Briguinhas entre si, parte 3
Tiago sobe lances e lances de escadas até o sétimo andar, passa três vezes por um corredor que tinha um tapete de trasgos aprendendo a dançar balé.
A maçaneta de uma porta aparece, e Tiago a abre, entrando em um lugar que se assemelhava a um bosque, com árvores com folhas verdes, um lago cristalino, pássaros cantando alto, flores de diversas espécies e cores, com perfumes adocicados, a lua pairando, redonda e brilhante em um céu límpido.
Tiago se senta recostado em uma árvore próxima, com o troco forte, aparentando ter centenas de anos.
‘Lílian não me conhece mesmo. Acha que Sirius é melhor do eu, sendo que somos idênticos em algumas coisas. De fato, na maioria das nossas atitudes e gostos.
O que não compreendo é porque ela preza tanto Sirius e me despreza com todas as forças.
Vejo em seus olhos verde-esmeralda o quanto sente rancor por mim. Mas de onde viera isso se éramos tão amigos?’
Tiago simplesmente não aceitava o fato de Lily sempre preferir outros a ele, principalmente quando era seu melhor amigo. O que fez para isso acontecer?
Quando amigos, ambos se falavam animadamente, não discutiam tanto, aceitando um as diferenças do outro, até o segundo ano, quando Lily começou se afastar. Mas por que isso? Tiago infelizmente não tinha essa resposta.
As horas foram passando, e Tiago ali, sentado, encarando o nada, tranqüilo, deixando que o bosque fizesse parte dele, com seus ruídos e perfumes, cores e formas.
Lílian andava para baixo e para cima no castelo, à procura de Tiago, pergunta a todos se o tinham visto, mas ninguém sabia onde ele estava.
Lily estava no corredor do quinto andar, quando olhou para seu relógio. Já eram sete e meia. Tiago havia sumido há uma hora e meia! Onde teria se enfiado? A garota se senta no chão, recuperando o fôlego antes de tornar a procurá-lo de novo.
Tiago se levanta, dando um enorme bocejo. Aquela paz o estava deixando com sono. Anda em direção a porta e coloca o ouvido na mesma, para checar se teria alguém por ali, e como não ouviu nada, saiu da Sala Precisa.
Lily estava subindo a escada para o sétimo andar quando escutou uma porta se fechando. Correu pelo corredor e esbarrou em alguém que vinha na direção oposta. Quando ia se levantando, viu quem era.
--Tiago! Finalmente te encontrei! –diz sorridente, e o garoto a encara confuso —Eu gostaria de me desculpar. Você saiu correndo e desapareceu, sem saber o que de fato aconteceu. –agora ele se lembrava. Estava triste com Lily, mas não conseguiu ficar nervoso novamente, porque aquele sorriso sincero acalmava seu ser tanto quanto o bosque.
Tiago se levanta, sem emitir som algum, e ajuda Lily a se por de pé. A menina encara seus olhos castanhos esverdeados, enquanto o menino se delicia nos dela.
--Onde você estava? –Lily perguntou.
Tiago sai de seu transe e recua. Por que ela queria saber? Não preferia o Sirius?
O maroto se posiciona em frente ao tapete de trasgos dançarinos enquanto Lily, que o segue, fica de costas a parede oposta.
--Tiago...
--Por que não vai procurar o seu Sirius? –disse com arrogância.
Lily começa a andar, indo da esquerda de Tiago para sua direita, e dessa para a esquerda de novo. Estava tão cansada... se ao menos tivesse algum lugar para descansar e poder contar ao menino o que realmente quis dizer...
Lily pára de andar e olha Tiago, depois se vira de costas, com os olhos fechados. Como pediria desculpas sem demonstrar que gostava dele? Ao reabrir os olhos, viu a porta.
--Desde quando essa sala estava aqui? –se volta para Tiago que congelou. Será que Lily descobrira a Sala Precisa? Como ele teria sossego agora? Sempre ia para a sala para refletir um pouco, no belo bosque.
Tiago amava a natureza e os animais. A fauna e a flora eram um remédio reconfortante sempre que estava chateado ou irritado. Vai ver era por gostar tanto de verde que era um cervo, como animago. Pelo menos era isso que ele achava ser um dos motivos, fora sua elegância, força, velocidade e beleza.
Lily se aproxima e abre a porta. Tinha cadeiras, almofadas, pufes, uma cama, sofás e poltronas no recinto, todo com uma aparência macia e confortável.
--Como foi que nunca vi este lugar antes? –perguntou mais para si do que para Tiago, que a acompanhava de perto –Seria ótimo passar as noites aqui, ao invés de revirar o castelo em busca de baderneiros. –virou-se para Tiago, que estava logo atrás dela, e pegou pelo braço, lendo-o até um sofá preto, sentando-se.
--Sente-se, Tiago. –pede e o menino o faz, sem tirar seus olhos dela. Lílian Evans o chamara de Tiago?
--Eu gostaria de dizer que não estava comparando Sirius a você, e sim ao Snape. – a menina permitiu-se tirar a capa, jogá-la no chão e deitar-se um pouco. Estava exausta.
--Sério? –Tiago observava Lily fechar os olhos, com as mãos sobre a barriga.
--Claro! Você e o Sirius são um só! Nunca vi amigos tão parecidos. –Lily fala com a voz um pouco emplastada. Estava tão sonolenta. Seus olhos pesavam tanto.
Tiago sorriu, notando que sua amada ruivinha tinha adormecido.
Levantou-se, pegou as pernas de Lily e as colou, confortavelmente, no sofá. Pegou a capa preta da menina e a cobriu. Sentou-se ao chão, passando a mão nos cabelos cor de fogo dela, mas logo adormeceu também.
Lily levantou-se mau-humorada. Detestava acordar de madrugada, principalmente por que Laila gemia um pouco durante o sono. Mas o dormitório se encontrava um tanto silencioso, e sua cama um pouco menor...
Lílian sentou-se, encarando a sala. Dormira ali!
Olhou para os lados e viu Tiago, a cabeça sobre as mãos, sentado torto, bem junto dela.
Lily se aproximou e viu que este também adormecera. Um lindo e tranqüilo sono. Era covardia acordá-lo, embora fosse necessário.
Evans se levantou, recolocou a capa, ajeitou os cabelos, esfregou os olhos, e deu uma olhadinha no relógio. Meia-noite. Assustou-se. Como saíram dali sem serem pegos por um professor? Seria detenção na certa. Mancharia a reputação de boa aluna que Lily sempre teve, com tanto esforço.
--Tiago! Acorde! –Lily o sacudiu. O maroto concertou os óculos e se pos de pé.
--Que houve? –perguntou um pouco desnorteado.
--Dormimos aqui! E agora? Como vamos para a torre sem sermos vistos? –a menina estava desesperada.
--Conheço alguns atalhos. –Tiago a pega pela mão e eles deixam a sala, seguindo pelo corredor e os atalhos estranhos que Tiago os conduzia. Mas antes de sair, Lily teve certeza de que vira a porta desaparecer.
-------------------------------------------------------------------
Laila e Remo estavam no corredor, indo para o Salão Comunal da Grifinória quando escutam vozes e se viram. Acabam avistando Lílian e Tiago que vinham ainda de mãos dadas.
Todos param e se encaram. Laila não deixou de notar que Lily estava bem perto de Tiago. Lily vê o que a amiga estava reparando e sai de perto do maroto, deixando ele meio sem jeito. Estava gostando de ter a ruiva próxima dele.
--Onde estavam? –pergunta Remo.
--Por aí. –responde Lílian, cortando qualquer outra pergunta que poderia sair de um dos dois intrometidos –E vocês? A biblioteca fecha às onze.
--Como eu não tinha almoçado, Remo me acompanhou a Cozinha. –responde Laila.
--Acompanhou, foi? –Tiago encara Remo.
--Sim. –responde Remo com simplicidade.
Os quatro seguem para dentro do buraco do retrato. A sala estava vazia, se não fosse Sirius e Lua, que jogavam xadrez de bruxo.
--Finalmente apareceram! –Lua se levanta, depois de dar um xeque-mate no rei de Sirius, e se vira para as amigas. –Vamos dormir?
As três garotas sobem a escada do dormitório feminino, conversando.
Remo e Tiago se sentam no mesmo sofá, um em cada lado de Sirius, que se vira para Remo.
--Como foi o trabalho?
--Exaustivo.
Sirius se volta para Tiago.
--Estava com Lílian, é? –deu um sorriso maroto.
--Nada de mais. –responde um pouco contente.
--Vocês vão ficar escondendo o jogo, é? –Sirius se irrita. Ele adorava estar à parte de tudo.
--Amanhã você pode fazer seu interrogatório, Almofadinhas. Estou cansado. -- falando isso, Remo se levanta e sobe a escada para o dormitório masculino.
Sirius e Tiago se entreolham e seguem Remo.
Que dia comprido!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!