De volta aos Dursleys



Dias se passaram na Toca até a serenidade se do casamento se restaurar.A sra.Weasley ainda permanecia encantada com a nova vida do seu filho e vivia agradando todo mundo,o que era particularmente bom à todos,pois ela preparava os melhores cafés e almoços que Harry já experimentara.Nas tardes monótonas Harry,Rony,Fred e Jorge saíam para os jardins com suas vassouras nas costas e tiravam uma partida de Quadribol sob os terrenos baixos e espaçosos da Toca,enquanto isso Gina e Hermione assistiam-nos entediadas,sentadas sob os troncos das árvores nodosas,sendo apanhadas as vezes de surpresa por um gnomo faceiro que lhe subia pelas pernas.Em dias chuvosos toda a família se reunia em volta da lareira na sala e disputavam uma partida de Snap explosivo,inclusive o sr.Weasley que era tão habilidoso quanto Fred e Jorge,saboreando uma caneca de chocolate quente.No dia do seu aniversário Harry foi surpreendido por uma surpresa.Os Weasleys enfeitaram toda a sala de estar com dizeres:"Parabéns Harry" e a sra.Weasley preparou um delicioso bolo de frutas e nozes,até Hagrid apareceu lá mais tarde com um embrulho desajeitado (uma torta de maça muito suspeita),que eles comeram apenas para agradá-lo pois na verdade estava tão duro que machucava os dentes.Mesmo assim o dia foi perfeito.Harry ganhou muitos presentes,um novo suéter bordado pela sra.Weasley (com um agradável Te amamos Harry);Diversos produtos da Zonkos presenteado por Fred e Jorge;um lembrol duplo dado por Hermione (que ficava púrpura quando alguma coisa importante era esquecida);um conjunto de camisetas lisas dadas por Gina e um novo polidor de vassouras presenteado por Rony.
Harry agradeceu à cada um feliz,pois nunca se sentira mais contente em toda a sua vida.
Foram dias perfeitos,dias agradáveis na companhia de quem só lhe queria o bem.Mas esses dias infelizmente terminaram e Harry acordou cedo no dia nublado da partida.A atmosfera na Toca estava amena,a sra.Weasley preparava o café e o sr.Weasley se preparava para o trabalho,cada um num canto da cozinha. Harry se aproximou lentamente.
-Bom dia.
A sra.Weasley voltou-se rapidamente,nas mãos uma frigideira fumegante.
-Bom dia Harry,querido.
-Bom dia,Harry.-cumprimentou o sr.Weasley abotoando o casaco.-Eu ficaria feliz em levá-lo até sua casa mas estou completamente atrasado e...
-Tudo bem,sr.Weasley,não se preocupe.-disse Harry lacônico.
-Então.Boa viagem e até mais.-tornou ele estendendo a mão para cumprimentar-lhe.Harry retribuiu o cumprimento sorrindo.
-Obrigado,sr.Ahh e obrigado por tudo.
-Que é isso,Harry.Você já é praticamente da família.-ele lhe deu uma piscadela,beijou a sra.Weasley no rosto e saiu.
-Rony e Hermione já acordaram,sra.Weasley?-indagou Harry.
-Sim,querido.Vi os dois há pouco próximos á cerca do jardim.
-Ahh,obrigado.-ele contornou a mesa e saiu.O dia estava nublado e o céu tingido de um cinza grafite.Harry caminhou até a plantação de vinhas e pelos arbustos mais espinhentos,mas não encontrou Rony e Hermione.Rodeou a lateral da casa,passou pelo pequeno barraco do sr.Weasley,onde algumas tralhas estavam caídas no chão,e saiu atrás da Toca,também não estavam ali.Intrigado subiu o pequeno declive que delineava o jardim e escutou vozes sussurrantes.
-...Não dessa vez,não agora.Você não entende o por quê...
Harry manteve-se intacto.Ouvira Hermione sussurrar não muito longe dali,escondeu-se do lado da parede sobreposta por um arbusto e ouviu Rony dizer dessa vez,muito baixo.
-Hermione nós já somos bem crescidos para se confundir com uma coisa dessas.Eu tenho certeza do que está acontecendo...
Sentindo-se um completo idiota ao ficar ouvindo conversas alheias Harry se preparou para sair dali de trás quando,abruptamente,Hermione surgiu quase ao seu lado,sua primeira reação foi se esconder atrás do arbusto,mas não havia mais tempo e ele simplesmente girou o corpo e agiu como se estivesse perdido.
-Ahh,oi.Você está aí? estive te procurando agora há pouco,aí decidi vir ver se estavam por aqui.-disse ele.
-É...nós estávamos...só...ali.-Hermione parecia ainda mais emcabulada que Harry pois enrolava os cabelos nos dedos e ficava toda hora olhando para os lados,sem fixá-lo diretamente nos olhos.
Rony surgiu em seguida,com o rosto inexpressivo e os olhos injetados.Olhou para Harry e franziu o cenho.
-Já acordou?
-Sim.Eu vim procurá-los,sabe temos que nos preparar.-disse ele.
-Ah,claro.-disse Rony.-Harry eu tenho que conversar com minha mãe antes de partirmos,eu preciso dizer pra ela que iremos na casa dos Dursleys e só.
-Ok.Faça isso o quanto antes eu vou arrumar minhas coisas.
Rony saiu rapidamente e Hermione encarou atentamente as suas costas.
-você...está bem?-perguntou Harry.
-Sim.Sim.Estou ótima.-De repente ela pareceu voltar a realidade,pois fitou Harry com complacência.-Aliás,Harry.Acabei de mandar uma carta para os meus pais,usei a Edwiges sem te avisar desculpa,eu disse para eles que passaria o resto do verão aqui na Toca e eles não fizeram objeção.
-Mione.Sabe que ainda há tempo de voltar né? Não estou obrigando nenhum de vocês dois a encarar essa jornada comigo.-repreendeu Harry.
-Não se fala mais nisso,Harry.Já está decidido.-disse ela.
Harry deu de ombros.
Então,naquela tarde nublada,os três se despediram da sra.Weasley e de Gina (a qual Harry notou estar estranhamente perturbada)e partiram para a estação de trem.O movimento estava pequeno na estação,o que os aliviou.Pegaram o primeiro expresso para Londres,foi uma viagem cansativa e monótona,Harry estava com o coração pulsando à cada hora que se passava,não sabia o porque de tanta expectativa em voltar à casa dos Dursleys.
Já era tarde quando desceram na estação de Kings Cross,ali o movimento era maior.Em cada plataforma mais e mais pessoas embarcavam afoitas.Harry,Rony e Hermione saíram da estação suspirando aliviados e desceram pela próxima rua,caminhando pela calçada e parando na esquina.Harry prendeu seu malão nas mãos com força e ergueu a mão livre.Na mesma hora um ônibus de dois andares,roxo berrante,estacionou ali na esquina.A porta se abriu de chofre e eles embarcaram.
-Bem vindos ao noitibus.-disse um velho carcumido,que não era o sr.Ernesto.
-Rua dos Alfeneiros,nº4.Por favor.-disse Harry.
O velho confirmou com a cabeça e puxou o freio de mão antes que eles pudessem se sentar.Rony e Hermione,que foram pegos de surpresa,se desiquilibraram e quase caíram de cara.Harry se apoiou numa das barras de ferro.O ônibus começou sua viagem vertiginosa através das ruas de Londres,a sensação de estar sendo conduzido como por pó de Flu sempre açoitava Harry.Passaram por vielas minusculas,as quais se amplificavam para dar passagem ao veículo,avenidas movimentadas,ruas esburacadas e escuras,tudo passando como num vendaval de luzes e cores.Harry estava começando a se sentir meramente enjoado,observou Hermione,seus olhos estavam fechados e Rony segurava tão forte nas laterais do banco que seus nós dos dedos ficavam brancos.Finalmente o onibus parou com um tranco,um punhado de camas se arrastou pra frente e trombou com as paredes.
-Rua dos Alfeneiros.-gritou o condutor.Os três desceram rapidamente.
-Essa coisa é maluca,já disse a vocês.-disse Rony,branco,esfregando a barriga.
Harry olhou em volta.Estava quase anoitecendo e eles haviam parado na travessa das Glicínias.
-Vamos andando.
-Está frio por aqui.-disse Hermione esfregando os braços.
Realmente um ar gélido envolvia-os.Uma névoa densa se deslocava sob os telhados baixos das casas.
-Dementadores,só pode ser.-comentou Harry.
-Dementadores aqui?-disse Rony.
-Sim.Depois que eles se rebelaram de Azkaban provavelmente se juntaram à Voldemort e estão aterrorizando a cidade.-argumentou Harry.
-Essas ruas são estranhas,Harry.Tem um clima ruim.-comentou Hermione.
-Esse lugar nunca foi bom.-disse Harry sorrindo com ironia.
Cruzaram a travessa que separava a rua das Glicineas e dos Alfeneiros e caminharam através dos corredores de casas iguais.Harry localizou a casa dos Dursleys imediatamente,o jardim estava malcuidado com algumas plantas a mais crescendo juntas e havia luzes no interior da casa.
-É aqui-disse ele cruzando o jardim e parando na entrada.
Hermione olhava para tudo fixamente,pois,ao contrário e Rony,ela nunca havia estado na casa dos Dursleys.
Harry suspirou e apertou a campainha.Ninguém apareceu.Apertou novamente.Esperaram.Ouviram passos no interior da casa,vozes baixas conversando.E então a porta se abriu lentamente.Tia Petúnia surgiu no Hall,encarando o trio como se tivesse visto um grupo de vendedores de livros indesejados.
-Ahh...é você.Achamos que não viria mais.-retrucou ela abrindo a porta.
-Não se preocupe,para sua alegria só passei pra buscar umas coisas.É uma visita breve-disse Harry entrando,Rony e Hermione o acompanharam.
-Que bom.Soube que você anda em perigo,por isso não estamos afim de receber um suposto alvo na nossa casa.-disse ela.
-Eu não estou em perigo,não sei do que você está falando.
Harry deixou o malão no canto e se dirigiu a sala de estar.Tio Válter estava sentado na poltrona,lendo atentamente um jornal,a TV estava ligada no noticiário.
-Petúnia.Quem é a essa hora?-resmungou ele.
-Sou eu.
Sua cabeça rapidamente se ergueu detrás das páginas e seus olhinhos de porco se fixaram e Harry como se tivesse visto um fantasma.
-Você voltou.Assim de repente? Acha que aqui é hotel para vir quando bem entender?-retrucou ele.
-Desculpe mas só passei porque era preciso,senão nem faria questão.-ponderou Harry.
-Some sem deixar vestígios e volta arrogante como sempre.Onde esteve durante as férias daquele hospício?-disse ele rispido.
-Estive num lugar bem melhor que esse,na casa do meu amigo Rony.-disse Harry apontando para Rony com a cabeça,que desviou o olhar maquinalmente.
-Trouxe seus amiguinhos bruxos para enfernizar minha casa,é?-discutiu ele examinando Rony e Hermione atentamente.-E quem é essa.Sua namorada?
-Minha amiga!
-Amiga,sei.E lá gente da sua laia tem amigos...-resmungou ele baixinho.
-Eu preciso conversar com você e a tia Petúnia.
-Pois diga.-tio Valter dobrou o jornal e cruzou os braços displicentemente.-O que você quer?
Nessa hora tia Petunia adentrou a sala,sentando-se ao lado do marido e encarando Hermione profundamente.Harry se sentou e pediu que Rony e Hermione se sentassem,eles o fizeram mas muito formalmente.
-Estão acontecendo umas coisas que vocês nem de longe devem saber o por quê.-começou Harry.
-Isso envolve os inúmeros ataques a cidade você quer dizer.-tornou tia Petúnia.
-Ataques?-era a primeira vez que Hermione falava.
-Sim.Em todos os noticiários só se fala nisso.Ataques em massa.Até desconfiam de terrorismo,mas eu duvido disso,com certeza isso é coisa da laia de vocês.-protestou ela.
-Não somos nós que fazemos isso...é o lado dele.-disse Harry.
-Lado de quem?-interveio tio Valter.
-Do Voldemort.É ele que está se rebelando contra tudo e todos.
-Claro.E tudo isso por sua causa,não é?-ponderou tia Petunia.
Harry confirmou com a cabeça.
-Por que uma pessoa dessas iria causar tanto furor por sua causa?-quis saber tio Valter.
-Olha é uma longa história.Eu já estava predestinado a entrar no caminho de Voldemort.-explicou Harry.
-Se esse Voldie não sei das quantas quer te matar deve ser por que você fez algo muito ruim contra ele,não é?-retrucou tio Valter.
-Não.Tudo envolve uma profecia que já programou meu destino.-Harry tentou explicar.
-Profecia.Do que você está falando,moleque.Estamos em pleno século 21! acorda!-Tio Valter parecia impaciente e impassivel.
-Harry deixa pra lá,eles nunca iriam entender.-murmurou Hermione ao seu ouvido.
E Harry percebeu que ela tinha razão.Ele suspirou mais uma vez,tentando ao máximo fazê-los compreender.
-Eu vou atrás de Voldemort,vou vingar os meus pais e também o Dumbledore.
-Alvo Dumbledore? ele morreu?-Tia Petúnia estava chocada,com as mãos na boca expressava surpresa.
-Sim.Severo Snape,um covarde,assassinou-o.Minha vida depende de destruir ou não Voldemort.Acho que por isso Dumbledore mandou eu voltar aqui mais uma vez,ele queria que vocês soubessem que,após eu cruzar aquela porta,meu destino está selado e indefinido. Então eu peço,sem indignações da parte de nenhum de nós,pois tudo o que eu quero nesse momento é paz.Se tiverem alguma coisa que eu não soube por favor me digam,eu preciso saber.-exigiu ele meramente tenso.
Tia Petunia e tio Valter estavam anestesiados,nunca haviam debatido assim com Harry em toda vida que ele passara naquela casa.Ela revirou os olhos para o marido e encarou Harry profundamente,havia uma certa pena rondando sua expressão austera.
-Tem uma coisa.Uma coisa que eu preciso te entregar.-ela saiu da sala rapidamente,o silencio entre eles era incômodo e tenso.Em seguida ela voltou com uma caixinha de madeira nas mãos.
-O que é isso?-indagou Harry.
Ela abriu a tampa e tirou de dentro uma chave de prata fixa por um chaveiro em formato de uma flor.
-Essa é a chave da casa dos seus pais.-contou ela entregando-a a Harry.-Esteve comigo esse tempo todo.
Harry apanhou a chave e sentiu um aperto no peito.A chave da casa em Godrics Hollow.
-Quem te entregou?-perguntou ele.
-Minha mãe.Lílian deu a ela uma cópia,não sei o porque.-ela revirou a caixinha mais uma vez e tirou de lá uma foto.Harry apanhou.Era a uma foto da sua mãe,sorridente com os cabelos esvoaçando e os olhos brilhando com uma paixão nítida,Harry virou e nas costas da foto havia escrito em letras formais: Lilly e Thiago.
Hermione e Rony se debruçaram sob a foto e observaram a mãe de Harry sorrir.
-Obrigado-disse ele,no que tia Petunia balançou a cabeça e entregou a caixinha a ele,saindo em seguida da sala.
Tio Valter se levantou,aprumou os ombros e ergueu as calças,pigarreando baixinho.
-Bom,vocês podem ficar aqui essa noite.Durmam no seu quarto-disse diretamente à Harry,saindo também em seguida.
Os três ficaram ali,na sala escura dos Dursleys,envoltos naquele momento terno e ao mesmo tempo tenso e estranho.
-VocÊ fez a sua parte,Harry.-disse Hermione séria.
-Sim,cara.Eu acho que eles entenderam.Você não pode culpá-los por serem desse jeito-emendou Rony.
-Eu sei.-foi tudo o que ele disse,guardando a foto e a chave novamente.

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