Por debaixo do pano,ou melhor,
Depois do final da aula de Transfiguração, Tiago e Sirius seguiram para o dormitório masculino na torre da Grifinória, com Remo e Pedro em seus calcanhares.
--Pontas, acho que não deveríamos ouvir o que elas têm a dizer.—Remo fala, sentando-se em sua cama, que ficava ao lado da de Pedro, e as duas se posicionavam à frente das de Tiago e Sirius.
--E conviver com a curiosidade, Aluado? Não mesmo!—fala Sirius ao lado de Tiago, que pegava seu malão, o colocava em cima da cama e passava a procurar sua capa da invisibilidade.
--Almofadinhas, pense um pouco. O que importa as garotas terem segredos? Afinal nós também temos. O meu, se esqueceu?
--Claro que não esquecemos, Aluado.—fala Tiago, ainda examinando o malão, tirando algumas roupas de dentro do mesmo—Mas acho que o que elas escondem é sério, e estou preocupado, além de curioso. Achei!—ele pega a capa, a dobra e coloca na mochila—Depois do tempo vago ainda temos dois tempos de Poções. Acredito que depois dessa aula, Laila, que chamou as outras para a reunião, já estará no salão comunal, então vou me posicionar perto de uma das poltronas perto da lareira, onde elas sempre se sentam para fofocar.
--Nós, Pontas, nós. Também quero descobrir.—fala Sirius, não gostando nada de ficar de fora.
--Eu também.—guincha Pedro, que nunca desgrudava dos dois amigos, e olha para Remo—Você não vai?
--Não. Tenho tarefas de monitor para cumprir, e como a Evans vai ter uma reunião, vai pedir para adiantar um pouco das dela também.—Remo se levanta e olha os amigos—Mas quero saber o que vocês ouviram.
--Sabia que sua curiosidade não deixaria seu lado monitor vencer, lobinho sarnento.—fala Sirius risonho.
--Sarnento? Olha quem fala, o cachorro pulguento.
--Se tenho pulgas é por sua causa, pois ando demais com você, que as passa para mim.
--Há há! Muito engraçadinho!—Remo da um sorriso e sai para a aula de Poções.
--É melhor irmos também.—Pedro ajeita sua mochila nas costas e sai.
--Vamos, Pontas.—Sirius pára à porta e apressa o amigo, que parara para olhar um pergaminho novo mas marcado de dobras.
--Vamos. Estava apenas checando se elas não estão conversando agora.—Tiago passa pela porta e desce as escadas.
--E o que o mapa mostrou?—pergunta Sirius, seguindo o amigo.
--Alice estava com Pamella e Paolla, aquelas duas irmãs da Corvinal, uma é do sexto e outra do sétimo ano; Lua na biblioteca, devolvendo algum livro decerto; Lílian falando com o Frank; Laila sozinha em uma sala vazia, próxima às masmorras.—Tiago passava pelo buraco do retrato, descia as escadas e se dirigia apressado pelo caminho que levava as masmorras, para a aula de Poções.
--Sozinha?—pergunta Sirius, mantendo sempre ao lado do amigo—Certeza?
--Aham. Parecia estar praticando encantamentos.
--Certeza que estava sozinha?
--Sim!—fala Tiago, começando a se irritar—O mapa do maroto mostra tudo, se lembra? Menos a Sala Precisa, já que ela vive mudando de forma, dependendo de quem a usa.
--E em que sala ela estava?
--Não vi direito. Por que? Querendo se aproveitar dela, Almofadinhas?—Tiago deu um enorme sorriso maroto.
--Não, Pontas. Apenas ouvi Cheng dizendo que quando visse a Lalita sozinha, ‘atacaria’.
--Cheng? O Touya Cheng? O chinês da Corvinal, do sexto ano, que joga como batedor? Aquele Cheng?—Tiago pára de andar e encara o amigo de olhos arregalados.
--O próprio.—Sirius também pára.
--Mas ele é tão tímido! As garotas da Corvinal vivem suspirando por ele por causa disso!
--Fala sério, Pontas! Acha mesmo que ele é santo? O Touya só faz esse jogo para sair com as meninas.
--Céus! Dessa eu não sabia mesmo. Como você...
--Sirius Black sabe de tudo.—fala lançando um olhar superior.
--É...—Tiago começa a andar novamente—Mas não tinha nenhum sinal dele.
--Melhor...—Sirius recomeça a andar ao lado de Tiago—Aquele sujeitinho vive tirando nossas fãs.
--Pior. Ele merecia apanhar da Laila. Lembro-me do ano passado quando você tentou beijá-la e recebeu dois tapas na ca...AI!!!
Laila estava saindo de dentro da sala onde o mapa do maroto a localizara, passando apressada pela porta, por ter escutado vozes. Parou e olhou para detrás dela, enquanto fechava a porta. Sirius estava segurando Tiago, que cambaleou para trás ao bater com tudo na porta. Seus óculos se espatifaram no chão partindo-se ao meio e quebrando as lentes, tamanha a violência do golpe.
--Tiago!!! Perdão!!!— Laila se desespera e vai acudir o amigo — Não esperava... quer dizer... esperava sim... já está quase na hora da aula... ain... desculpa mesmo Tiago!
--Tudo bem.—fala Tiago, sentindo escorrer lágrimas dos seus olhos e passando a mão na testa, onde nascia um galo.
--Você está bem, Pontas?—pergunta Sirius, observando o amigo cambalear mais um pouco e olhar torto tentando localizar ambos.
--Estou...onde estão...meus óculos?—Tiago sentia uma grande dor de cabeça e o galo crescia mais e mais.
--Aqui. —Laila pega o óculos do chão e aponta a varinha—Reparo! Toma.— ela entrega e Tiago o coloca.
--Vamos para a aula então?—Tiago pergunta aos dois.
--Tem certeza de que está tudo bem?—Sirius lança um olha preocupado.
--Certeza. —Tiago conserta a mochila nas costas— Vamos logo, antes que o careca pançudo dê um ataque por nos atrasarmos, Almofadinhas. Não somos muito bons em Poções, então ele vai ralhar conosco se nos atrasássemos.
Os três saíram apressados pelo caminho da sala do professor Slughorn. Sirius e Laila ainda olhavam furtivamente para Tiago e seu galo de estimação, que se transformara rapidamente em um ovo.
------------------------------------------tempinhos depois------------------------------------------------------------
--Venha, Almofadinhas e Pedro! Para debaixo da capa, rápido!—Tiago, já vestido pela capa, deixou a mão aparecer para sinalizar aos amigos, que logo se juntam a ele.
Depois de cinco minutos, Laila aparece no salão comunal e sentou-se nas poltronas próximas da lareira, olhando para os lados. Abriu a mochila e tirou um livro de feitiços e vários papéis de pergaminho escritos. Tiago viu o nome de um feitiço grifado.
Marlene, uma garota morena, alta, de cabelos ondulados perfeitamente ajeitados em um rabo de cavalo, sentou-se em uma das poltronas.
--Olá, Lalita. – Marlene sorri.
--Olá, Lene! – Laila sorri de volta.
--As meninas estão vindo, ok?
--Ok.
Marlene sai e fica junto das outras garotas do quinto ano.
Lua e Alice entram juntas no salão comunal e sentam-se com Laila.
--Lice já me contou que você conseguiu o livro da Lety emprestado, para treinar feitiços não-verbais.—diz Lua sentando-se na poltrona defronte uma mesa usada pelos estudantes para fazer deveres confortavelmente e de frente para Laila.
--É, consegui. E já copiei umas partes que introduzem a essa matéria, fiz algumas anotações e copiei o feitiço da desilusão.
--Uau! Você já armou tudo! – Alice fala admirada. Laila ia responder mais fechou a boca ao ver Lílian chegando.
--Pronto. Convenci Remo de ir adiantando minhas tarefas, mas tenho pouco tempo, segundo ele.—fala Lily.
--Ok. Vamos resumir tudo então.— continua Laila – Eu consegui pegar aqueles dados sobre feitiços não-verbais e, claro, o feitiço da desilusão, para podermos, semana que vem, ficar com a Lua.
--Ainda não acho que isso seja uma boa idéia. Vocês três podem se machucar! – fala Lua contrariada.
--Não interessa o que você acha sobre isso, Lua. Nós somos suas amigas, e precisamos te ajudar nas horas difíceis, então, não começa tentando fazer nossa cabeça, pois se não deu certo ano passado, não dará agora, quando descobrimos, finalmente, um jeito de ficar perto de você nessa hora tão necessária.—fala Lily, com seu jeito autoritário habitual, e Luanna revira os olhos.
--O que eu preciso fazer é praticar e conseguir até domingo à tarde, para termos tempo de nos preparar para sair em segurança com Lua.
--Por que só você?—pergunta Lice.
--Porque vocês viram que os garotos estão desconfiados, e não podemos dar bobeira. Então como eu consegui tudo, vou praticar, e usar o feitiço em vocês domingo à noite, sem levantar suspeitas.
--Então tudo bem.— concorda Lily --Teremos de passar rápido para que Madame Pomfrey não desconfie também.
--Já disse que será perigoso! Não tenho controle!—desespera-se Lua. Não queria que as garotas a acompanhasse naquilo.
--Bobagens, Lua! Não me estressa!— fala Lice— Então já que está tudo resolvido... vou ali, conversar com a Lene.—falando isso se levanta e vai para perto das garotas.
--Eu tenho que ir me encontrar com o Remo.—Lily também se levanta e sai do salão.
Assim que Lily se retira, Lua se vira para Laila e diz:
--Lalita, você sabe pelo o que passo por ser minha prima. Sabe que é...
--Adeus, Lua! – Laila se levanta e ajeita a saia e a capa, depois passando a mão nos cabelos e na franja de lado — Tenho que ir falar com a Lety e a Lana. Te vejo no jantar.—sai deixando Lua pensativa.
Tiago, Pedro e Sirius, espremidos sob a capa de invisibilidade, não se mexeram, mirando Lua, vendo uma lágrima cair e ela se levantar para se junta a Alice e Marlene.
--Vamos para o dormitório, com muito cuidado! – sussurra Tiago, andando devagar para não esbarrar em ninguém, pois o salão estava lotado.
Chagando ao quarto, eles tiram a capa e sentam-se na cama de Tiago, que era a mais próxima.
--Então... elas estão querendo sair de Hogwarts de algum jeito... para ajudar a Lua em alguma coisa que é realmente perigosa...—fala Tiago, passando toda a curta conversa em sua mente.
--E será na semana que vem...que é... –Sirius dá um pulo da cama—lua cheia! Semana que vem Remo se transforma, lembram-se?
--É mesmo! – Pedro dá um tapa em sua própria testa—Mas não poderemos acompanhá-lo por não ter nos transformado em animagos antes. Isso significa que elas são...
--Não. – fala Tiago—Não poderiam ser, ou não estariam procurando um jeito melhor de seguir Lua... tentariam logo a animagia.
--Pontas tem razão, Rabicho. Seria o mais óbvio, embora não o mais fácil.
--É. Por falar em animagos, essa semana não poderei tentar me transformar por causa do quadribol. Está é a penúltima semana de setembro, e será, na primeira semana de outubro, o jogo Grifinória contra Sonserina no quadribol. Então já sabem que tenho de treinar.
--Tudo bem, Pontas. Deixemos isso para outubro mesmo. Nem consigo acreditar que na segunda semana será o passeio a Hogsmead! Tenho que convidar alguém!
--Pensei que íamos sair os quatro juntos. Para conversar sobre... bem... sobre animagia.—fala Pedro meio desapontado.
--Rabicho tem razão, Almofada. Nada de compromissos.
--Ok. –diz Sirius soltando um muxoxo.
--Hey! Sabe o que acabei de pensar? Que a Lua talvez seja uma lobisomem! –fala Pedro cheio de orgulho de si mesmo por ter pensado naquilo.
--Não sei não... nunca ouvi falar em mulheres que são lobisomens... e o nome já diz: lobisomem... homem... mas pode até existir... o que acha Almofadinhas?
--Acho que estou faminto! E que devemos perguntar ao Remo. Ele deve saber, afinal, é a espécie dele.
Os três desceram as escadas para jantar, ainda refletindo sobre o que ouviram, e pensando que devia haver mais alguma coisa por debaixo do pano.
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