tempo, o tempo n



Capítulo V : Nós matamos o tempo, o tempo nos enterra (n/a: essa é uma frase de Machado de Assis se me lembro bem)

-Kharyl, antes de dar-lhe o báculo eu te faço um proposta. Vamos selar estes bons dias que tivemos todos nós juntos na praia.
-E o que nós faremos de legal na praia?
-Pessoas de todos os lados de Lagoon vêm para se divertir nas belíssimas praias de Água.
-E daí?
-Pessoas diferentes, costumes diferentes.
-Qual a diferença?
-Mulheres de todos os cantos do mundo com suas belezas exóticas...
-‘Tá melhorando...
-Na praia é muito quente e as pessoas vão para nadar no mar e tomar sol...
-Estragou de novo.
-Daí elas usam roupas especiais para a praia. Homens usam sunga, mas as mulheres usam biquínis.
-O que é um biquíni?-Talo chegou perto de mim e explicou direitinho o que era um biquíni.-POR QUE VOCÊ NÃO FALOU ISSO ANTES?! VAMOS LOGO PRA ESSE CANTO AÍ!! RÁPIDO, RÁPIDO!
-Mas Kharyl, vocês não têm sunga e eu não tenho biquíni.
-E eu usaria uma sunga e uma máscara de ferro no calor da praia?
-Eu não sei nadar e nem gosto de sol forte. Também não deve ter uma sunga pequenininha para mim.
-Calma! Lá também tem areia para você fazer castelinhos, Ton-Ton. Bobby, que eu saiba se você não disser que é ninja não tem problema! É só você usar um chapéu ou coisa parecida que vai esconder as orelhas. Kharyl, você poderia treinar suas cantadas e tudo mais.
-Bem, pra mim esta muito bom. Por mim nós íamos agora mesmo.
-Esta bem. Não vou falar que sou ninja e vou usar um chapéu, MAS TEM QUE SER UM BONZINHO, SENÃO, MINHAS ORELHAS VÃO TORRAR!
-Eu estou querendo um bronzeado antes de sair em uma grande aventura.
-Areia! Eu vou fazer castelinhos!
-Finalmente convenci vocês...
Talo fechou muito bem a loja e todos nós fomos comprar as vestimentas para a praia. O único que deu problema foi o do Bobby, que coisa! Ele disse que o chapéu que Talo comprou era muito quente. Acabamos tendo a idéia d’ele usar uma bandana na cabeça. Ele gostou e ficou tudo resolvido. Foi muito engraçado quando a Ana estava provando os biquínis. Quando ela saiu do provador pela primeira vez, olhei para o Talo e...
-É assim que as mulheres se vestem na praia?
-Na verdade esse é peça única, ela vai querer um de duas peças que é mais bonito.
-Hã?
-Esse daí é uma peça só, mas ela não gostou, ela achou muito velho. Ela vai querer um dividido em dois. Você entenderá quando ver.-ela saiu de novo e com um biquíni dividido em dois.-Entendeu o que é um biquíni? É assim que as mulheres se vestem na praia. Kharyl? Khary, cadê você? Kharyl!-foi neste momento do grito que o Talo viu onde eu estava.
-Obrigado meus deuses, vocês capricham quando são bons pra mim, hein? Como eu ainda não tinha visto isso? Eu tenho que ir à praia mais vezes.
-Talo, vou querer esse daqui.
-Certo. Kharyl, você não toma jeito, hein?
Ao chegar na praia, olhei para um lado, olhei para o outro. Só vi mulheres bonitas vestidas d’aquele jeito(vi homens também, mas não faz diferença). Todos foram correndo em direção a um bom lugar para montar o guarda-sol. Eu me ajoelhei, coloquei as mãos para o céu e disse:
-Obrigado meus deuses, obrigado mesmo!-então corri para ajudá-los.
Depois de um longo tempo para ajeitar o guarda-sol imenso ficamos a descansar na sombra feita por ele. Durante toda a manhã eu, Ana e Ton-Ton nos divertimos muito. Talo ficou lendo um livro ao som do mar e Bobby acabou lotando o guarda-sol de tantas mulheres. Talo estava bem concentrado no livro e nem percebeu a algazarra do conquistador Bobby. Aquele Bobby! Eu me matava de queixar as garotas e ele conseguia mil com um sorriso!!! Durante alguns momentos Ton-Ton e Ana implicaram com meu longo cabelo.
-Você é um homem, é estranho ter cabelo longo.-falou Ton-Ton.
-Você tem um cabelo bem esquisito. Por que seu cabelo é azul?-falou Ana.
-Em cada pessoa a magia traz um efeito colateral.
-O meu é uma fome incontrolável!
-O meu é o cabelo azul escuro. Tem muito há ver com a magia que eu uso. Magia de água faria eu ter um cabelo azul claro, magia de efeito traria um cabelo roxo, mas eu uso mais gelo, que traz azul escuro.
-Interessante. Por que o Ton-Ton não tem cabelo roxo então?
-Ele reagiu de forma diferente a magia. Ele tem fome.
-Que engraçado. Existem outras reações?
-Muitas. A maioria dos magos sofre influencia psicológica pela magia que usa. Calmo com água. Agitado com fogo. Sério com vento. Essas coisas assim.
-Então se você não tivesse o cabelo azul você seria uma pessoa fria e calculista?
-Com certeza. Eu era assim, mas por mim mesmo e não pela magia. Se minha reação a magia fosse psicológica, eu seria um cara de longos cabelos negros e um jeito bem chato.
-A conversa esta boa, mas nos devemos acompanhar o Ton-Ton.
-Certo. Ton-Ton!
-Sim?!
-Ton-Ton, cadê o Suragun?
-Foi para a barraca, ele estava com muito calor.
O dia passou numa alegria total até para o sério do Bobby. Nós nem chegamos perto d’ele de tantas garotas que estavam com ele! Ao final da tarde quando saiamos o Talo veio falar comigo reservadamente.
-Kharyl, eu tenho um bom segredo para te contar.
-Qual é?
-Hoje nós não vamos ficar para ver, mas saiba que o pôr-do-sol em qualquer praia é lindo e romântico? Quando realmente estiver interessado em alguém, mostre-a o pôr-do-sol numa praia. Não use de cantadas nem nada, só dê tempo ao tempo e tudo vai dar certo.
-Por que você esta me dizendo isso?
-Você um dia vai encontrar uma pessoa que você vai querer estar perto para sempre. Nesse dia você irá usar isso em seu favor. Não estou dizendo que você deve deixar de ser você mesmo. Continue sempre dando em cima das garotas que passam por você, mas leve a sério o que falo e só faça isso com a garota dos seus sonhos. Agora vamos, ou vamos ficar para trás!
Fomos andando devagar em direção a casa do Talo, mas algo nos esperava nas sombras...
-Nos dê todo dinheiro, ou vamos matá-los!
-Não é mentira, nos vamos mesmo!-um bando de mais de dez ladrões estava nos assaltando.
-Ana! Proteja-se e a Ton-Ton também, eu, Bobby e Talo vamos cuidar d’eles! (n/a:nunca reaja a um assalto, exceto se for em uma fic!)
-Certo! Vamos Ton-Ton!
-Já que não querem da forma fácil, vamos matar todos vocês e ficar com a garota para nosso divertimento!
-Como ousa desrespeitar uma pessoa tão boa como Ana? Vou mostrá-los o poder de Kharyl!!!-não sei com ao certo, mas antes do veloz Bobby ou o forte Talo se moverem eu avancei nos bandidos. Minha alma flamejava! Soquei um dos bandidos que ali estava. Ele inevitavelmente foi lançado a uma distancia grotesca.
-Kharyl, de onde você tirou tanta força?-pelo impulso olhei para Talo. O velho ficou paralisado, como que por medo ou algo assim. Os ladrões olharam para mim. Nem entendo muito o porque, mas eu sei que estava com uma cara amedrontadora. Meus olhos faiscavam ódio! Aproveitando o momento de fraqueza do bando, fui em direção ao suposto chefe e, como não deixaria de ser, o derrubei com uma cotovelada no seu queixo. O bando fugiu sem levar nada. Talo e Bobby estavam como espectadores na minha atuação. Ana e Ton-Ton estavam em um beco. Olhei para todos vagarosamente. Tudo se escureceu e eu caí no chão inconsciente.
-Onde eu estou?
-Não faz muita diferença. Qual seu nome?
-Kharyl, por quê?
-Ótimo.
-Por que “ótimo”? Não me sinto muito bem... Minha cabeça dói. Que cama é essa que eu estou? Que quarto é esse? Estou em um hospital?
-Você faz muitas perguntas, sabia? Como eu já disse não faz diferença. Meu nome é Lyrahk.
-Que falta de criatividade. Kharyl ao contrário... Me dê algo para comer que eu estou com fome.
-Não poderia nem fingir que tinha acreditado? Aqui, coma isso.
-Obrigado pelo pão. O que eu estou fazendo aqui?
-Estou tentando fazer uma avaliação sua.
-Isso é bom ou ruim?
-Os dois. Eu posso chamar seus amigos?
-Lógico! Eles estão aqui?
-Estão, eu vou chamá-los.-quando o homem saia eu vi uma certa distorção em sua imagem.-Quase esqueci. Eles lhe compraram um presente. Aproveite a companhia d’eles.
-Mas, você... esqueça. Oi gente!-sem nem falar nada todos foram até minha cama e me abraçaram.-Por que você esta chorando, Ana? Você também, Ton-Ton? Talo, por que esta cara séria? Bobby, diga lago por favor. Por que vocês estão tão para baixo?!
-Kharyl, que dia é hoje?
-Ora, hoje é quinta-feira. Por falar nisso, quero ver meu báculo, hein?!-tentei fazer uma brincadeira, mas ninguém riu. Olhei para Ana. Ela estava diferente. Parecia mais velha, como se estivesse com 17 anos. Ton-Ton também estava diferente. Parecia um rapazinho agora. Parecia ter agora 8 anos. Fui instintivamente coçar o queixo e me deparei com uma longa barba.-Gente, o que aconteceu?
-Você passou três anos inconsciente.
-É o que?? Por que vocês não continuaram suas vidas? Por que ficaram me esperando se não sabia quando eu ia acordar? Respondam!!!!
-Kharyl...-Ana estava com a cabeça no meu peito. Ela estava sem aquele tão precioso sorriso de sempre. Ton-Ton estava sentado na cama me abraçando.
-Nós tivemos medo de ti perder, Kharyl. Todos nós. Seu pai nos ajudou muito.
-Meu pai? Ele sabe disso?
-Sei sim.-o homem que tinha me acordado entrou de novo no quarto e a magia se desfez. Meu pai estava com um rosto sério. Com uma face até agora desconhecida.-Filho, quero falar com você. Quero que neste quarto fiquemos só você, eu, sua mãe e Talo.
-Por favor gente, saiam por enquanto.
-Vamos até o quarto de sua mãe. Ela piorou rapidamente. Não demonstre a dor de vê-la assim.
-Eu tenho agora 18 anos?
-Sim, mas como sua mente ficou intacta você ainda tem a mente de 16. Filho, eu selei magicamente seus sonhos desses anos todos. Quando estiver pronto para tê-las mais uma vez leia o papel que Talo lhe deu.
-Isso tem algo a ver com o outro eu?
-Não, Kharyl. Isso tem tudo a ver com seus outros eus.
-Chegamos. Filho, você entra primeiro.
-Certo.-entrei no quarto escuro lentamente. Minha mãe estava na cama com uma cara péssima. Eu me deitei ao lado d’ela e peguei sua mão.-Sentiu minha falta?
-Quem fala?
-Não me reconhece? Sou seu filho, sou o...
-Não, meu filho esta dormindo. Quando ele acordar vai encontrar minha cura.
-Mãe, mas... Senhora, vou ajudá-la, certo?
-Certo. Quando você encontrar meu filho você diz que eu estou com saudades d’ele?
-Digo sim, senhora. Acalme-se que você vai ficar bem, certo?-antes de sair cantei um pedacinho da cantiga que ela sempre cantava. Sai do quarto sem derramar uma lágrima. Lá fora sentei num canto.
-É minha culpa. Eu demorei demais.
-Não é sua culpa, não. Khamyl já estava debilitada quando você saiu em viajem.
-É verdade, filho. Sua mãe nunca teve esperanças de cura.
-ENTÃO POR QUE VOCÊS ME ILUDIRAM ESSE TEMPO TODO!?!?!?
-Para você aprender mais facilmente o que nós tivemos muito trabalho para aprender.
-E o que é mais importante que salvar minha mãe?!
-Leia e entenda.-Talo tirou do bolso o maldito papel.-Apenas leia.

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