Um encontro amistoso



Capítulo dez – Um encontro amistoso.

Harry passou pela pequena passagem. Era estreita e com archotes que iluminavam a decida. Aos poucos o espaço ia se tornando largo e a sensação de aperto e desconforto ia desaparecendo.

Com um assobio o duende chamou um pequeno vagão. Harry não gostava muito do modo com que se locomoviam no banco. Era uma sensação muito ruim no final do trajeto e sempre sentia o estômago embrulhar logo na primeira curva fechada.

O lugar era imenso e com um teto alto e irregular, afinal estavam em uma caverna a vários metros abaixo do banco.
Estalagmites formadas pelas gotas de água e calcário que pingavam no chão se encontravam como as estalactites que se acumulavam no teto. Outras se encontravam suspensa e ameaçavam perigosamente os descuidados que por ventura não as vissem e batessem a cabeça.

Um longo e velho trilho percorria toda extensão da caverna. Se não fosse mágico Harry podia jurar que ao entrar no pequeno vagão tudo desabaria.

- Entre – disse o duende abrindo a porta do vagão – Se segure – tornou logo a falar quando Harry já havia se acomodado e observava o buraco escuro embaixo dos trilhos, o que dava a entender que eram sustentados por magia.

Fez centenas de curvas, subiu e desceu várias vezes em uma velocidade incrível. Harry sabia que aquilo também fazia parte dos procedimentos de segurança para que o intruso não conseguisse memorizar o caminho mesmo que o fizesse várias vezes.

Não conseguia ver muita coisa, os cabelos pretos voavam nos olhos dificultando ainda mais qualquer tentativa de se perceber algo. Quando menos esperava o vagão freiou bruscamente e Harry bateu a cabeça nas costas do duende.

- Desculpe! – disse ele massageando a testa.

- Não se preocupe, já estamos acostumados.

Saíram pelo lado direito do vagão em uma parte plana, parecido com um corredor de frente para vários cofres. Eram grandes portas de chumbo, com uma aparência antiga e abandonada.

Era engraçado olhar para cada um deles com uma imagem pior que a outra e tentar imaginar a quantidade de ouro, jóias, relíquias, artefatos mágicos e outras coisas de valor que Harry pudesse desconhecer.

Grant pegou o lampião e a passos de pingüim andou até o cofre de Harry, iluminando a fechadura enquanto com a outra mão girava a chave.

O cofre abriu com um estrondo ao mesmo tempo em que uma névoa saia aos poucos dissipando poeira e um cheiro de mofo no ar.
O duende olhou para Harry e com um gesto indicou a porta aberta para que entrasse e pagasse o que fosse preciso.

Harry entrou no cofre, tinha um quantia um pouco maior do que a última vez que esteve ali. Era parte do testamento de Sirius, que ao morrer deixou pra ele dinheiro, a casa do Largo Grimmauld e Monstro, o elfo doméstico que agora trabalhava em Hogwarts.

Recolheu alguns galeões, sicles e nuques e colocou-os dentro da pequena bolsa de pano. Não sabia se ia precisar de muito dinheiro e por isso resolveu por não retirar muito, se fosse preciso voltaria novamente.

O cofre era relativamente grande, as paredes pelo lado de dentro eram constituídas por grandes pedras que dava ao ambiente uma imagem rústica e primitiva. Logo quando alguém entrava quatro archotes acendiam em cada um dos seus quatro lados.

- Pronto! Acho que é só isso – disse voltando para o corredor dos cofres.

O duende andou abriu a mão em direção a pesada porta que foi se fechando aos poucos. Certamente que era impossível um ser tão pequeno empurrar uma porta daquelas sem magia. Colocou a chave na fechadura e girou para trancar o cofre.

No outro lado do corredor alguém vinha andando com rapidez sendo seguida por outra. Não dava pra enxergar direito já que o lugar era mal iluminado. Parecia ser um pouco gordo e de estatura média e o outro um tanto quanto pequeno e desengonçado.

Logo Harry pôde destinguir quem era.

Não é possível...tudo o que eu não precisava – pensou.

- Harry! A quanto tempo... – saudou o homem cumprimentando-o e esticando a mão

- Como vai ministro? – perguntou Harry.

- Tudo bem meu caro. Espero que também esteja...

Rufus Scrimgeour era um pouco gordo e com aparência de um leão marinho. Vestia uma camisa de lã cinza e um blazer por cima um distintivo de duas letras “M” entrelaçadas que significavam Ministério da Magia.

A outra figura que o acompanhava não era bem uma pessoa. Era outro duende que devia Ter lhe trazido para os cofres.

- Como soube que era eu ministro? – perguntou Harry com curiosidade.

- Ahhh! Tenho uma visão invejável meu jovem... – disse ele explicando. Estava mais magro e abatido do que a última vez que o tinha visto, embora a forma com que falasse não demonstrasse isso.

- Senhores, nós não podemos demorar aqui embaixo. Outras pessoas precisam ser atendidas e nós devemos voltar assim que terminarem – disse o duende que acompanhava Scrimgeour.

- Já estamos indo...já estamos indo – respondeu o ministro gesticulando para pedir paciência.

- Ministro...ouvi pela manhã pela Rede Radiofônica dos Bruxos que o Kingsley e o Dawlish morreram e...

- Não quero...

Scrimgeour foi interrompido pelo barulho vindo de três novos vagões que vinham pelos trilhos que chegariam ao corredor de onde estavam. A sucessão de acontecimentos se deu muito rápido. De cada um deles desceu um homem com longa capa preta até o pé. Um chapéu pontudo também preto e uma máscara estranha do que se via habitualmente, completava o figurino.

Junto às figuras encapuzadas vinham um duende para cada vagão. Estes eram mantidos com as mãos presas por um feitiço. Com uma das mãos os comensais tentavam sufocar os duendes e com a outra empunhavam e pressionavam ameaçadoramente a varinha no pescoço das criaturas “indefesas”.

- Ora, ora, ora... – disse um dos comensais encapuzados, sua voz era rouca e ameaçadora – Que interessante... viemos atrás do ministro e ganhamos um brinde, Potter! O Lorde das Trevas ficará felicíssimo não é mesmo Rabastan?

Um outro comensal olhou para o que terminara de falar com um olhar furioso.

- Você é idiota? Não fale nossos nomes, seu retardado. Mas sim, o Lorde ficará grato.

- Não se preocupe Rabastan, como irão prender a gente? Scrimgeour não poderá fazer nada, a não ser suplicar pela sua vida diante dos pés do Lorde, não é mesmo seu...

Harry apanhou a varinha e em seguida apontou para o terceiro comensal que parecia ser o mais lerdo dos três.

- Não ouse resistir... garoto idiota! - disse um deles a medida que os três tiravam seus capuzes.

Foi neste exato momento que Harry os reconheceu, eram os homens que estavam sentados e que conversavam no fundo do Caldeirão Furado enquanto ele almoçava. Um deles era loiro, pensou por um curto período de tempo que se tratasse de Lúcio Malfoy, mas não. Devia ser um dos novos comensais recrutados por Voldemort, ou até um pobre bruxo dominado pela maldição imperius.

- Vocês estavam...

- Exatamente Potter! Seguimos você até aqui, estávamos no bar esperando dar o horário marcado para capturarmos Scrimgeour quando você entrou. Só foi unir o útil ao agradável.

- Não sei o que os fazem pensar que vão me levar a força. Não vão conseguir desestabilizar o ministério outra vez. Não sou igual ao Fudge e vocês não passam de repugnantes submissos – desta vez quem falou foi Scrimgeour que se mantivera calado durante todo aquele tempo avaliando a situação.

Os comensais riram alto.

- Adorei a piada ministro. Ou melhor, ex-ministro daqui a alguns minutos. O Lorde das Trevas triunfará e de uma vez por todas garantirá que os sangues-ruins sejam expurgados do mundo. Com a escória aniquilada poderemos assim mudar a história da magia transformando esse período em uma época de progresso e conquista. Assim os verdadeiros sangue-puros poderão deter o poder.

- ISSO SÓ IRÁ ACONTECER DEPOIS QUE PASSAREM SOB MEU CADÁVER! – berrou o ministro também empunhando a varinha.

- É mesmo? Fazer isso será mais fácil do que pensei e então poderemos começar a “limpar” nosso mundo ainda hoje – disse o comensal loiro com desdém.

- Vamos ministro...se entregue logo ou os coitadinhos dos duendes irão morrer. A comunidade dos duendes não irá gostar nem um pouco de outras mortes além das que já tiveram há dezessete anos atrás não é mesmo? Como o ministério iria ficar com mais essas mortes?

- NÃO VOU TOLERAR MAIS ISSO! – berrou o ministro furioso e em seguida erguendo a varinha e apontando para o terceiro comensal – ESTUPEFAÇA!

O comensal estava despreparado, distraído com toda discussão e preocupado em manter preso o duende que levava consigo e foi um alvo fácil para o feitiço que fora lançado. O jato vermelho atingiu em cheio o peito do comensal que por pouco não caiu do corredor dos cofres. O duende desesperado correu tropeçando em suas pernas miúdas e se juntou a Grant.

Rabastan prontificou-se logo em deter Harry e Scrimgeour.

- CRUCIO! – berrou ele apontando para Harry que já erguia a varinha pra se defender.

- Protego! – o feitiço defensor desviou a maldição que ricocheteou na parede e abriu um buraco na parede do corredor.

- Não vai fugir desta vez Potter! – disse o comensal louro indo em direção a Scrimgeour com a varinha erguida.

- AVADA KEDAVRA! – gritou o comensal apontando para o ministro.

Ele tinha que salvar o ministro, o que seria do mundo mágico com mais uma morte? Desta vez a do seu próprio ministro, de vez tudo se desestabilizaria e Voldemort poderia controlar de vez o ministério facilitando a conquista de seus objetivos. O terror e o desespero fariam com que o mundo mágico entrasse em colapso.

Harry não estava muito longe e tomou impulso se jogando com as mãos esticadas para cima de Scrimgeour quando um jato de luz verde irrompia da varinha de alguém não muito longe dali.


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