Vingança É Melhor Servida Fria

15 Vingança É Melhor Servida Fria (Capítulo incompleto) Leia a N/A, please



– Mais sensibilidade, Sr. Malfoy!


Draco bocejou alto, não se importando com as últimas palavras da professora. Já era 10h da noite da quarta-feira, e ela não demonstrava sinais de que os liberaria tão cedo. Ele olhou para Hermione que estava na sua frente, esperando encontrar uma garota tão cansada quanto ele, mas não foi isso o que ele viu, na verdade havia ali uma garota mais distraída que ele, e Draco sabia bem a razão da distração dela, e apostava que a mente dela deveria estar fervendo, medindo as conseqüências da busca que ela se dispôs a fazer mais tarde.


– EU DISSE SENSIBILIDADE, SR. MALFOY, SENSIBILIDADE! – Minerva gritou, interrompendo pela metade outro bocejo do sonserino. A professora respirou fundo, havia prometido a si mesma que não se descontrolaria nesse ensaio, mas Draco não ajudava muito – Quero que olhe nos olhos da Srta. Granger, e repita com mais calma tudo o que disse.

– Não somos mais inimigos, Sophie, pois que a amo e sabes disso. Sois como os anjos que povoam os meus sonhos, mas somente os meus sonhos. Desejo fazê-la minha esposa quanto antes, Sophie. Que a minha vida seja povoado pelo anjo que só presencio em meus sonhos. – Hermione olhou para ele, aérea, sem entender o que tinha que fazer – Quinta folha. – ele sussurrou.

– Ah, sim... Errr... – ela pigarreou – Oh, Anton, sabeis que não será possível, pois que minha mãe quer ver-me casada antes que uma quinzena se complete. O meu coração pertence somente a ti, Anton, mas meu pai quer que Pierre me despose quanto antes, ele desconfia de nós. Por mais que não tenha mais a ti como inimigo, sabeis que seu sobrenome ainda o é.

– Certo... – Minerva respirou mais tranqüilamente – As frases estão corretas, Sr. Malfoy, mas a sua expressão passa longe do que eu quero! – Draco cruzou os braços, já se preparando para ouvir – Ela está lhe contando algo de terrível que poderá abalar o romance de vocês, então, não é para fazer cara de pouco caso, é para demonstrar espanto, choque! – ela se aproximou mais do loiro – Me mostre o vosso ar chocado! – Draco, a contra gosto, fez uma careta de espanto.

– Assim está bom? – ele perguntou, tentando esconder a irritação.

– Eu disse chocado, Sr. Malfoy, e não com prisão de ventre. – Draco pôde ouvir a sala toda explodir em gargalhadas e controlou a muito custo o seu dedo do meio para a professora – Srta. Granger, a senhorita está se saindo melhor que nas outras semanas, devo parabenizá-la. Mas devo acrescentar que o seu entrosamento com os outros alunos ainda não está o que eu quero. – ela virou para o restante da turma – Vamos, quero que todos dêem as mãos e façam um círculo.


Lentamente todos os alunos obedeceram a professora, dando as mãos de forma contrariada. Draco e Hermione se entreolharam sem saber onde a professora queria chegar com isso, mas a obedeceram da mesma forma.


– Li uma vez em uma revista que a dinâmica em grupo é algo essencial para o bom andamento de um trabalho. – a professora começou a falar em tom amável – Vocês estudam na mesma escola e agem como se não se conhecessem!

– Mas eu não os conheço! – Hermione segredou ao ouvido de Draco, que concordou com um breve aceno.

– Quero agora que cada um olhe para o colega que está ao seu lado e o abrace, e diga: “Como vai, meu amigo?” – os alunos se entreolharam, mas sem mexerem um dedo – Eu acho que eu disse AGOORAAAAAAAA!!!! – rapidamente os alunos se abraçaram, murmurando sem jeito as palavras da professora. Hermione viu, com uma raiva contida, Hayley se pendurar no pescoço de Draco – Bem, agradeço a boa vontade de vocês de fazerem tudo sem nenhuma pressão. – ela ironizou – Sr. Malfoy, sua interpretação ainda está muito fraca. Quero que ponha mais emoção, e, de preferência, quando falar ponha a mão sobre o coração e exprima sentimento.

– Daqui a pouco ela vai querer que eu saia rodopiando pela sala feito um bailarino. – Draco sussurrou ao ouvido de Hermione, em um tom irritado.

– E com aquelas calças coladas. – Hermione completou, escutando Draco xingar baixinho.

– Precisa trabalhar mais nessa sua postura, Sr. Malfoy! Temos pouco mais de uma semana agora. – ela voltou a atenção para Hayley – Srta. Lee, a sua interpretação é a melhor de todas aqui, mas devo lhe dizer que me decepciona saber que fala tudo tão naturalmente somente nas cenas com o Sr. Malfoy! As outras ainda deixam a desejar e muito. – Hayley olhou envergonhada para os próprios pés, agora com Hermione xingando coisas inaudíveis que fizeram Draco rir – Srta. Granger, tem que se enturmar mais com os alunos da Corvinal, em especial com os senhores Watts e com o Sr. Dempsey.


A professora McGonnagall apontou para três alunos baixinhos que estavam do lado oposto da roda ao que Hermione estava. Sarah Watts e Joe Watts acenaram para Hermione um tanto sem jeito, eles eram irmãos gêmeos e fariam o papel dos pais de Sophie. Peter Dempsey também acenou para ela, ele faria o papel do noivo Pierre.


– Era sobre que eu gostaria de lhe falar, professora! – Hermione acenou de volta para eles, com um sorriso forçado – A senhora não acha que... Bem, eles são um pouquinho baixinhos de mais, quer dizer... Bom, não é querendo ofender, mas todos os três dão bem abaixo do meu ombro. Acho que quem for assistir a peça, vai achar que é “Hermione De Neve e Os Três Anões”! – Draco riu de forma gozada.

– Acho que está enganada, Srta. Granger! A estatura de um ator passa despercebida perto do talento! – ela disse sabiamente, não vendo Draco colocar o dedo na garganta como se fosse vomitar – Espero que amanhã estejam mais dispostos, eu vi muitos de vocês dormindo durante o ensaio! Boa noite a todos!


Hermione e Draco esperaram todos os alunos esvaziarem os corredores, cada um direcionado ao seu Salão Comunal, para poderem conversar com mais calma. Draco parou em um dos inúmeros corredores escuros de Hogwarts, esperando Hermione parar logo depois dele e vendo-a lhe encarar com um olhar de pura ansiedade.


– Trouxe a câmera, Draco? – Hermione perguntou ansiosa, e suspirou aliviada quando Draco fez um sinal positivo – Foi difícil conseguir uma?

– Hermione, esqueceu que sou eu quem manda nesse asilo aqui? – Draco perguntou convencido, afastando a abertura da capa e tirando do bolso uma câmera fotográfica – Agora eu exijo que tenha pelo menos um pingo de consideração comigo e explique o que está planejando, afinal, agora nós somos parceiros de crime!

– Eu não sei, Draco... Acho que você não vai entender. – Draco encostou-se à parede, cruzando os braços sobre o peito, e vendo com irritação Hermione andar de um lado para outro com nervosismo – Se eu te disser, é bem capaz de você me chamar de doida.

– Eu não vou te chamar de doida! – ele disse irritado, com a curiosidade já chegando ao extremo.

– Você vai me chamar, Draco! Eu tenho certeza disso! – Draco a olhou irritado, já cansado de vê-la andando de um lado para o outro.

– Olha aqui, Hermione, eu prometo não te chamar de doida, custe o que custar. – Hermione encostou-se ao lado dele. – Vai, agora me conta o que está se passando.

– Ok! – ela suspirou, agora mexendo freneticamente as mãos – Eu acho que a Cho está traindo o Miguel! – Hermione olhou para Draco, e o viu ainda de braços cruzados e olhando para baixo – O que você acha? – ela perguntou nervosa, obtendo somente o olhar de um Draco mudo – Caramba, Draco, fala alguma coisa!

– Você tá doida?

– Olha aí, eu não disse? – Hermione voltou a andar de um lado para o outro – Eu sabia que iria duvidar!

– O caso aqui não é duvidar, Hermione... É não acreditar mesmo! E quer parar de andar? Isso está me dando náuseas! – Draco se desencostou da parede, segurando Hermione pelos ombros para que ela parasse a incansável tarefa de andar de um lado para o outro – Eu entendo a sua raiva dela, mas acho que isso já te afetou de mais. Você está perturbada espiritualmente, Hermione, o seu subconsciente está lesado...

– Cala a boca, Draco! – Hermione tirou as mãos dele que estavam sobre os seus ombros – E eu também não preciso que fique bancando o meu psicólogo ou algum tipo de orientador espiritual! Se não acredita em mim, ótimo! Eu não preciso mesmo do seu voto de confiança.

– Não se trata de voto de confiança... – Draco suspirou, voltando a se encostar á parede enquanto Hermione retornava a tarefa anterior – Entenda, Hermione, a Cho não tem cara de que faz essas coisas. Ela é uma aluna inteligente, se destaca no Quadriboll, todos os professores a consideram um exemplo de pessoa, e não é à toa, porque você sabe que ela é muito educada; além de tudo, ela ainda é uma garota discreta, só usa saias bem abaixo do joelho, exemplo esse que você deveria voltar a seguir; – Hermione girou os olhos com impaciência – É a típica aluna pacata, daquelas que seguem a linha “Eu amo a natureza e adoro os animais”! Resumindo: ela é a nora que a minha mãe pede a Merlin todos os dias!

– E você por acaso segue a linha “Eu me iludo por um rostinho bonito e me fodo”? – Draco bocejou e voltou a cruzar os braços – Você não entende, não é? Se eu pegá-la no flagra vai ser o acontecimento do ano, ao mesmo tempo em que ela é desmascarada o Miguel se ferra!

– Hermione, não é a minha intenção cortar o seu barato, mas... Bem, eu acho que alguém aqui tem o dever de te trazer de volta à realidade! – Draco novamente se desencostou da parede e segurou Hermione pelos ombros – Se formos trabalhar em possibilidades, depois de todos os argumentos que eu te dei, as chances de ela estar traindo o Corner é de uma em um milhão. Entende onde quero chegar? Só mesmo um milagre para você estar certa!

– E se eu estiver certa? – ela insistiu, tirandos novamente as mãos de Draco dos ombros e voltando a andar.

– Escuta, Hermione, eu sei que você tem raiva dela pelo lance da traição e tudo o mais, eu entendo como você deve ter ficado frustrada por ela ter te tomado o lugar de Sra. Corner, – Hermione lançou um olhar irritado a Draco – e também pelo Potter deixar de ser BV graças à ela, mas, se olhar por outro lado, eu até a admiro. Ela deveria ser canonizada por ter tido a coragem e estômago suficiente pra beijar o Potter!

– Quando é que vai parar de implicar com o Harry, hein?

– Nunca, responde à sua pergunta?

– Você fala isso, Draco, porque vocês travam algum tipo de guerra pessoal, mas se você fosse uma menina, eu tenho certeza que se apaixonaria de primeira pelo Harry!

– Credo, Hermione! VADE RETRO! – Draco gritou enojado – Pelo amor de Deus! Isso foi alguma macumba, foi? Porque se for eu preciso urgente de madeira pra isolar três vezes porque praga de grifinória é forte!

– Draco, esquece o Harry, ok? Nós temos assuntos agora mais importantes para tratar!

– Nós? Andou fumando crack? – Draco perguntou atônito – Aqui não existe nós, Hermione, aqui só existe uma pessoa afetada, que é você!

– E o que aconteceu com aquele papo de parceiros de crime? – Hermione perguntou irritada – Amarelou agora? – Hermione parou de andar e se encostou novamente à parede – Draco, me escuta... Eu não durmo há três dias. Passei o domingo, a segunda e a terça pensando no que poderia ter acontecido. Desde aquele dia no 3Vassoura, eu anda achando qualquer atitude suspeita, ando desconfiando de tudo. Quando eu vi aquela sombra passar pelo corredor, eu tinha certeza de já ter visto aquele cabelo, e agora eu acho que pode ser da Cho! – agora era Draco que andava de um lado para o outro, coçando o queixo – Eu já estou sofrendo de insônia por causa disso, Draco! Até bolar teoria de conspiração eu já bolei... Se eu não conferir quem era eu sou capaz de enlouquecer, você me entende?

– Foi o que eu disse: você está perturbada espiritualmente! – Hermione girou os olhos, cruzando os braços em seguida – Pensa bem, Hermione, é a raiva que está te consumindo! Se não for nada do que está pensando, vai acabar se ferrando, você sabe! – ele continuou coçando o queixo, como se estivesse pensando – E se essa sua teoria mirabolante estiver certa, quem você acha que é o cara?

– O seu amigo, o tal do Jake! – ela disse com simplicidade, se irritando ao ver Draco caindo na gargalhada – Hey, isso é sério! E eu tenho motivos para achar!

– É, Hermione, agora eu realmente acho que andou fumando coisas proibidas por aí! – ele riu mais ainda – O Jake? Você faz idéia do monstro de namorada que ele tem? Ela já me ganhou em uma disputa de queda de braço, se quer saber. Ano passado a Lilly desconfiou que estava sendo chifrada, e sabe o que ela fez? – Draco perguntou empolgado – Ela deu o maior soco na cara do Jake, que ele ficou desacordado por três dias na Ala Hospitalar! Aquela ali é magra só de ruim, e isso é sério! Ela consegue ser mais casca grossa que você, Hermione, milhões de vezes mais! E esse é o motivo maxi para eu ter certeza de que ele nunca a trairia!

– Ok, Draco! Eu não vou mais ficar tentando te convencer! – Hermione se desencostou da parede com um ar irritado – Eu vou conferir isso custe o que custar! – ela começou a andar, mas não deu nem três passos e voltou o olhar para ele – Você não vem?

– Está precisando de mais algum motivo para um NÃO? – ela bufou.

– Ótimo! Então fica aí! – ela começou a andar, mas parou novamente – E não precisa mesmo vir se está com medinho! – Hermione provocou, sabendo que Draco odiava quando falavam isso para ele, mas logo se frustrou sem ouvir os passos dele logo atrás – Não vem mesmo?

– Não insiste, Hermione! Você sabe que eu não vou!

– Grr... Ótimo então, Draco! Não venha, não preciso mesmo de você! – Hermione voltou a andar, mas parou novamente antes de completar cinco passos, e suspirou – Draco?

– O que foi?

– Vem comigo... – Hermione fez um biquinho – Eu sou capaz até de te implorar! – Draco balançou a cabeça em um não – Faz idéia da situação humilhante que eu estou me propondo? Tem noção do esforço que eu fiz para a palavra “implorar” sair por completo? – Draco virou o rosto para o outro lado. Hermione se aproximou dele e o mirou nos olhos – Eu preciso de apoio moral, Draco! Não vou conseguir fazer isso sem você!

– Não vem com esse olhar de cachorro pidão pro meu lado, que isso já está mais que manjado, Hermione! – ela segurou firme nas mãos dele.

– Eu preciso de você, Draco! – ela falou suavemente para ele – Não vou conseguir dar um passo sem você ao meu lado!


Draco olhou sério para Hermione, sabia que ela estava tentando manipulá-lo. Mas, ainda assim, era difícil não se comover só um pouquinho com os olhos castanhos dela brilhando sem parar, pedindo para que a seguisse; e aquele olhar de cachorrinho abandonado na chuva, uma arma de convencimento mais que ultrapassada, estava mexendo com ele. “Será se ela também utiliza essa manipulação vergonhosa com o Potter e o Weasley?”, ele pensou, “Porque se for, agora eu entendo porque eles não desgrudam dela! Não dá pra resistir...”


– Por favor, Draco! Não me deixa sozinha em uma situação dessas! – ela voltou a implorar.

– Ok! – ele suspirou completamente desarmado, não percebendo o sorriso discreto de Hermione ao ver que havia conseguido – Mas eu tenho certeza de que o máximo que vamos encontrar é algum casalzinho de Hogwarts em uma situação bem indecente, se é que me entende.

– Que seja, Draco! – ela deu de ombros determinada – Só de ter o meu parceiro de crime me acompanhando, eu já me sinto bem aliviada.

– Caso ainda não tenha percebido, Hermione, a Sessão Manipulação já terminou há um minuto! – Draco falou de forma falsamente séria, arrancando um sorriso de Hermione.


Eles andaram lado a lado, contornando os vários corredores do Castelo. Hermione já não tinha mais idéia de que horas seriam, só tinha certeza de que já passava e muito das 10. A apreensão deu lugar à curiosidade. Ela sabia que se fosse mesmo Cho, estaria feita e Miguel sentiria o peso de um par de chifres. Ela riu de leve ao pensar nisso, mas sabia que riria muito mais depois, se estivesse certa.


– Eu não acredito que estamos naquele mesmo corredor da semana passada! – Draco falou desapontado – Nesse Castelo existem centenas de Armários de Vassouras espalhados, e eu não entendo a razão de escolher justamente esses aqui!

– É muito óbvio! – ela respondeu, prendendo a respiração ao se aproximar do corredor – Foi aqui que eu a vi passar!

– Supostamente a viu passar! – Draco a corrigiu.

– Eu VI passar, Draco! E foi ela, posso apostar! – Draco respirou pesadamente, não querendo continuar a discussão.

– Mas, caso tenha esquecido, nós vasculhamos todas as portas, uma por uma, e não vimos vestígios de nada! – Hermione coçou o queixo – Tem mais alguma idéia fantástica para isso, Srta. Imaginação Fértil?

– Para a sua informação, Loiro azedo, eu já havia pensado nisso antes! Gastei as minhas últimas noites imaginando onde ela poderia ter entrado, e lembrei que nós não olhamos o corredor oposto que também é lotado de outros armários...

– Nossa, Grifinória abusada, quer dizer então que passa as noites imaginando os amassos dos outros? – Draco perguntou divertido – Eu sou muito mais ficar imaginando os meus!

– Olha aqui, Draco, muito ajuda quem não atrapalha, entendeu? E, se estiver afim, pode ir para o seu quarto e me deixar aqui sozinha, porque é muito melhor do que estar mal acompanhada!

– Oh, e onde foi parar todo aquele papo de “Eu preciso de você, preciso de apoio moral” e blábláblá... – Hermione se encostou novamente contra a parede do corredor – Não vai implorar de novo? – a grifinória pôs as mãos no rosto, respirando pausadamente.

– Draco, vamos fazer o seguinte: eu não falo com você, você não fala comigo, nós dois vamos andar lado a lado, mudos, sem nenhum contato, até esse maldito corredor. Verificamos os armários, e, se não encontrarmos nada, voltamos cada um para os benditos quartos, em completo silêncio! Está entendido?

– Por mim tudo bem, quanto menos falar com você, melhor! – ele deu de ombros, voltando a andar acompanhado de Hermione.

– Ótimo! – Hermione falou, apertando-se mais contra o próprio suéter, e encolhendo as mãos dentro dos bolsos para tentar diminuir o frio – Voto de Silêncio, então! – eles andaram lado a lado em completo silêncio por pelo menos 2 minutos.

– Sabe, Hermione, eu juro que não sei onde você arranja esses suéteres! Não tem gosto pra roupa não?

– Voto de silêncio, Draco! Esqueceu? – ela perguntou irritada.

– Quer saber? Dane-se! É melhor ficar escutando a sua voz enjoada implicando comigo do que esse silêncio! É sério, isso é entediante! – Hermione respirou fundo – E, à propósito, onde mesmo que arranja esses panos de chão? Sabe, eu estou interessado em comprar para os elfos lá em casa...

– Não fale do meu suéter, seu abestado! Foi um presente da Sra. Weasley, e eu tenho muito carinho por ele! – Draco riu de forma gozada.

– Bem que eu imaginei... Esse bordado aí é o quê? – ele apontou para um H bordado em linhas douradas que ficava no canto direito do suéter marrom – É o símbolo do clubinho do Potter?

– É a inicial do meu nome, sua anta! – Hermione passou a mão sobre o bordado – Ganhei no natal... É um dos meus preferidos!

– Então é esse tipo de coisa que você ganha no natal? – ele perguntou com desdém – Da próxima vez eu vou te comprar algo melhor!

– Draco, eu acho que preferia te ver calado! Sabe... isso seria melhor para a nossa convivência forçada!


Eles dobraram finalmente o corredor que Hermione havia falado, e foi quase em um choque que pararam ao ouvirem sons abafados vindos de alguma porta entre as inúmeras que havia ali. Draco e Hermione se entreolharam, decidindo em frações de segundos o que fazer, mas nenhum dos dois conseguia mover um único dedo.


– E se não for ela? – o loiro perguntou em um sussurro.

– Não vamos saber se não abrirmos a porta. – Hermione se adiantou para a porta onde ela ouvia os sons, mas Draco segurou a mão dela antes que ela pudesse tocar na maçaneta.

– Pensa bem... Se não for ela, nós vamos pagar o maior mico da nossa vida. – Hermione assentiu se sentindo nervosa.

– Eu sei disso. – ela sussurrou, e encostou, com o máximo de cuidado que tinha, o ouvido sobre a porta, gesto esse que foi acompanhado por Draco.


Eles ficaram se encarando, com os ouvidos sobre a porta, tentando escutar algo que pudesse indicar que a ida até lá não havia sido em vão. Eles se entreolharam diversas vezes, tentando a todo custo abafar os eventuais risos que queriam escapar ao escutar os gemidos incessantes e os apelidos que o casal se chamava, desde docinho a tigrão. Draco pôs a mão sobre a boca, já não agüentando mais aquela situação, sabendo que estaria a ponto de gargalhar a qualquer instante, mas a vontade de rir passou imediatamente ao escutar algo que fez Hermione chutar a canela dele para chamar a atenção: “Vai com calma, Cho!”

Draco puxou Hermione pelo braço para afastá-los da porta, engolindo em seco sem saber qual seria o próximo passo.


– Eu não te disse! – Hermione falou em tom superior – Qual a conclusão que tira disso?

– Que milagres existem? – Draco falou divertido.

– O que fazemos agora? – ela perguntou para ele, que balançou a cabeça sem saber o que fazer – Essa é a chance da foto, Draco...

– E como vamos fazer isso? – ele perguntou – Abrindo a porta e falando: Com licença, mas será que o casal geme-geme não tá a fim de posar para uma foto romântica?

– Se você me der a câmera eu faço isso...

– Não, Hermione! – ele interrompeu – Eu vou fazer isso!

– Mas...

– Sem mas! – ele falou decidido – Vai para o seu quarto e me espera lá! Eu vou tirar a foto, correr e aí decidimos o que faremos com ela.

– Mas eu não posso te deixar sozinho! – ela insistiu – Nós somos parceiros de crime, lembra? – Draco sorriu de lado, mas não cedeu.

– Você vai para o seu quarto! Entenda, é melhor... O Filch pode aparecer a qualquer momento, e vai ser pior duas pessoas correndo! – ela segurou nas mãos de Draco e ficou nas pontas dos pés para plantar um beijo no rosto dele, o que o deixou desconcertado.

– Tem certeza de que vai fazer isso sozinho? – ele assentiu, ainda sem jeito pelo beijo – Obrigada, Draco. Mas, por favor... Toma cuidado, ok? Faz o que tiver de fazer, e não se distraia com os gemidos. – ela falou de forma cômica, arrancando um sorriso dele.


Draco olhou Hermione dobrar o corredor, olhando de vez em quando para ele, com uma expressão preocupada no rosto. “É agora!”, ele pensou ao encarar a porta. Novamente afastou a capa e escorregou a mão pelo bolso para tirar a câmera, tentando ser o mais breve possível. Hermione chegaria a qualquer instante no quarto, e ficaria salva de qualquer detenção; e ele estaria ali, correndo o risco de Filch aparecer e sem saber como fazer para tirar a foto. O que faria? Bateria na porta e pediria com licença, ou então chutaria a porta e falaria “Olha o passarinho!”? Ele olhou para os pés e tornou a olhar para a porta. Seja o que tivesse de fazer, com licença é que não poderia pedir.

Foi com um choque terrível que Draco percebera que a porta havia sido escancarada, e, o mais absurdo, é que fora pelos próprios pés. Por milésimos de segundos ele ficou parado, atônito, tentando compreender o que havia acabado de fazer, mas não havia tempo para isso. Compreensão, embaraço ou culpa, palavras totalmente fora do seu vocabulário naquele momento. E a única cena que ele fora capaz de absorver antes de sair correndo, foi a si mesmo tirando uma foto de uma garota com uma expressão horrorizada, de quem havia sido pega no flagrante, sendo pressionada contra a parede por um cara forte e de ombros largos, que quase chegavam a cobrir o campo de visão dele, com a blusa dela semi-aberta, com o sutiã rendado de fora...

Fora um impulso, ele sabia, mas fora tão absurdo que ele ainda duvidava enquanto corria de que tinha chutado a porta que chutou, de que tinha visto o que viu, de que havia tirado a foto que tirou. Draco parou um instante para respirar, e foi quase impossível segurar os risos que ameaçaram tanto sair. Sabia que não havia sido visto, fora rápido de mais até na própria concepção, mas havia sido tão engraçado que as gargalhadas eram iminentes, mas elas, mais uma vez, morreram na garganta dele ao escutar aquela voz que ele conhecia muito bem...


– MADAME NOR-R-R-A!


Draco desatou a correr o mais rápido que as pernas conseguiam naquele exato momento. O susto havia sido o combustível principal para a corrida maluca que estava acontecendo, e foi com um susto maior, que ele esbarrou em uma pessoa que de repente havia aparecido em sua frente.


– Aqui não é o seu quarto! – ele falou, arfando, tentando se levantar do chão.

– Eu sei, mas precisava me derrubar? – Draco estendeu a mão para Hermione, levantando-a com um puxão – Eu não ia te deixar sozinho por esses corredores, se quer saber. – Draco girou os olhos.

– Não é hora de sentimentalismos, Hermione! – ele falou seriamente – Eu te disse que era pra ficar no seu quarto!

– E posso saber desde quando você manda em...

– SEJA QUEM FOR O PESTE EU VOU ENCONTRAR, E VAI SE ARREPENDER!


Draco, sem pensar duas vezes, puxou Hermione pela mão para mais uma corrida incansável. Ele podia sentir pela mão dela o quanto ela tremia, mas ele não sabia se era de frio ou de medo. Detenção, essa era uma palavra que Hermione simplesmente abominava, e estar prestes a tomar uma lhe tirava do sério. E foi em um choque súbito, que Hermione se sentiu empurrada para dentro do primeiro compartimento que apareceu na visão de Draco, e então, em um movimento repentino, o que ela sabia era que havia batido a cabeça na parede oposta à porta em que haviam entrado, com Draco por cima dela, cobrindo a sua boca.

Ela tirou a mão de Draco dos seus lábios, com as suas próprias ainda tremendo. Ela não gritaria nem que aquilo fosse o último recurso, estava chocada de mais para qualquer reação. O coração de Draco parecia que ia explodir a qualquer momento, ela sentia batendo furiosamente contra o dela, e sabia que o seu deveria estar da mesma forma. Eles dois puxavam ar em um movimento que parecia até sincronizado, com o rosto a centímetros de distância.

A cabeça de Hermione doía, mas nem aquilo a incomodava tanto naquele momento. Eles estavam dentro de um armário de vassouras minúsculo, ela tinha que flexionar as pernas para caber dentro dele, a pequena janela no topo da parede deixava a pouca claridade entrar, ficando distinguível somente o brilho dos olhos, e Draco em cima de si não ajudava muito na tarefa de capturar o ar praticamente inexistente.


– Eu estou te machucando aqui em cima de você? – Draco perguntou suavemente, e ela pôde ver divertimento dançando em seus olhos.

– Imagina, Draco! Você é leve feito uma pluma. – ela ironizou, mas o loiro apenas havia se erguido de cima dela, apoiando o peso do corpo nos dois braços em volta dela.

– Humm... Situação interessante essa, não? – sua boca estava próxima a dela, e Hermione simplesmente não conseguia falar nada – Outra vez em um Armário de Vassouras... – Draco aproximou mais as lábios de Hermione, mas foi em um susto que viu que ela havia se encolhido e o afastava empurrando-o pelo peito.

– Isso é errado, Draco, você sabe... – Draco ainda a olhava de forma divertida.

– Talvez eu tenha uma queda por coisas erradas... – mais uma vez Hermione o afastou.

– Eu acho que o melhor... Err... O certo seria pensarmos sobre isso... – dessa vez Draco estava sério, e Hermione pôde ver que o divertimento dos olhos dele havia sumido.


Draco rapidamente saiu de cima de Hermione, indo se sentar no chão, com as costas grudadas na parede. Ela sentiu de repente que tudo havia ficado novamente frio, não havia nem percebido que, há segundos, se sentia aquecida, aquecida pelo corpo dele. Ela se sentou na parede oposta a ele, encolhendo as pernas para evitar tocar nas pernas dele devido ao tamanho do compartimento, mas se surpreendeu ao se pegar em pensamentos não interrompendo o beijo que iria acontecer.


– Desculpe. – ela murmurou, meio que forçado, recebendo os olhos cinza frios de volta.

– Não precisa se desculpar. – ele respondeu friamente – Se estiver a fim de pensar racionalmente sobre isso, pode pensar, eu não me importo.


Hermione abraçou os joelhos para tentar manter-se mais afastada do frio. Ela desviou os olhos dos de Draco e os fixou na janela minúscula que estava no topo da parede, os fechando logo em seguida para ver se o tempo passava mais rápido. De repente se viu em pensamentos indo até Draco, ele olhava desconfiado para ela, mas ela não parava. Se viu passando cada perna ao redor do corpo dele, se mantendo em pé pelos joelhos, apoiando as mãos sobre os ombros dele e encarando sem desvio os olhos azuis. Ela viu Draco repousando as mãos na cintura dela e a puxando para sentar no colo dele, fazendo os joelhos dela flexionarem, e um arrepio incessante percorrer as costas. Hermione se imaginou escorregando uma das mãos que estava no ombro de Draco, para a nuca dele...


– Ainda está a fim de pensar racionalmente? – foi com horror que Hermione havia percebido que nada daquilo havia sido imaginação. Ela olhou chocada para Draco, como se buscasse uma resposta que explicasse como ela poderia ter ido parar no colo dele, com uma mão no ombro e outra na nuca de Draco.

– Co-Como isso... O qu-que eu fiz... – ele levou os dedos aos lábios dela, fazendo-a calar-se, olhando com atenção a respiração dela. Hermione pousou uma das mãos sobre a de Draco, retirando-a com delicadeza dos seus lábios – Eu não sei o que estou fazendo, não entendo...

– Quer que eu te explique?


Hermione o viu sorrindo, mas já não conseguia mais tentar entender o que havia acontecido. Ela se inclinou um pouco mais e beijou de leve os lábios de Draco. Ele sentiu que ela havia se afastado, e abriu os olhos para tentar vê-la no breu. Era difícil ver a expressão dela, ou tentar decifrar o que passava pela mente de Hermione através do olhar, ele desejava ardentemente que estivesse menos escuro para tentar entender o que poderia estar passando pelos milhões de pensamentos que ele sabia que rondavam a cabeça dela, mas o seu desejo não foi possível continuar porque novamente Hermione beijou os lábios dele, e ele a apertou mais contra o próprio corpo para que, dessa vez, ela não fugisse.

Foi como se uma onda elétrica estivesse passando pelo beijo, carregando junto sensações que eles nunca haviam experimentado. Eles já haviam se beijado antes, mas nunca havia sido dessa forma, calma e lentamente, como se quisessem utilizar todos os recursos a disposição, todos os minutos, os segundos, os milésimos de segundos... dispostos a usar todo e qualquer tempo para descobrir mais do outro, dos lábios do outro. Nunca essas emoções haviam estado tão à flor da pele, sem desculpas, sem máscaras... Não havia qualquer outra razão que justificasse aquele beijo senão o desejo dos dois para que ele se realizasse... Sem alunos por perto, sem raiva, sem álcool no sangue, ou qualquer outro motivo que fosse capaz de justificar um momento de descontrole ou de vontade inexistente. Hermione não conseguia negar para si mesma que ansiava por isso há algum tempo, se perguntando como foi possível estar tão perto dele outras vezes e se controlar para não transformar em realidade o desejo de sentir os lábios de Draco novamente. Beijar Draco era diferente de todos os beijos que ela já havia provado antes, mesmo tendo beijado só outros dois garotos antes dele, algo que, ela sabia, não significava ser experiente nesse sentido. Mas beijá-lo era algo agradável, extasiante, divertido... E várias outras sensações juntas que ela não era capaz de explicar, apenas de sentir.

Draco levantou a boca da dela, e Hermione se sentiu de repente perdida, desorientada. Mas ele apenas havia movido os lábios para o pescoço dela, região essa que ele já sabia que era extremamente sensível ao toque dele. Hermione não sabia exatamente o que Draco fazia com ela, só sabia que, àquela altura, seus ossos já haviam virado ferro fundido, sua pele já havia dissolvido, e todo e qualquer toque dele deixava até o último fio de cabelo em pé. Ele moveu os lábios para a região abaixo da orelha, e para ela os ossos do corpo já haviam virado pó. A língua de Draco fez algo muito interessante na orelha da Castanha, que ela achou que não conseguiria mais respirar, parecia que o oxigênio havia sumido de vez do armário, e ela arfava como se aquilo pudesse lhe deixar consciente, mas, de alguma forma, Hermione já sabia que não havia mais consciência naquele momento, apenas sensações e desejo.


– Acho que hoje eu já posso comprovar... – ele falou de forma rouca, ao pé do ouvido dela, mordiscando de leve o lóbulo da orelha para senti-la se contorcer de encontro ao corpo dele – Fazer isso em um Armário de Vassouras é realmente excitante.


Ela o sentiu rindo perto do ouvido dela, contra o pescoço dela. Ela queria rir também, queria falar algo, qualquer coisa que a tirasse daquele estágio beta em que estava, mas sabia que gaguejaria se tentasse falar. Ele novamente beijou os lábios dela, dessa vez de forma feroz, como se estivesse desejoso por senti-la mais, tendo a sensação de que a cada beijo que trocavam a vontade de trocar outros e mais outros só aumentava. Hermione não conseguia mais respirar, mas isso não importava; ela também já sentia os joelhos dormentes e doloridos pelo tempo que eles estavam flexionados, mas isso também não importava; ela podia jurar que ficaria com hematomas pelo abraço apertado de Draco ao redor da cintura, podia jurar que o maxilar ficaria dolorido depois de tudo aquilo... Mas o que importava naquele momento era só a respiração dele em sincronia com a dela, era o corpo dele colado no dela, a boca dele na dela. Nada mais importava a não ser o coração dele batendo em desespero de encontro ao dela. Ela nunca havia sentido o coração dele daquele jeito, e era como se ela escutasse cada batida, fazendo com que o dela se desesperasse também. Ela nem imaginava mais que ainda tivesse coração, achava que já havia parado há muito tempo e tudo aquilo que acontecia com ela era algum tipo de paraíso ou recompensa divina.

Draco subiu as mãos por baixo da blusa de Hermione, pela coluna dela, pensando por alguns instantes se não machucaria a pele macia dela. Hermione soltou os lábios dele para tomar ar, o assustando. Qualquer receio de que ela não havia gostado desapareceu no instante que Hermione desamarrou a capa de Draco e a fez escorregar pelos ombros dele. Os olhos deles já haviam acostumado com a escuridão, mas ele ainda só podia ver vagamente a expressão dela. Hermione deslizou as mãos por cima da blusa de Draco, retirando-a de dentro da calça dele. Ele olhou desconfiado para ela, e o que ele encontrou foi um tipo de sorriso mal intencionado, algo que nunca havia visto no rosto de Hermione, mas aquilo o fez sentir-se melhor. Um sorriso escapou pelo canto dos lábios de Draco enquanto as mãos dele desciam para a perna dela, o que fez o sorriso de Hermione desaparecer, e dar a impressão de que nunca havia aparecido antes. Ela sentia as mãos dele percorrer pelas coxas e, se possível, trazê-la mais para perto dele, e finalizar qualquer espaço que pudesse ainda haver entre eles, por mais que aquilo fosse humanamente impossível. Para Hermione já não havia mais frio, apenas o calor do corpo de Draco para aquecê-la. Ela conseguia sentir cada músculo tenso dele lhe apertando, conseguia sentir com clareza a excitação do corpo dele, o que lhe deixou absurdamente corada; o sangue flamejante de Draco emanava um calor quase absurdo para o corpo dela, algo que ela achava impossível de acontecer.

Mais uma vez ela sentiu que ele subia uma das mãos por baixo do suéter que ela usava, o que tirou de vez qualquer tentativa que ela ainda tinha de pensar de forma racional sobe tudo aquilo. Foi impossível para Hermione reprimir um gemido leve quando ele apertou com a outra mão a coxa dela. Aquilo parecia de alguma forma tê-lo estimulado mais, ele não conseguia mais simplesmente parar de acariciá-la, essa atitude para ele parecia algo muito errado. Ela fechou os olhos e começou a tatear levemente o tecido da camisa de Draco, abrindo com nervosismo os botões. Ele não a ajudava, e aquilo, para ela, parecia uma grande maldade. Era como se ele se divertisse com o nervosismo dela, como se quisesse brincar com todas as sensações que tomavam conta dela naquele momento. Draco levou as duas mãos até os botões da blusa de Hermione, de forma calma, interrompendo imediatamente a tarefa impossível dela de abrir os botões da camisa dele. Ela segurou imediatamente sobre as mãos dele, como se um lapso de consciência houvesse decido naquele momento sobre ela, mas as mãos dela tremiam tanto que ela se achava incapaz de parar qualquer coisa.


– Eu te disse que não gosto desse suéter... – ele falou de forma incrivelmente divertida, desabotoando o quarto botão.


Ela não conseguia falar, e aquilo já não era mais engraçado na opinião dela, mas, de alguma forma, ela agradeceu quando ele parou no quinto botão, não deixando à mostra algo que lhe causaria uma crise vergonhosa quando caísse em si. Lentamente Hermione podia sentir que ele distribuía beijos no seu colo, e qualquer outro gemido já não podia mais ser reprimido, era como se aquela fosse uma tarefa que exigisse uma força sobre humana, algo que, ela sabia, não existia dentro dela naquele instante. Ela se viu puxando Draco pela gola da camisa, sentindo o corpo dele pulsar de encontro ao dela, abrindo, em um impulso chocante, a camisa dele, fazendo alguns botões voarem com violência no chão frio. Draco subiu os beijos novamente para o pescoço dela, beijando-o de forma tensa, subindo mais os beijos até a orelha, murmurando incessantemente o nome dela, Hermione... sentindo que o coração sairia pela boca a qualquer instante se ela não parasse de fazer carinhos no tórax dele, se ela não parasse de arranhar as costas dele, de bagunçar os fios loiros e macios, tão finos que escorregavam pelas mãos dela... Era uma sensação que ele nunca sentira com garota nenhuma, mesmo indo bem mais longe do que isso. Draco sabia perfeitamente que até o sorriso de Hermione fazia o coração dele acelerar, dar a impressão de querer sair pela boca quando ela segurava de forma inocente nas mãos dele, arrumando o cabelo de um jeito sexy que nem ela mesma era capaz de perceber que causava isso nele, um nó de emoções que ele nunca julgara um dia sentir com ela.

Ele voltou a beijar o colo dela, sentindo que ela arqueava as costas, como se pedisse para que ele não parasse. A excitação dele era algo absolutamente notável, incapaz de sumir se ela continuasse arranhando a nuca dele, mordendo o lábio inferior para tentar impedir inutilmente que todo e qualquer gemido escapasse dos lábios dela, excitação e êxtase correndo através das veias dela, mandando as mais diversas sensações para o restante do corpo. Hermione sabia que só Draco era capaz disso, de fazê-la sentir vários sentimentos de uma vez só. Desejo, raiva, segurança, proteção, excitação, e todo e qualquer outro sentimento que ela não era capaz de denominar. Ao mesmo tempo em que sentia um ódio terrível dele, era como se aquilo fosse somente a ação de um elástico invisível que a fazia retornar para ele, querer a companhia dele, algo que não conseguia admitir em voz alta, mas era absolutamente reconfortante. Pensar, essa era uma palavra totalmente descartada do livro que regia os movimentos da grifinória naquele instante. Draco também era capaz disso, de fazer com que um toque dele afastasse os pensamentos dela, deixando-a impossibilitada a formular teorias ou qualquer outra idéia racional, deixando-a vulnerável a todas as sensações que ele provocava, incapacitando-a de discernir o certo e o errado. Na verdade, para Hermione, tudo era certo naquele momento, qualquer toque, qualquer beijo, qualquer desejo ou sentimento... tudo parecia fazer parte de um plano absolutamente real, que já deveria ter acontecido há tempos, revelando sentimentos que só vieram à tona com uma convivência forçada, de vez em quando amigável, fazendo cada um descobrir mais sobre o outro, coisas que talvez desejassem não terem descoberto nunca, fazendo o mundo de tradições e preconceitos que Draco vivia, ou a vida lógica e regrada de Hermione, ruir sem piedade, mostrando erro em todos os sentimentos calculados que cada um já havia sentido.

Draco voltou a beijar os lábios de Hermione, de forma dura e desesperada, aflito por algo que ele nem ao menos sabia o que era, só sentia, apenas isso. Era como se a língua dela passeando pela boca dele, lhe desse uma súbita sensação de conforto, de alívio, e de recompensa. Recompensa essa pelas quase duas semanas que ele passara apenas pensando nela, tentando a todo custo camuflar o ciúme mais que culminante, de quando a via com Richard ou com os amigos grifinórios, se sentindo um perfeito idiota por se desapontar em saber que nem todos os sorrisos dela seriam para ele. Sabia que aquilo era ridículo, mas era como se a convivência repentina com ela, como se a inocência e sinceridade que ela demonstrava a todo o momento, como se algo mais que havia nela que nem ele mesmo sabia dizer, lhe causasse dependência. Era como se não ter o divertimento dela, ou os gritos e xingamentos, ou os sorrisos e os momentos de descontração, lhe tirassem o pouquinho do mundo que ele havia construído durante essas semanas em que ela fazia parte, tomando um espaço não planejado em nenhum momento por ele, lhe causando a sensação de que, quando as quatro semanas acabassem, esse mundo todo que ele havia construído cairia em ruínas, não lhe deixando nenhum pedacinho, talvez somente lembranças.

Ele separou os lábios dos dela, e Hermione sentiu como se estivesse sido injustamente tirada do céu, sem que ao menos lhe perguntassem se ela se sentiria perdida com isso. Draco pousou as duas mãos no rosto de Hermione, querendo que ela o encarasse, que ela abrisse os olhos e visse o que os olhos dele passavam naquele momento. Mas ela não queria abri-los, com medo de que tudo se dissolvesse, evaporasse... com medo de abrir os olhos e descobrir que tudo havia sido um sonho, povoado de sensações surreais e improváveis de se sentir com a pessoa que por anos lhe causou sentimentos contrários, com medo de estragar tudo se apenas abrisse os olhos...


– Abre os olhos pra mim. – ele falou docemente, de forma que nem mesmo ele esperava falar. Ela abriu os olhos meio que contrariada, mordendo o lábio inferior para tentar controlar a respiração e evitar que o ignorasse e o beijasse novamente, tentar sentir novamente a sensação de estar preenchida quando ele lhe beijava – Eu só queria que houvesse mais luz...

– Mais luz? – foram as únicas duas palavras que ela fora capaz de pronunciar, lhe deixando extremamente aliviada por não ter gaguejado.

– É. Mais luz. – ele respondeu, acariciando o rosto dela com as duas mãos – Mais luz para poder ver com clareza o seu rosto, e para ver novamente o quanto você é linda.


Aquilo saiu sem que ele ao menos pensasse, mas não se arrependia. Era como se ao dizer aquilo, confirmasse algo que ele tanto gostava de negar, para ela e para si mesmo, o quanto a beleza dela o perturbava. Hermione não era o tipo de garota que se enfeitava de mais para chamar atenção, pelo contrário, a simplicidade dela o atraía mais que qualquer outra coisa, e a deixava sensual sem que ela ao menos percebesse que fazia isso. Era certo que na festa de Blaise, a roupa que ela usara era algo que ele nunca esqueceria, terrivelmente sexy e fatal para ele, mas sabia que ela não precisava daquilo. Era só ela sorrir e pronto, tudo parecia virar mágico, era como se ela tivesse o mundo nas mãos. A timidez dela era só um detalhe que o atraía ainda mais, como se existisse entre eles um campo magnético, algo que fugia de qualquer explicação sólida, talvez apenas teórica e com fundamentos incompreensíveis.

Hermione esticou uma das mãos e pôs sobre a bochecha de Draco, acariciando-a com o polegar. Era de extrema importância que fizesse isso naquele momento, tentando demonstrar uma gratidão por ele tirá-la, sem que ela ao menos percebesse, do mundo regrado em que ela vivia, em que até o coração sofria dessa regras em que impunha.


– Sabe o que minha mãe me disse uma vez? – ela perguntou, ainda acariciando a bochecha do loiro – Que quando nós encontramos a pessoa certa, nós vemos uma luz... – Draco sorriu levemente.

– E você acreditou nisso? – ele perguntou, tirando as duas mãos do rosto dela, e deslizando até a nuca dela.

– Na verdade, não... – ela sorriu também – Eu nunca vi essa luz antes... Eu só tinha treze anos, e acho que ela me falou aquilo porque ela via o que estava passando comigo naquela época...

– Com o Potter? – ele perguntou, acariciando a nuca dela, vendo-a assentir.

– Acho que ela queria que eu esperasse mais, pra saber se era mesmo do Harry que eu gostava...

– E você ainda gosta dele? – uma ponta de nervosismo apareceu na voz de Draco, fazendo Hermione sorrir suavemente.


Em resposta, ela aproximou novamente o rosto do dele, para encontrar os lábios finos de Draco. Foi quando havia percebido um jato de luz cortar a escuridão, incomodando os olhos por alguns instantes. Hermione e Draco se entreolharam, ainda absortos pelos últimos acontecimentos, mas cada um se perguntando se o outro estava vendo aquela luz.


– Está vendo essa luz? – ela perguntou intrigada, vendo os olhos dele brilharem – O que acha que é isso?

– Algum tipo de alarme ou de alerta divino? – ele brincou, puxando a nuca dela para mais perto dele, mas ela virou para a porta, e foi com terror estampado no rosto que ela viu Filch estendendo um lampião na direção deles dois...


Continua...


N/A: Olá! Gente, em primeiro lugar, essas são só as primeiras 14 páginas do capítulo. Elas estão prontas desde a quarta-feira, mas eu não estou com cabeça para terminar o capítulo agora. O meu pai está novamente internado, e eu não estou conseguindo me concentrar em nada. Então, peço desculpas por isso, e como parte das desculpas eu estou colocando a parte que já está pronta do capítulo. Eu vou ficar ausente do FeB pelo menos por essa e pela outra semana, até que tudo esteja bem aqui em casa. Eu estou muito preocupada, e não está dando para me concentrar em mais nada.

Agradeço a todos desde já, com minhas sinceras desculpas novamente, e prometo responder a todos os coments assim que eu postar o restante do capítulo. Aviso desde já que essá parte está sem nenhuma revisão, porque não deu tempo! :(

Eu peço muito a compreensão de vocês, e obrigada a todos os comentários! Bjus!

Srta. Granger Malfoy

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