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Cap.7- Produto
O tempo passa pelas veias, escorre pelas mãos
- É ela. – Afirmou um espião – Não há outra pessoa que possa ter escrito esse jornal maldito. – A primeira edição de ‘Olhos da Torre’ foi jogado rudemente no chão.
- Acusa alguém? – Perguntou uma segunda voz.
- Diretamente? Ninguém. Mas faz insinuações contra um grande número de Comensais, todos com uma ótima máscara de integridade. Contém nomes de mortos e informações sobre todos os desaparecidos. Além de algumas críticas ferrenhas ao Ministério da Magia.
- Jornalistas que colocam idiotices na cabeça das pessoas são um perigo. Mate-a. – Entregando uma foto para a terceira pessoa na sala, encolhida num canto, o dono da voz saiu do aposento. Da foto, o rosto alegre de Lílian sorria.
******
Ela sentiu os dedos apertarem seu pescoço. Ela sentiu o ar esvaindo. Seus pulsos doíam, e ela maldisse a burrice de ter deixado a varinha no quarto. Tomou consciência principalmente de seus pulsos, que continuavam presos. Não por muito tempo. Ela sentiu que ia desmaiar. Não desmaiou.
Quando os dedos soltaram seu pescoço, e uma inesperada lufada de ar banhou seus pulmões, ela começou a tossir. Dobrou-se ao meio, as mãos ainda presas nas algemas que eram as mãos do marido. Finalmente, quando ela parou de tossir, ele parou de apertá-las.
- Vai embora. – Ordenou James – Antes que eu me arrependa. - Ela não discutiu. Estava tonta. Subiu as escadas. Minutos depois, quando ele lentamente se se mexeu em direção ao quarto que dividiam, e abriu frustrado as portas, não encontraria nenhum sinal da mulher. Não fossem as roupas esquecidas num canto do guarda-roupa, poder-se-ia afirmar que Lílian nunca estivera ali.
James Potter jogou-se na cama, tonto, irritado e bêbado.
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A porta abriu muito silenciosamente. A ruiva entrou na casa que um dia fora sua. Fechou a porta. Trancou-a. Refez todos os feitiços. Ela estava cansada, exausta, assustada. Seus pensamentos tinham travado. Esquecera-se como raciocinar. De modo quase automático, subiu as escadas que levavam para o seu quarto.
- Lily? – Veio a voz. A ruiva se virou. De um canto do corredor, Remus olhava para ela. Uma parte do cérebro sabia que era ele que cuidaria da Sede da Ordem esta semana. A outra sabia ela preferia ignorá-lo e ir dormir.
Fazendo um som que ela ao menos esperava que significasse ‘sou eu mesmo, pode voltar a dormir’, ela continuou andando/rastejando até chegar na porta de seu antigo quarto e se jogar na cama. E dormiu o quanto pode, entre pesadelos, lembranças e culpa.
As nove da manhã ela acordou com uma dor de cabeça. Vagamente lembrou-se que não tinha roupa para trocar. Ficou com medo de voltar na Mansão Potter. Continuou covardemente parada no escuro. Censurou-se por isso. Não moveu um músculo.
Lá pelas dez da manhã, ela reparou que tinha começado a respirar em eco. A pessoa que entrara no quarto reparara que ela percebera sua entrada.
- Você sempre teve um comportamento meio auto-destrutivo, ruivinha. O que você fez dessa vez? – Lílian pensou em reclamar que nunca tiver um comportamento auto-destrutivo. Pensou em não responder. Não fez nem uma coisa, nem outra.
- Traí meu marido. – Veio a resposta das profundezas da cama. Remus Lupin não respondeu. Abriu a janela e sentou-se no chão, ao lado da cama.
- Conte-me.
E ela contou. Contou tudo que não contara nem para suas amigas durante todos esses anos (apesar de que ela imaginava que Dorcas soubesse). Não se sentiu nem um pouco melhor depois de desabafar. Sentiu somente vergonha.
A partir daí, Lílian tentou ignorar o mundo. Não tinha coragem de ver James, nem força de vontade para bater à porta de Sirius. Ela trancou-se no quarto por dois dias seguidos, esquecendo de comer. Ocupava seu tempo organizando seu novo jornal e, durante a noite, quando ninguém podia vê-la, entregava-se de corpo e alma a tentar descobrir o traidor da ordem. E ela sabia que estava chegando lá.
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Uma coruja bateu na janela. Sirius Black sentiu os pedaços do sonho se dispersarem e caírem quebrados no chão, como cacos pontiagudos de vidro sujo, de uma antiga garrafa que fora quebrada na noite anterior. Não que ele andasse bebendo. Ele estava realmente tentando parar.
Era uma carta de Andrômeda, pedindo que ele cuidasse da filha no dia seguinte. Ele escreveu a resposta afirmativa e resolveu aprontar-se. Teria uma reunião da Ordem dali a pouco.
Quem olhasse seu rosto, poderia pensar que ele não estava nervoso. Poderia até pensar que ele estava quase calmo. Mas isto estava muito longe da verdade. É claro que ele sabia o que tinha feito. Sabia tanto sobre o que desastre e os envolvidos que estava, desde que acordara na manhã seguinte do acontecido, esperando os ânimos esfriarem.
Ele não iria tentar conversar com o amigo de cabeça quente. James não ouviria e aquilo só acabaria, se possível, pior. Ele sentia a culpa roê-lo, a necessidade de falar tanto com Lílian quanto com James, mais tentava se controlar. Ele tinha, simplesmente, que esperar o momento certo. E ele nunca fora bom em esperas.
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Os olhos dela estavam vermelhos de cansaço. As pálpebras fecharam-se um pouco enquanto ela refazia todos os feitiços que protegiam seu trabalho. Se alguém encostasse na escrivaninha ela saberia. Se houvesse o menor sinal de que alguém tentara abrir aquela gaveta ela ficaria sabendo. Se alguém respirasse de modo suspeito ali ela estaria avisada. Trabalhara Durante horas numa seqüência numérica sem nem conseguir saber o que ela significava.
Porém no momento ela não estava nada senão exausta. Apesar disso, relutava em dormir. Seus sonhos eram povoados de James, Sirius e crianças correndo e gritando. Vez Por outra a destruição e medo que ela vira refletida em outros olhos aparecia. Mas, ao acordar, ela fingia que nada havia acontecido e, covardemente ignorava sua mente, indo trabalhar ou nos projetos da Ordem, ou lançando seu jornal.
Desta vez, ao deitar-se no convidativo colchão, ela lembrou de uma conversa que tivera com Remus a pouco.
“- Quando você vai falar com James? ’
- Não sei... ’
- Quando você vai falar com Sirius?’
- Ah... Um dia... ’
- Quando você vai encarar os fatos e falar com eles?’
- Quando eu deixar de ser covarde. E nem pense em começar outro ‘quando você..’, Remus Lupin.”
A ruiva ainda podia ouvir a voz de Remus em seus ouvidos, mas isso provavelmente era devido ao fato dele a estar chamando. Ao que parecia, teria uma reunião da Ordem e ela estava atrasada.
Com uma roupa numa mão e uma toalha na outra, a ruiva entrou correndo no banheiro para sair de lá quinze minutos depois, de banho tomado. A campainha tocou.
Na porta, um garoto de preto esperava.
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Sirius não a primeira pessoa a chegar na Sede naquele dia. Três outras pessoas já estavam lá, e ele sentou perto delas. Procurava com os olhos Lílian e James, com um misto de medo e excitação.
James não olhou para Sirius quando chegou. Ele sentou-se numa das cadeiras e fingiu não notar o amigo. Se alguma pessoa achou isso estranho, não comentou. Peter sentou-se ao lado de James e começaram a conversar. Sirius desviou o olhar. Remus começou a falar alguma coisa com ele. A reunião começou.
Lílian não estava presente.
Pela porta entreaberta, Sirius podia ver o corredor. Então ele viu a ruiva acompanhando dois homens até a porta e chegando na sala em que acontecia a reunião.
- Desculpe interromper – ela começou, interrompendo quem falava no momento. – Mas eu tenho um aviso importante. Os irmãos Prewett estão mortos. A notícia acabou de chegar na redação d’O Profeta, e meus informantes vieram me avisar.
Não é possível transcrever o pandemônio que se seguiu, mas é possível dizer que foi um dos piores pontos do dia.
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- Quem foi o responsável pela defesa deles na noite passada?! – James perguntou quando todos se calaram.
- Eu e Peter. – Informou Shackelbolt. - Nada aconteceu de errado em nossa vigília. – ele disse na defensiva. – Vozes começaram a discutir se isso era ou não verdade.
- Peter, você pode ficar na Sede da Ordem esta semana? O Remus volta para casa hoje. – Pediu James, apaziguando os ânimos.
- Hã... Não posso. Eu vou ao... Ã... uma boate. Marquei de encontrar um pessoal do Ministério, e seria suspeito eu não aparecer.
- James, a Lil está morando aqui, lembra? Não precisamos de mais ninguém para tomar conta da casa. – Lembrou Remus, e o outro homem assentiu com um fungado.
James foi embora antes que Sirius pudesse falar com ele.
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Trancada no quarto, frustrada até o último fio de cabelo e se sentindo culpada por mais mortes, Lílian olhava a seqüência com uma raiva renovada.
28: 24.14 . 1.1 11. 20:12
Era tão irritante. Pontos, números e espaços. Ela já tentara achar o significado daquilo nas Runas, na Numerologia, substituindo números por letras, em livros de Adivinhação e Física, e nada dava algum significado. Era uma seqüência rabiscada no pé de uma folha falando sobre uma boate nova que abrira. Como era a folha mais recente que Dorcas havia deixado, ela sabia que era importante.
Alguém bateu na porta. Era Remus.
- Entra. – Disse a ruiva, dando rapidamente sumiço na papelada. E daí que era Remus? Ninguém jamais poderia olhar seus papéis. Seu marido não vira, seu amigo não iria.
- Já estou indo para casa. Boa noite. – Ele já estava fechando a porta quando foi chamado de volta.
- Dorcas já falou alguma vez com você sobre uma seqüência numérica?
- Hum... Ela costumava trocar letras por números para escrever bilhetinhos na sala de aula.
- Já tentei isso! – A mulher falou antes de poder impedir-se.
- Experimentou fazer ao contrário? Quer dizer, trocar 1 por Z, 2 por Y? – Foi a sugestão dele antes de dar boa noite (de novo) e sair. A ruiva fez o que ele sugeriu, se sentindo levemente idiota por não ter pensado nisso antes.
28: 24 14 . 1.1 11. 20:12
YS: C M. Z.Z P. G:O
C.M poderia significar Comensais da Morte, porém e o resto? Continuava sem fazer o menor sentido. E aqueles pontos distribuídos quase que aleatoriamente, significavam o que?
Tem que ter alguma coisa que eu não reparei! - Pensou frustrada - Alguma coisa óbvia! Em algum lugar! - Ela colocou o papel contra a luz para poder observá-lo melhor.
Contra a luz, o ponto entre o 1 e o 1 11 parecia um pouco diferente dos outros. Passando o dedo em cima, Lílian percebeu que aquilo não era um ponto, e sim uma marca do papel. Com essa descoberta, os números mudavam de ordem e significado. Eles passavam a estar organizados de dois em dois.
28: 24 14 . 11 11. 20:12
YS: C M. P P. G:O
P P? Isso era uma sigla para... Peter Petigrew? O Comensal da Morte era ele? E o resto? O que significava? G:O...20:12... Poderia ser uma hora. YS...28... Um dia. Tina que ser isso!
O que aconteceria neste dia? Aliás, que dia é hoje? 28 por acaso não era.... Hoje?!
Que horas são? - Ela começou a procurar em desespero por um relógio. - São 19:52. Preciso de ajuda... - Pegou o papel de cima da escrivaninha e aparatou.
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- James! – O homem levantou os olhos dos papéis que observava e olhou surpreso para a mulher ruiva. – Eu descobri! Eu consegui descobrir o traidor.
- Quem é?
- Peter. – Inesperadamente, James começou a rir.
- Peter? O tímido? Peter, o que nunca conseguiu acertar um feitiço de primeira? Peter, o meu amigo? É esse o resultado de todas as suas investigações e pesquisas?
- Sim. É o resultado de tudo.
- Não seja ridícula, Lílian. Ele até me disse o que faria hoje a noite.
- Para onde ele foi?! James, isso é importante. Peter deveria estar de guarda quando os Prewett morreram. Ele ajudou a assassinar Dorcas e provavelmente Marlene. Ele é o espião! Você sabe para onde ele foi?
- Lílian, ele é um covarde.
- Você sabe ou não para onde ele foi, cacete?! – Não só os cabelos, mas toda a face da mulher estava vermelha. Ela parecia que ia pegar fogo de tanta raiva.
- Ele disse que iria para uma boate. – A mulher pegou o papel do bolso. Leu a reportagem sobre uma boate bruxa, a71p.
- Já sei onde ele está.
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Quando Sirius levantou os olhos, viu em sua frente uma fênix prateada que ele lembrava vagamente que era o Patrono de Lílian. O pássaro falou e tinha a voz da mulher.
Peter é o traidor. Estamos na boate 71p. Chame a Ordem.
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71p é situada perto do rio Tamisa. Dentro dela, parece que a guerra não estava acontecendo, tamanho o número de pessoas presente a altura da música. As luzes confundiam a vista. Parecia impossível achar alguém ali.
19:58. Dali a 14 minutos. Começaram a procurar. Passaram-se oito minutos, e a ruiva entrava em desespero.
- Ei! – Era James – Não é ele ali? – Lílian olhou. Sim, era ele. – Peter, hey, Peter! – Em alguns passos eles o alcançaram.
O homem gordo e baixinho suava frio, olhando ao redor. Ele tinha que passar por uma porta que só ficaria aberta durante um minuto. Faltando somente seis minutos para a porta aparecer, era realmente muito azar o Potter o ter encontrado.
- Então, meu amigo? – Perguntou James num sorriso levemente maníaco. – Há quanto tempo, hein? Então, quem você veio encontrar aqui? – Ele olhou em volta com fingida curiosidade.
Só então a ruiva foi notada.
Ora, ora... Até que a noite pode ser proveitosa
** 20:08**
Um motivo para ela socar Peter Pettigrew. Era tudo que ela precisava. Um único motivo para mandá-lo direto para Azkaban, para a morte, para um lugar pior que o inferno. Por causa daquele rato imundo, quatro grandes amigos seus estavam mortos.
Mas a mulher teve que interromper seus pensamentos assassinos, pois sentiu que um particularmente cruel estava sendo dirigido a ela no momento. Olhou para trás. Três homens vinham naquela direção. Crabbe, Macnair e... Aquele era o filho de Bartô Crouch?
- James? Acho que estamos numa enrascada muito grande.
**20:09**
71p, claro. Como se fosse um lugar bem pequeno para se procurar alguém. Quando é possível aumentar o espaço magicamente, você nunca tem noção da verdadeira dimensão das coisas.
Garotas seminuas totalmente bêbadas insistiam em se meter no caminho de Sirius Black, que tentava afastá-las, procurar Peter e Lily e manter a varinha a postos, tudo ao mesmo tempo.
Então o moreno pode jurar que vira Crabble, Macnair e um outro (seria Bartô Crouch Junior?).
Ele os seguiu.
**20:10**
- James? – Ele não a ouviu, continuava olhando com um sorriso maníaco para o amigo.
- Warmtail... – O apelido foi sublinhado – Você poderia fazer o favor de dizer a Srta. Lírio que você não é o traidor? – Apesar da voz simpática, James tinha a varinha apontada diretamente para o nariz de seu amigo.
- James?! – Tento a ruiva novamente. – Eles estão se aproximando! Estupore! – O feitiço atingiu Macnair no peito e ele voou alguns metros, indo bater numa parede. Estava desacordado. Os passantes incautos começaram a se afastar, temendo a confusão.
- Quem está se aproximando...? – O homem a ouviu pela primeira vez e, num movimento estúpido pelo qual ia se arrepender amargamente, olhou para frente, distraindo-se de sua presa.
E a presa soube se aproveitar bem da distração. Ela puxou Lílian pelos cabelos e pressionou sua varinha no pescoço dela.
- Dê um passo, Potter, e ela morre. – Sibilou.
Quando Crabbe e Crouch Jr. Se aproximaram e tomaram a varinha dele e da mulher, James não mexeu um músculo.
**20:11**
-Daqui a pouco, quando a porta aparecer e se abrir, você será morto, Potter. Você e sua vadia ruiva.
- Não a chame de vadia, imbecil! – Gritou Sirius Black, metendo o punho no meio da cara de Peter.
N/A: Olá! ;) Bem, este capítulo chatinho foi o penúltimo da fanfic. O próximo e último capítulo prometo postar entre o dia 28 de novembro (quando sai minhas notas no colégio) e 25 de dezembro (Natal).
Agradecimentos
Beca Black
Sofiagw
Tati C.
Nany*
Comentem ;)
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