Prólogo I
Prólogo I : Mudanças
Bem, meu nome é Kharyl e tenho atualmente 16 anos. Sou o filho único do grande mago Daryl(um mago vermelho). Vou contar minha história neste livro. Tenho meu dia normalmente e escrevo estas páginas durante a noite. Vou começar de um pouco antes de onde estou agora para que possa situar-se no tempo e espaço.
Acordei como sempre bem cedo para dar início ao treinamento(que diga-se de passagem é bem pesado). Fui até o refeitório e tomei meu café-da-manhã, não é brincadeira, adoro café mesmo. A aula começou e como sempre todos me olhavam com raiva, medo ou sei lá o que e como de costume sorri para todos e sentei no meu lugar fingindo que nada havia acontecido.
-Bem alunos, o curso de vocês está para acabar. Nos últimos meses de aula vou dar meu melhor para transformá-los em bons magos...
E blá, blá, blá... Não me lembro ao certo o que ele falou porque eu não estava ligando para o discurço. Eu achava que por ser o filho do dono e fundador todos teriam que me aturar, mas não é bem assim que acontece...
-Kharyl! Está acordado?!
-Sim senhor!!!-menti, tinha acordado com o grito d’ele.
-Então me responda:qual a última magia que mencionei?
Não é necessário dizer que inventei uma mentira. Logicamente, o professor não acreditou e me mandou para a sala da direção. Lá tive que mais uma vez enfrentar meu pai.
-Meu filho, por que você é sempre tão mau aluno?
-Não sou mau aluno! Veja todas as notas dos testes de magia, os testes de aptidão e os...
-Filho, não me refiro ao que está falando. Me refiro ao fato de estar aqui a 10 anos e não ter um amigo. Refiro-me também a seus atos em sala de aula e fora da sala também.
-Não entendo.
-Seu jeito prepotente afasta as pessoas. Sim, você é bom, mas não tem motivo de ficar dizendo isso todo o tempo.
-Mas sou Kharyl, filho de Daryl o grande mago vermelho!!!
-Sua força vem de você, não de mim. Lute para ter mais sabedoria e não se gabe por isso, só lute mais para ser ainda melhor que antes. Mude todos os dia, mude até agora mesmo, mude enquanto há tempo e chances.
Saí da sala da diretoria depois disso.
Já de volta a sala, vi como todos realmente olhavam para mim. Não com receio, mas repugnância. Todos tinham nojo de estar perto de mim, todos. Talvez eu teria que parar de pensar em me mostrar, não, me mostrar não, de mostrar o que eu sabia fazer. Nunca me mostrei para ninguém daquela escola, ninguém. Entrei em desespero.”O que faço agora?As aulas estão acabando e não há ninguém pra me ajudar. Nenhum amigo, já que não os tenho. Meu pai irá me mandar pra fora da escola e não irá me acolher na sua casa. Minha mãe sempre apóia meu pai e vai dizer que será para meu bem. E agora? E agora? ”era o que ecoava na minha cabeça. Naquele dia a aula passou como um segundo se passa.
Na tarde, eu teria uma prova de campo. Uma prova de combate com meu pai no cargo de avaliador. A minha vez chegou e me lembrei de quando meu pai me perguntou qual magia eu queria aprender. Ele me listou as possibilidades. Magias negras: fogo, terra, gelo e efeito. Magias brancas :água, vento, trovão e cura. Fiquei pensativo mas respondi gelo. Não lembro ao exato o porque de gelo. Após isso entrei na ala do gelo. A escola era gigante e dividida em duas grandes alas que eram sub-divididas em mais quatro cada uma.
O instrutor me deu dez bolinhas de gelo 1 e duas de gelo 2. Sem dúvida eu ia perder, meu pai é mais forte, mais rápido e inteligente.
E a batalha começou. Lógico que meu pai foi mais rápido e sem pena me desferiu um raio de gelo, como ele chama. O ataque foi tão veloz que não consegui desviar. Senti meu braço congelando, ele realmente era muito bom, fez um grandioso ataque com uma bolinha de gelo 1. Eu só tinha uma chance de ao menos ter um empate. Meu pai não queria me dar mole, mas por quê? Só tinha uma chance de acertá-lo. Uma chance. No mesmo instante em que recebi o ataque me lembrei de uma velha aula teórica sobre conjuração de magias. Só há duas formas de lançar-se a magia de uma bolinha: ou fala-se as palavras de ativação, ou se quebra a bolinha enquanto está com o espírito de luta no máximo. Optei pela segunda.
Com um grito de dor misturado com determinação, usei uma das bolinhas de gelo 2. Quebrei a bolinha na minha mão direita, fazendo uma capa de gelo acima do meu braço que estava arrebentado. Desferi um soco, o mais potente soco da minha vida. Não surtiu muito efeito contra o vigor físico do meu pai, mas a força mágica adicionada ao soco o fez voar. Não esquecendo que era uma bolinha de gelo 2, dei o segundo ataque. Já que não estava pensando em mais nada alem que passar no teste, fiz o mais bem feito possível. Soquei o chão e d’ele saiu uma imensa estaca de gelo na direção do meu pai. O instrutor anulou a magia com uma bolinha de trovão 2. Eu tinha passado dos limites, se o instrutor não interferi-se, meu pai estaria morto ou tetraplégico. Tudo isso me fez perceber que eu não tentava quebrar limites. Eu os atropelava com minha arrogância e frieza. Sou um mago do gelo, mas isso não me faz uma pessoa fria e sem sentimentos como o gelo. Comecei a entender que tinha que mudar, ficar mais humilde e bondoso, mas como?
No dia seguinte visitei meu pai na enfermaria. Fui só no dia seguinte por ter que ir colocar minhas ataduras e ir a outras aulas, além de que naquela noite não cessei o choro por nada. Passei a noite em claro, sabendo que ele tinha se deixado atacar para eu perceber tudo isso já mencionado.
-Olá, meu filho.
-Há perdão para o que eu fiz?
-Você não fez nada.
-Quase o matei!!!
-Quase, sim. Matou, nunca mesmo.-ele falou dando uma risadinha.
-Como pode ser tão, tão...
- Foi realmente difícil esconder a dor do seu ,muito bem dado, soco! Já sei que tu percebeu que fiz tudo aquilo para te ensinar a se controlar.
-Ou o contrário. Me controlei muito bem ao soltar aqueles ataques. Fui frio e calculista. Agora seguirei mais o lado “bom” do meu instinto.
Mais aliviado que outrora, saí da enfermaria e comecei a andar sem rumo pelos corredores da escola. Finalmente percebi a beleza escondida das pessoas que habitavam o local. Altos, baixos, loiros, morenos, homens e mulheres. Pessoas imperfeitas, e por isso mesmo tão interessantes. Como nunca tinha percebido essas coisas? Minha arrogância me cegava. Por dentro eu tinha mudado, mas ninguém vê a diferença mesmo. Tinha que mudar com as pessoas. Tinha um plano e já estava na hora de executá-lo.
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