A torre de astronomia.



Capitulo dois
A torre de astronomia.

Com esse pequeno incidente, a dupla foi de mal a pior. Sem se entender, foi repreendida diversas vezes por Sprout, por estarem discutindo. A aula acabou, com todas as duplas conseguindo algum progresso, menos Seth e Lauren.
—Vocês dois. Dever de casa extra. Pesquisem como cultivar melhor plantas carnívoras.—Disse Sprout, antes de liberar-los.
Aceitaram a “punição” com um aceno de cabeça. Saírem em silencio e caminharam lado a lado. Apenas na subida da encosta Lauren pronunciou-se.
—Se não tivesse sido tão patético, não teria que perder meu tempo com esse dever idiota.—Resmungou a Lestrange, fechando a cara e olhando para o outro lado.
Seth olhou para ela e balançou a cabeça negativamente, soltando um suspiro cansado.
—Mas se você não fosse tão convencida e me deixasse te ajudar com o dedo, nós teríamos conseguido ao menos manter ela viva.—Disse Seth, também sem olhar-la
—Quer dizer que agora a culpa é minha?—Lauren virou-se bruscamente para ele, segurando-o pela gola das vestes, fazendo Seth parar e virar-se para ela.
—Pelo menos mais da metade sim...—Respondeu Seth, seco, ajeitando as vestes e seguindo caminho.
—Assuma seus erros uma vez na vida, grifinório...—Lauren ficou parada no mesmo lugar. Seth continuou seguindo o caminho, sem olhar para trás. Lauren balançou a cabeça negativamente e seguiu logo atrás dele.—idiota.
Chegaram ao castelo e separaram-se. Lauren foi para as masmorras e Seth seguiu subindo as escadarias. Além de agüentar a Lestrange durante a aula de Herbologia, teria que agüentar Elizabeth Langstron, monitora-chefe, da casa Sonserina e seu “protegido”, Edgard Hilton, monitor da Sonserina. Sempre vinham com piadinhas sem graça, geralmente referindo-se aos grifinórios.
Cansado, Seth foi por entre as passagens secretas, atalhos, até chegar em frente a uma porta de carvalho, muito bem talhada. Havia uma fechadura ao lado. Puxou uma grande chave de prata, velha e enfiou no trinco, girando. A porta abriu. Todos os monitores e Elizabeth já estavam sentados, apenas esperando por ele.
—Finalmente, Ashford...—Disse Elizabeth, um sorriso de escárnio no rosto, batendo com o dedo indicador no pulso, como se houvesse um relógio.—não sabe mais ser pontual?
—Podemos começar a reunião...—Seth ignorou Elizabeth, indo até a outra ponta da mesa, sentando-se numa cadeira.


—COMO É?!—Exclamou Richard, cuspindo um pouco de suco no rosto de um garoto do terceiro ano, logo a frente.—HOJE?!
—É, Richie...—Disse Seth, calmo, comendo o pudim em seu prato.—hoje...e amanhã também, provavelmente.
—Mas...mas...era hoje...—Disse Richard, os olhos marejados, quase implorando para Seth falar que é mentira.
—Eu sei que era hoje, Richie...—Disse Seth, ainda com mais calma, levando um pedaço de pudim até a boca. Mastigou lentamente e engoliu, continuando.—mas não vou poder ir com vocês.
—Mas é a festa surpresa da Ally!—Disse Richard, dando um soco na mesa.—Isso é injusto!
—Eu sei, Richard...—Seth largou o garfo e olhou para o amigo, suplicando um pouco de compreensão.—estou me sentindo horrível por isso. Mas o aniversario dela só é mesmo amanhã. Vou lhe dar os parabéns no dia.
—Ela vai ficar chateada, Edric...—Disse Richard, virando o rosto para o lado.
—Já pedi para não me chamar assim...—Resmungou o grifinório, afastando o prato e levantando.—esse é o nome do meu pai, não o meu. E avise ao Adan e a Melissa que não vou poder ir. A gente se fala outra hora.
Seth afastou-se, ignorando os gestos de protesto que Richard fazia. Iria parar um instante na sala comunal antes de iniciar a ronda. Elizabeth parecia ter descoberto a festa surpresa deles. Prontamente indicou Seth para os dois primeiros turnos da semana. O grifinório nada pode fazer. Ela parecia ter convencido a todos de que era o melhor. Tirando Weasley, Granger e Ravenclaw, todos votaram a favor disso.
Afinal, o que apenas ele poderia fazer? Iria ter que cumprir a ronda. Allyson iria entender. Afinal, era sua amiga desde que entrou em Hogwarts. Há mais tempo até que Richard ou Adan. Em suas brincadeiras, Richie costumava chamar Allyson de “Sra. Ashford”, apenas para constrange-la. Seth apenas ria, assim como todos ao redor, enquanto a pobre Allyson ficava tão vermelha quanto um tomate.
Chegou em frente ao retrato da mulher gorda e disse a senha. Sem parar para escutar o que ela resmungava, entrou, encaminhando-se diretamente para uma das poltronas. Atirou-se nela, desleixado, de modo que mais parecia deitado do que sentado. Fechou os olhos e massageou-os. Como doíam. Como suas pálpebras pareciam de ferro.
Que dia! Lestrange, Elizabeth, McGonagall e para terminar Flitwick lhe repreendendo por falta de concentração. Definitivamente aquele dia era um dia pra esquecer. Abriu os olhos e viu tudo borrado a frente por um tempo, até que sua visão voltou ao normal.
—Preocupado, Seth?—Perguntou uma voz, ao seu lado.
Mais que lentamente, Seth olhou. Era Allyson. Ela sorria bondosamente para ele. Um sorriso lindo, puro. Talvez a única pessoa naquele dia que lhe dera um sorriso tão sincero. Seth retribuiu o sorriso e olhou para frente.
—Não, Ally...apenas cansado.
—Você parece mesmo cansado...—A garota deixou os livros de lado e passou as mãos pelos cabelos de Seth, ajeitando-os.—e desanimado. Aconteceu algo?
—Nada que já não tenha acontecido. Me colocaram para fazer a ronda nos corredores hoje. Mas supera-se. Elizabeth já me fez passar por coisas piores.—Sorriu fraco, olhando novamente para ela.
Allyson devolveu-lhe o sorriso. Continuou ali, passando as mãos por entre os cabelos de Seth. O jovem estava gostando. Estava precisando daquilo. De um pouco de carinho. Fechou os olhos e inclinou-se para trás.
Sentiu os lábios de Allyson pressionarem sua bochecha e logo seus dedos se afastando. Abriu os olhos e viu a garota andando de costas, acenando, ainda sorrindo, indo na direção da saída.
—Tenho que ir...os garotos pediram para eu encontrar-los lá em baixo. Nos vemos por aí...—Virou-se e caminhou até a saída.
Seth ficou observando-a sair. Ergueu a mão e acenou brevemente, já para ninguém, murmurando “Nos vemos por aí”. Deixou o corpo afundar mais na poltrona e ficou olhando o teto. Parecia que haviam passado um aspirador de pó por suas preocupações.

Por volta das dez horas, Seth já havia iniciado seu turno. Tomou cuidado para ficar distante da sala secreta no quinto andar e procurou manter Filch e sua gata escaldada longe de lá. Esperava que Allyson estivesse gostando de sua festa surpresa.
Seth sentia muito por não estar lá. Sentia que um pouco de cerveja amanteigada e uma conversa legal com os amigos lhe fosse útil para tirar as preocupações das costas. Suspirou cansado e ordenou-se mentalmente a esquecer isso. Continuou apenas andando pelo corredor, a varinhas sempre em mãos, vez ou outra olhando pelas janelas.
—Hum..sinto moleques aqui...—Escutou a voz asmática de Filch no corredor adiante.—se eu pegar, vou cuidar para que o professor Dumbledore me permita colocar-los nas correntes. Se a Umbridge estivesse aqui...
Seth resmungou algo e dobrou para o outro corredor, procurando manter-se afastado do velho zelador pirado. Não iria ter que aturar Filch em seu ouvido falando que não permitiria isso ou aquilo. Realmente já tinha aturado de mais por aquele dia para ter que escutar os resmungos intermináveis de Argus Filch.
O corredor por onde ele seguia era escuro, cheio de corredores anexos. Seria extremamente fácil se perder ali. Seth dobrou o primeiro corredor e logo viu-se diante de um lance de escadas. Começou a subir. Reconhecia aquele caminho. Sim! Já havia trilhado-o varias vezes com seus amigos ou até com alguma garota. Mas para onde levava mesmo?
Só havia um jeito de lembrar. Sem pensar, Seth continuou subindo a escadaria. Era longa, de pedra escura. Com certeza uma passagem secreta. Saiu num corredor extremamente escuro, iluminado por janelas altas e estreitas, onde a luz da lua entrava em fachos.
Como poderia ter esquecido daquele caminho? Era o caminho para a torre de astronomia. Lugar para onde Seth ia, geralmente para controlar seus amigos bêbados. Sorriu suavemente, enquanto caminhava no escuro, o rosto, vez ou outra, iluminado pela luz da lua.
—Cara...será que eles vem aqui depois da festa?—Seth pegou-se novamente pensando na festa, só que dessa vez sorrindo. Seria bom ter uma companhia, mesmo que fosse Richard bêbedo, para conversar.
Continuou o caminho até a porta que levava à torre. Chegou em frente a porta e já estendia a mão para abrir, quando ouviu o som de discussão do lado de dentro. Parou, a mão pairando no ar,o cenho franzido. As vozes iam aumentando de tamanho, tornando-se mais e mais vorazes como se fossem se atacar.
O que faria? Abriria a porta? Ou simplesmente não faria nada? Por breves minutos em que as vozes tornavam-se mais claras, Seth decidiu-se. Adiantou-se, pronto para abrir a porta, quando, pela segunda vez, sentiu aquela pancada forte na cabeça. Seu corpo foi atirado pela pancada, batendo de costas na parede. Com a mão na testa, a vista embaçada, só pode ver um vulto negro disparando pelo corredor. Logo depois, outra figura vestida de negro desceu. Não usava capuz, mas Seth não conseguia identificar seu rosto. Adiantou-se num passo cambaleante, antes de balançar a cabeça negativamente e recuperar o ponto de equilíbrio.
—Hey...o que faz fora da cama a essa hora?—Perguntou Seth, pondo-lhe uma mão sobre o ombro da figura.
A pessoa sobressaltou-se, apontando a varinha diretamente para o rosto de Seth. Era Lauren Lestrange. “Deus! Por que ela novamente?” foi o que pensou o grifinório, quando viu o rosto irritado da Lestrange, molhado de suor e muito vermelho.
—Ah! Grifinório! Saia do meu caminho uma vez no dia!—Bradou irritada, virando-se novamente e preparando-se para correr.
—Hei, hei!!—Disse Seth, segurando-lhe pelo braço.—Você não pode ficar fora da cama depois das nove horas. E nem podia estar na torre de astronomia. E muito menos fazendo barulho a essa hora da noite! E quem diabos era aquela pessoa que saiu correndo?
—Não é da sua conta! E se não me deixar ir atrás daquela pessoa, juro que vou te matar no lugar dele!—Lauren riu sarcástica, com um pingo de maldade na voz.—Como se você desse ouvidos as ordens. Vive com seus amiguinhos bêbados aqui em cima, fazendo a maior algazarra.
Seth ficou olhando para ela, sem acreditar. Como poderia saber? Afinal, aquilo não importava naquele momento. Ela havia lhe ameaçado de morte! Quem ela achava que era? Seth sacou sua varinha e apontou-lhe para o rosto também.
—Não me faça perder meu tempo com você, grifinório...—Murmurou Lauren, friamente.
—Que bom que serei a pedra no seu sapato...Lestrange...—Respondeu Seth, no mesmo tom que ela.
—Não tenho culpa se você quer assim.—Lauren riu e afastou-se alguns passos, sem tirar o olhar do grifinório.
—Para que hesitar tanto?—Perguntou Seth, olhando-lhe diretamente nos olhos, sério.—Sua mãe matou toda a minha família. Por que não termina o serviço de sua mamãezinha comensal?
Mesmo na sombra do lugar, Seth viu cada músculo no rosto de Lauren contorce-se de raiva. A Lestrange segurou a varinha com mais força e abaixou, apontando-lhe para o coração.
—Limpe a boca para falar da minha mãe...—Disse Lauren, furiosa.
—Deveria limpar depois de falar...já que não passa de lixo...—Disse Seth, tomado por uma raiva que nunca havia experimentado antes.
—Cale sua boca imunda!—Gritou Lauren, a plenos pulmões, erguendo a varinha.—Estupefaça!!
O jorro de luz vermelha voou em sua direção. Seth conseguiu projetar o corpo para o lado, mas o feitiço atingiu-lhe o corpo, que girou bruscamente. Bateu de costas na porta de madeira da torre. Fez uma careta de dor, mas logo teve que atirar-se no chão para escapar de mais um feitiço lançado pela Lestrange.
—Te peguei, Ashford...—Disse Lauren, pisando sobre seu peito, prendendo-o contra o chão.—e agora não tem bruxo nesse mundo que te salve.
—Isso...mostre que você é igual a sua mãe...—Disse Seth, sentindo a pressão sobre o peito.—mostre o instinto assassino da família Lestrange.
—E você...vai acabar igual a seus tios e tias...—Lauren riu, erguendo a varinha.—aqueles idiotas partidário de Dumbledore. Morreram até de maneira decentes, sendo os ratos que são.
—NÃO FALE ASSIM DELES!—Irado, Seth conseguiu erguer a varinha, pegando Lauren, desprevenida.—Estupefaça!!
O corpo da Sonserina ergueu-se no ar e colidiu com a parede à frente, caindo sentada no chão. Demorou um tempo antes de saber o que acontecia. Olhou Seth a sua frente. Não parecia ter forças para levantar. Seu rosto estava tão vermelho quanto antes e sua respiração arfante. Uma mecha de cabelo caia-lhe por sobre os olhos, ocultando um dos olhos. Seth também não parecia ter forças. Continuou deitado no chão, ainda sentindo o peso do pé de Lauren sobre seu peito. Respirava com uma certa dificuldade, sentindo a traquéia queimar.
—Não adianta mais...—Murmurou Lauren, desanimada.—a essa hora ele já deve estar no dormitório. Ashford, seu completo idiota!
Seth não respondeu. Ficou ali deitado, olhos fechados, a respiração voltando ao normal. Escutou passos. Ambos viraram-se rapidamente. Antes que pudessem encenar alguma reação, Filch apareceu com seu lampião e madame Nor-r-ra ao lado, com sua risada asmática.
—Oras, oras...veja só quem peguei fora da cama a essa hora...parece que vocês estão muuuuuito encrencados.

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