Uma menina ou uma mulhar?
Capítulo IV : Uma menina ou uma mulher?
Talvez eu não os visse durante uma hora, ou talvez um dia. A floresta era longe e eu ia correndo.
-Assim não vai dar! O ataque esta maciço, tenho que pegá-lo nesse momento! Vou ter que tomar um atalho!
Virei num beco e fui em direção a praça da cidade. Uma praça muito bem arquitetada. Devia ter levado mais de dez anos para ter sido criada. Não havia ninguém lá. Todos deviam estar se escondendo em casa. Eu estava concentrado em ir rápido, mas um som me chamou atenção. Um grito de socorro. Algum monstro já devia ter entrado na cidade! Mas era muito estranho, como se a boca da pessoa que gritava estivesse sendo tampada... Na dúvida fui olhar. Vi só um casal, mas... Ela estava se debatendo e tentando tirar ele de cima, ele estava tampando a boca d’ela e rasgando suas roupas. Que estranho isso... ERA UM ESTUPRO! Tinha que ser rápido, mas meu identificador estava com Talo. Qual é a bolinha de gelo 1? Tanto faz...
-Largue-a, seu animal!-falei com uma voz amedrontadora.
-E quem vai me obrigar, nanico?!-ele a jogou em direção a uma árvore e se levantou.
-Você até que é grande, hein?
-Ao que você se refere?
-Hum? Ahhh... Só uma perguntinha grandalhão: você já fez algo com ela?
-Não, tu atrapalhou tudo. Engraçado, por que eu ainda não ti bati?-quando terminou a frase ele me deu um soco. Eu cai no chão, mas me concentrei e consegui usar a bolinha para aprisioná-lo pelos braços e pernas com gelo. Depois de devolver o soco fui até a moça.
-Moça! Moça! Você esta bem?-falei sacudindo-a.
-Sim. Estou bem. Por quê?
Antes eu olhava nos olhos d’ela, mas o alívio me fez ver o resto. Ela estava nua e por impulso eu fiquei de costas para ela, não queria parecer outro tarado e nem queria mostrar minhas a vergonha. Parecia que ela não tinha percebido seu estado.
-Que foi?
-Olha para baixo.-ela olhou e finalmente percebeu a situação. Tirei minha camisa (ainda bem que agora eu estava usando camisas folgadas para esconder meu físico) e dei para ela. Não ficou perfeito, mas agora eu pude me virar para ela.
-Muito obrigada mesmo! Muitíssimo obrigada!-ela me abraçou. Fiquei imóvel.
-Não foi nada...
-Esta com vergonha, é? Esta tudo bem agora graças a você, meu herói!-me deu um beijinho na bochecha.
-Você não se traumatiza e nem se preocupa com o acontecido?
-Não. Esta tudo em ordem agora. O ruim é que minhas roupas estão destruídas.
-Eu vou te ajudar. Vou te levar para a casa de um amigo meu.
-Ótimo! Agora?
-Mas e ele? Você sabe que é gelo mágico, mas um dia vai derreter!
-Qual o problema?
-Eu tenho que chamar a polícia para prenderem ele.
-Uma hora ou outra eles aparecem. Não se preocupe tanto.- um vento passou e eu me virei de novo para não ver nada. Ela aproveitou que eu estava de costas e me abraçou mais uma vez. Seria ingênua? Ou madura o bastante para não se preocupar com essas coisas? Ou talvez tenha sido criada de um modo parecido com o meu, separada das maldades do mundo.
-Quantos anos você tem?
-Vou fazer quinze semana que vem.
-Esta bom, vamos aproveitar que as ruas estão vazias e vamos logo.
Fomos andando, eu na frente e ela atrás. Ela era muito alegre, sempre que tinha um poste ela se segurava e girava, já eu tentava não olhar para onde não devia. Nas árvores sempre queria subir e eu virava a cara sempre. Não importa se ela era muito ingênua, eu tinha respeito com as mulheres sempre. Nunca ia me aproveitar duma menina dessas. Talvez o que tentou estuprá-la não pensasse como eu. Eu ia ,de agora em diante, protegê-la dos homens com maus intuitos. Eu seria seu guardião e nunca ia sair de perto d’ela. Agora entendia o sentimento de Orefitrom, ele era o guardião do templo e não queria sair de perto d’ele. Eu agora seria o guardião d’ela e não queria mais sair de perto d’ela. Parei de virar a cara e apenas fechei os olhos sorrindo para ela, estávamos próximos da casa do Talo.
-Agora segura camisa e não deixe mais ninguém ver o que tem embaixo, certo?
-Tanto faz.-ela segurou a borda da camisa e foi andando devagar.
-Talo, cheguei!
-Oi garoto. Matou muitos monstros?
-Não, encontrei um enigma.
-Qual?
-Esse.-apontei discretamente para ela.-O enigma é o seguinte: uma menina ou uma mulher?
-Vocês que descubram. Bom dia, bela jovem.
-Bom dia, senhor ferreiro.-ela o reverenciou como uma real dama faz. Eu fiquei na sua frente para o velho Talo não ver nada.
-Hhaha! Muito bem Daryl, você encontrou sua Khamyl!
-Como assim?
-É, como assim, senhor ferreiro?
-Kharyl, você entendeu. Garota, eu tenho algumas roupas que acho que vão caber em você.
-Obrigada pela hospitalidade, senhor ferreiro.-falou sorrindo e encantando.
Minutos após ela finalmente se vestir, podemos conversar direito.
-Como é seu nome?
-É Ana, senhor Kharyl.
-Como sabe meu nome?
-Enquanto eu me eu provava as roupas o senhor Talo me falou seu nome.-aquele Talo! Ia me pagar! Aquele velho tarado...
-E você não vê problemas em ele te ver nua?
-Ele não me viu nua, Kharyl. Ele estava apenas me dando as roupas para eu escolher. Eu estava em outro quarto e nem minha sombra ele via.-ufa. O Talo não é um velho tarado, isso é muito bom de se saber.
-Você tem alguma classe?
-Lógico, sou arqueira. Vamos para outro lugar, você não percebeu nada , não é?
-O que?
-O velho Talo esta nos vigiando.
Fomos andando pelas ruas e acabamos por encontrar, não muito longe d’ali, um café. Nos sentamos e por educação pedi algo para nós.
-Me responde uma pergunta?
-Claro, senhor Kharyl. Até duas se você quiser.
-O Talo falou algo sobre mim ou meus pais?
-Não. Obrigada.-a garçonete havia trazido os pedidos.
-E por que você tem pudor normal com os outros e não tem comigo? Quer me provocar ou algo assim?
-Eu não sei ao certo. Mas eu tenho pudor com você sim.
-Não tem não. Se tivesse não faria aquelas coisas.
-Eu sabia que você não ia olhar e não tinha ninguém por perto. Eu fiz aquilo porque sua cara de vergonha é engraçada.
-Minha cara de vergonha?
-É algo assim.-ela fez uma cara, ao que ela dizia, igual a minha. Até eu ri da cara feia que eu fazia.-Eu também acho engraçado o seu jeito. Quando eu fazia aquelas coisas você virava a cara. Você não olhava disfarçadamente nem nada. Assim é que eu testo os homens, mas eu não vou mais fazer nada d’aquilo.
-Se assim você pensa e quer...
-Por quê? Quer que eu continue?
-Não, não, não! Estou feliz em saber que você é uma garota interessante e inteligente.
-Assim eu que fico com vergonha!
O tempo passou rápido perto d’aquela moreninha. Ela tinha um jeito todo especial de rir e de sorrir. Seus olhos não eram verdes nem azuis, eram castanhos claros. Seu cabelo não era da cor do sol, mas da cor da noite. Seu sorriso me fazia esquecer o mundo. Sua pele não era das mais brancas, era na verdade bem bronzeada. Uma baixinha que me fez tremer e me fez pensar mais sobre a vida.
-Você realmente gosta de café para beber tanto? Você parece meio nervoso.
-Não é nada, não e eu gosto de café sim!
-Que mania.
-Melhor que a sua de testar os homens.
-Como é?!
Eu realmente me diverti n’aquele dia. Nós conversamos, brincamos, brigamos e principalmente: nos entendemos e conhecemos. Só percebi a hora quando chegou o pôr-do-sol. Eu a levei para a casa do Talo. Ton-Ton e Bobby estavam preocupadíssimos comigo, mas Talo estava alegremente cantando e fazendo meu báculo. Quando chegamos lá abraçados, Talo só olhou, sorriu e continuou seu trabalho, mas os outros dois...
-Onde você estava?
-Por que demorou tanto?
-Calma gente! Eu estava ajudando ela. O Talo pode contar tudo para vocês. Ana estes são os meu amigos que lhe falei. Este garoto é Ton-Ton.
-Prazer em conhecê-lo, senhor Ton-Ton.- e deu um beijinho na bochecha d’ele.
-Este é o ninja misterioso, Bobby!
-Olá, senhor Bobby.-foi tentar retirar os panos na testa d’ele para dar um inocente beijinho na testa, mas ele tirou a mão da garota ferozmente.
-Me contento com o olá.
A noite chegou e a hora do jantar ficou mais alegre com uma nova integrante para dar vida as conversas a mesa.
-Sabe, faz muito tempo que eu não me divirto tanto! Desde a época das aventuras do Daryl!
-Realmente, vocês são muito divertidos!
-Mas o tempo passa. Talo, poderia me contar logo onde posso encontrar a cura para minha mãe?
-Você as vezes é meio chato, mas ‘tá certo. Brincadeira, mas eu vou contar logo. A doença de sua mãe é uma doença mística ou mágica, sendo assim só pode ser curada com mágica. É necessário que você saiba fazer poções...
-Mas eu não sei fazer poções...
-Como você se formou se não sabe fazer poções?!
-Eu colei nesta prova. Mas SÓ nessa.
-Eu sei fazer poções.-troce uma luz Ton-Ton.
-Que ótimo. Então escutem A cura para a doença de sua mãe é algo muito raro. Uma erva que não cresce mais neste mundo...
-Como é! Não existe mais a cura?!
-Existe sim, mas não neste mundo. Estamos no centro do mundo de Lagoon. Lagoon é dividido em três reinos que juntos fazem um império. O reino continente arquipélago de Agua, onde estamos. Este reino foi favorecido ao comércio por ser composto de ilhas. Mercantes de todo o mundo sonham pisar nesta ilha. O reino de Agua é governado por um meio-peixe que tem seu castelo dentro do profundo oceano, exatamente abaixo desta ilha. Se você andar pela praia e olhar atentamente verá escadas que entram no mar. São as escadas que vão para as cidades aquáticas. Uma delas é o castelo do rei. Um castelo que tem o tamanho de uma cidade. O segundo reino é o reino de Aquê, o reino residencial. Ao extremo norte esta localizado a reserva dos elfos que são belos seres centenários e que sabem os segredos da magia. Os elfos não precisam aprender a usar magia, eles podem usar qualquer bolinha naturalmente, mesmo não sendo magos. Kharyl, a escola de seu pai fica na cidade principal de Aquê, onde esta localizado o castelo da rainha maga. O terceiro reino é o de Coeh, o reino militar. O reino de Coeh é dividido em dois: Coeh-norte e Coeh-sul. Em Coeh-norte estão os maiores campos de treinamentos de Laggon. Em Coeh-sul esta o castelo do imperador. A cada quatro anos o imperador faz uma parada na cidade, onde ele mostra sua guarda real e comando de elite. A guarda real do imperador é composta por cem magos, que são convidados a entrar quando a situação de uma rebelião esta muito sangrenta. A segunda guarda do imperador é composta por três pessoas: o mestre lancer/mestre mago negro rei de Agua, a rainha mestre drúida/mestre arqueira de Aquê e o mais forte dos três, o rei de Coeh-norte que é: mestre quebra riscos. O quebra riscos é algo assim: quando se é mestre em uma classe você ganha a permissão de aprender outra e quando você vira mestre nessa pode aprender mais uma. Quando você vira mestre em todas as classes você vira automaticamente um mímico do tipo quebra riscos. Ele é mestre na classe quebra riscos(só existem dois mestres mímicos no mundo, o imperador e ele). Isso significa que ele conhece todas as classes como um mestre.
-Minha nossa! Mas a vida é curta demais para conseguir-se isso!
-Ele vivi a muito tempo. Ele é um elfo. Os elfos vivem em média 500 anos. Não sabe-se a raça do imperador, mas ele esta no comando do mundo a mais de 4000 anos.
-O que!? Me responde uma coisa. Por que você esta falando tudo isso?
-Você deve antes conhecer este mundo para depois ir para o outro. Fique forte aqui para ir para lá.
-Lá aonde?
-O outro continente, o outro mundo. Eu não me lembro de todos os ingredientes e nem sei fazer poções, mas eu escrevi ao longo da semana tudo que eu consegui me lembrar. Você terá que pesquisar muito, lutar muito, viajar muito. Você terá que recriar a história deste mundo. E me prometa uma coisa. Eu lhe darei duas folhas, uma tem os ingredientes que eu me lembro e a outra só abra quando ver sua mãe em bom estado ou quando se casar.
-Eu terei que guardar isso por muito tempo, mas eu prometo que não vou ler.
-Você pode até ler, mas só leia quando estiver pronto para conhecer o outro você.
-O outro eu?
-Todo ser vivo tem três almas. A boa, a má e a mista. A que comanda é a mista, mas é possível conquistar a força das outras duas almas. Eu consegui liberar o poder da má, mas decidi nunca usar. Para receber o poder da boa você tem que ter o poder da má e para receber o poder da má você tem que ter a boa. Eu preferi não usar o poder de nenhuma porque eu não queria usar a má.
-Não entendi nada...
-Certas ações suas o farão entender. Agora mudando de assunto, você vai ficar com fome!
-Porquê?
-Olhe seu prato.-quando eu olhei estava vazio.
-Quem comeu minha comida?
-Nós aqui!-falou Ton-Ton.
-Estava bom...-comentou Bobby.
-Não podíamos deixar esfriar e você estava demorando tanto.-explicou Ana.
-O que?!?!
No resto da hora do jantar o velho Talo só ficou se deliciando com seu jantar e rindo da corrida. Eles estavam fugindo de mim que tentava dar um cascudo em cada um. Chegou a hora de Bobby e Ton-Ton irem para uma taverna. Aquele Bobby... Ele tinha vendido tanto no primeiro dia que Talo ficou feliz e ofereceu-lhe uma comissão pelas vendas, mas Bobby disse que só queria o dinheiro bastante para pagar uma taverna para ele e Ton-Ton. Eu estava dormindo no mesmo quarto que Talo, mas lógico em camas separadas.
-Boa noite para vocês.-o velho se deitou em sua cama.
-Que sono, não espero a hora de me deitar nesta cama macia!-falei empolgado. Eu realmente estava cansado.
-Kharyl, posso te falar só uma coisinha?-ela falou abraçando o travesseiro.
-Estou escutando.-eu estava realmente pronto para dormir. Eu estava com um calção e ela estava com um short e a minha camisa frouxa.
-Há uma cama de solteiro e duas pessoas.-ela falou baixinho como que com vergonha de disser.
-E? Qual o problema? ENTENDI! Não, eu... Vou dormir aqui no chão.-me distanciei e deitei no chão. Algum tempo depois de eu me ditar no piso, ela finalmente se jogou na cama. Meus olhos estavam cerrados, entretanto eu ainda podia ver. Ela acabou por se virar e ficar de frente para mim.
-Kharyl, você ainda esta acordado?-ela sussurrou.
-Acho que sim.-murmurei.
-É verdade que sua mãe esta muito doente?
-Sim. Por isso eu saí em uma aventura.
-Você me desculpa?
-Pelo que? Que eu me lembre você não fez nada errado comigo.
-Eu inicialmente pensei que você fosse um filhinho de papai. Um riquinho mimado, mas vi que estava errada. Eu quis me divertir usando você. Eu só percebi que você era um cara legal no café. Me perdoe.
-Que coisa besta. Lógico que eu te perdôo. Eu fiz algo parecido. Eu achei que você fosse uma menina ingênua e quis te “proteger” das maldades do mundo.
-Mas você teve um coração nobre querendo me ajudar. Vamos falar melhor sobre isso amanhã. Boa noite.
-Boa noite pra você também.-me levantei por um instante e deu um beijinho de boa noite n’ela. Momentos depois eu me deitar de novo no chão frio ela veio até mim. Devia pensar que eu já estava dormindo. Ela troce o lençol e me cobriu. Eu dormi muito bem n’aquela noite. Senti-me mais uma vez tranqüilo, mas um certo pensamento me perturbou um pouco entes de cair no sono: e Orefitrom?
Os raios de sol me acordaram e eu senti uma muito boa sensação. Eu estava agora na cama e recebia carinho de alguém. Um certo alguém estava com minha cabeça apoiada no colo e me fazia carinho. Escutei uma velha cantiga que minha mãe sempre me cantava antes de eu entrar na escola de magia. Comecei a chorar, a colocar meus temores para fora. Quando olhei para cima vi o belo sorriso da Ana. Ela que cantava baixinho a cantiga. Olhei para o lado e Talo não estava lá. Preferi apenas fechar os olhos e apreciar o momento. Não fazia diferença como eu tinha dormido no chão e acordado na cama. Só fazia diferença se eu apreciava a atitude d’ela ou não e como eu apreciava. Abri meus olhos de novo.
-Bom dia dorminhoco! – ela disse sorrindo.
-Bom dia...mas o que exatamente eu estou fazendo aqui?
-Bem, eu acordei e eu vi você dormindo, você tava n’aquele chão frio e como eu já tinha acordado não tinha problema de você ficar aqui, então eu te troce pra cá!
-Você me botou aqui? Tu é forte né?
-Tão forte que pedi a ajuda do Talo!
-Ah o Talo...cadê ele?
-Foi fazer não sei o quê! – muito explicativo...
-Hum...
Não sei bem porque, mas depois disso ficamos calados, ela ainda acariciava os meus cabelos e repentinamente senti meu rosto corar, ela sorriu pelo canto dos lábios, devia ter percebido que eu tinha corado...DROGA! E o pior de tudo é que eu nem sei por que eu corei! Ela fechou os olhos...estava se aproximando...o que será que ela ia fazer? “Hum...calma Kharyl, é só raciocinar...AH ENTENDI! Ela ta querendo me...”e quando ia terminar o pensamento e começar a ação...
-BOM DIA FAMÍLIA! – hum...pessoa que queria matar nesse exato momento: Ton-Ton! Me segurei para não usar uma de minhas bolinhas, eu ia usar gelo 2!
-Oi Ton-Ton!
-Que folga, hein? Talo disse pra você se arrumar e ir comer.
-Ah, ‘tá certo!-eu estava com um pouco de raiva. Levantei-me e fui tomar banho. “Que estranho, foi tudo tão rápido... E por que ela ia querer beijar um cara como eu? Ela é legal, linda e tudo mais. Será porque eu salvei ela? Não, isso é pessoal demais para usar como pagamento...”.
-Kharyl?!
-Sim, diga!
-Quando você sair daí eu posso falar com você?
-Ela provavelmente vai falar algo sobre o que aconteceu...-sussurrei.-Sim, quando eu sair a gente conversa!
Quando eu saí do banheiro ela sentou-se numa beirada da cama. Ton-Ton estava ao seu lado(que privilégio!).
-Senta aqui.
-Pode dizer, eu estou preparado.-falei me sentando, achando que ela ia se desculpar ou algo assim. Ela finalmente falou e...
-O que!! Só isso?
-É, só isso. E você queria que eu te falasse?
-Nada... Eu só achei que não fosse só isso...-eu estava aliviado e apreensivo. Talvez ela não falou nada porque Ton-Ton estava lá, entretanto foi ela que o fez sentar...
-É melhor nós não fazermos isso agora. Eu ainda estou com muito sono.
-Você está com medinho, é?
-Tá com medinho, tá com medinho!
-Tá com medinho, tá com medinho!
-Parem. Eu vou ajudá-los. Antes por favor, saiam que eu quero me vestir.-eu estava só de toalha e queria me trocar. Ton-Ton saiu primeiro. Um pouco antes de sair ela deu uma piscadinha para mim, que fiquei paralisado de novo. Ela estava pegando costume...
-Ei! Tire essa mão da minha cara!-falou Bobby para Ton-Ton, o qual tinha dado inicio ao plano fatal. Bobby furioso lançou Ton-Ton no sofá, mas Ana já estava fazendo o mesmo. A melhor hora de atacar é quando o inimigo esta atacando.-Vocês são chatos, viu? Sai daí! Tire suas mãos da minha máscara!-Bobby estava tão furioso que ao jogar Ana longe levantou-se com uma das faquinhas de arremesso chamadas shaken. Ton-Ton foi para cima d’ele ao mesmo tempo que Ana. Como esperado Bobby jogou uma das faquinhas que foi interceptada por Talo antes de atingir um dos alvos.-Por que vocês estão fazendo isso? Vocês querem ver meu rosto, é? Então olhem bem!-ele tentou retirar rapidamente a mascara. O problema era que a mascara não estava no rosto d’ele, mas estava em minhas mãos.
-Nós conseguimos!
-Vocês tiveram um perfeito trabalho em equipe, hein? Até você, Talo? (n/a: não parece:”até você, Brutus?”)
-Nós planejamos tudo. Não tem mais jeito, vimos seu rosto. Pode tirar o resto da máscara, já não tem porque esconder o rosto.
-Talo, você tem certeza?-primeiramente ele olhou se as janelas ainda estavam fechadas, como estavam ele não hesitou.
Um rosto afilado sem um pelo se quer de barba. Um sorriso perfeito, agora sorridente. Um nariz afilado muito bem tratado, sem parecer de um aventureiro. Olhos que agora podiam ser percebidos. Olhos de cor clara, um verde fenomenal. Cabelos bem longos e lisos. Cabelos loiros e brilhantes. Para terminar a descrição da face do Bobby não posso esquecer de mencionar as grandes orelhas. Bem esquisitas, mas não chegavam a manchar a incrível beleza do ninja. Orelhas pontudas e bem grandes, de aproximadamente 30cm!
-Vo, você é...-eu falei gaguejando.
-Minha nossa, um elfo!-falou realmente espantado Ton-Ton.
-Nunca viram um elfo antes?-falou com tom de gozação Bobby.
-Minha nossa! Que lindo!-falou empolgada em conhecer um elfo, Ana.
-É por isso que você escondia o rosto...
-Bem pensado. Eu facilmente posso monitorar a movimentação de três pessoas, mas uma quarta que eu achava estar dormindo quebra o ciclo. Muito parabéns. Estão felizes agora? Por favor, dê-me a minha máscara.-eu o dei a máscara e ele colocou todo o aparato novamente.-Agora podem entender porque eu escondo o rosto? Faço isso não só porque sou um ninja, mas também porque eu tenho que esconder minha raça!
-Por que você não pode assumir que é um elfo?
-Os elfos foram exilados na área dos elfos. Eu não gosto de viver com seres inteligentes apenas da minha raça. Fugi por uns tempos para conhecer o mundo e seu pai me acolheu. Comecei a trabalhar por cama e comida até que um dia a oportunidade de segui-lo e ir numa aventura apareceu.
-Por que você não tinha nos dito que era um elfo? Só para nós não havia problema.
-Haveria problemas sim. Você ainda se embebeda facilmente. Contaria rapidinho.
-Kharyl, vamos ali fora conversar só um minutinho.
-Certo, Ana. Nos já conseguimos o que queríamos, então vamos continuar normalmente.
-Kharyl, quando você voltar coma algo que eu quero lhe dar o báculo.
-Certo.
Eu e Ana fomos para a frente da loja. Na calçada encontramos um banco e sentamos. Fiquei realmente nervoso pensando que ela ia falar aquelas coisas sobre quando ela me acordou, já que estávamos sozinhos. Com os olhos sérios ela me olhou. Senti um calafrio e me tremi, mas tentei não transparecer nada.
-Kharyl...
-Sim?
-Eu quero falar com você sobre algo muito importante.
-Sou só ouvidos.
-Bem, Ton-Ton é uma criança linda que tem como amigos pessoas bem mais velhas. Ele só tem 4 anos e se quer eu o vejo brincar. Ele ainda é um garotinho e deve comportar-se como o tal. Ele no máximo brinca as vezes com Suragun, mas não é o mesmo. Ele precisa ser tratado como a criança que ele é. Por causa disso é que eu sempre estou perto d’ele, para diverti-lo. Ele tem um sorriso lindo, sabia?
-Entendo...-outra vez que ela nem mencionou no assunto...-O aniversário d’ele esta perto. Por que nós não compramos algo para ele? Melhor, vamos passar o dia numa praça ou algo assim e vamos brincar com ele?
-Eu percebi que ele esta bem sonolento. Acredito que como ele não gasta energia de dia ele passa a noite sem dormir. Vamos pedir para todos nós ficarmos no mesmo quarto, assim ele que já tem um irmãozão ia ganhar uma irmãzona!
-Seria bom para ele. O aniversário d’ele é na próxima semana. Isso me lembra que o seu é também, não é?
-É, por quê?
-Em que dia?
-Na quinta.
-Ótimo, o do Ton-Ton é na segunda. Eu vou fazer meu melhor com sua ajuda! Só tem um problema...
-Qual o problema?
-Nós conseguimos tirar a máscara do Bobby, conversamos sobre o Ton-Ton, mas falta algo...
-Posso saber sobre esse tal “algo”?
-EU ‘TÔ FAMINTO!!!
Definitivamente eu consegui a resposta para o enigma enquanto voltávamos para a casa do Talo juntos. Com seus encantos e mistérios eu entendi quando não pensei sobre o assunto. Entendi que esse alguém com quem eu estava abraçado voltando à casa de um velho amigo do meu pai era um certo alguém incrível, um alguém formidável. Me senti outra vez muito bem e sorri, o que eu não fazia a muito tempo por causa do peso que estava sobre meus ombros. Uma garota mais jovem que eu e bem mais sábia. Ela era sábia sobre os assuntos de relacionamentos humanos. Pegou no ar em um dia o que eu não peguei em seis meses. A pessoa que me acompanhava ia me trazer muitos problemas e muitas felicidades. Ia me fazer mudar para melhor e ia me fazer ficar mais forte para agüentar a responsabilidade de ser a única esperança de uma pessoa tão importante para mim. Eu não a protegia, mas na verdade acontecia o contrário. Eu a protegia fisicamente, mas ela me protegia mentalmente. Ela me fazia aliviar o cansaço com suas piadas e me fazia rir de verdade pelas cantadas que eu sempre dava nas mulheres. Nós seriamos bons amigos durante a minha jornada. Ela me fez perceber que eu era o pilar principal deste grupo que estava nascendo. Eu era o elo entre todos e tinha que ser forte para não acabar tudo numa guerra entre os sentimentos e as razões. De agora em diante eu tinha que ser um mediador, prezando o bem do grupo inteiro. Por falar em grupo, um novo membro estava prestes a entrar no grupo. Um clérigo das mãos de aço. Para acabar todo o pensamento, tenho que dar uma resposta final sobre o enigma: uma menina, ou uma mulher? Sem dúvida uma grande mulher.
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