Casa dos Potter
NA COMPANHIA DO ORÁCULO
CAPITULO 1 – CASA DOS POTTER
Son coeur est um luth suspendu;
Sitôt qu’on lê touche il résonne.¹ (De Béranger)
Durante um dia inteiro de outono escuro, sombrio e silencioso, em que as nuvens pairavam baixas e opressoras nos céus, passava eu, sozinho a cavalo por uma região singularmente monótona. Quando as sombras da noite se estenderam, finalmente me encontrei diante da, visivelmente, melancólica Casa dos Potter - que estava o oposto do dia que parti –, lembrava-me.
Não sei como aconteceu, mas, ao primeiro olhar lançado à construção, uma sensação de insuportável tristeza me invadiu o espírito. Digo insuportável, pois aquele sentimento não era atenuado por essa emoção meio agradável, meio poética, que o nosso espírito recebe em geral ao contemplar imagens naturais; era severa, retratando a terrível desolação.
Contemplei a cena diante de mim: o lugar, certamente, era aquele. Sobre o portão de ferro, com escritas em prata, estava “Casa dos Potter”. Não sei como tudo aquilo ficou sombrio daquela forma. Uma casa simples, como o resto da propriedade: os muros frios, as janelas que se assemelhavam á olhos vazios, algumas fileiras de carriços e uns tantos troncos apodrecidos – dando à alma uma completa depressão, que não posso comparar, adequadamente, a nenhuma outra sensação terrena, exceto com a que sente, ao despertar, o viciado em ópio; a amarga volta à vida cotidiana, com a atroz descida do véu. Era uma sensação de alguma coisa gelada, um abatimento, um aperto no coração, uma aridez irremediável de pensamento que nenhum estímulo da imaginação poderia elevar ao sublime.
“O que era aquilo” – detive-me a pensar em o que acontecera com toda a beleza, com toda a vida daquele lugar – “O que era aquilo que tanto me enervava, ao contemplar a Casa dos Potter?”
Era um mistério de todo insolúvel; não podia lutar contra as sombrias visões que se amontoavam sobre mim enquanto pensava naquilo – enquanto pensava no que poderia ter acontecido. Fui obrigado a recorrer à conclusão insatisfatória de que existem, sem a menor dúvida, combinações de objetos naturais e motivos surreais muito simples que têm o poder de afetar-nos desse modo, embora a análise desse poder se baseie em considerações que ficam além de nossa apreensão.
Era possível, refleti, que um arranjo simplesmente diferente de particularidades da cena, dos detalhes do quadro, fosse o bastante para modificar, ou talvez, para aniquilar aquele impressão dolorosa, - talvez houvesse um motivo para toda aquela mudança, afinal foram anos, longe de tudo isso, que agora me assusta. Agindo de acordo com essa idéia, dirigi meu cavalo até a margem escarpada do negro e sombrio lago. Novamente peguei-me a pensar no que acontecera, agora, às margens das águas cristalinas e azuis –, que estendia o seu brilho tranqüilo junto a casa - e fitei, mas com um estremecimento ainda mais vivo do que antes, as imagens reconstituídas e invertidas no reflexo das águas: carriços cinzentos, troncos fantasmagóricos e janelas que se assemelhavam á olhos vazios.
Não obstante, propunha-me permanecer algumas semanas naquela lôbrega mansão. Seu proprietário, Harry Potter, tinha sido um dos meus melhores amigos de infância; mas haviam transcorridos muitos anos desde a minha partida – daquela casa e de sua vida. Uma carta, porém, me chegara recentemente, quando sua coruja me encontrara - estava numa parte distante do país.
Uma carta dele, cuja natureza, bastante urgente, não admitia senão uma resposta pessoal. O autor da carta falava de uma enfermidade física aguda, de um transtorno mental que o oprimia, e de um desejo ardente de ver-me, como a seu melhor e, efetivamente, seu único amigo pessoal, julgando encontrar, na jovialidade de minha companhia, algum alívio para o seu mal. Foi a sua maneira de dizer tudo isso, e muito mais – a maneira suplicante pela qual me abria o seu coração, a maneira como depositava, mesmo depois de tanto tempo, a confiança em mim –, o que não me permitiu qualquer hesitação, por conseguinte, obedeci incontinente ao que, ainda assim, me parecia um convite muito estranho – apenas lembrando, que há anos não nos correspondíamos.
Tive noticias de seu casamento, estampado nas primeiras páginas dos melhores jornais – é claro que eu já tinha conhecimento que ele se casaria e com quem se casaria, muito antes dele mesmo. Talvez o fato de estar sempre preocupado em salvar o mundo o tivesse cegado para o verdadeiro amor, e só o permitia ver fracas paixões, tal que o afastava de sua amada –, talvez minha decisão de ir embora – como, varias vezes, mencionada – talvez, inapropriadas e um tanto quanto infantis – creio eu que não cheguei a ponto de arrepender-me.
Sei que ele sempre esteve ao meu lado, mas depois que parti, a vergonha me impediu de voltar e de desculpar-me –, agora espero fazê-lo, tendo em mim que poderá ser tarde. O convite do casamento chegou até mim, mas a coragem sumiu – mandei então, um presente e um cartão de desculpas, dizendo que não poderia comparecer, devido ao trabalho acumulado.
O titulo original da propriedade à arcaica “Casa dos Potter”, era uma denominação que parecia incluir, no espírito dos que a usavam, tanto a família como a mansão. Na mansão, não viviam mais que alguns empregados, ele e sua mulher – se tiveram filhos, é um mistério.
Já disse que o único efeito de minha experiência um tanto pueril – a de fitar, embaixo, o lago – foi tornar ainda mais profunda aquela primeira impressão. Não me restavam dúvidas de o rápido aumento de minha superstição – pois, por que não defini-la assim? – serviu principalmente para atenuar aquela sensação.
Tal é, como sei desde há muito, a lei paradoxal de todos os sentimentos baseados no terror – me pergunto se irá haver aranhas na casa, medo meu não superado, de fato, agora acentuado. E talvez fosse por essa única razão que, ao erguer novamente os olhos para a mansão, afastando-os da imagem refletida no lago, surgiu em meu espírito uma estranha visão – realmente tão estranha e ridícula, que apenas a menciono para demonstrar a viva força das sensações que me oprimiam. Minha imaginação trabalhava tanto, que me parecia haver realmente, em torno da mansão e suas adjacências, uma atmosfera peculiar, que nada tinha em comum com o ar dos céus, mas que emanava das arvores apodrecidas, das paredes cinzentas e do lago silencioso – um vapor pestilento e místico, opaco, pesado, mas discernível, cor de chumbo.
Afastando de meu espírito o que não podia ser, senão, um sonho, examinei mais atentamente o aspecto real da casa. Sua característica principal parecia ser a de uma excessiva antiguidade, - precisava examiná-la, já que não a reconhecia mais. A descoloração causada, pelo que pareciam serem séculos, havia sido grande – agora minha estada ali, parecia fazer parte de uma outra vida. Minúsculos cogumelos estendiam-se por todo o exterior, pendendo, em emaranhada e fina tessitura, dos beirais. Mas nada disso implicava qualquer estrago extraordinário. Nenhuma parte da alvenaria desmoronara, e parecia haver uma violenta contribuição entre aquela ainda perfeita adaptação das paredes e o estado das pedras desgastadas – me implicava e aguçava minha curiosidade sobre o que havia ocorrido com a bela casa que cheguei, um dia, a morar.
Aquilo me lembrava muito a enganadora integridade das estruturas de madeira apodrecidas, durante longos anos, em alguma abóbada esquecida, sem contato com o sopro do ar exterior. Afora essa indicação de ostensiva decadência, a casa não apresentava sinal algum de instabilidade. Talvez o olhar de um observador meticuloso pudesse ter descoberto uma fenda mal perceptível, que, estendendo-se desde o telhado da fachada, descia em ziguezague até perder-se nas águas sombrias do lago.
Observando essas coisas, atravessei, a cavalo, um curto caminho que conduzia a casa. Um lacaio tomou o meu cavalo e penetrei pelo arco gótico do vestíbulo. Um mordomo, de passos furtivos, conduziu-me, em silencio, ao gabinete de trabalho de seu amo, através de muitos corredores escuros e intrincados – os que eu, definitivamente, não reconhecia mais, ou possuía uma vaga lembrança. A casa nunca fora sombria, mais sim em cores alegres, encantadoras e aconchegantes. Muitas das coisas que encontrei em meu caminho contribuíram, não sei por que, para acentuar as vagas sensações a que já me referi. Os objetos que me rodeavam – os entalhes dos tetos, as sombrias tapeçarias das paredes, a negrura de ébano dos assoalhos e os fantasmagóricos troféus de armas que tilintavam à minha passagem – eram, para mim, coisas muito conhecidas, que me lembravam à velha casa dos Black, e, embora não hesitasse em reconhecê-las como tais, fiquei surpreso ante as visões insólitas que aquelas imagens ordinárias despertavam em minha imaginação.
Numa das escadas, deparei com um medi-bruxo da família. Sua fisionomia, pensei, revelava um misto de astúcia e perplexidade. Saudou-me, um tanto perturbado, e passou. O mordomo, então, abriu uma porta e conduziu-me à presença de seu amo.
Seu coração é um alaúde suspenso;
Tão logo a gente o toca, ele ressoa. ¹
TO BE CONTINUED
N.B.: Hello! Eu (Rebeca Potter) estou muito feliz por ter betado este capítulo e desejo toda a sorte do mundo para a Tha. Essa fic promete! Continuem acompanhando ela, ok?
Bjs...
N.A.: ‘Se for assim meu beeeeeeeem, ADEUUUUUUUS!’ Uhauhauhaha...
Ta, ta... minhas cordas vocais não estão tãããããão afinadas assim... *se esconde*
Tcharam-ram-ram... Nova fic!!! XDD
O que acharam?
Eu quero comentárioooos! *chora*
Reeeebeca! Thanks girl! ^^ Bem, como a Sophia já ta pra lá de entupida de fic minha... Tive que pedir ajuda a Beca XD... Não brigue comigo So!
Nety_GranGer: Oiii, que bom que você gostou ^^. Bem, não é tão triste assim, uuhauhahuuh.
Eu que fiz a capa XD
Viviane: Oii, gostou do trailer? Leia a fic :) e continue comentando! beijinhos!
Bruna Britti: Na verdade, o titulo envolve t-o-d-a a fic . Nossa, você não sabe como elevou meu ego, auhauah. Uhuhu, acompanha mesmo, viu! Pode deixar que aviso sempre! Muitos beijos pra você querida! Obrigada *-*
Gabrielli Oliveira: uahuahauhauh, será que não é macumba? :O auhauhahau. Espero que goste do capitulo 1! Beijoos!
Espero os comentários! ;)
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