Segredinhos

O mês de setembro passava tão rápido que os quintanistas se viam cada vez mais atolados de tarefas, trabalhos e matérias novas, além de reverem algumas coisas já estudadas nos anos anteriores.

Laila estava descendo da Torre Norte, saindo da aula de Adivinhação, quando se encontrou com três garotas da Corvinal: uma negra de lábios carnudos e cabelos rastafarí; uma loura dos olhos castanhos claros e com óculos grossos; outra, morena dos cabelos encaracolados, de óculos, sorridente e a mais alta de todas as três. Laila logo reconheceu Lana, que agora passava grande parte do tempo procurando ficar perto dela, por estar interessada em Frank.

--Olá! –saudou Laila com um grande sorriso no rosto.

--Oi! –uníssono.

--Como estão?

--Atolada –responde a garota loura—de tarefas! O sexto ano não é tão fácil quanto pensei que seria.

-- Ora, Carla. Melhor o sexto do que o quinto ano.—fala a garota sorridente.

--Sei disso, mas...—Carla é interrompida por Lana:

--Ai, Carla! Até parece que você se sai mal em alguma matéria.—revira os olhos.

--Tem razão, Lana. Cala a boca, Carla!—apóia a garota sorriso radiante.

--Ai, Letícia!—Carla fecha a cara.

--Sem brigas.—fala Laila, rindo das três—Letícia, eu tinha de te pedir uma coisa...

--Diga.—fala Letícia, ainda com seu bom humor.

--Será que você me emprestaria seu livro de feitiços?—faz cara de pidona.

--Claro. Mas eu poderia saber para quê?

--É que fiquei sabendo que os alunos do sexto ano aprendem feitiços não-verbais, e eu gostaria de praticar um pouco.

--Bem... sozinha é mais difícil... até com todos os professores trabalhando isso eu sinto certa dificuldade... mas se você quer mesmo tentar...—Lety abre a mochila e entrega o livro—Já tive aula de Feitiços hoje e não precisarei dele amanhã, mas na quarta...

--Tudo bem. Te entrego hoje mesmo, no jantar. É apenas o tempo de adiantar alguns trabalhos e fazer um feitiço para copiar as páginas do seu livro e fazer algumas anotações.

--Puxa! Está determinada a aprender.—comenta Lana.

--Estou sim. Bom... ainda tenho aula de Transfiguração...—olha para o relógio—e se eu não correr, vou acabar me atrasando. Obrigada pelo livro!—dá um sorriso e sai correndo, enquanto Lana gritava:

--Depois eu quero lhe contar uma coisa!

--Ok!

--Hm... Frank!—zoa Letícia.

--Lety!!!—ralha Lana.

Laila chega ofegante à sala de Transfiguração, senta-se ao lado de Alice.

--Quem morreu?—Alice pergunta, notando o estado de amiga, que agora estava debruçada na mesa.

--Consegui... o livro... do sexto ano...para os... feitiços... não-verbais... para... podermos... ajudar a... Lua...—ofegava.

--Que bom!!!—Alice senta-se ereta na cadeira, encarando todos ao redor, com medo de que alguém as ouvisse—Assim vamos poder acompanhá-la semana que vem...

--Como?

Laila e Alice se sobressaltam e olham para trás, de onde veio a voz grave. Ao se virarem, se deparam com Sirius e Tiago, ambos não continham a curiosidade.

--Nada!!! Não é mesmo, Lice?—Laila responde, olhando desesperada para a amiga.

--É—sorri nervosa—Lily, querida, que tal uma pequena reunião antes do jantar no salão comunal?—se dirige para frente, onde Lílian, sentada com Lua, se vira e responde:

--Está bem.

--Que tal, Lua?—pergunta Laila.

--Tudo bem.—responde a garota, que percebeu o por que da reunião.

--Que está havendo?—Remo, que estava sentado com o Pedro na frente de Lílian e Luanna, se vira para encarar os amigos atrás de Laila e Alice.

--Algo que não podemos saber, já que as garotas se recusam a responder Sirius.—fala Tiago, percebendo os olhares trocados pelas garotas.

--É mesmo. Vocês deviam se lembrar que éramos todos os melhores amigos uns dos outros, e que, mesmo depois das confusões do ano passado, vocês poderiam contar conosco para qualquer coisa.—comenta Sirius, que olhava fixamente para Laila, pois sabia que se espremesse bastante garota, ela acabaria por falar o que estava se passando com elas. Mas dessa vez estava enganado, porque ela respondeu:

--Sabemos que podemos confiar, mas há coisas que preferimos guardar apenas entre nós, sem terceiros no meio. Espero que compreendam.

--Claro que entendemos.—diz Remo—Afinal, também temos nossos segredos.—encarou os rapazes com um olhar misterioso.—Não estou certo, marotos?

--Está.—uníssono.

--Ótimo que tenham resolvido seus problemas, garotos, porque agora façam o favor de abrir seus livros e pegarem suas varinhas, em total silêncio, para podermos iniciar a aula. –fala McGonagall, com sua severidade habitual, com leve irritação.

--Como desejar, Minervazinha, querida.—Fala Tiago, apanhando rolos de pergaminho e penas de dentro da mochila.

--Lembro-me de ter dito em total silêncio, senhor Potter.—McGonagall arqueia as sobrancelhas, fazendo Tiago se calar apenas com seu olhar severo, enquanto começava a explicar o tema da aula e como deverão estudá-la para passar nos NOM’s.

Tiago que, como sempre, não prestava muita atenção, se volta para Sirius e cochicha:

--Hoje, antes do jantar, vou subir no dormitório, pegar a capa e voltar para o salão. Quero saber o que as santinhas estão aprontando. Acompanha-me Almofadinhas?

--Claro! Estou me mordendo de curiosidade!

--OK. Enquanto pego a capa você fala com o Aluado e com o Rabicho.

--Aham.

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