Voltas inesperadas



A areia fina e branca enchia estendia-se por toda aquela costa paradisíaca. A água clara, pura e repleta das mais maravilhosas ondas de sempre, parecia extremamente convidativa. Na areia, varias pessoas olhavam para um grupo de cinco pessoas, com excelente pranchas de surf, que se preparavam para enfrentar as correntes marítimas na busca da onda perfeita.
Uma pessoa mais curiosa, aproxima-se do grupo de amigos e cutuca levemente o ombro da única rapariga ali presente. Ela encara essa pessoa, com uma expressão de dúvida na face e sacode levemente os cabelos negros, apanhados por um elástico. Pisca duas vezes os olhos castanhos ao perceber o que essa pessoa tenciona perguntar e faz cara de zangada.
Tu achas mesmo que eu vou responder a algum comentário hoje?? *segura melhor a prancha debaixo do braço e começa a dirigir-se para o mar* Aliás, só postei o capítulo porque a Aldara me disse para o fazer. Não vês que estamos de férias?? Verão, sol, mar... gajos *aponta para os quatro rapazes que a seu lado* e surf!!! Portanto * faz um ar teatral com um super sorriso* Respostas a comments só no próximo cap. Eu tenho de estar com a Dara para podermos responder decentemente àquele: “Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii tipo sou leitora ova dã!” *ri escandalosamente* Mudando de assunto!! A Aldara volta de férias dia 16 de Agosto, eu devo ir para Lisboa dia 22, portanto... ou comentam muito ou só têm cap. novo em meados de Setembro!! *sorri* Vá, deixem-me ir apanhar uma ondas e fazer uns pipes!! Fiquem com o capítulo 5 e com... James Potter!!!

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Capítulo 5:
Voltas inesperadas

Era uma manhã como tantas outras em Hogwarts. As corujas esvoaçavam pelo ar em pleno pequeno-almoço, enquanto os alunos faziam o seu burburinho habitual. Remus lia mais uma carta mandada por Kihisha. Aquele perfume que lhe inebriava os sentidos parecia mais forte que nunca, fazendo-o viajar por um mundo de lembranças e sentimentos. Nem notou quando Lily se sentou ao lado dele, com cara de poucos amigos.
- Não fiques assim, Lils... Tudo se resolve... – murmurava Martha, meio receosa de alguma atitude que a ruiva pudesse tomar.
- Tudo se resolve uma merda! Eu não acreditei que mais uma vez fiz papel de parva! Eu estou a tentar mudar, a sério que estou, mas assim torna-se difícil! Impossível! Se eu pudesse, acabava com os Marauders...
Falava num tom quase inaudível, mas foi o suficiente para tirar o jovem Lupin dos seus devaneios.
- O quê?
Martha olhou rapidamente da ruiva para o rapaz e respondeu numa voz meio nervosa e repentina:
- Nada, Lupin... a Lily está... meio ensonada, ainda... acordou há pouco tempo e...
- Não, Martha, eu não estou ensonada. – Lily virou-se para Remus e falou, calma – Se eu pudesse, acabava com os Marauders.
- Sabes Lily, - Remus ajeitou a gravata e passou a mão pelos cabelos, num gesto tipicamente de James, o que fez a ruiva bufar – eu achei que a Ac estivesse a pegar pesado contigo. Achei que tu merecias uma oportunidade de pertenceres ao grupo. – bebeu um pouco de sumo e voltou a olhá-la – mas, sinceramente... não vejo razão para confiarmos em ti.
Os olhos verdes de Lily faíscaram. Levantou-se subitamente.
- Não vês razão? Não vês razão?! Eu achei que confiavas em mim... achei que... que eras especial – nesse momento, Ac e o resto dos Marauders chegaram e sentaram-se, observando a discussão – mas enganei-me. Tu és tão horrível quanto aquele miúdo – apontou para James – e... e eu não quero mais ser tua amiga! Nem de nenhum de vocês!
Pegou nas coisas e saiu do Salão Principal num passo apressado.
- Não ligues, Moony. A miúda é meio louca. - afirmou Vanzest sentando-se ao lado do amigo - Isto passa-lhe. São as crises da adolescência.
E mordeu a maçã que Remus tinha numa das mãos, começando a falar alegremente com James e Sirius sobre Quidditch, enquanto o jovem Lupin lia mais uma vez a carta rosa.

*


Lily andava pelos corredores em silêncio. Apertava a maleta contra si e por vezes enxugava uma lágrima que teimava em querer saltar dos olhos. Nem dera conta para onde os pés a levavam, e deu por si à porta do dormitório feminino. Suspirou e abriu a porta, atirando-se pra cima da cama. Ficou a olhar o tecto alguns segundos e fechou os olhos, soltando um novo suspiro.
Alguns minutos depois, Martha entrou no dormitório e sentou-se ao lado da amiga.
- Lils...
- Martha, eu não quero falar sobre isso. Não quero que me digas o que eu já sei, ok? Sei que fui má, egoísta, irracional... sei isso tudo... mas também sei que ninguém vê a minha perspectiva. Eu quero que me digam que estou certa, que as minhas razões são válidas e que me devem um pedido de desculpas. E enquanto ninguém disser tudo isto, eu não vou conversar, ok? Portanto, perdeste o teu tempo.
Quando Martha ia abrir a boca para falar, o barulho da porta do quarto de banho fez-se ouvir e por ela passou uma morena enrolada numa toalha, trauteando uma música em francês. Pegou num necessaire e passou de novo pela porta, trancando-se outra vez lá dentro.
A loira virou-se para Lily e murmurou:
- Quem é a betinha? Alguma aluna nova, intercâmbio?
Lily suspirou.
- É uma longa história...

Flashback

- Ac?? - indagou admirada.
- Lils.... o que raio estás tu aqui a fazer??? - perguntou a morena sentando-se ao lado da francesa.
- Ciri, conheces esta rapariga?? - indagou a outra levemente surpreendida.
- Claro que sim!! - exclamou Ac - Esta é a Lily Evans!!
- A Ruiva Problemática?!? - admirou-se ela - Diz-me que estás a gozar!!!
- Ruiva Problemática?!! - repetiu Lily - Desculpem lá, mas o que se passa aqui??
- Como é que vocês se encontraram aqui as duas??? - inquiriu Vanzest - É que se foi uma coincidência, foi mesmo daquelas impossíveis!!
- Ac, explica-me o que se passa!!! - ordenou Evans - Quem é esta rapariga e porque me chamou Ruiva problemática??
- Eu juro que não fazia ideia, Ciri. - comentou a outra - Eu estava aqui à tua espera quando ela chegou, não sabia quem era!!!
- Merlin... o Prongs vai amar esta cena!! - riu-se Ac - E os outros também!!
- AC, CHEGA!!! - berrou Lils levantando-se repentinamente - EXPLICAS-ME PORQUE RAIO ESTA MIÚDA ME CHAMOU DE RUIVA PROBLEMÁTICA, DE ONDE A CONHECES E O QUE É QUE O POTTER E OS RESTANTES MEMBROS DO TEU GRUPINHO TÊM A VER COM ISTO????
- Mon Merlin,... o Jay-Jay tinha mesmo razão! - comentou a outra levemente perturbada - Ela é mesmo problemática!!! Olha só a falta de nível!!!
- FALTA DE NÍVEL??? - guinchou Lily irritada.
- Ok, ok, Lils, acalma-te!! - pediu Ac sorrindo - E tu, minha super star Parisiense, pára com a “falta de nível”!
- Só estava constatar um facto verídico!!! - murmurou a outra morena.
- Lils, o James tem tudo a ver com esta história, pelo simples facto que é a partir dele que ela - apontou para a outra - te conhece!!
- Ah, sim??? - rosnou a ruiva - Como???
- Simples!!! - exclamou a rapariga levantando-se e estendendo a mão para Lily - O meu nome é Kihisha Potter!! Eu sou prima do James!!

Fim do Flashback


- O quê??!! – exclamou Martha, quase num grito, ao que Lily lhe colocou a mão na boca, fazendo um sinal de “shiu” com os dedos. – Tu estás a dizer-me que esta miúda é a prima misteriosa de James Potter?
- Martha, tu por acaso conheces a miúda? – murmurou Lily, com as mãos na cintura.
- Ah, eu ouvi uma conversinha aqui e ali... acerca dela... – a loira moveu as mãos no ar, em descaso – Mas diz-me... o que é que ela está a fazer aqui?
- Bem... – a ruiva passou a mão pelos cabelos, inconscientemente – parece que... ela vem atrás do grande amor da vida dela...
Martha arregalou os olhos e olhou para os lados, antes de murmurar bem pertinho da ruiva.
- E por acaso... é o Sirius?
Lily gargalhou com vontade, ao ver a expressão da amiga.
- Descansa, loira. Não é o Sirius. – a loira suspirou – É uma pessoa que tu nem sequer imaginas...
- O Peter? – Martha inquiriu, o que fez Lily gargalhar mais e abanar a cabeça negativamente – Então quem é?
Uma voz vinda da porta do quarto de banho fê-las sobressaltarem-se.
- Remus Lupin.
Era Kihisha Potter. Realmente, era uma rapariga extremamente feminina, pois mesmo sem estar produzida, como Lily a havia visto no pub, transbordava estilo. Aproximou-se das outras duas e sentou-se na cama em frente, cruzando as pernas.
- Mas... vens de onde? – perguntou Martha, olhando-a nos olhos.
- Beauxbatons, a escola da elite française . O teu nome é...
- Não te interessa, miúda. – cortou Lily – Eu estava a falar com a minha amiga, se tu não deste conta disso.
- Excuse moi , mas tudo o que tenha a ver com o mon amour tem a ver comigo. E a tua amiga começou a conversar comigo também, chérie .
A loira olhava de uma para a outra, como num jogo de ténis. Enquanto a ruiva parecia soltar labaredas pelos olhos, a morena permanecia calma e serena, mas tamborilava as unhas da mão direita no joelho.
- Desculpa, mas se a Ac te trouxe para cá, foi porque ela é louca! E trouxe-te sozinha, porque eu não acho certo estares aqui!
- Oh, mon Merlin! Quem és tu para achares certo ou não? Este dormitório não é teu, ruiva.
Martha continuou a ouvir a discussão. Kihisha parecia exactamente a cópia de James, mas do género feminino.
- Meninas, eu não acho que...
- Fica fora disto! – exclamou Lily.
A loira arregalou os olhos.
- Espera aí! Tem calma! Se estás contra o mundo, problema teu! Eu não tenho culpa! Eu venho aqui para te apoiar, e te ouvir e acalmar-te, e tu vens com duas pedras na mão? Poupa-me! – Martha levantou-se e sentou-se ao lado de Kihisha, começando a falar calmamente com esta.
Lily olhou-a sem fazer um som. Levantou-se da cama e encaminhou-se para a porta. Abriu-a e ainda conseguiu ouvir:
- Acho que vamos ser boas amigas, Kihisha.
Não aguentou e bateu a porta com força, amaldiçoando tudo e todos.

*


O Salão Comum dos Gryffindor era um sítio sossegado. Fora as festas, as comemorações, quando os alunos acordavam, quando iam dormir, nos momentos entre refeições, entre aulas, enfim, era um sítio sossegado quando dava para tal. E, para Lily, devia ser um desses momentos. Mas, azar dos azares, não estava a ser.
Grande número de alunos estava concentrado no mesmo espaço, e isso estava a deixá-la fora de si. Estava prontinha para começar a gritar e a lançar feitiços a quem estivesse na sua frente, quando começaram a sair. Um suspiro de alívio e uma ida até ao parapeito da janela mais próxima serviram perfeitamente para a ruiva não ficar tão stressada.
Não sabia o que se estava a passar consigo. Havia momentos em que só lhe apetecia sorrir, cantar, abraçar todos os que conhecia, mesmo incluindo o estúpido do Potter... mas havia outros em que, qualquer palavrinha que ouvisse, a fazia explodir. E não, não era TPM. Era... não sabia o que era. Só sabia que queria ficar sozinha. Mas, ao mesmo tempo, queria que aparecesse alguém que a abraçasse e lhe dissesse que ia correr tudo bem.
Suspirou mais uma vez e encostou a testa à janela. Fechou os olhos. Ouviu risos e vozes. E alguém a passar pelo quadro da Fat Lady. Olhou. Oh não. Era só o que lhe faltava. Sirius Black e Peter Pettigrew.
Saltou do parapeito e abriu a janela. O vento frio do começo de Outubro fez-se sentir na divisão, mas mesmo assim, ela não fechou os vidros.
- Lily. – Peter murmurou, sentado numa das poltronas – Importas-te de fechar a janela? Está um pouco frio, aqui.
Mas ela nem se mexeu. Não falem nada, por favor, pensava.
- Lily...
- Peter, tens de falar como um homem. Ela não te ouviu. Hey, Lils!
A ruiva virou-se e encarou o moreno.
- Eu ouvi perfeitamente, Black. E não vou fechar a merda da janela. Eu quero que esteja aberta, quero sentir frio, e acabou-se!
Começou com a voz calma, mas acabou a frase aos berros. Sirius levantou a sobrancelha.
- Hey, o que é que te deu? Não falas assim comigo. Eu não sou o James...
Foi a gota de água.
- EU QUERO QUE O POTTER SE FODA! E VOCÊS TODOS TAMBÉM! ESTOU FARTA DE VOCÊS! FARTAAAAAA!
Nesse momento, Ac passou pelo quadro também. Vinha com um pergaminho na mão e apanhou a frase a meio. Parou um pouco, mas voltou a olhar o pergaminho e sentou-se numa das poltronas, cruzando as pernas.
- Boa tarde, meninos e... menina.
- Uma merda de tarde, queres tu dizer, não é, Vanzest? – alfinetou a ruiva, cruzando os braços.
A morena olhou de lado para Lily e falou, numa voz doce e calma.
- Uma linda tarde, Evans. – sorriu ladina e olhou de novo para o pergaminho, continuando no mesmo tom de voz – Devias controlar esse mau-humor. Há quem diga que é falta de sexo, querida ruiva.
- Odeio-vos. – Lily rosnou, antes de sair disparada do Salão Comum. Os três jovens desabaram em ruidosas gargalhadas.

*


Lily caminhava devagar pelos campos. Tinha odiado a resposta de Ac, mas sabia que a tinha merecido. Era impossível discutir com aquela morena, Lily sabia-o, mas estava a ser mais forte que si própria. Parecia que estava possuída, ou algo assim.
Nem deu conta que estava perto do lago. Sentou-se numa raiz das inúmeras árvores que lá estavam e ficou a observar a ondulação das águas. Passado pouco tempo, apercebeu-se que não estava sozinha.
Perto de si estava a última pessoa que queria ver na sua vida, naquele momento. James Potter. A atirar pedras para o lago. Com o uniforme dessarumado, gravata desfeita, cabelos mais arrepiados que o normal, óculos tortos no rosto, Lily Evans pára com isso!, recriminou-se. Não devia tomar tanta atenção aos pormenores.
- Então, por aqui? – o moreno exclamou, sem parar de atirar as malditas pedras.
- Não me apetece discutir contigo, Potter, por isso cala-te. – a ruiva rosnou, escondendo-se no meio da raiz. Mas o jovem não desistiu.
- Ouvi dizer que hoje discutiste com meia Gryffindor. Vejo que estás a competir com os Slytherin.
Lily sorriu. Ao invés daquela voz a fazer explodir ao máximo, estava a provocar o efeito contrário. Não sabia explicar porquê, mas estava a ficar mais calma.
- Vejo que as notícias correm depressa. – ela murmurou, sorrindo, ao mesmo tempo que ajeitava a barra da saia.
- Sabes como Hogwarts é... meio pequeno, muitas coscuvilheiras... – James aproximava-se cada vez mais, até ficar parado perto da ruiva – Posso sentar-me ao teu lado? Sem segundas intenções.
- Claro. – Lily ouviu-se dizer, sem saber como as palavras tinham saído da sua boca. O Marauder sorriu francamente e sentou-se, ficando a brincar com as pedras que ainda tinha na mão.
Um silêncio permaneceu no local, apenas quebrado pelos pássaros que voavam... e os que tinham menos sorte ao serem apanhados pela Lula Gigante.
- Então... – os dois falaram ao mesmo tempo e depois riram, com alguma timidez. James foi o primeiro a falar – Então queres falar do que te incomoda?
Ela passou a mão pelos cabelos e murmurou:
- Não sei... eu estou bem, sinto-me bem, mas... de um momento para o outro, não sei, parece que fico... sei lá, possuída, entendes? – olhou-o descontraída e ele tinha um sorriso indecifrável nos lábios.
- Entendo... – James murmurou. Olhou-a – Isso também me acontece várias vezes. E o resto dos Marauders é que paga. Enfim, sou um rapaz incompreendido.
Lily soltou uma gargalhada espontânea, o que fez James rir por associação. Quando parou, a ruiva notou que estavam com os rostos muito próximos, respirações muito juntas, narizes a tocar-se ao de leve.
- Evans, eu...
- Lily. – ela sussurrou baixinho, tocando-lhe no rosto – Chama-me Lily.
E beijou-o. Devagar. James nem se mexeu. Estava estático. O que raio se estava a passar com aquela ruiva? Durante seis anos tinham sido como inimigos mortais e agora... era o segundo beijo que lhe dava por iniciativa própria!
Lily separou-se dele. Tinha as bochechas meio rosadas e um olhar brilhante. Por sua vez, o moreno estava um pouco pálido e com um olhar vago.
- Foi bom, Potter. – ela murmurou, enquanto se levantava e ajeitava o uniforme – Foi estranho, mas foi bom.
E afastou-se calmamente, sorrindo.
- James. – o moreno murmurou, passando a mão pelos lábios. Acordou do transe e gritou para a ruiva – CHAMA-ME JAMES!
Lily olhou para trás a sorrir e acenou com a cabeça. Afinal, não estava a ser um dia tão mau assim...

*


Remus caminhava pelos corredores cheios de gente. Estava abstraído da realidade, não sabia o que estava a acontecer com a amiga ruiva. Mas, depois dela ter dito aquilo sobre os Marauders... os seus melhores amigos, praticamente irmãos, ele não podia continua a fingir que nada se passava. Suspirou levemente e continuou o seu caminho. Parou subitamente e olhou para trás. Sentiu arrepiar-se. Era como se alguém o estivesse a seguir. Mas naquele mar de gente, parecia complicado ver alguém.
- Lupin!!! - chamou uma voz demasiado fina e estridente - Lupin, posso falar contigo?
- Claro que sim, Jones. - respondeu ele com um suave sorriso perante uma menina do sexto ano dos Hufflepuff - O que se passa?
- O professor Slughorn marcou-nos um trabalho super complicado e eu gostaria de saber se tu te importas de me ajudar??? - indagou rapidamente a menina - Por favor!!!!!!!!!!
Remus olhou para a rapariga. Arregalou os olhos ao perceber que a menina tinha os dois dentes da frente a crescer descomunalmente e que começavam a aparecer umas orelhas cinzas por entre os cabelos rebeldes dela. O Marauder deu um passo atrás, completamente horrorizado com o que via. A rapariga, ao perceber o espanto na cara do Lupin, levou as mãos à face e começou a gritar escandalosamente ao perceber o que se estava a passar.
Os risos e gargalhadas de todos os alunos presentes naquele corredor encheram os ouvidos do pobre Remus enquanto a pequena Hufflepuff corria desesperadamente para a ala hospitalar. Até que, subitamente, uma gargalhada soou de maneira diferente aos ouvidos do Lupin. Arrepiou-se e olhou em volta... nada... Claro que não, Remus, por Merlin, não alucines!! pensou ele ao sacudir a cabeça levemente.
Saiu do meio daquela confusão e subiu até à torre dos Gryffindor. Pelo caminho, os malditos arrepios continuavam a tomar posse de si. Parecia que estava a ser assombrado. Entrou na sala comum e encontrou Ac a ler um pedaço de pergaminho com um ar de poucos amigos.
- Redwhisker... - chamou ele levante - Posso falar contigo?
- Que se passa, Remie? - indagou a morena chegando-se para o lado de modo a permitir que o rapaz se sentasse.
- Eu estou a dar em doido... - confessou ele - Primeiro é a Lils que anda meia louca!! E depois...
- Depois...? - incentivou a morena que dobrava lentamente o pergaminho que tinha na mão.
- E depois, a Kihisha não me sai da cabeça!! - exclamou ele sacudindo os cabelos com força - O que ela me diz nas cartas, as memórias do Verão, tudo!!! Agora até a oiço rir nos corredores!!!!
- Rem, tem calma!! Tu estás debaixo de um enorme stress!! - afirmou Vanzest apoiando a mão no ombro do amigo - Olha, porque não dás um tempo à Lils, vais lá a cima, tomas um longo banho e depois vais comer qualquer coisa boa ao jantar?
- Acho que sim... - murmurou ele com um leve sorriso, levantando-se e começando a subir as escadas para o dormitório.
- Remus, fazes-me um favor? - pediu Ac ao levantar-se também - Importaste de dizer ao Six para ele parar com o tratamento de beleza e descer para irmos jantar?? Ele prometeu que me pagava um gelado em Londres!!
- Claro, Ac!!
Assim que Remus acabou de subir as escadas, Ac deu dois passos e direcção à poltrona à sua frente, agarrou qualquer coisa no ar e puxou a capa de invisibilidade de cima de Kihisha.
- Achas bem andares a “assombrar” o nosso lobo? - perguntou Vanzest com um sorriso ladino.
- Ohhhh, Ciri, ele é tão incrível!!! - exclamou a Potter - Havias de ver o sorriso puro e maravilhoso que ele lançou àquela mal vestida da miúda que...
- Diz-me que não enfeitiças-te ninguém! - pediu Ac levando uma mão aos olhos.
- Eu.....
- Tu tinhas-me prometido, Kihi!!! - lembrou Vanzest - Será possível que tens mesmo de ser igualzinha ao James??
- Eu não sou igual a ele!!! - protestou a morena - O James veste-se mal!! Logo ele que podia usar aquelas maravilhosas roupas importadas...
- Ok, esquece!! - declarou Ac virando costas e começando a subir as escadas do dormitório masculino - olha, nós vamos sair... se quiseres vir...
- É melhor não... estou cansada e prefiro que eles não saibam que eu estou aqui até amanhã! - vociferou Kihisha - Eu vou subir! Depois falamos.

*


Lily Evans era uma ruiva alegre, agora. Passeava pelos corredores com um sorriso enorme a povoar-lhe o rosto. Os seus olhos brilhavam. Os primeiranistas, receosos das explosões da monitora ruiva, encostavam-se nas paredes frias. Mas ela nem sequer notava. Na sua mente apenas rodava a cena do seu beijo com James, vezes e vezes sem conta.
Nem sequer a transformação estranha da sextanista dos Hufflepuff a fez mudar o seu caminho. Entrou no Salão Comum da sua casa e subiu directa para o dormitório, estatelando-se na cama, entre suspiros.
- Lily? – uma voz suave, como num murmúrio, aproximou-se. Era Martha, enrolada num robe azul-escuro, felpudo.
- Martha! – a ruiva pulou da cama e abraçou a amiga, começando a rir-se. Olhou para ela, num sorriso só – Desculpa ser tão... chata... mas é que eu... eu não sei o que se passou e...
- Ok, ruiva. Está tudo bem. Todos temos dias não.
Voltaram a abraçar-se.
- Tenho novidades. – Lily sussurrou no ouvido da amiga, mas não pode continuar, pois Kihisha abriu a porta do dormitório.
As duas jovens encararam-se, mas logo desviaram olhares. Lily puxou Martha para cima da cama, mas não continuou a conversa.
O silêncio fez-se presente no quarto, durante alguns minutos, apenas sendo cortado por um suspiro intensamente profundo vindo de Martha. Tanto a morena como a ruiva olharam de lado para ela e sorriram, matreiras.
- Eu conheço esses suspiros... – cantarolou Kihisha, brincando com um lápis no meio dos dedos – Quem é ele?
Martha corou até à raiz dos cabelos e não respondeu. Lily olhou para ela fixamente e murmurou:
- É ele, não é?
- Ele quem? – exclamou a morena, deitando-se sobre a cama, apoiando o queixo nas mãos e balançando as pernas ligeiramente.
- O Sirius. – falou Lily em tom de descaso – Isto é uma paixonite aguda pelo Sirius.
- Oh, Lily! – exclamou Martha, ainda mais vermelha, se possível – Ele é tudo! Ele é giro, perfeito...
Enquanto isso, a mente de Kihisha enveredava por outros caminhos. Isto não vai correr nada bem. Deixa só a Ciri descobrir. Ah, mas esta loira vai sofrer, ah se vai...
Os seus pensamentos foram interrompidos por um shiu de Lily, que se esgueirou até à porta do dormitório e a abriu com cuidado. Podiam ouvir-se vozes que estavam claramente a discutir...
- Eu quero um beijo!!
- Vai pedi-lo à assanhada com quem estavas hoje à tarde!!
- Mas eu não gosto dos beijos dela!!
- E eu não gosto dos teus!!
- Estás a mentir!!
- E depois?? Não te dou o beijo à mesma!!
- Ac!

E depois, silêncio. A ruiva fechou a porta e saltitou até à cama onde se encontrava antes, ajeitando o uniforme e se sentando, como se nada fosse. Alguns segundos mais tarde, Ac entrou de rompante no quarto, batendo a porta com toda a força que tinha.
- Merda! Aquele Black mete-me nojoooooo!
As outras nem sequer ousaram abrir a boca. Sabiam quais as consequências de uma explosão Acire Vanzest .
- Preparem-se. Vamos a Londres.
As palavras da morena fizeram com que todas arregalassem os olhos e abrissem a boca.
- Nem penses! Eu não vou com ela! – exclamou a ruiva, momentos depois, apontando para Kihisha.
- O sentimento é mútuo, ma chére . – esta murmurou, cruzando os braços e mirando as unhas.
Ac aproximou-se de Lily e apenas disse:
- Tu prometeste.
A ruiva suspirou. Ia ser uma longa noite.

*



Man! I feel like a woman - Shania Twain

A escassez de luzes dava um ar enigmático ao bar do interior de Londres. As quatro jovens atravessaram a porta entreaberta e sentaram-se num canto do bar. A música que ali passava tinha ritmo, o que as fazia bater o pé e moverem-se ligeiramente. Lily e Kihisha não trocavam palavra, mas também não entravam em conflito, o que já não era mau.
Num dado momento, começou a tocar uma música com um ritmo mais acelerado e Kihisha deu um gritinho agudo.
- CIRI! É a nossa músicaaa!!
Ac rolou os olhos enquanto era arrastada pela Potter até à pista de dança. Martha gargalhou enquanto as via executar uma coreografia ao pormenor.
- Lils! Eu vou buscar uma bebida! Queres alguma coisa? – a loira teve praticamente de gritar. Lily apenas abanou a mão no ar, negativamente.
A ruiva ficou a olhar para as duas raparigas que dançavam alegremente na pista. Se ela pudesse ter a personalidade e o estilo de qualquer uma delas... mas era uma ruiva... uma ruiva horrorosa, como tinha dito James há algum tempo... e vestia-se num estilo completamente... Merlin!
Já tinha passado bastante tempo desde que Martha tinha ido buscar uma bebida. Não era normal a loira demorar assim tanto tempo. Lily começou a varrer o salão com o olhar até se deparar com uma cena inusitada: Martha estava a ser incomodada por um homem mais velho, de uma maneira... demasiado atrevida.
A ruiva levantou-se prontamente e encaminhou-se até onde estava a sua amiga e tocou no braço do homem.
- Desculpe?
O indivíduo virou-se. Devia ter quase o dobro do tamanho de Lily, mas nem mesmo assim ela pestanejou. Olhava-o com toda a calma do mundo.
- O que queres? – resmungou ele, medindo-a de cima a baixo.
- Podia deixá-la em paz, por favor? – a jovem falou, com voz doce e calma.
- E é porque tu dizes, não? – ele falou, em tom de gozação. Entretanto, Ac e Kihisha aproximaram-se. A primeira preparava-se para começar a resmungar, quando a segunda lhe puxou o braço, murmurando no seu ouvido:
- Deixa ver do que a ruiva é capaz...
Ficaram mesmo atrás de Lily, com as mãos sobre as varinhas, por precaução.
- Não, senhor. Apenas estou a adverti-lo.
O homem explodiu em gargalhadas.
- Estas miúdas de hoje em dia...
Lily sorriu. Um sorriso que lembrou às duas jovens que estavam perto dela o sorriso de James. A ruiva aproximou-se de Martha. A loira parecia em pânico. Suava ligeiramente e apertava um pouco os dedos. A jovem ruiva tocou-lhe no rosto e aproximou-se do seu ouvido.
- Não stresses. Deixa-te levar.
Depois, aconteceu. Lily encostou os lábios devagar nos lábios de Martha. Puxava-a ligeiramente para si, iniciando, assim, um leve e suave beijo que deixou todos os presentes boquiabertos. Quando se separaram, Martha olhava estranhamente para Lily e viu que ela sorria, o que a fez sorrir também. Ambas olharam para o homem, que estava atónito.
- Percebeu agora? Ou precisamos de exemplificar novamente?
As palavras da ruiva soaram pelo espaço. O homem afastou-se calmamente, de braços levantados, em gesto de rendição. Quando ele desapareceu de vista, Lily desfez-se em gargalhadas efusivas. Ac e Kihisha aproximaram-se, espantadas.
- Quem és tu e o que fizeste com a ruiva? – Ac disse, abanando Lily pelos ombros, fazendo-a gargalhar mais.
- Boa, Lily. – Kihisha estendeu a mão à jovem na sua frente – Tréguas?
- Tréguas. – Lily respondeu, num sorriso só.
- Isto merece uma bebida! Hey! Quatro Baileys! – Ac exclamou para o barman, com o dedo no ar.

*


- E depois, e depois... eu beijei-o!
As quatro jovens riram-se escandalosamente, pelos corredores sombrios de Hogwarts.
- A senha, meninas? – murmurou a Fat Lady.
Mais uma explosão de gargalhadas. Ac chegou-se à frente e murmurou para o quadro:
- Ouve lá, mulher! Ou tu abres a merda do quadro ou eu... desfaço-te em tiras, ouviste?
A Fat Lady suprimiu um gritinho e, a muito custo, abriu a passagem para o Salão Comum dos Gryffindor. As quatro raparigas cambaleavam, andavam, ou melhor, serpenteavam, e riam, riam sem parar.
- Chéries - Kihisha murmurou, com a mão sobre a testa - je vais tomber .
E caiu por trás de uma poltrona, o que gerou mais uma rodada de risos. Nesse preciso momentos, Sirius, James e Remus desceram as escadas do dormitório masculino.
- Ora, sim senhores! – exclamou Sirius, de braços cruzados – Que lindo quadro! Eu já esperava isso de ti, Ac, mas de vocês as duas? – apontou para Lily e Martha, que gargalharam da expressão da morena.
- Cala-te, Black! Tu não tens autoridade para falar aqui! – Ac falou, com a voz meio enrolada.
- Mas eu tenho. – murmurou Remus – Meninas... vocês estão num estado lastimável...
James aproximou-se de Lily e tocou-lhe no rosto.
- Lils... estás bem?
A ruiva semi-cerrou os olhos, como se a focá-lo, e exclamou, após um grito:
- Jamesie! – colocou os braços em volta do pescoço dele – Levas-me para a minha cama? – sussurrou-lhe no ouvido – E podes dormir lá... eu deixo... eu sou uma boa menina...
O jovem Potter segurou-se para não rir do estado da ruiva... e também para não aceitar a proposta da mesma. Do outro lado do Salão, Ac discutia com Sirius, melhor, ele falava sozinho, pois ela olhava as unhas numa expressão de extremo tédio e gozação.
- Martha, o que é que foram fazer?? - indagou Remus preocupado.
- Então, nós fomos afogar as mágoas!! - exclamou ela passando o braço por cima dos ombros de Remus - Sabes como é, os gajos são sempre a mesma merda, deixam-nos caidinhas e depois enrolam-se com outras!!!!
- Mas tu estás a falar de quê? - inquiriu o Lupin, mas nunca conseguiu uma resposta concreta pois do outro lado da sala a discussão tomava proporções enormes.
- TU ESTÁS A OUVIR-ME?? - berrou Sirius completamente irritado.
- Naum... - murmurou Ac parecendo um gato - Eu não ouço o estás a ladrar!
- Acire!!!! - protestou o Black segurando o braço da rapariga que ficou subitamente séria.
- Larga!! - ordenou ela com um olhar fulminante.
- Não enquanto não me explicares o que raio foram vocês fazer!!! - afirmou ele puxando-a para si.
- Eu disse... larga!! - rosnou Vanzest com os olhos semi-cerrados e num leve tom de vermelho.
- Não!! - desafiou o marauder.
O que se passou a seguir deixou toda a gente completamente boquiaberta. Ac torceu o pulso, agarrou o de Sirius, virou-lhe o braço de modo a ser ela a controlar a situação e empurrou-o para cima de um dos sofás. O que a morena não contava era que ele a puxasse consigo, rolando logo em seguida de modo a caírem os dois ao chão com o Black deitado por cima da Vanzest.
- Saí, Sirius!!! - bufou Ac.
- Não enquanto não te acalmares!! - declarou ele segurando um dos braços da amiga.
- Sirius, eu estou bêbada, irritada, louca e capaz de cometer uma loucura!!! - avisou a morena - Sai de cima de mim!!
- Não! eu não vou sa... - Sirius não foi capaz de terminar a frase pois Ac agarrou-o pelo colarinho da camisa e puxou-o para si violentamente iniciando, assim, um beijo louco e ardente.
Era selvagem, insano, até doentio... Martha, ao ver aquela cena, apenas murmurou algo indecifrável e subiu para o dormitório. Entretanto, Sirius estava a deixar-se levar de tal maneira que acabou por permitir que a morena invertesse as posições e subitamente, afastou-se, levantando-se.
- Da próxima, ouves o que eu te digo. - ameaçou a Vanzest - Porque em vez de um beijo... recebes uma maldição!!
E também ela subiu as escadas do dormitório, sendo seguida por Lily. Os três rapazes limitaram-se a encolher os ombros, a suspirar e a regressar ao quarto. Pouco depois, Ac e Lily desceram as escadas e levaram o corpo adormecido de Kihisha para cima. O Dia seguinte prometia... e muito!!

*


Quem a visse passar pelos corredores, não acreditaria que aquela era a monitora Evans: com um boné preto, óculos escuros, a esgueirar-se pelos corredores, tentando não dar nas vistas. Sentou-se na mesa dos Gryffindor, enterrando a cabeça numa tigela de flocos.
- Bom dia... – ela sussurrou, ao que recebeu um aceno de cabeça de Martha, a única septimanista dos leões presente.
- Elas... – começou a loira, num tom de voz bem baixo.
- Ac ainda na cama. Kihi agarrada à sanita. – sussurravam o mais baixo que podiam, mas o silêncio que tentavam manter foi cortado pelo aparecimento dos Marauders.
- ... e eu nem quero saber o que vocês fizeram ao Snape! – Remus resmungava para James e Sirius, que abafavam risinhos, sendo seguidos de Peter, que procurava alguma coisa com o olhar – Eu juro-vos que vos ponho em detenção! – sentou-se e cumprimentou as duas jovens – Bom dia, meninas!
- Shiuuuuuu! – a ruiva murmurou – Fala mais baixo... ok?
Os quatro rapazes ficaram a observá-las durante alguns segundos e, sem aviso, começaram a rir-se.
- Oh, por Merlin! – Martha colocou as mãos sobre os ouvidos – É tortura!
Aquilo ainda os fez rir mais. Lily deixou pender a cabeça, fazendo a testa cair sobre a mesa.
- Auch... eu mereço... – ela desabafou.
- Lils. – James aproximou-se dela e tirou-lhe o boné – Eu nem vou perguntar se estás bem... óbvio que não – se ela não usasse os óculos, ele poderia tê-la visto rolar os olhos – Mas... eu queria saber se a proposta está de pé...
A jovem ergueu a cabeça e baixou os óculos devagar, até meio do nariz. Viu James sorrir maliciosamente.
- Ahn? Proposta? Que proposta?
- Sim, cara ruiva. A proposta que tu fizeste ao nosso amigo Prongs. – falou Sirius, com um sorriso ladino, queixo sobre a mão.
- Não me lembro de nada. – ela murmurou. Mas, de repente, as suas bochechas começaram a atingir um tom demasiadamente vermelho, e ela voltou a colocar o boné – Digam-me... digam-me que eu não disse isso...
- Disseste. – afirmou Remus.
- Foda-se! – praguejou baixinho – Escuta, James... eu... eu estava bêbada... e... e...
- As frases dos bêbados são sempre verdade, ruiva. – falou Sirius, num falso tom de sabedoria.
- Não o ouças! – Lily exclamou, atirando um pedaço de pão à cabeça do jovem Black – Escuta... não volta a acontecer! Foi uma estupidez! Eu não...
- Tudo bem, Evans. Sem stress. Não foi nada de importante.
James sorria de lado. Lily apercebeu-se do que tinha dito, mas quando tentou remediar, já o moreno atravessava a porta do Salão Principal.
- Foda-se! – virou-se para a frente – Mas será que eu só faço merda?
Esperava que Martha lhe respondesse, mas esta tinha adormecido profundamente.

*


Ac caminhava pelos corredores, descontraída. Usava uns óculos escuros, mas, ao invés de Lily, não se preocupava em não dar nas vistas.
- Gostei do look, Vanzest! – gritou um Slytherin, quando ela passou por um corredor mais movimentado.
- Oh, que emoção! – ela exclamou, com falsa excitação – Vai ver se eu estou a caçar hipogrifos, ó... imbecil!
Ia a entrar no Salão Principal ao mesmo tempo que James ia a sair. A expressão do rapaz era estranha, um pouco indecifrável, mas ela sabia exactamente o que se estava a passar.
- Dá-lhe um desconto. Ainda tem os neurónios alcoolicamente modificados. – murmurou, enquanto lhe dava uma palmadinha no ombro. O jovem sorriu e piscou-lhe o olho, seguindo o seu caminho, de mãos nos bolsos.
Ela suspirou e entrou no Salão. Sentou-se à mesa, ao lado da ruiva, que agora remexia os flocos num ritmo lento e melancólico.
- Ele vai entender. – murmurou para a ruiva, que soltou um grunhido estranho, mas baixo.
Começou a tomar o pequeno-almoço, com calma. Levantou o olhar e o que viu não lhe agradou nem um pouco.
Sirius ouvia calmamente alguém. Alguém que Ac conhecia perfeitamente. Edna Rosier.
Esta falava qualquer coisa que a morena não conseguia entender, mas devia ser no tom mais meloso que conseguia, pelo ar que fazia. Mexia de vez em quando nas mechas de cabelo loiro que teimavam em cair para a frente. Piscava as pestanas que cobriam os olhos meio claros de uma maneira sedutora.
Ac arrastou-se ligeiramente pelo banco, até ficar perto o suficiente para ouvir a conversa. Não era disso, mas... apetecia-lhe rir um pouco.
- ... e então podemos encontrar-nos depois disso. -sugeriu Edna sorridente - O que achas, Black?
- Não posso. Treinos. – ele respondeu, seco.
- Entao... poderíamos encontrar-nos depois dos treinos. Vá lá! Ia ser engraçado! – nesse momento, Ac engasgou-se com um pouco de sumo, o que fez os outros dois levantarem o olhar – Ah... Vanzest... nem tinha dado conta da tua presença...
- Bom dia para ti também, Rosier. – a morena ergueu o copo e levou-o aos lábios, numa expressão que misturava escárnio e sarcasmo.
- Estás aí há muito tempo? – perguntou Sirius, encarando-a.
- O suficiente para perder a fome. – ela respondeu, com calma, levantando-se.
- Hey! Ac! Espera! – o moreno levantou-se subitamente.
- Sirius! – guinchou Edna.
- Agora não. Depois falamos. – e saiu correndo, atrás da jovem Vanzest.
Quando a alcançou, segurou-a por um braço.
- Espera. - disse ele - Temos coisas a falar.
- Que merda de mania. Quantas vezes eu já te disse para não me agarrares assim? – rosnou Ac, sem o olhar de frente – E não temos nada a falar. Portanto, vai aturar a loira burra, ok?
- Ciúmes? – ele sussurrou perto do seu ouvido. Já não a agarrava pelo pulso. Agora tinha colocado um braço em torno da sua cintura e apertava-a contra si.
- Por Merlin. Ciúmes? Quem tu pensas que eu sou? Uma das tuas patéticas fãs? Poupa-me... – ela disse no mesmo tom. Sorriu manhosa e virou-se de frente para o moreno – Porquê? Preocupado?
Sirius sorriu. Aproximou-se dela o suficiente para as respirações quase se misturarem. Ac sorriu de volta. Ameaçou um beijo, mas esquivou-se no segundo final.
- Cresce.
E afastou-se. Num momento de segundos, o rapaz puxou-a de volta e empurrou-a contra a parede, prensando-a. Encostou a testa na dela e olhou-a fundo nos olhos. Tinha uma expressão estranha, como a jovem nunca o tinha visto ter. Respirava descompassadamente.
- Nunca te disseram para não brincares assim com um homem? - indagou Sirius ladino - Pode ser perigoso...
Ac soltou um riso pelo nariz.
- Sempre soubeste que o perigo é um negócio de família. - afirmou ela soltando-se dele - Não te devias admirar dessa maneira.
E saiu calmamente, deixando um Sirius com o sangue a ferver para trás.

*


Ela simplesmente odiava que o amigo a tratasse como se eles tivessem um caso. Sempre tinha odiado isso e o pior era que Sirius sabia-o perfeitamente. Caminhava pelos corredores vazios. Era fim de semana e ela apostava que estavam todos nos campos a aproveitar os últimos dias de sol do ano. Já se tinha livrado dos óculos, estava farta deles. Passou as mãos pelos cabelos rebeldes enquanto parava à porta de uma sala de aula. Nem cinco segundos depois, um rapaz alto, loiro e de profundos olhos azuis saiu de dentro dessa sala.
- Bom dia, Lestat. - cumprimentou Vanzest com o seu sorriso maldoso - Andas a arranjar problemas??
- Artémis, eu nunca arranjo problemas, minha querida!! - respondeu ele com um sorriso ladino - Precisamos de falar!
- Sobre?
- Bellatrix! - afirmou ele com os olhos a faiscar levemente - A tua adorada prima anda com umas propostas indecentes...
- Não o faças!!! - rosnou Ac seriamente - O que quer que ela te proponha, não o faças!!!
- Por quê, Artémis? - inquiriu o loiro - É bem aliciante e ela é bastante poderosa!!
- Ela é o braço direito do Voldemort, Lestat!! - exclamou Vanzest - E tu sempre me disseste que não te ias envolver com o lado negro!!
- Eu disse isso antes de saber que tu andas a receber cartas do próprio Lord!! - declarou Vamp.
Ac simplesmente calou-se. A sua expressão era séria e os seus olhos pareciam estar numa mutação de cor, como se fossem janelas com vista directa para um rio de lava. Ela sabia perfeitamente que o rapaz não tinha qualquer certezas do que estava a dizer. Era apenas uma jogada para ver o que ela respondia. Mas Vanzest confiava plenamente no loiro e não teria qualquer problema de lhe contar o que de certeza que não contaria a Sirius.
- Andas a ler a minha correspondência, é? - questionou - A abrir as minhas cartas antes delas chegarem até mim?
- Então a Bellatrix tinha razão.... - murmurou Lestat - Tu andas mesmo a comunicar com o Mestre das Trevas.
- É possível! - disse ela encolhendo os ombros.
- Porquê?
- A Bellatrix sabe algo que eu quero saber... algo que diz respeito a mim e à minha família... - contou Ac - Ela disse-me que o Voldemort era a única pessoa que me podia dar as respostas que eu preciso...
- E então o Dumbledore?? - sugeriu o loiro - Ele deve saber...
- Não sabe... ou, se sabe, não mo diz. - vociferou ela - Eu perguntei-lhe antes do fim do ano passado. Por isso entrei em contacto com a Lestrange durante as férias, antes mesmo de sair de casa!
- Tu és louca!! - declarou Lestat - Louca por te meteres com a Lestrange e ainda mais louca por aceitares contacto com o Lord Negro!
- Se ele é o único que tem respostas às minhas perguntas, então eu aceito!! - declarou Ac - Lestat, isto não sai daqui!!
- Claro que não, louca. Assunto apenas nosso! - confirmou ele sorrindo - Mas tem cuidado, Artémis!
Ac apenas sorriu e seguiu o seu caminho em direcção à torre dos Gryffindor. Por outro lado, Lestat continuou até às masmorras dos Slytherin. O que nenhum deles esperava, era que, atrás da porta de uma sala ao lado, um certa loira Gryffindor mordia fortemente o lábio inferior como resultado da conversa que tinha acabado de ouvir.

*


Os campos de Hogwarts ainda permaneciam um pouco verdes, mas começavam a tomar a tonalidade que o Outono conferia à paisagem. Era uma típica tarde de fim-de-semana: os alunos que não estavam em Hogsmeade, descansavam no meio das árvores e relva. Havia até guerras de folhas, entre os primeiranistas e segundanistas, das várias casas.
Lily estava entre um tronco de árvore, como sempre, ainda usando o boné e os óculos escuros, pois estes, segundo palavras da ruiva, permitiam-lhe salvaguardar-se da luz a mais e controlar os outros . Lia um pergaminho, mandado por seus pais, mas queria sossego, o que rendeu alguns gritos da parte da mesma, para os outros que perturbavam a sua calma.
Podia ter uma visão priveligiada do campo de Quidditch, onde a equipa Slytherin fazia o seu treino, antes do jogo contra os Hufflepuff. Podia até observar as inúmeras quedas de vassoura que ocorriam e rir-se com isso, mas preferia ler a carta, que era um pouco longa.
O sol batia ligeiramente nas folhas, fazendo um jogo de sombra e luz, pouco evidenciado pela escuridão dos óculos. Mas, de repente, alguém fez sombra. Ela olhou para cima e sorriu de lado.
- Olá, Lily.
- Hey, Duncan. – a voz dela saiu baixa. Sentia-se meio culpada por não ter falado mais com o rapaz, mas a sua vida estava a ter voltas inesperadas – Tudo bem?
- Sim, claro. – o jovem olhou para os pés e chutou algumas folhas – Há algum problema contigo? Nunca mais nos falámos e... – a sua voz morreu um pouco – acho que te assustei...
A ruiva sorriu brandamente e levantou-se.
- Escuta, Dun... eu... não há nada de errado. Tu não me assustaste. Eu só acho que... eu não posso ser aquilo que tu queres, entendes? – a jovem colocou a sua mão no braço dele – Apenas posso ser tua amiga.
- Mas... gostas de alguém, é isso?
Ela suspirou e levantou os óculos, segurando-os no boné.
- Bem... pode-se dizer que sim, mas... ainda é uma descoberta recente.
- É alguém que eu conheça? – o rapaz murmurou, sorrindo ligeiramente, ao que ela devolveu o sorriso.
- Não, Dun. Não é ninguém que tu conheças.
- Posso ter esperanças? – ela perguntou, ao que Lily abanou a cabeça negativamente – Podemos ficar amigos?
- Claro! – exclamou ela efusivamente, e deu-lhe um abraço.
Um pigarrear fez-se sentir atrás deles. A ruiva soltou o rapaz e deparou-se com James, trajando o uniforme da equipa de Quidditch e a vassoura na mão.
- Incomodo os pombinhos? – alfinetou o moreno.
- James, não... – começou a ruiva a tentar explicar, mas foi cortada pelo jovem Potter.
- Não me interessa, Evans. Avisa a Ac que a quero nos balneários imediatamente.
E virou as costas, caminhando a passos duros. A ruiva enfureceu-se.
- VAI À MERDA, POTTER! - berrou ela antes de suspirar e virar-se para o Hufflepuff - Eu detesto este gajo. A sério.
Duncan Hobbs riu. Já tinha percebido tudo.
- Vemo-nos por aí, ruiva. – e saiu também.
Lily bufou. Atirou-se violentamente contra o chão e ficou a olhar o horizonte. Porque é que aquele moreno não era capaz de entender? Ah, que raiva!
Entretanto, Martha apareceu a correr. Vinha com uma expressão estranha. Ajoelhou-se a seu lado e começou a disparar frases sem nexo nenhum. Só que, com a chegada de Ac, calou-se.
- Hey, girls! – cumprimentou a morena – Melhores?
A ruiva levantou-se.
- Sim, claro. – sacudiu o casaco e olhou-a – Escuta, o teu amiguinho disse que te queria nos balneários imediatamente.
- Amiguinho? – Ac olhou-a com estranheza – O James?
- Sim, esse paspalho. – colocou os óculos novamente e moveu a cabeça na direcção da loira, que olhava Ac com uma expressão estranha. Voltou a virar-se para a morena – Vê-mo-nos por aí.
E saiu, seguida por Martha. Ac suspirou.
- Anda tudo louco. Só pode.

*


- Diz lá o que estavas a dizer, mas desta vez em língua humana, please.
Lily e Martha entravam pelo quadro da Fat Lady, atirando-se em seguida para cima de duas poltronas.
- Eu não sei como hei-de dizer isto, mas... acho que não devemos confiar na Ac.
Lily começou a rir-se.
- Pelo amor de Merlin, Ma. A Ac é a pessoa em que se pode mais confiar que eu conheço! Não me digas que é por causa do...
- NÃO! – interrompeu-a a loira, olhando para todos os lados, com desconfiança, e baixando um pouco o tom de voz – Eu ouvi umas coisas...
- Lá andas tu a ouvir conversinhas atrás da porta, loira. O que foi desta vez? – Lily cruzou os braços.
- Eu ouvi-a falar com aquele gajo, o... o... o Vamp... como é mesmo o primeiro nome dele?
- O Lestat?
- Sim, esse mesmo. – Martha meteu a unha na boca e olhou novamente para os lados – Foi uma conversa bastante reveladora...
- Desembucha. – Lily começava a ficar impaciente.
- A Ac... tem recebido cartas...
- Eu sei. Todos recebemos. Duh.
- Sim, mas escuta... – Martha parecia desconfortável, sempre a observar tudo à sua volta – São cartas do... Lado das Trevas... – ela sussurrou a última palavra.
- O QUÊ? ESTÁS DOIDA? – a ruiva explodiu no meio do Salão Comum – A AC?
- Lils! Acalma-te! Tu sabes muito bem que ela é estranha. E veste-se sempre de preto. E... e... a família dela também anda metida com essas coisas, com Artes das Trevas e isso... e, se tu não sabes, ouvi dizer que ela está prometida ao Lestat!
A loira falava com convicção. Lily olhava-a com incredulidade.
- Não estamos a falar da mesma pessoa, pois não, Martha? – murmurou a ruiva, cruzando os braços – Não sei se sabes, mas a Ac abomina essas coisas. Ela até fugiu de casa por causa disso. E não devias estar a ligar a boatos. Maior parte das vezes são mentiras.
- Dizes bem, Lily. Maior parte das vezes. – a loira começou a subir as escadas que davam para o dormitório feminino – Mas toma atenção ao comportamento dela. E verás se não tenho razão.
A ruiva desabou na poltrona, novamente. Não era possível. Martha estava errada. Ac não era nada daquilo, não fazia nada daquilo... não podia ser! Mas... e se fosse?
O que ela não sabia é que, no cima das escadas do dormitório masculino, um moreno de olhos azuis tinha os mesmos pensamentos.

*


Peter seguia calmamente até à cozinha de Hogwarts. Não se preocupava com nada. Apenas com aquilo que ia comer. Bem... havia uma coisa que o preocupava, sim. Aliás, duas. A primeira, era a conversa que tinha tido com a professora McGonagall. Ele precisava de melhorar em Feitiços, senão não conseguiria seguir o que tanto sonhava: Medi-bruxaria. A segunda... bem, a segunda era a imagem daquela loirinha stressada, que não saía da sua cabeça. Até a achava bonitinha, mas... na verdade, apenas podia ficar com a imagem. Aquela miúda era muito mais nova que ele e, mesmo que não fosse, nunca se iria interessar por um rapaz como ele. Suspirou. O mundo podia ser cruel.
Quando chegou ao seu destino, os elfos não vieram cumprimentá-lo, como sempre faziam. Estavam até atarefados, como se estivessem a servir alguém. O loiro atravessou a cozinha calmamente e espreitou para onde os elfos se dirigiam. O que viu fê-lo espantar-se.
A loirinha que povoava a sua mente estava ali, descontraída, sentada numa mesa enorme, a comer as tão famosas delícias dos elfos, com um livro imensamente grosso na sua frente. Peter deu meia-volta para sair.
- Podes ficar. Eu não te mordo.
A voz dela, quando não estava com raiva, era doce e melodiosa. O jovem meteu a cabeça pela porta e olhou-a.
- Ah, és tu. – ela voltou a esconder o rosto no livro. Peter aproximou-se e sentou-se ao seu lado.
- Posso? – ele perguntou, apontando para a pilha de waffles que estava na frente dela. A jovem assentiu com a cabeça, sem sequer o olhar – Posso saber o que estás a ler?
- Feitiços. – ela murmurou, calmamente.
- A sério? – ela levantou a cabeça e mostrou-lhe a capa do livro. Realmente, era um livro sobre feitiços. Feitiços Avançados, 2ª Edição , podia-se ler na lombada. – Uau... estás a ler mesmo isto?
- Sim, claro. Eu sou forte a Feitiços. Os meus irmãos estão sempre a dizê-lo. Apeteceu-me lê-lo, mas não gosto da biblioteca. Prefiro a calma da cozinha.
- Entendo. Eu também sou assim. Só não sou tão forte a Feitiços. Aliás, sou uma nulidade a Feitiços. E preciso aprender alguma coisa, senão... adeus, Medi-bruxaria.
- Queres ser Medi-bruxo? – a rapariga perguntou, num sussurro. O loiro afirmou com a cabeça e ela deu um pulinho na cadeira – Eu também!
Começaram a conversar, civilizadamente, nem dando conta do tempo passar. Enquanto Maribel falava, Peter pode reparar melhor nela. Os olhos extremamente azuis, pareciam acompanhar cada gesto que ela fazia com as mãos, ao falar. Os cabelos, loiros, ligeiramente encaracolados, que teimavam em cair para cima dos olhos e que ela teimava em soprar, para retirá-los. O sorriso, completamente lindo, parecia fazê-la transparente, como se cada palavra fosse a mais absoluta e inquestionável das verdades.
- Ai, Merlin! Já é tão tarde! – a pequena loira exclamou, levantando-se de repente, movimento imitado por Peter, e arrumando as suas coisas à pressa – Desculpa, eu... sou uma chata, eu sei...
- Não. De todo. – o jovem Pettigrew murmurou, sem deixar de a olhar. Ela corou e começou a encaminhar-se para a porta. Mas, no último segundo, virou-se.
- Peter? – o rapaz olhou para ela e abanou a cabeça, afirmativamente – Podemos encontrar-nos aqui amanhã. Eu ajudo-te com Feitiços. Se quiseres, é claro.
Pettigrew anuiu e Maribel sorriu. Deu um aceno ligeiro com a mão e rodou nos calcanhares, ainda sorrindo, e saiu. O rapaz desabou na cadeira.
- Merlin! Isto não me está a acontecer! – sussurrou. Um elfo ofereceu-lhe waffles, mas nesse momento, Peter tinha o estômago cheio de borboletas a mais, e isso impedia-o de comer qualquer coisa. Mas, pelo sim pelo não, levaria algumas. Sabe-se lá se durante a noite a fome não iria atacar?...

*


O balneário dos Gryffindor era um sítio acolhedor. Bem, na medida em que um balneário pode ser. Mas podia-se dizer que, entre o dos leões e o das serpentes, o dos leões fazia lembrar, minimamente, uma casa, que acolhia uma verdadeira família. Porque era isso que a equipa de Quidditch, e praticamente todos os Gryffindor, achavam que eram. Uma enorme e verdadeira família.
Ac entrou no balneário quando praticamente todos os membros da equipa lá estavam. Ela era a única integrante feminina, mas isso não a fazia ser menos competente.
- Hello, boys! – ela exclamou, ao que todos a cumprimentaram com acenos e palavras alegres. Sentou-se num dos bancos e cruzou as pernas – So, Jay. Qual o motivo da reunião-relâmpago?
James passou a mão pelos cabelos. Nesse instante entrou Sirius, com uma expressão nada agradável. Todos o cumprimentaram e ele retribuiu o cumprimento com um grunhido incompreensível. Encostou-se numa das paredes e cruzou os braços ao nível do peito.
- Bem, já que estamos todos aqui, vamos começar. Como todos sabem, o Campeonato Inter-Casas vai começar já em Novembro, com o jogo Slytherin x Hufflepuff. Não vai ser um jogo importante, visto que as serpentes vão perder. – risinhos de todos – Mas, mesmo assim, eu quero surpreender tudo e todos.
- Como assim, James? – falou Jonathan Elroy, um quintanista, keeper.
- Simples. Eu nunca me queixei da maneira como jogamos. Vocês são excelentes e eu tenho orgulho de ser vosso capitão. Mas... – passou o olhar por todos – eu quero mais. Quero que este seja o ano do leão. É o meu último ano aqui, como aluno, membro da equipa e capitão, mas não sou o único.O Sirius e a Ac também são septanistas. Vocês não gostavam de entrar para a História do Quidditch desta escola como a equipa que nunca perdeu um jogo?
James falava com fervor, um brilho estranho no olhar. Todos sabiam que ele era um excelente capitão. Não só por treiná-los optimamente, mas por usar argumentos que lhes chegavam ao fundo da alma. Todos assentiram.
- Então... eu fiz-vos um plano de treinos. – distribuiu um pergaminho por todos – Começamos para a semana.
Olharam para o pequeno papel.
- O quê? – exclamou Joseph, beater – Tu queres treinos de quatro horas? Aos sábados e domingos, inclusivé?
- Tu ficaste completamente pirado, certo? – interrogou Anthony, o outro beater, sextanista – Ninguém no seu perfeito juízo faz isso!
- Estás descontente, podemos muito bem arranjar um novo beater. Aliás, dois novos beaters.
A voz de James saiu fria e seca. Todos se entreolharam.
- É tudo? – Ac perguntou, ainda com a mesma expressão. O moreno abanou a cabeça afirmativamente – Óptimo. Tenho mais que fazer.
- Como ires-te encontrar com o Lestat. – alfinetou Sirius.
Ac riu baixinho e olhou-o de frente, com uma expressão divertida.
- Exactamente. Preciso de... ensinar-lhe umas coisas. Ele anda destreinado em certos assuntos. Au revoir . – e saiu, trauteando uma música qualquer, sendo seguida pelo resto da equipa, excepto James e Sirius.
Este último pregou um murro na parede.
- Merda! Ela anda a brincar comigo! – rosnou bravamente. James permanecia encostado na parede, um olhar vago – Mas vai-se arrepender! Ah, se vai!
- Tu achas que se eu derrubar o seeker dos Hufflepuff... assim, como quem não quer a coisa... eles pensam que foi um acidente? – murmurou o jovem Potter, numa voz distante.
- O quê?!
- Assim não me podem mandar para Azkaban por homicídio, certo? – continuou James, no mesmo tom.
- Prongs, estás bem? – Sirius aproximou-se do amigo e tocou-lhe no braço, acordando-o do transe.
- Hum? Sim, Pads, está tudo bem... – encaminharam-se os dois para fora do balneário, calmamente.
Já no castelo, enquanto caminham por um dos corredores, Remus apareceu, vindo da biblioteca, e juntou-se a eles.
- Acham que ela gosta dele? - murmurou James.
Sirius olhou para o outro Marauder.
- Quem? A Lily? - perguntou ele -Gostar de quem?
- Sim, ela, gostar do Hobbs. – o moreno de óculos gesticulou rapidamente.
- Claro que não, James! - afirmou Remus sem grande convicção.
- Olha que eu não sei! – o jovem Black deu de ombros – As mulheres são estranhas, meu. Num momento, estão a dar-te um beijo...
- ... e no outro, estão agarradas a qualquer um que lhes apareça à frente. – concluiu James, com um suspiro – Mas o problema disto tudo, é que eu gosto dela! Mesmo!
Falavam pelo corredor, caminhando devagar. Uma rapariga passou por eles, sem usar o uniforme de Hogwarts, mas eles nem notaram.
- Olá, Sisi. Olá, Jay-jay. – ela falou, sem parar de sorrir - Olá, Remie.
- Olá, Kihisha. – respondeu James, mecanicamente sem fazer grande caso. Mas, subitamente, parou e virou-se rapidamente – KIHISHA????

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N.As:

Gostaram?? Comentem!!!

Não gostaram?? Comentem na mesma, oras!!!

Querem o cap. 6 assim a correr muito?? *adivinhem* Comentem xD

Kiss's

Aldara & Just

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