Do Que As Garotas Gostam



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14 Do Que As Garotas Gostam



Hermione,
Eu estou querendo conversar com você. Daqui a pouco começa o horário de monitoria, e estive pensando se não queria encontrar-me agora, nos jardins da Escola. Venha rápido!
Do seu amado namorado,
Draco Malfoy


Hermione,
Já se passou meia hora e nada de você aparecer. Preciso falar com você urgente. E não ache que quero te pedir desculpas porque isso não passou em minha cabeça por nenhum momento! NENHUM!
Do seu precioso e rico namorado,
Draco Malfoy


Cara Hermione Granger,
EU JÁ ESTOU PERDENDO A PACIÊNCIA! SABE QUANTO TEMPO JÁ PASSOU? QUARENTA MINUTOS!! SIM, QUARENTA! E ISSO NÃO É UMA CARTA, É APENAS UM BILHETE! SE NEM PRA MINHA MÃE EU ESCREVO UMA, QUEM DIRÁ PRA VOCÊ!
Do seu lindo namorado,
Draco Malfoy


Ok, Granger! Se quiser que eu considere isso aqui uma carta, eu considero. MAS QUER FAZER O FAVOR DE VIR LOGO?
Do seu inteligente e esperto namorado,
Draco Malfoy


Olha aqui, sua grifinória maluca, eu estou congelando por sua causa, então tenha pelo menos uma merda de consideração e sai da porcaria desse quarto, que eu sei que está aí.
Do seu charmoso namorado,
Draco Malfoy


Já se passou uma hora e meia, e nada dessa sua presença ridícula por aqui! Você não vem? Eu não vou ficar esperando pra sempre!
Do seu namorado impaciente, e mesmo assim gostoso,
Draco Malfoy


Caramba, Hermione, eu estou te esperando aqui já não sei nem mais quanto tempo! Olha, esse vai ser o último bilhete que eu vou mandar! E, se você não aparecer, eu vou entrar no Lago só pra ver se a Lula Gigante está com fome, e vou te fazer se sentir culpada pelo resto dos seus inúteis anos de vida se eu não voltar de lá vivo! Estou te avisando!
Do seu perfeito namorado,
Draco Malfoy


No outro bilhete eu quis escrever penúltimo, viu? PENÚLTIMO!! E esse aqui vai ser o último, e não se fala mais nisso! Se não vier, não mando mais bilhetes e também não ache que eu vou te implorar!
Do seu irritado namorado,
Draco Malfoy


Estou te esperando, sua garota lerda! E esse sim vai ser o ÚLTIMO bilhete, e isso é uma promessa!
Do seu idolatrado namorado,
Draco Malfoy


Esse já é o terceiro último bilhete que eu te mando, e eu já nem tenho mais pergaminho para escrever! O próximo vai em uma folha de papel higiênico que eu vou pegar no banheiro da Murta. E não se irrite se ele já estiver usado. Huahuahuahuahuahua!!
Do seu imponente namorado,
Draco Malfoy



– Cínico! – Hermione resmungou ao terminar de ler o último bilhete de Draco, amassando-o e jogando logo em seguida na lata do lixo.


Hermione sentou na beira da sua cama, com o olhar perdido no cesto de lixo já lotado de bilhetes amassados de Draco. Já passava das 8 da noite, e ela lembrava que teria que patrulhar o Castelo, para cumprir o seu horário da monitoria. Mas, só de lembrar com quem ela teria de fazer isso, a vontade de trocar de roupa e pôr o uniforme não vinha. Ela não havia visto Draco durante todo o restante do dia, ele deveria estar comemorando a vitória com os babacas da Sonserina, ela imaginou. Mas, na verdade, não fazia questão alguma de vê-lo. Aproveitou que as aulas da sexta-feira haviam sido todas canceladas em decorrência do jogo e passou a tarde toda no Salão Comunal da Grifinória, como há muito não fazia, querendo esquecer as bobagens que Draco havia falado, e, na verdade, querendo esquecer o próprio Draco.

A Castanha levantou rapidamente da cama, para fechar a janela por onde passava uma fria corrente de ar, mas a sua tentativa fora frustrada pela entrada rasante de uma coruja, de pelagem escura e linhagem rara, que, pela décima primeira vez, trazia um pequeno bilhete enrolado na pata.


Olha aqui, ex-cabelo de vassoura ambulante, eu estou morrendo de frio, e TUDO POR SUA CULPA! Então, vê se exercita esse lado bondoso de grifinória e faça logo o favor de vir aqui, PORQUE EU NÃO TROUXE UMA MALDITA CAPA!
Do seu friorento namorado, e mesmo assim sexy,
Draco Malfoy



– Que morra de frio! – ela exclamou em tom maquiavélico.


Hermione amassou o bilhete e jogou-o na lata de lixo, junto com os outros. A coruja de Draco pousou sobre a escrivaninha de Hermione, bicando a comida de Bichento. Certamente, depois de toda essa maratona que Draco a estava obrigando a seguir, ela não agüentaria mais um vôo de volta.


– E se ele estiver mesmo com frio? – Hermione perguntou a si mesma, mas rapidamente meneou a cabeça, tomando um ar superior – Dane-se! É o mínimo que ele merece!


Bichento veio se enroscar na perna de Hermione, ronronando em tom manhoso, e incomodado com a coruja estranha que estava no seu quarto. Hermione pegou-o no colo, fazendo carinho no pêlo alaranjado dele, e mimando-o para animá-lo depois de ele ter praticamente recebido ordem de “despejo” do Salão Comunal da Grifinória, pelos sapatos destruídos de Rony, por ter feito as suas “necessidades” na cama de Simas e ter arrancado um pedaço do precioso batom de Romilda Vance que, segundo ela, custou caríssimo.

A coruja de Draco levantou vôo novamente, depois de ter praticamente devorado a comida de Bichento. “Ele deve matar essa coruja de fome!” Ela pensou, ao ver o prato do seu gatinho quase limpo. A grifinória aproveitou e correu para fechar a janela, mas não teve tempo novamente para isso. Desta vez uma coruja que ela não conhecia, e acreditava ser de Hogwarts, entrou por ela com um pedaço de pergaminho amarrado na pata, que ela tinha certeza já saber muito bem de quem era.


Matou a minha coruja aí por acaso? Se ela demorar a voltar eu vou te denunciar para Sociedade Protetora dos Animais! Fique avisada!
E eu não vou mais escrever de quem é porque você já sabe muito bem. Só quero que lembre que amanhã o seu nome vai ser citado na parte policial do Profeta Diário como a responsável pela morte de um jovem loiro dono de um futuro promissor, e pelo assassinato à sangue frio da coruja dele só porque esse lindo rapaz não quis corresponder às suas investidas amorosas! Lembre-se disso!



A coruja voou rapidamente após Hermione desamarrar o bilhete que ela trazia, passando pela janela ainda aberta. A Castanha releu o bilhete, e dessa vez ela não o amassou e deu-lhe o mesmo destino dos outros, apenas se apressou a fechar a janela antes que outra coruja entrasse lá sem aviso, e antes que pudesse acabar pegando um resfriando devido ao vento frio... frio...


– “Está frio...” – ela pensou após fechar a janela, olhando ligeiramente para o bilhete de Draco – “E se ele ficar resfriado?” – ela sacudiu a cabeça, em desaprovação pela sua repentina preocupação – “Culpa dele! Eu não mandei que ficasse no frio... Será se ele não vai mesmo sair de lá? Ele pode acabar ficando gripado mesmo. E, bem, eu não estou preocupada com ele, só que... que... ele vai perder aula! Isso, AULA! E eu iria odiar faltar aula, então acho que ele também iria odiar faltar aula... ou talvez não... Ok, ok! Eu vou lá! Mas só vou porque não quero que depois ele me culpe por um resfriado!”


Hermione já ia atravessando a porta, mas voltou, decidida a ensaiar algo bem grosseiro para dizer a ele quando, certamente, ele começasse as costumeiras provocações, afirmando que sabia que ela não deixaria de ir lá. Ela caminhou até o banheiro, e, se apoiando na pia, começou a se encarar no seu espelho com a careta mais ameaçadora de que era capaz de fazer.


– Não pense, Doninha Oxigenada, que eu vim aqui porque estava com pena! Só vim pra conferir se já estava morto mesmo! Ainda não morreu? Sério? Então pode deixar que eu te faço esse favor, porque eu simplesmente não agüento mais olhar essa sua cara nojenta que me faz ter ânsias de vômito, essa sua tinta de farmácia que me dá náuseas, a sua simples e irritante presença nesse mundo, que causa todas as desgraças possíveis! Então, faça um favor pra humanidade e MORRA! – Hermione respirou fundo, e mirou o seu reflexo no espelho – Será se isso foi assustador?


Hermione sorriu satisfeita consigo mesma, e encaminhou-se até a porta de seu quarto para, finalmente, ir até Draco, mas já preparada para as ironias que provavelmente escutaria dele, e munida de suas próprias, para jogar na cara dele tudo que estava entalado durante todo o dia.








Ela demorou pelo menos uns 15 minutos para conseguir sair do Castelo, sem ser notada por Filch, e atingir os jardins de Hogwarts. O vento frio a fez arrepender-se mortalmente por não ter levado um casaco, já que esperava somente gritar “verdades” na cara de Draco e voltar para o aconchego e calor do seu quarto.

E foi quando chegou perto do Lago que, mesmo pela fraca iluminação da Lua, ela viu Draco: em pé e parado, de costas para ela, conseguindo até assim, de uma forma irritante, manter a sua pose imponente e inatingível que sempre tentava demonstrar. Ela suspendeu a respiração ao se aproximar um pouco mais, não querendo que ele a percebesse ainda e decidindo se prosseguiria ou se voltaria para o seu quarto. Mas já era tarde... Não conseguia simplesmente mudar a sua atenção, que estava focada nele, e transferi-la para outro lugar. O vento bagunçava o cabelo dele de uma forma até engraçada para ela, e, ainda assim, continuava bonito o filho da mãe... Era simplesmente revoltante o jeito de ele olhar para a Lua, como se mantesse um segredo com ela, e conseguindo adquirir instantaneamente aquela aparência misteriosa que tanto a indignava, com um porte quase principesco, mas somente quase... Já era terrível de mais admitir que ele tivesse charme, ainda mais admitir que ele pudesse ao menos chegar perto dos príncipes dos sonhos dela; e a capa preta que ele usava, ondulando com o vento de uma forma gloriosa, só piorava os seus pensamentos. “Burra!”, foi o que ela conseguiu pensar ao lembrar que chegara a acreditar que ele realmente não havia levado uma capa e estaria encolhido de frio à uma hora dessas...


– Demorou muito! – Draco falou ainda de costas para Hermione, o que a fez quase dar um grito de susto. Mas ela se controlou, e tentou se focar em tudo que havia treinado na frente do espelho, mas logo desistiu de dizer. Tinha certeza de que se alguém falasse aquilo para ela lhe faria chorar, mas ele... Era bem provável que ele apenas bocejasse.

– Como sabe que sou eu? – ela perguntou rispidamente, se aproximando dele.

– É simples, eu conheço o seu perfume! – ele disse ainda sem olhá-la, e respondendo como se aquilo fosse óbvio.

– Mas eu não estou usando perfume! – ele ficou um pouco sem graça, mas sorriu para não perder a oportunidade.

– Então é o cheiro da sua pele...

– É melhor parar por aí, Malfoy! – e ela fez questão de frisar o sobrenome do garoto, estando disposta a continuar chamando-o assim até a sua raiva passar – Se a sua intenção era me pedir desculpas essa foi uma péssima forma de começar! – Draco girou os olhos, irritado.

– Você é um saco mesmo, não é? Eu estou tentando ser agradável e você estraga tudo... – ele finalmente havia virado para Hermione, e ela pôde notar, com certo temor, que ele segurava uma vassoura não mão esquerda. Mas não notava que o sonserino estava simplesmente perdido nela, permitindo-se admirar a blusa branca que ela usava, com mangas curtas e algumas rendas, combinada com uma saia simples, e mesmo assim bonita, que havia lhe caído como uma luva. Ele balançou a cabeça em um gesto brusco, e, se não estivesse tão escuro, Hermione perceberia o quão desconcertado ele havia ficado – Eu não pensei que fosse se arrumar tanto assim pra me encontrar. – desconcertado sim, mas não perdia a piada.

– Eu só me arrumaria muito pra te encontrar no seu funeral, Malfoy! E nesse sim, eu iria com vestido de gala! – ele sorriu, e isso, para ela, era pior do que um Crucio – E o que você pretende com isso? – ela apontou para a vassoura, temendo o que lhe esperava – Certamente não está querendo ser agradável!

– Com isso o quê? – ele perguntou, se fingindo de inocente. Hermione apenas olhou para a mão que ele segurava a vassoura, e, pela raiva que ela lhe direcionava, ele podia ter certeza que se os olhos dela fossem punhais ele já estaria morto e enterrado há tempos – Ah, claro! Você está falando da vassoura, não é?

– Não, Malfoy! Eu estou falando do hipogrifo que está logo atrás de você! Aquele mesmo que teve a infeliz má sorte de não conseguir te matar no terceiro ano! – ela sorriu de forma sarcástica, e Draco apenas cerrou os punhos. Achava que aquela história já estava morta e enterrada.

– Nossa, Mione – ele enfatizara bem o apelido dela, sabendo que a irritaria mais – você tem um senso de humor tão cativante! É uma pena que não tenhamos muito tempo agora para você contar mais piadas.

– Tempo? – ela perguntou, intrigada – Por acaso vai à algum lugar?

– Eu não vou a lugar algum! – ele respondeu de forma inofensiva – Nós vamos!

– Você está de brincadeira, não é? – a voz dela tremeu um pouco ao vê-lo se preparando para subir na vassoura – Bebeu alguma coisa antes de vir pra cá?

– Não, Mioninha, – ele pôde ver que ela bufara – estou completamente sóbrio. Se é que se pode dizer que beber três garrafas de cerveja amanteigada e mais uma de firewhisky seja estar sóbrio. – ele falou, com uma seriedade quase absurda que fez Hermione desconfiar seriamente se ele estava mentindo – Agora sobe logo nessa vassoura aqui antes que eu perca a minha paciência. E não esqueça: bêbados nunca podem ser contrariados!

– Nem morta eu subo nessa vassoura! – ela apontou o dedo ameaçadoramente para o loiro – Ainda mais com você assim, nesse estado.

– Chega de besteiras, Hermione! O máximo que pode acontecer é a gente bater em uma árvore! – ele deu de ombros.

– E eu que vim aqui porque pensei que queria me pedir desculpas! – ele sorriu ironicamente – E o que você quer é me matar? – Draco respirou pesadamente.

– Olha, o horário de monitoria já está acabando, o que nos dá exatamente... – Draco consultou o seu relógio de pulso, que Hermione apostava que valia os mesmos galeões que uma casa – Humm, somente meia hora! Não vai ser tempo suficiente se você não parar de frescura. – ele estendeu a mão para ela, que esquivou.

– Eu já te falei, Malfoy! Eu NÃO vou cometer esse suicídio só pra livrar o peso da sua consciência! – ele se aproximou dela, e ela recuou, o que estava começando a irritá-lo – E se você se aproximar mais alguns centímetros de mim, juro que grito!

– Se você gritar vai ser pior pra você! – ele disse, de forma ameaçadora – Porque eu vou te amarrar àquela vassoura e você vai voar sozinha. – ele se aproximou novamente dela, e Hermione recuou novamente.

– Não se aproxime, Malfoy! Se fizer isso eu vou correr e gritar pelo Filch.

– Você não faria isso... – mas ele não terminou de falar. Hermione já estava correndo feito louca pelos jardins – Não me faça correr atrás de você, Hermione! Eu sou capaz de cumprir a minha ameaça.


Mas Hermione não dava ouvidos ao que ele falava, apenas se preocupava em correr o mais rápido que as suas pernas e o vento frio permitissem. Draco vinha logo atrás, ela podia ouvir com aflição os passos dele de encontro à grama fofa, se aproximando com uma rapidez que, para ela, era completamente desesperadora. Será se ele sabia que ela tinha fobia à altura? “Mas ele não está preocupado com isso, Hermione! Ele quer é te matar, isso sim!


– Eu te avisei, Hermione! Eu vou cumprir a minha ameaça assim que pôr as mãos em você!


Merda! Ele estava perto! Ela jurava que podia até sentir o hálito quente dele logo atrás de si, o que fez o seu coração acelerar os batimentos. Ela já não agüentava mais, e sabia que Draco era bem capaz de alcançá-la, mas parecia que ele fazia aquilo para torturá-la, fazendo-a andar em círculos pelo jardim, até cansar de uma vez.


– Te dou mais 20 segundos para continuar o seu Cooper!


Certo, agora ela não agüentava mais, e o jeito divertido como ele havia falado só piorava as coisas. Hermione desabou no chão, sentindo as suas pernas cederem ao cansaço. A freqüência da sua respiração aumentou de forma desproporcional, e parecia que o oxigênio não chegava ao seu cérebro, deixando-o capaz de simplesmente registrar uma coisa: estava completamente ferrada!


– Granger, Granger... – ele olhou novamente para o relógio, e depois de volta para ela, com uma expressão decepcionada – Agora eu vejo o quão otimista eu fui. Você se entregou em 10 segundos. – ele suspirou, se agachando para ficar da altura dela – Nossa, e eu achando que 20 ainda era pouco.

– Vai... à merda... Malfoy! – ela disse com dificuldade, enquanto continuava no chão, sentada sobre os joelhos dobrados e o tronco curvado, como se assim conseguisse captar mais ar.

– Tsc, tsc, tsc... Está tão perto de morrer, mas, ainda assim, não tem bons modos. – ele balançou a cabeça, de forma inocente – Estou decepcionado, Mioninha.

– O que você quer? – ela perguntou, se irritando com a forma serena que ele lhe mirava – Eu sei que está tentando me matar, Malfoy! E, se for mesmo fazer isso, faça logo! – ele riu.

– Deixa de ser tola, Hermione, eu não quero te matar... – ela deixou um suspiro quase aliviado escapar – Não agora, pelo menos. – Draco pôde ver com satisfação que Hermione arregalara os olhos – Antes de fazer isso eu quero me divertir um pouco, e te torturar faz parte do pacote. – ele riu mais ainda, e, dessa vez, Hermione parecia assustada de verdade.

– Vai pro inferno, seu filho da mãe! Eu quero mais é que você se dane!

– Não me faça perder a paciência, Granger! Eu estava aqui na maior boa vontade querendo te dar opções e é assim que me trata? – ele cruzou os braços, e Hermione tentava buscar nos olhos dele uma confirmação de que ele estava brincando, em vão.

– E quais opções seriam? – ela perguntou realmente interessada, fazendo um esforço anormal para conter qualquer lágrima.

– Eu estou interessado em saber se você quer ser amarrada à vassoura logo agora, ou se você prefere ir voando sozinha sem estar amarrada. – as mãos da Castanha tremiam, e ele observava isso atentamente – Bem, eu estou te perguntando isso porque eu não sei se vai querer ficar com as mãos livres para tentar guiar a vassoura ou se prefere estar amarrada quando cair no chão. – ele deu de ombros – Porque, sinceramente, eu não sei de que forma pra você seria menos dolorosa.


Hermione encarava Draco de forma incrédula. Como é que ele tinha coragem de falar tudo aquilo? Ele estava fingindo durante essas duas semanas? Ela não conseguia deixar de se perguntar se fora tão burra para ter ao menos acreditado, e não admitido, que a companhia dele lhe fazia bem. E isso agora! Por que ele estava fazendo tudo aquilo com ela? Será se ele estava realmente bêbado?


– O que acha mais vantajoso? – ele perguntou, erguendo-se do chão e fazendo o mesmo com ela – Se quiser uma opinião, eu te aconselho ficar amarrada, porque acho que quando você cair não vai conseguir mesmo se mexer. – Hermione olhava de forma dura para ele, sabendo que ele não tinha a mínima idéia do esforço que ela fazia para controlar as lágrimas que ameaçavam descer – E então? Qual opção vai querer?

– Eu quero que você se foda! Tem essa opção aí? – ela tentou perguntar de forma irônica, mas sabia que estava nervosa de mais para conseguir.

– É isso que dá querer ser caridoso! Da próxima vez não te dou mais opções. – ele resmungou, segurando-a pelo braço – Deveria agradecer pela minha boa vontade de te proporcionar uma morte confortável!

– Oh, obrigada, Malfoy! – ela respondeu ironicamente – Obrigada por querer me proporcionar um momento fúnebre tão reconfortante!

– De nada! – ele respondeu calmamente – Agora já está na hora! Vamos, Hermione, tenho que te amarrar logo na vassoura antes que acabe o horário da monitoria. Sabe como é... Se eu não fizer isso logo, não vai dar tempo de escrever a sua carta de suicídio.

– Você está brincando, não é? – ela se contorceu para tentar impedi-lo de lhe segurar, sem sucesso – Eu juro, Malfoy, juro que não entendo a razão dessa sua raiva! Eu tento lembrar, mas não sei o quu te fiz de tão grave para me tratar daquele jeito! Eu nunca te fiz nada para você gritar comigo daquele jeito, eu acho que fui até bem legal com você! – ela tentava falar de forma convincente, mas Draco não lhe dava atenção, apenas se dando ao trabalho de arrastá-la até onde a vassoura dele estava – Olha, eu sou muito nova pra morrer, ok? Eu só tenho 16 anos, agora que eu consegui ser monitora-chefe e tenho um futuro pela frente...

– Eu não me lembro de ter te autorizado a fazer um discurso antes de morrer. – ele falou seriamente, ao que ela perdeu a voz – Agora vamos acabar logo com essa palhaçada! – ele segurou Hermione contra o próprio corpo, enlaçando-a com um dos braços, e com o outro ele pegava a vassoura – Vai, senta logo aí!

– Malfoy, pelo amor de Deus, – ela suplicou – olha bem o que você está fazendo!

– Ok, eu já olhei! – ele respondeu tediosamente – Agora quer fazer o favor de sentar nessa droga de vassoura? – ela se debateu mais ainda, mas ele a segurou com força, fazendo-a perceber que seria inútil lutar contra ele.

– Eu... Eu faço qualquer coisa! – ela disse, agradecendo por ele ter parado instantaneamente a tentativa, quase certa, de colocá-la sobre a vassoura – Juro que o que me pedir, eu faço!

– Humm... – ele pareceu pensar – Não adianta querer me comprar, Granger! Não temos tempo para isso!

– Pelo amor de Merlin, garoto! O que eu te fiz? – ela perguntou em um fio de voz – Merda! Eu ainda estava torcendo por você naquela droga de jogo! – Draco parou de tentar arrastá-la e a soltou. Hermione prendeu a respiração quando viu Draco olhar de forma séria para ela, com um brilho no olhar muito suspeito, e o seu coração faltou sair pela boca quando ele sorriu marotamente. Ele ia aprontar algo com ela, tinha certeza.

– Olha, Hermione, eu realmente estou bastante interessado em transformar esses seus últimos minutos de vida, em minutos agradáveis. Mas, para isso, você vai ter que me convencer. – ele sorriu pelo canto dos lábios – O que foi mesmo que você disse? Ah, sim... Você me propôs fazer o que eu pedisse, estou certo? – ela não respondeu – Estou certo, Mione? – ela mostrou o dedo do meio para ele – Está bem, é você quem quer assim! – ele voltou a arrastá-la enquanto ela suplicava.

– Ok, ok... – ela disse enquanto tentava se esquivar inutilmente dele – Você está certo, afinal, você sempre está certo, não é? – ele parou de arrastá-la, soltando novamente o braço dela, sorrindo ao notar o jeito que ela queria lhe agradar para não subir na vassoura – Eu faço o que você quiser, Malfoy! O que me pedir eu faço. Mas, eu te imploro: não me mata! – ele gargalhou – Eu sou muito nova, ainda nem curti a minha vida direito, e eu sempre disse que antes de morrer eu iria ler todos os livros da Biblioteca, e eu ainda não consegui ler nem um milésimo deles! Eu ainda me prometi reler Hogwarts: Uma História, e eu ainda nem fiz isso...

– Quer calar essa boca e me deixar falar o que eu quero? – Hermione assentiu com um aceno nervoso – Eu quero que vá agora correndo até o Filch e dê um beijo nele! – Hermione fez cara de nojo – Mas tem que ser de língua!

– O que você está querendo é que eu adie a minha morte por cinco minutos! – ela falou, cruzando os braços – Você não tem aí outra coisa pra me pedir, digamos que algo, de preferência, menos letal?

– Certo, certo... – ele coçou o queixo de forma divertida – Eu quero então que corra até o Snape, e declare amor eterno a ele!

– VOCÊ TÁ LOUCO??? – ela arregalou os olhos – Prefiro a morte à isso!

– Tudo bem! – ele deu de ombros – Se você prefere a morte eu vou realizar agora esse seu desejo! – Draco avançou para Hermione, mas ela se encolheu e o olhou em tom de súplica.

– Por favor, Malfoy, você está querendo matar uma garota da sua idade!! – ele cruzou os braços, entediado – Se você pedir qualquer outra coisa, juro que faço!

– Não, Hermione! Você acabou de me provar que não vai fazer nada que eu pedir!

– Eu faço sim, Malfoy, juro! Mas, por favor, me dá outra chance, sim? – ela juntou as duas mãos, implorando – Por favor, por favor, por favor, por favor, por favor, por favor, por favor...

– Tá, tá bom! – ele disse, se dando por vencido – Eu quero que você me diga o que acha de mim! – Hermione arqueou uma sobrancelha.

– O que acho de você? – ela franziu a testa, tentando entender o que ele queria com aquilo – Em que sentindo? Fisicamente? Mentalmente? Emocionalmente? Espiritualmente?

– No geral! – ele respondeu, sorrindo marotamente.

– Huum... – Hermione olhava para o loiro, de forma pensativa – Eu te acho um garotinho mimado, completamente machista, totalmente imaturo, que gosta de tratar as mulheres como um objeto, que se acha o gostosão do colégio, que morre de ciúmes do Richard...

– Eu não tenho ciúmes dele! – ele falou, cruzando os braços.

– ...que sempre age como um perfeito cafajeste, – ela continuou, ignorando o ataque dele – que pensa com a cabeça de baixo e não com a de cima, que é arrogante, prepotente, tem uma mentalidade totalmente infantil, tem o ego mais inflado que a barriga do Hagrid; às vezes tem uns momentos que me faz achar que é diferente, que de vez em quando me faz rir, mas no geral me dá vontade de te matar; que disse que eu sou linda, mas que nunca vai admitir...

– Eu quero saber no campo físico! – ele a interrompeu, incomodado com o que ela havia falado por último.

– Te acho um loiro azedo, sem sal, que tem esse cabelo seco de espiga de milho, e que precisa de um bronzeamento urgente nessa pele albina!

– Resposta errada, Granger! – ele apontou para a vassoura – Te dou mais uma chance!

– Tirando a parte do cabelo de espiga de milho, eu continuo achando que precisa de um bronzeamento! – ela deu de ombros.

– Você não passou no teste, sinto muito! – ele fez menção de puxá-la, mas ela novamente juntou as mãos com um olhar pedindo clemência.

– Espera, por favor... – ele recuou e cruzou os braços esperando ela falar – E-Eu te acho... – Hermione engoliu em seco ao olhar para a vassoura – Eu te acho simpático!

– Ainda não me agradou! – ele falou, recomeçando a se divertir com o nervosismo dela.

– Tem um rosto passável.

– Isso ainda é muito pouco, Hermione! Vou te dar 1 minuto para pensar em um elogio à minha altura!

– Tem uns olhos bonitinhos.

– Só isso?

– Ok, você tem uns olhos bonitões.

– Isso não me convenceu!

– Você tem um sorriso agradável!

– Esse elogio está muito tosco, Hermione!

– Você tem um pouquinho de charme!

– Ainda tem 30 segundos...

– Você tem um corpo um pouco interessante!

– O seu tempo está acabando...

– VOCÊ É UM GRANDE FILHO DA PUTA, É ISSO O QUE EU ACHO!

– E VOCÊ VAI VOAR NAQUELA VASSOURA AGORA!!!

– Ok, ok... – ela suspirou, derrotada – Eu te acho lindo, morro de inveja desse seu cabelo macio, os seus olhos me deixam suspirando, adoro os seus ombros largos, você tem uma barriga tanquinho que deixa todas as meninas babando, menos eu! – ele apontou para a vassoura – Ok, eu também babo! Satisfeito?

– Bem... Isso não me agradou muito! – ele tinha uma expressão de insatisfação estampada – Mas como você elogiou os meus atributos físicos de tão boa vontade, eu vou te fazer esse favorzinho e vou voar junto com você!

– Não, Malfoy, você prometeu! – ela choramingou ao vê-lo subir na vassoura e esticar a mão para ela – Não me diga que eu falei todas aquelas coisas em vão!

– Você não falou nada em vão, Mioninha! Nunca ouviu falar que antes de morrer é sempre bom confessar verdades que escondemos dos outros pra desencargo de consciência? – Hermione não respondeu nada. Draco olhou para ela e viu que ela se esforçava para não chorar – Ok, Hermione, eu realmente fiquei muito comovido com tudo o que você falou, então resolvi te fazer uma oferta especial por tempo limitado! – a atenção de Hermione voltou-se para ele, e ele percebeu que o rosto dela havia iluminado – Quero que me dê mais um motivo para não subir nessa vassoura!

– Eu tenho fobia à altura. – ela disse rapidamente, vendo Draco balançar a cabeça.

– Quero um motivo convincente, de preferência! – Hermione suspirou.

– Está bem! – ela olhou ao redor, como se buscasse um auxílio para o que iria responder – Eu não posso subir nessa vassoura porque... Porque... Olha, eu estou de saia, não está vendo? – ela apontou para as próprias vestes, como se aquela razão fosse óbvia – E eu não posso voar de saiAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!


E, quando Hermione se deu conta, já tinha sido colocada sobre a vassoura e estava a metros da terra firme. Ela não sabia em que pensar naquele momento, simplesmente tudo fugiu da mente dela, e a única coisa possível de se sentir foi uma vertigem violenta que lhe tomou conta, lhe causando náuseas incontroláveis. Draco não percebia a expressão de horror no rosto de Hermione, na verdade sequer olhava para ela, apenas, em um gesto súbito, a colocara sobre a vassoura, sentada de lado e na sua frente, enlaçando a cintura dela com a mão esquerda, e passando o seu braço direito para frente com a intenção de alcançar o cabo da vassoura para guiá-la.


– DESGRAÇAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAADOOOO!!!


Ele sorriu quando ela gritou, sem saber o enorme esforço que ela havia feito para que a palavra saísse completa, sem ser acompanhada da sua última refeição. Hermione simplesmente não sabia o que fazer, com uma mão ela teimava em segurar a borda da sua saia para que não lhe causasse nenhum transtorno vergonhoso, com a outra ela segurava no cabo da vassoura, logo depois da mão de Draco, tentando impedir que todas as ameaças do loiro se realizassem, desejando ardentemente que pudesse ter uma terceira mão para acertar o nariz dele. Ela não sabia com o que, afinal, se importava: se era com o corpo de Draco encostado no seu, apertando a sua cintura com força (o que em outra situação poderia ser muito agradável); ou se era com a sua atual condição de condenada à morte. Mas ela imaginou que seria bem melhor se ele fizesse logo o serviço e lhe poupasse de um momento tão angustiante antes de ter que ver “a luz”.


– EU PRECISO DE TERRRA FIIIIIIIIIIIIIIRMEEEEE!!!

– Quer parar de gritar?

– Quer me pôr no chão?

– Você sabe que não! – ele respondeu, ao que ela gritou mais ainda – Cala essa boca, Hermione! Ninguém precisa saber que têm alunos fora do Castelo!

– Oh, meu DEEEEEEEUS! – ela choramingou, não se importando com o que ele havia acabado de falar – Eu pensei que antes de morrer as pessoas pudessem ter regalias, como uma última refeição! Mas a minha está a ponto de sair E EU NÃO QUERO VER!

– Não vai vomitar, não é? – a pergunta de Draco saiu de repente, de um jeito assustado – Porque se for, Granger, eu te jogo daqui de cima agora! Os meus sapatos novos são italianos, e eu não quero resto de comida grudado neles...


Mas Draco não teve tempo de falar mais nada, apenas deixou escapar uma expressão de puro terror ao ver Hermione inclinar a cabeça para baixo e sentir algo jorrando sobre o seu pé esquerdo, e, ele podia jurar, sabia muito bem do que se tratava.


– Meu sapato italiano... – a voz de Draco saiu tão fraca que Hermione, mesmo a ponto de colocar dessa vez o almoço para fora, não conseguiu prender a gargalhada – Isso não tem graça, Granger!

– Pelo menos uma coisa boa eu tinha que fazer antes de morrer! – ela riu dos palavrões que Draco declama logo atrás dela, mas não conseguiu fazer isso por muito tempo, pois logo curvara a cabeça novamente para deixar mais uma leva de vômito sair da sua garganta e ir parar em algum local que, dessa vez, não era o sapato de Draco.

– Eca, Granger! – Draco fez uma imitação de vômito logo atrás dela – O que tanto tem aí no seu estômago? – Hermione tornou a levantar a cabeça, limpando a boca com a costa da mão.

– Minha última refeição! Algum problema? – ela perguntou ironicamente, mas não obteve resposta alguma de Draco. Somente sentiu a mão dele afrouxar sobre a sua cintura, na verdade, não sentia mais a mão dele sobre a sua cintura – O que acha que está fazendo?

– Fazendo o quê? – ele perguntou, com a voz abafada.

– Se você me soltar eu vou cair! – ela disse, visivelmente alarmada.

– Olha, no momento eu estou mais preocupado em evitar um provável encontro com o meu jantar. Entenda... A comida não estava essas maravilhas da última vez que eu olhei, e eu não estou com muita vontade olhá-la novamente... – ele pôs as duas mãos sobre a boca, para evitar que “algo terrível” saísse de lá.

– E QUEM ESTÁ GUIANDO A VASSOURA? – ela perguntou, em um grito escandalizado.

– Você, caramba! – Draco respondeu, se esforçando o máximo que podia para repreender um eventual vômito ao olhar para o seu pé esquerdo.

– ESQUECEU QUE EU NÃO SEI MANUSEAR ESSA COISA?

– Pára de gritar, Hermione! – Draco a repreendeu, nauseado com a visão do seu sapato – É só olhar por onde você está andando e guiar a vassoura.

– MAS EU NÃO SEI POR ONDE EU ESTOU ANDANDO!

– Como... – ele soluçou – ...não sabe?

– PORQUE EU ESTOU DE OLHOS FECHADOS, DROGA!

– Então abre os olhos, droga!

– Eu não posso... – Hermione falou baixinho, e, antes que Draco perguntasse, ela completou: – Esqueceu que eu tenho fobia à altura?

– Então era verdade? – Draco perguntou, entre curioso e assustado.

– É CLARO QUE ERA VERDADE, SEU FILHO DA MÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃEEEEE!!!

– Deixa de ser escandalosa pelo amor de Deus! – Draco, a muito custo, desviou os olhos do sapato para conseguir olhar para frente, tentando tirar o cabelo de Hermione que tapava a sua visão – Voar é algo tranqüilo, não há porque se desesperar! O único problema é quando... UMA ÁRVOREEEEE!!!

– AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!

– Desvia, Hermione! – Draco orientou, ainda tentando tirar os fios do cabelo de Hermione que batiam contra o seu rosto por causa do vento.

– AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!

– Desvia logo isso, Hermione!

– AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!

– Vira a vassoura para a esquerda! – ele falou, vendo com receio a aproximação rápida da árvore.

– MAS EU NÃO TÔ VENDO NADAAAAAAA!!!!

– Desvia para a esquerda!! – ele ordenou, começando a se desesperar.

– ONDE É QUE TÁ A ESQUERDA???

– DESVIA LOGO ESSA PORRA!!!


Draco não precisou falar mais nada. Hermione, ainda de olhos fechados, virou a vassoura para a esquerda em um impulso forte e nervoso, se abaixando instintivamente, sentindo Draco a segurar novamente pela cintura, como se quisesse evitar a sua queda. Ele conseguiu tirar de forma desastrosa o cabelo de Hermione que ainda insistia em cobrir a sua visão, mas, no instante que fez isso, o galho da árvore bateu com toda força contra o seu rosto.


– Pára de virar a vasosura, Hermione! – Draco falou fracamente, massageando o olho direito – Acho que estamos andando em círculo!

– Você acha... COMO ASSIM ACHA QUE ESTAMOS ANDANDO EM CÍRCULO?? – Hermione gritou de forma escandalosa, se irritando mais ainda quando ouviu Draco resmungar “Vixi! Baixou a mulher estressada de novo!” – VOCÊ NÃO TÁ ENXERGANDO NADA NÃO? POR ACASO TÁ DE OLHOS FECHADOS? A ÚNICA QUE TEM DIREITO AQUI DE FICAR DE OLHOS FECHADOS SOU EU, TÁ ENTENDIDO?

– Quer parar de escândalo, caramba? – ele perguntou irritado – Eu estou aqui, provavelmente com um olho furado, e você só pensa em si?

– Oh, Malfoy! – ela falou surpresa – O que aconteceu?

– Foi o galho da árvore que bateu bem aqui no meu olho! – ele apontou para o próprio olho, ignorando o fato de Hermione estar de costas para ele.

– Mas que árvore mais malvada! – Hermione falou em um tom de mãe protetora. Draco se aconchegou mais perto de Hermione, abraçando mais ainda a cintura dela – Tá doendo muito, tá? – ela perguntou de forma preocupada.

– Tá! – ele respondeu fazendo um biquinho manhoso – Acho que essa árvore furou o meu olho!

– Ohhh, Malfoy, coitadinho do meu loirinho... – ela falou suavemente enquanto Draco repousava o próprio queixo no ombro da Castanha, sem largar mão do biquinho mimado – Vem aqui, vem... VEM AQUI PRA EU FURAR A PORRA DO OUTRO OLHO!!

– Credo, Hermione! – ele retirou o queixo do ombro da grifinória, furioso – Eu aqui, na iminência de ficar cego pelo resto da vida, e você me tratando dessa forma! Era para, no mínimo, estar fazendo um cafuné agora em mim!

– Malfoy, o que eu tinha que estar fazendo agora, no mínimo, era beijando aquela árvore em agradecimento! – ela explicou, ainda de olhos fechados – Volta lá, que eu tenho que expressar o meu sentimento de eterna gratidão àquela árvore abençoada!

– Eu não chego mais perto daquela árvore de Satanás nem morto! – ele respondeu mau-criado, voando por cima do Castelo – Se quiser eu te jogo daqui de cima que você chega nela mais rápido!

– Vai, faz isso, loiro dos infernos, faz logo isso que você vai preso antes de conseguir soletrar Azkaban! E se ficar cego o problema é todo seu, e a culpa é toda sua! – Draco girou os olhos, entediado com o falatório dela – Tá bêbado por acaso? É, porque pra ter uma idéia filha da mãe dessas, à essa hora da noite, só pode estar lotado de álcool até a tampa! A gente quase se chocou contra uma árvore! Deveria levar uma multa por dirigir embriagado! Só mesmo um loiro burro pra não conseguir enxergar uma árvore! Quase matou a gente, seu cretino bastardo... Oh, meu Merlin, será se eu já estou esquecendo QUE A SUA INTENÇÃO ERA MESMO ME MATAR??

– Se eu não percebi a árvore é porque eu estava tentando evitar vomitar, ok? Tendo uma consideração com suas costas que você não teve com os meus sapatos! – ele respondeu, no mesmo tom furioso.

– Ah, claro, foi o que eu disse: VOCÊ BEBEU! – Draco bufou, irritado – O que foi? Bebeu muita cerveja amanteigada com a Pansy para comemorar a vitória das serpentes reumáticas? Ou será que aquela vadia caquética que atende pelo nome de Lizzie te drogou? – Hermione engrossou a voz para imitar Draco – Oh, Lizzie, você está belíssima com esse cachecol verde e prata! SERÁ SE EU POSSO TE ENFORCAR COM ELE? – Draco não conseguiu segurar a crise de risos.

– Olha, Hermione, esse papel de mulher ciumenta não combina muito com você! Sabe, você fica nervosa, começa a se tremer, e a sua bochecha fica tão vermelha que chega até ser engraçado. – ele riu frouxamente da forma ofendida de Hermione – Eu sei que eu sou muito bonito, tenho um corpo escultural, um sorriso arrasador... – “... um ego inflado!” Hermione murmurou – um cabelo invejável, um rostinho de bebê, um bumbum redondinho, e tudo o mais, mas você tem que começar a se controlar, Hermione! Olha que o ciúme cega, viu?

– Cego vai ficar você quando eu conseguir acertar o seu outro olho, porque aquela árvore maldita não fez o serviço direito! – Draco suspirou pausadamente.

– Acho que nós dois estamos com os ânimos muito exaltados! O que acha de passarmos a noite toda aqui em cima contando piadas? Vai ser uma ótima oportunidade pra continuar com aquele show de horror da piada do hipogrifo que você começou lá embaixo! – Hermione não respondeu nada, apenas se preocupando em respirar – O que foi, Granger? O seu senso de humor diminui com a altitude? – ela continuou em silêncio – Será se dá pra responder? É realmente muito chato falar sozinho!

– Eu só estava aqui, ponderando sobre o quanto você consegue ser falso e dissimulado! Tá esperando o quê? Que eu tenha momentos felizes com o meu futuro assassino?

– Eu não acredito que ainda está com esse papo de execução! – Draco falou em um falso tom ofendido – Dá licença, Hermione! Você tem uma mente muito fértil!

– Mente fértil, eu? Deixa de ser dissimulado, seu babaca! Foi você quem começou com a história de querer me matar!

– Faz o favor de pôr a mão nessa consciência demente e lembrar quem começou a falar de morte aqui! Com certeza não fui eu!

– É claro que foi você! – ela respondeu acusadoramente – Foi você quem disse que... que... – ela parou para refletir, tentando lembrar como tudo aconteceu. “E eu que vim aqui porque pensei que queria me pedir desculpas! E o que você quer é me matar?” Ela lembrou subitamente de que ela havia começado.

– O que foi mesmo que eu disse? – Draco perguntou provocativo.

– Foi... Foi que... – “Merda! A Doninha tem razão!” – Não interessa o que você disse! – ela respondeu contrariada. Admitir para si mesma que ele tinha razão era uma coisa até aceitável, mas para ele... estava terminantemente fora de cogitação – O que interessa foi o que aconteceu!

– Eu sei que pra você é algo inadmissível confessar que eu estou certo! E, também, sei perfeitamente que esse seu cérebro desproporcional, que você esconde embaixo disso tudo aí, está trabalhando furiosamente para encontrar uma saída! – Hermione xingou algo que Draco não escutou – Sabe muito bem que foi você quem começou, eu só continuei a brincadeira!

– Então porque ficou insistindo com toda aquela história de morte, carta de suicídio, últimos minutos de vida... – ele gargalhou alto atrás dela, o que a fez ter mais raiva ainda de lembrar das coisas que havia falado sobre a aparência dele – E quero que saiba, Malfoy, que tudo aquilo que eu disse sobre barriga tanquinho, cabelo macio, e aquelas merdas todas, foi por puro desespero! E não vai acreditando muito no que eu disse, porque é capaz desse teu ego anormal inflar de mais com todas essas mentiras que eu disse e a gente sair voando!

– Hermione, nesse pouco tempo já deu pra perceber uma coisa: você é uma péssima mentirosa! E sob pressão então... – ele começou a rir, imaginando que, se Hermione tivesse coragem de se soltar da vassoura, já teria o derrubado de lá – E eu não sei se você lembra quando eu te disse que nunca perderia a oportunidade de te torturar!

– Então foi só isso? Tortura psicológica? – ela riu em descrédito, ainda tentando arranjar algo para jogar sobre ele – Não vem com essa desculpa esfarrapada de mocinho arrependido pro meu lado! Na primeira oportunidade você ia sim me jogar daqui de cima!

– E me arriscar a manchar o meu nome na Escola? Deixa de ser pateta, garota! O que acha que tem na minha cabeça?

– Merda? – ela perguntou, em um tom meramente sugestivo.

– Há-há-há! Muito engraçada! – ele disse, exasperado com os risos dela.


Hermione resolveu não falar mais nada, aquela situação estava começando a lhe deixar confusa, intrigada. Era certo se o que Draco queria era pedir desculpas, ele havia começado com o pé esquerdo. Mas será se ele queria mesmo pedir desculpas a ela?


– Eu só não entendo pra quê tudo isso! – ela disse, depois de poucos minutos – Esse passeio de vassoura, essa insistência em me levar com você...

– Eu não insisti em te trazer comigo! – ele retrucou, em tom inocente – Não te culpo por achar agradável voar de vassoura!

– Pelo amor de Deus, Draco! Você faltou me amarrar nessa vassoura! – ele murmurou algo inaudível – Acho que havia outras maneiras de me pedir desculpas pelo que aconteceu mais cedo...

– Eu não queria te pedir desculpas! – ela bufou – Eu só te trouxe aqui pra mostrar algumas coisas...

– Que tipo de coisa? Algo como “Aprenda A Sobreviver Ao Lado De Um Psicopata”? – ela ironizou.

– Eu só queria te mostrar como seria legal um passeio de vassoura! – ele respondeu, ignorando a ironia dela – Mas se eu soubesse que isso iria terminar com o meu sapato destruído por esse troço todo que tinha no seu estômago, eu teria desistido da idéia antes mesmo de começar. – ela respirou lentamente por alguns instantes, pensando no que dizer.

– Então me mostra! – ela falou de súbito, o que o assustou um pouco.

– Mostrar o quê?

– O que vale tanto a pena me mostrar que você quase me matou! – Hermione disse de forma cômica, o que arrancou um sorriso suave de Draco.

– Você não vai conseguir olhar se estiver de olhos fechados! – ele avisou – Então, por que não supera esse medo e olha para baixo?

– Eu não sei se vou conseguir... – ela falou com sinceridade – Uma vez o Harry tentou me ensinar a voar, e eu passei o dia todo vomitando só de pensar na idéia. – Draco girou os olhos. O Potter teve essa idéia antes dele?

– Por que não larga o Potter um pouquinho de mão e se concentra em abrir os olhos? – Hermione sorriu de leve da irritação de Draco. “Até que ele fica uma gracinha quando está irritado...” Ela pensou marotamente.

– Você vai me segurar? – Hermione perguntou, indecisa, tendo como resposta um aperto mais forte de Draco ao redor da cintura.

– Eu vou contar até três e você abre os olhos.

– Não dá pra contar até mil? – ela perguntou, envergonhada – É que assim dá mais tempo para eu tomar coragem....

– Até três... – ele avisou, antes de começar a contar.


O número três foi recebido pelos ouvidos de Hermione por uma agitação fora do comum. Ela podia jurar que nem mesmo enfrentar comensais era uma provação maior do que enfrentar o medo de altura. Quando Draco terminou de contar, ela sentiu que ele havia puxado o seu corpo para mais perto do dele, para lhe passar segurança, e, então, ela resolveu que estava na hora de abrir os olhos, afinal, um dia todos nós temos que enfrentar nossos medos...

Ela olhou para baixo, e viu a lua, viu, também, ela e Draco sobre a vassoura; também havia algumas estrelas espalhadas. Hermione passou uma das pernas por sobre a vassoura, de forma que lhe desse mais equilíbrio, sem nunca o braço de Draco deixar de envolvê-la. A imagem deles dois estava tremida, e ela percebeu que era o reflexo deles na superfície do Lago, que estava a menos de um metro abaixo deles. Dava para ver a forma como cabelo deles mexia com o vento, e era engraçado olhar o cabelo de Draco batendo nos olhos dele. Engraçado e até bonitinho...


– Solta as mãos. – ele sussurrou ao ouvido dela – Eu estou te segurando.


Ela soltou com receio as mãos que estavam agarradas à borda da saia, e tentou deixá-las soltas ao lado do corpo. Draco percebeu que ela esta tensa, com os ombros rijos, os punhos cerrados e a respiração curta, não se sentindo à vontade em não se segurar em algo.


– Você gostou? – ele perguntou em um sussurro, e Hermione podia até jurar que havia ansiedade na voz dele.

– Gostei. – ela respondeu ainda desconfortável, mas logo sorriu – Não sabia que tinha tato para essas coisas.

– Garotas costumam gostar dessas bobagens de lua, estrela, lago... – ela riu. Aquilo era realmente verdade, ela gostava disso – Então eu pensei em reunir todas essas coisas melosas em um só lugar.

– Isso foi melhor do que um pedido formal de desculpas.


Ela pensou que ele iria negar novamente, mas não. Draco sentia intimamente que devia isso a Hermione, mesmo que odiasse ter que pedir desculpas, mesmo que abominasse a idéia de admitir algum erro, ainda mais para ela, a sabe-tudo Granger. Ele preferiu o silêncio, nem admitir e nem contrariar. Essa poderia ser a melhor solução...


– Eu tinha que te entregar isso há algum tempo. – ele esticou a própria mão até a de Hermione, e depositou algo lá. Hermione olhou para a própria mão, e não conseguiu conter um grito eufórico.

– Como conseguiu? – ela olhava absorta para a mão, onde estava a sua correntinha da sorte. Continuava intacta como antes, ainda com o mesmo pingente em forma de pena, com o nome da avó dela inscrito logo atrás – Eu pensei que... que nunca mais... – uma lágrima fina desceu pelo canto dos olhos de Hermione, mas dessa vez, ela sabia, o motivo era diferente das outras da manhã – Obrigada, Draco. Realmente muito obrigada, eu... Eu não sei exatamente o que dizer...

– Voltou a me chamar de Draco? – ele perguntou de forma divertida, e Hermione corou sem ao menos perceber.

– Quer que eu volte a te chamar de Malfoy? – Hermione deu de ombros, se fingindo de ofendida.

– Não, não quero. – ele respondeu de forma suave, o que fez as pernas de Hermione tremer – O meu nome soa bem quando você fala, eu gosto disso. – ele disse com seriedade. “Droga! Como é que ele consegue fazer isso comigo?” Ela pensou, tentando fazer as suas pernas pararem de tremer.

– Você quer... Quer colocar em mim? – Hermione perguntou enquanto esticava a correntinha de volta para Draco – Eu não vou conseguir colocar agora... – “...porque as minhas mãos estão tremendo muito.

– E quem vai te segurar?

– Eu posso me segurar. – ela respondeu, não muito certa se conseguiria mesmo essa proeza por mais que eles voassem suavemente, fazendo círculos em volta do lago – Eu só quero que coloque pra mim.


Hermione segurou-se na vassoura com as duas mãos, tentando parecer o mais firme possível. Draco afastou um punhado do cabelo de Hermione para o lado, e encaixou o fecho do cordão corretamente. Ela fechou os olhos involuntariamente quando sentiu a mão de Draco encostar-se à sua nuca; se arrepiando quando sentiu a respiração dele bem atrás do seu pescoço. Ela achava incrível como a respiração dele ainda podia estar quente em contraste com o frio que ela sentia.


– Está com frio? Pode usar a minha capa se quiser. – ele perguntou em um tom preocupado, e Hermione achou que não agüentaria mais com ele falando daquela forma. “É a lua que está te fazendo isso, Hermione! Só pode ser a lua...

– Não, não é necessário. Não estou com frio. – ela mentiu. “Peraí! Como é que eu posso me deixar influenciar pela lua? Só se eu sou um lobisomem enrustido e eu não sei!” Ela continuou pensando “Nesse caso então, digamos que a culpa é do Lago! É uma ótima desculpa para isso! Ou, sei lá, talvez o Draco tenha me drogado e eu não vi... Esse perfume dele deve ter alguma substância ilegal, só pode!” – Draco, eu vou te dar um conselho: da próxima vez que quiser me devolver algo, vai ser mais seguro se você bater na porta do meu quarto e simplesmente entregar na minha mão, se quiser pode até levar flores, contanto que estejamos com os pés firmes no chão. – ela riu, se aconchegando mais nele.

– As garotas acham esse tipo de passeio romântico. – ele se justificou, dando de ombros.

– Estar à beira da morte parece romântico para você? – ela perguntou, e ele apenas sorriu de forma leve.

– Ok... Da próxima vez eu prometo achar um meio menos mortal para te entregar alguma coisa. – Draco estava olhando para baixo, para o reflexo deles dois – Espero que esteja feliz agora!

– Estou! – ela respondeu com um sorriso bobo – Eu nunca pensei que iria vê-la novamente, procurei tanto por essa correntinha. Acho que nunca me perdoaria se não a visse mais, foi o presente mais especial de toda a minha vida! Eu disse para você que era da minha avó, não disse? – Hermione perguntou empolgada, mas não obteve resposta – Draco? Dracooo? Você está me ouvindo? – quando Hermione olhou para baixo, a fim de olhar Draco pelo reflexo, o que encontrou foi um garoto de cabeça baixa, muito preocupado em observar alguma coisa também pelo reflexo... – ESTÁ OLHANDO A MINHA CALCINHA, SEU TARADO DE UMA FIGA?

– O que disse? – Draco perguntou, assustado pelo grito de Hermione.

– Eu disse que você está tentando OLHAR MINHA CALCINHAAAAAAA!!!

– Eu só estava olhando... SUA CALCINHA????

– Então confirma? – ela perguntou, enfurecida – Aceitar isso tudo o que você fez não lhe dá o direito de olhar certas coisas, Draco!

– Eu não estava olhando a sua calcinha, Hermione! – ela não pareceu amolecer – É sério, eu realmente não estava fazendo isso!

– Draco, eu juro que se você estiver mentindo, sou eu que vou te jogar dessa vassoura, e te dar de comida para a Lula-Gigante! Ou então vou dar um jeito de te deixar incapacitado pelo resto dos malditos anos da sua vida a procriar mais uma geração estúpida de Malfoys! – ela ameaçou seriamente, sentindo o rosto ficar em chamas de raiva.

– Eu não olhei, Hermione! E isso é verdade! – ele tentou convencê-la – Acha que eu iria querer que você maltratasse o meu “parque de diversões”? Você não sabe, mas tem garotas que se divertem nele! – ele acrescentou, em tom malicioso.

– Assim espero, Draco! E não me interessa nem um pouco as vadias que se divertem com você! Só quero que saiba que é melhor não estar mentindo, porque sabe o que te espera se estiver! – ele confirmou, verdadeiramente assustado com a ameaça dela. “Melhor assim, Draco!” Hermione pensou “Já pensou se esse bastardo vê a minha calcinha de coraçãozinho? Meu Merlin, não quero nem pensar num mico desses!


Quando Hermione menos esperou, já estava novamente em terra firme. Foi com alívio, e até um pouco de frustração (essa, negada para si mesma), que ela pisou no chão. Draco saltou da vassoura, e se postou ao lado dela. O vento frio voltou a incomodá-la, e ela já não conseguia negar para si mesma, e nem para Draco, que os tremores que ainda sentia não eram de frio.


– Eu te falei para usar capa! – Draco pôs a própria capa sobre Hermione, que ainda tentava recusar firmemente. “E se a capa dele estiver cheia de perfume com essas substâncias entorpecentes?” Ela perguntou para si mesma.

– Obrigada! – ela murmurou fracamente ao ser envolvida pela capa dele – Obrigada também novamente pelo meu colar. Eu só queria entender como o achou depois de duas semanas!

– Tive que fazer uma barganha terrível, você nem imagina! – ele disse em tom sombrio, enquanto repousava a vassoura perto da orla do lago e esticava a coluna.

– Quão terrível? – Hermione perguntou desconfiada.

– Há menos de uma semana eu fui ao Salão Comunal da Sonserina. – ele começou a narração, e Hermione, por alguns instantes, se preocupou se ele não fizera algo fora das regras – Eu só havia visto o seu colar uma vez, e não tinha certeza se o que eu tinha visto no pescoço de uma menina do terceiro ano poderia ser o que estava imaginando. Aí eu fui até ela, iniciei uma conversa completamente regada ao charme Malfoy, – “Começou a palhaçada!” Hermione pensou, irada – e ela não tinha como resistir, obviamente. Eu fui perguntando e a garota foi respondendo tudo. Então descobri que ela havia achado no Campo de Quadriboll no mesmo dia em que você havia perdido. E depois de jogar charme atrás de charme...

– Tá, Draco! Chega dessa história de charme! – ela o interrompeu, já se entediando com a história – Quero saber que tipo de barganha foi!

– A tal fedelha queria uma cueca minha autografada! – Hermione bufou, e girou os olhos em descrédito – Hey! Isso é verdade, Hermione! E era a minha cueca favorita, se quer saber!

– Ah, se ferrar, Draco! – ela se irritou – Acho melhor que da próxima vez invente uma história menos tocante!

– Tá bom... – Draco suspirou, cansado – A maldita ladra mirim pediu em troca o meu Rolex! – Draco percebeu que uma Hermione a ponto de explodir em risadas, estava encarando o seu relógio de pulso – Ah, não se preocupe, eu tenho uma coleção deles!

– E quem te disse que eu me preocupo? – Hermione perguntou, finalmente gargalhando de Draco. Imaginar a cena de uma garotinha pedindo em troca um dos relógios dele era, definitivamente, hilário.

– Nossa, Hermione, essa doeu fundo! – se fingiu de magoado – Eu sobrevivi a um assalto praticamente à mão armada, praticado por uma aprendiz de delinqüente, para pegar essa sua corrente ridícula e é assim que você me trata?

– Hey! – ela protestou – A minha corrente não é ridícula não! Ela tem...

– ...valor sentimental e blá-blá-blá! – ele completou, cruzando os braços – Essas baboseiras todas eu já ouvi antes.

– Ela realmente tem valor sentimental! E eu acho que não me acostumaria mais a viver sem ela! – Hermione se aproximou bem de Draco, e sorriu – Eu não sei, mas... Acho que poderia te dar um beijo agora. – Draco se assustou, mas não tanto quanto Hermione. “Droga! É esse maldito perfume dele que tá começando a fazer efeito! Tem produto do narcotráfico aqui, tenho certeza!” – O que eu quis dizer foi que... que...

– Que você quer me beijar! – ele acrescentou, sem deixar de sorrir.

– Era brincadeira, Draco! – Hermione se sentiu enrubescer – Não era sério, era só... só...

– Vontade reprimida? – ele perguntou, e Hermione pôde ver que o sorriso canalha dele havia alargado ainda mais.

– É melhor parar de ficar completando o que eu falo com essas coisas absurdas! – Hermione brigou, sentindo-se congelar quando ele se aproximou perigosamente dela e enlaçou a sua cintura, sem lhe dar a oportunidade de protestar – Você não vai fazer isso, não é? – ele sorriu de forma inocente – Você não vai querer me beijar agora!

– E porque não? – ele arqueou uma sobrancelha em sinal de desafio.

– Eu vomitei, esqueceu? – ela perguntou, no tom mais óbvio que podia – E acho que não vai ser o que se pode chamar de... agradável.

– Eu já comi uma vez um fejãozinho sabor vômito, não foi exatamente prazeroso, mas eu estou vivo pra contar a história! – ele respondeu, dando de ombros – Então, a gente pode tentar!

– É sério, Draco, isso vai ser traumatizante! – Hermione falou assustada – O meu primeiro beijo com o Vítor foi desastroso! Ele estava com a boca cheia de pastel, e você não faz a menor idéia do quanto aquilo me abalou! – a expressão de Hermione era de total horror ao lembrar do primeiro beijo. Draco apenas suspirou, vencido.

– Ok, Hermione, você venceu! – ele falou, finalmente soltando a cintura da grifinória – Eu não quero que nenhum beijo me traumatize, isso poderia acabar com a minha adolescência! – Draco completou, indo recolher a vassoura que estava no chão – Vai para Hogsmead amanhã? – ele perguntou repentinamente.

– Eu vou! – “Ai, Merlin, será se ele vai me convidar? Por favor, por favor, por favor, por favor, por favor, por favor...

– Ah, tá! Então, boa noite! – ele respondeu displicentemente, não se dando conta da cara embasbacada de Hermione.

– Boa noite? – ele respondeu com um “Aham” – Boa noite de... boa noite?

– É, boa noite de boa noite! – ele confirmou. Hermione assentiu, mas aquilo de alguma forma lhe irritou! Então iria ser assim? Depois de tudo ele iria dar boa noite e pronto?

– Então BOA NOITE pra você também, Malfoy! – ela se pôs a caminhar pelo jardim, bufando de ódio. Era assim que iria ser? Nem ao menos convidar para ir com ele à Hogsmead?

– Hermione? – Hermione parou no meio do caminho, e virou para Draco com a cara mais feroz que conseguia fazer – Eu já estava esquecendo de te dizer uma coisa... – um sorriso malicioso surgiu de repente no rosto dele – Essa sua calcinha cheia de coraçõezinhos ficou uma graça em você!








– Foi o que o Hagrid disse! – Rony falou enquanto estava abraçado à Luna – O Harry pode confirmar, ele estava lá comigo!


Os cinco amigos estavam sentados à uma mesa no Madam Puddifoot’s Tea Shop, o recanto de casais felizes e apaixonados, conversando animadamente. Luna e Gina acordaram Hermione cedo, afirmando que teriam um passeio agradável em Hogsmead na presença dela, e cobrando de Hermione mais tempo com eles, afinal, para eles, Hermione agora só dava atenção ao Malfoy. Ela só não imaginava que um passeio com eles já não seria mais tão agradável assim, já que ela estava “sobrando” entre dois casais.


– Você tem certeza disso, Rony? – Hermione perguntou, preocupada e envergonhada com o que o amigo havia falado.

– Tenho! – ele confirmou – O Hagrid estava tentando salvar a vida do pássaro. Parece que ele foi atingido ontem à noite por algum líquido que ele desconhece. A única coisa que ele realmente sabe é que encontrou o pássaro na árvore, e ele estava encharcado com uma coisa nojenta, cheia de pedaços de carne. Ele disse que, se conhecesse aquilo, podia jurar que era o vômito de algum predador! – Rony completou, sob o olhar embaraçado da amiga.

– Pobre pássaro! – Luna falou com pesar – Agora está lá, entre a vida e a morte! – “Não é possível que o meu vômito seja tão mortal assim... ou é?” Hermione pensou, sentindo-se ofendida.

– Por que não paramos com a história do pássaro e conversamos sobre outra coisa? – perguntou Hermione, sentindo-se aliviada quando eles assentiram.

– Eu concordo com a Mi! – Gina falou enquanto pegava da mesa um biscoito – Quer biscoito, Harry? – ele confirmou sorrindo, esticando o rosto para Gina enquanto fazia cara de cachorro sem dono – Quer mais? – ela perguntou, com outro biscoito na mão, enquanto Harry lhe dava selinhos carinhosos.

– Você também quer, Rony? – foi a vez de Luna perguntar, mas o que ela obteve em resposta foi um beijo demorado do namorado.


Hermione olhou para os próprios pés. Já estava de saco cheio disso tudo, ela já não tinha nem mais dedos onde contar as vezes, só nessa manhã, que eles estavam se agarrando na frente dela. Mas para a sua surpresa, ou completo alívio, ela escutou uma voz cínica que, naquele momento, lhe deixou confortável, e fez Rony e Harry se entreolharem assassinamente.


– Então é aí que você está, querida! – Hermione ignorou todo o cinismo dele, e levantou rapidamente da cadeira que estava acomodada – Tive que me arriscar a ser quase esmagado perguntando ao rolha de poço do Longbottom onde você estava!

– Draco! – ela exclamou, respirando em completo alívio. O olho de Draco estava roxo, certamente pelo galho da árvore, mas ela não teceu nenhum comentário sobre isso – O que faz aqui? – “Diga que é pra me tirar disso, por favooooooorrr!!

– Vim te pegar para ir ao 3Vassouras... – antes que Draco pudesse falar qualquer coisa, Hermione já havia se colocado ao lado dele.

– Você não ia ficar com a gente, Mione? – Harry perguntou, assim que viu a amiga se preparar para sair – Nós estávamos nos divertindo tanto...

– É verdade, Harry, nós estávamos nos divertindo muito mesmo, mas acho que vocês precisam de momentos a sós! – ela disse o mais natural que pôde.

– Poxa, Hermione, nós também estamos reclamando um pouco da sua atenção, que, por algum puto acaso da vida, está sendo destinada só para outras pessoas! – Rony falou, apontando nada discretamente para Draco.

– Sinto muito, Weasley, se a Hermione prefere a mim! – Hermione ia abrir a boca para protestar, mas Draco sibilou: Não me desautorize na frente dos seus amigos, que eu não te desautorizo na frente dos meus! – Não é verdade, Mioninha?

– Hey! – Rony interrompeu, para alívio de Hermione – Só quem pode chamar a Hermione de Mioninha sou eu!

– Acorda, Weasley! A Hermione está namorando comigo e eu a chamo do que eu quiser! – Draco brigou, já começando a se irritar.

– A Hermione é nossa amiga, Malfoy, há muito mais tempo do que esse relacionamento de vocês! – Harry se intrometeu – E a gente não tem culpa se ela é muito inteligente, mas não sabe escolher alguém que a mereça!

– Olha aqui, Cicatr...

– Você não queria ir ao 3Vassouras, Draco? – Hermione o puxou pelo braço, abaixando o dedo do loiro que estava apontado para Harry – Vejo vocês depois! – ela se despediu, puxando Draco para a saída.

Eu não tenho culpa se ela não sabe escolher quem a mereça! – Draco imitou a voz de Harry em tom infantil – Quem esse imbecil pensa que é?

– O Harry é meu amigo, Draco, e ele quer o melhor pra mim! – Hermione respondeu, irritada – Será se não dá pra vocês pararem com essas agressões? Pelo menos até tudo isso acabar?

– Você deveria era me agradecer de ter te tirado da sua posição de vela oficial, porque eu vi o quanto você estava muito à vontade com as sessões de amassos! E não se preocupe, porque eu não vou mais provocar o seu precioso Potter!

– Acho melhor que não os provoque mais! Não me sinto bem tendo que apartar briga de vocês o tempo todo!

– É muito engraçado mesmo... Fala como se o Potter não me provocasse também! – ele pôs as mãos nos bolsos, andando ao lado de Hermione – Não é só porque é apaixonada por ele que ele vai ser sempre o certo. – ele alfinetou.

– Não fala bobagens, Draco! – Hermione encolheu os ombros, e imitou o gesto de Draco, colocando as mãos para dentro dos bolsos do casaco – Eu amo o Harry tanto quanto amo o Rony.

– Eu sei que não, Hermione. Você gosta do Cicatriz de uma forma diferente, dá pra sentir isso... – Hermione suspirou.

– E se eu te dissesse que talvez as coisas não sejam mais assim, você acreditaria? – Draco não respondeu. Ele podia não dizer, mas essa conversa estava deixando-o incomodado, não conseguindo mais achar graça em Hermione não ser correspondida por Harry – Eu sempre tive muito cuidado com tudo relacionado à minha vida, e eu achava que, se tinha que me apaixonar por alguém, esse alguém seria o Harry. Você entende? É aquele tipo de sentimento que já parece até... como é que se diz... Calculado! É isso... Parece ser sempre o correto a melhor amiga se apaixonar pelo melhor amigo, que sempre lhe causou admiração, essas coisas...

– E você tem certeza que agora as coisas são diferentes entre vocês? – Draco perguntou baixo, talvez com vergonha de mostrar que estava interessado na resposta dela.


Hermione continuou andando, de cabeça baixa como se quisesse pensar no que responderia a Draco. As ruas de Hogsmead estavam movimentadas, cheias de pessoas entrando e saindo de lojas, mas ela parecia não perceber aquilo, estava entretida de mais nos próprios pensamentos. Queria dizer à Draco que tinha certeza, mas, na verdade, não era bem assim. Às vezes achava que não gostava mais de Harry como antes, outras vezes ficava imaginando se algum dia ainda iria acontecer algo entre eles... Mas a realidade era que ela já não conseguia mais ter aquele mesmo desejo de que as coisas pudessem ter acontecido de outra forma, por mais que ainda não se sentisse exatamente confortável quando o olhava aos beijos com a sua melhor amiga...


– CUIDADO!! – Draco gritou, mas não conseguiu evitar o choque entre Hermione e o poste que estava no meio do caminho.

– Merda... – ela murmurou, massageando a testa que ficara imediatamente vermelha – Caramba, Draco, como é que você não me avisa?

– Eu não tenho culpa se esse seu cérebro pesa de mais e te força a andar de cabeça baixa! – ele retrucou, indo de encontro a ela. Hermione continuou massageando a testa, estava doendo de mais para conseguir discutir com Draco naquele momento – Deixa eu ver isso!

– Oh, não, Madame Pomfrey, – Draco fez uma careta ao ouvir o nome da enfermeira – não precisa olhar a minha testa! Não é necessário muita inteligência pra saber que ela está rachada bem no meio!

– Hey! – Draco falou em um protesto suave – Testa rachada aqui é só o Potter! – Hermione quase iria rir, mas tentou, a todo custo, fechar a cara.

– Tem um galo quase cantando na minha testa e você aí, implicando com o Harry! – ela devolveu de forma irritada.

– Vamos então deixar o Potter de lado da nossa conversa, certo? Ele já tem muito holofote, não precisa que eu fique fazendo mais propagandas do Garoto-Maravilha. – Draco levantou o queixo de Hermione, e ficou analisando a marca recém arroxeada – É, não parece que vai ficar muito inchado... – ele apertou de leve o machucado, o que fez Hermione soltar um grito – Está doendo?

– Não, Draco, imagina! Eu grito por esporte mesmo! – ela falou ácida enquanto ele ria.

– Humm, eu tenho algo que vai fazer passar a dor. – Draco disse, ainda analisando a testa da Castanha.

– Então faz logo o que tiver de fazer porque está doendo muito... – mas Hermione simplesmente emudeceu quando Draco lhe deu um beijo bem no machucado – Que doidice é essa, Draco?

– É pra passar a dor! – ele deu de ombros, de forma inocente. Hermione até que queria brigar, mas não agüentou a situação: simplesmente encarou Draco e riu de leve.

– Ainda tá doendo! Acho que esse seu beijo não fez muito efeito! – Draco se fez de ofendido.

– Os meus beijos são milagrosos, viu? Nunca ninguém reclamou antes! – ele cruzou os braços.

– São, é? – ela perguntou, sorrindo marota – Você também faz isso quando os garotos do seu time se ferem ou alguma coisa do tipo? Você beija a perna deles?

– Eca, Hermione! – Draco fez uma careta enojada – Não vamos levar para esses extremos, ok? – ela riu da careta dele.

– Então esse seu beijo tá muito caidinho, Draco! – ela deu de ombros, com uma expressão ingênua – Ainda está doendo muito...

– Bem... – Draco fingiu pensar – Dependendo da pessoa a gente pode repetir a dose. – ele sorriu de lado, vendo Hermione corar levemente – Ou então podemos tentar algo um pouco mais forte.

– Mais forte? – ela perguntou ansiosa, já imaginando o que ele iria fazer.

– É... Mais forte!


Hermione fechou imediatamente os olhos quando sentiu uma das mãos de Draco repousar sobre a sua bochecha. Ela se sentia ridícula de admitir para si mesma, mas parecia que ela começava a flutuar, era como se não sentisse mais o chão abaixo dos pés. O coração dela acelerava conforme os segundos passavam... Ela não via, mas sentia que ele estava mais perto...


– DRACO!!! – Hermione abriu os olhos de súbito, assustada com o grito, e simplesmente não gostou nada do que viu: Lizzie, estava pendurada no pescoço de um Draco sem ação, enchendo a bochecha dele de beijos – Está indo a algum lugar especial aqui, em Hogsmead?

– Eu... Eu estava... – Draco parecia em estado de choque pelo susto, e Hermione achou melhor tomar conta da situação.

– Ele estava saindo comigo! – Hermione se intrometeu, e a única coisa que recebeu de volta foi um olhar de cima a baixo, que lhe irritou ainda mais, se possível.

– Oh, querida, o que foi isso na sua testa? Andou batendo a cabeça por aí? – Hermione sentiu o sangue ferver com a cara-de-pau da morena, e com a falsa preocupação que ela demonstrava – Nossa, isso está horrível! Pode assustar alguém com isso aí! – a morena remexeu na bolsa – Quer algum espelho para olhar?

– OBRIGADA! – Hermione respondeu grosseiramente – Agora, se você me dá licença, eu e o MEU namorado estamos querendo sair da frente dessa sua presença RIDÍCULA! Então, será se dá pra fazer o favor de VAZAR DAQUI?

– Nossa, que stress logo pela manhã! – ela respondeu se fingindo de ofendida – Eu já vou indo, Draco, a Mandy está me esperando para irmos às compras. – ela deu outro beijo na bochecha do loiro, o que fez Hermione se imaginar socando a cara dela – Você foi maravilhoso no jogo de ontem, colocou aqueles leõzinhos assustados para correr! – ela falou, se afastando dele – Ah, e a festa depois também foi ótima! Eu adorei a nossa diversão!


Hermione não sabia o que dizer, simplesmente olhou atônita para Draco, que não estava em uma situação melhor que ela, e se pôs rapidamente a andar, sentindo como se conseguisse furar o chão com os pés tamanho a raiva que sentia. “Como assim NOSSA diversão?” Ela pensou, se irritando só de lembrar da imagem da morena beijando Draco.


– Espera, Hermione! – Draco acompanhou os passos largos de Hermione, tentando segurar no braço dela enquanto ela se afastava.

– Não tenta me triscar agora, seu cretino! Deve estar infestado pelo perfume daquela vadia! – ela disse, tirando com grosseria a mão dele que estava envolta do seu braço – Que tipo de festinha vocês fizeram, hein, Draco? A festinha do pijama? A festinha do DORMITÓRIO???

– Era a festa do Salão Comunal, que teve depois do jogo! – ele explicou, sem ao menos se dar conta de que estava explicando sua vida a ela, algo que ele prometera nunca fazer.

– Oh, isso tá horrível! – Hermione imitou a garota com uma voz melosa – Quer um espelho para enxergar ESSA SUA CARA HORROROSA QUE ME DÁ NÁUSEAS? – a face de Hermione estava vermelha de fúria – Ela praticamente jogou isso na minha cara, e você ainda fica mudo.

– Estava tão chocado quanto você! E, ainda por cima, acho que ela não falou aquilo por maldade. – Hermione olhou duramente para o loiro – O que queria que eu dissesse?

– Eu só queria que você dissesse: Sim, Hermione, aquela vaca falou por maldade! Você quer que eu vá quebrar a cara dela?

– Pelo amor de Deus, Hermione! Eu nunca levantaria um dedo para uma mulher!

– Você poderia ao menos fazer essa exceção pra mim! – Draco girou os olhos – Não, Draco, pode deixar, porque um dia eu dou uma de doida e arrebento a cara daquela mocréia esquelética, filha de uma... Oh, meu Deus! – Hermione puxou Draco, tentando se esconder atrás dele – O Miguel entrou naquela loja com a Cho!

– E por qual motivo está se escondendo dele? – Draco cruzou os braços, intrigado. Eles dois já estavam perto da porta do 3Vassouras, e Hermione olhava aterrorizada para a loja que ficava em frente ao pub.

– Tem idéia do quanto é difícil se esconder durante uma semana de alguém? – Hermione perguntou, em tom superior – Eu tive que me esconder do Miguel durante essa semana toda, não posso colocar agora tudo a perder!

– O que fez de tão grave para não querer que ele te veja? – Draco perguntou, desconfiado. Hermione o olhou como se fosse óbvio as razões, afinal, ela ainda não tinha coragem de olhá-lo depois do que fizera no aniversário de Blaise – É melhor me dizer logo, Hermione, porque até hoje eu tenho a súbita certeza de que o que eu vi não foi tudo o que aconteceu naquela festa!


Hermione pensou em se mostrar ofendida, mas não foi isso o que fez. Ainda se sentia ferida de mais por Draco não ter se afastado dos beijos na bochecha que Lizzie lhe dera, e achou que talvez pudesse devolver na mesma moeda.


– Eu não sei se posso te responder, Draco, isso é muito embaraçoso para mim! – Draco arqueou uma sobrancelha – A única coisa que eu lembro é de ter arrastado o Miguel para um canto escuro... – Hermione pôde ver com satisfação que o loiro ficara repentinamente pálido – Depois disso a minha mente fica tão confusa... Só lembro das roupas dele espalhadas pelo chão, rasgadas provavelmente pelas minhas mãos, e as mãos dele... – Hermione fez uma cara sonhadora – Nossa... ele tinha umas mãos enormes, você precisava ver. E ficava assim, percorrendo pelo meu corpo, me deixando...

– NÃO TERMINE ESSA FRASE! – Draco gritou, exasperado, mais pálido do que antes.

– Que escândalo é esse, Draquinho? Dor de corno?

– Não acredito nisso, Hermione... Não posso acreditar que você... Meu Deus! – Hermione controlou um sorriso. Era cômico de mais ver Draco desnorteado – Eu vou entrar naquela loja E MATAR AQUELE DESGRAÇADO!!

– NÃO! – Hermione gritou, segurando Draco pela blusa – Ok, foi tudo mentira o que eu disse!

– Me deixa, Granger! – o tom de voz dele era ressentido, Hermione pôde notar – Eu vou dar uma lição que ele nunca vai esquecer! E trate de me soltar, não quero nenhum contato com você!

– Deixa de ser lerdo, Draco! Eu nunca faria algo assim, você sabe! – ele olhou com desconfiança – Eu só queria curtir com a sua cara! – Draco respirou fundo enquanto via Hermione gargalhar.

– Queria curtir com a minha cara? Tá me achando com cara de palhaço pra ficar curtin... – ele se interrompeu, ao ver Hermione novamente se escondendo entre ele e a parede do 3Vassouras.

– Ele entrou no 3Vassouras com a Cho! – Hermione se preocupou – Merda! O que é que eu faço?

– Estou pouco me lixando para o que vai fazer! – Draco falou de forma azeda – O que você merece é uma punição pelo que falou!

– Ah, é? – a Castanha perguntou de forma desafiadora – E que tipo de punição vai ser? – em resposta, Draco encostou Hermione na parede externa do pub, aproximando os lábios dele dos dela. “Se isso é punir, então quero ser punida a vida inteira... MAS QUE MERDA VOCÊ TÁ PENSANDO, HERMIONE? REAGE, PELO AMOR DE MERLIN!!!!” – Draco só se deu conta do que havia acontecido quando já estava ajoelhado no chão, com as mãos sobre as partes baixas.

– Doida... – ele falou fracamente – Acha que eu tenho bolas de ferro por acaso? É a segunda vez que faz isso, e sem motivo nenhum!

– Sem motivo nenhum? – ela perguntou, encarando a figura ajoelhada do loiro – Hoje, fica tirando uma com a minha cara; ontem, você olhou a minha calcinha! Foi mais que merecido!

– Eu já te disse que foi sem querer! – ele se justificou, sabendo que não era bem verdade.

– Sem querer? Ficar olhando a calcinha de uma pessoa por 1 minuto é sem... querer? – Draco ainda abriu a boca para responder, mas, antes que isso fosse possível, a voz de Leo ecoou logo atrás dele.

– O que faz ajoelhado aí, Draco? Tá procurando alguma moeda pelo chão? – Leo perguntou em tom de brincadeira, o que não agradou Draco.

– É que eu... Eu... – Draco tentava pensar em algo que não fosse “Essa psicopata chutou as minhas bolas! O que queria que eu fizesse?”

– Ele estava recitando um poema para mim, Connel! – Hermione respondeu, fingindo não notar a cara de espanto de Draco – Como começava mesmo, amor? – Leonardo ficou olhando de um para o outro, prendendo o riso – Ah, era assim... Batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão. O Draquinho quando ama, põe a mão no coração!

– HERMIONE!!! – Draco gritou, visivelmente envergonhado.

– Sim, meu bem? – ela perguntou cinicamente, mas voltou a atenção para o outro sonserino, em plena crise de risos – Não ria, Connel! Não está vendo que assim deixa o Draco envergonhado? – Draco levantou rapidamente do chão, pegando Leo pela gola da camisa.

– Nem um pio sobre isso! – ele avisou para Leonardo, que a única coisa que conseguia era rir – Tá entendido?

– Relaxa, Draco! – Leo respondeu ainda rindo, indo em direção à porta do pub – Nem nos meus maiores pesadelos eu iria querer espalhar pra todo mundo que eu tenho um amigo que faz poesia sobre batatinha! – Leo adentrou o local, mas Draco não se aquietou. Sabia que mais cedo ou mais tarde Zabini também saberia disso, e a festa estaria completa.

– Draco, vamos entrar logo e tomar cerveja amanteigada com os seus amigos, assim você pode repetir o poema na frente deles.

– Você me paga por essa, Hermione! Fique avisada! – Hermione fez um bico magoado.

– Oh, Draco, chega de ressentimentos! Foi tão lindo o poema que você fez pra mim! – ela piscou para ele, enquanto o loiro entrava no pub logo atrás dela, xingando Merlin e o mundo.


O 3Vassouras estava cheio, como já era de se esperar. Era o pub mais freqüentado da região, e que tinha maior fama de ser bem receptivo. Hermione logo viu uma mesa lotada de sonserinos, todos meninos, jogadores do time de Quadriboll. Certamente estavam lá para comemorar a vitória... Mais atrás havia um pequeno palco, onde uma mulher na casa dos 30 anos cantava uma música agitada, que era abafada pelas vozes incessantes das pessoas que estavam no local. Ela ainda viu Miguel e Cho em uma mesa mais afastada, mas eles não a viram entrar já que estavam mais preocupados em se beijarem...


– Chegou o cara das batatinhas! – Zabini praticamente gritou, o que fez todos da mesa olharem para Draco e caírem na risada – Não vai repetir o poema para nós, Draco? – o loiro, em resposta, mostrou o dedo do meio para todos e mais alguns palavrões que fizeram Hermione fazer uma careta de reprova.

– Draco! – Hermione o chamou – Me ajuda a tirar o meu casaco! – Draco balançou a cabeça negativamente, ainda se consumindo pela raiva. Hermione inclinou a cabeça na direção dele e sussurrou – Não me desautorize na frente dos seus amigos que eu não te desautorizo na frente dos meus! Acordo é acordo, Malfoy! – Draco sentiu o sangue ferver, mas, ainda assim, obedeceu.

– Está bom assim? – ele perguntou ao retirar o casaco dela, de forma forçadamente gentil.

– Sim, meu bem, assim está muito bom. – Hermione sorriu falsamente, sentando-se à mesa.

– O que aconteceu com vocês dois? – Zabini perguntou curioso, ao ver o galo na testa de Hermione e o olho roxo de Draco – Andaram se atracando por aí? – Draco fechou a cara, mas não respondeu – Nossa, a batatinha está assando! – todos riram, inclusive Hermione, que fez menção de pegar uma garrafa de cerveja amanteigada que estava na mesa.

– Êpa, Granger, nem pense em chegar perto dessa garrafa! – Leo alertou, tirando-a de perto da garota – Você já provou do que é capaz com um pouco de álcool no sangue... Se bem que talvez essa mesa não seja tão pequena para o seu show! – Hermione fechou a cara e todos riram de novo, e, dessa vez, Draco caiu na gargalhada para se vingar de Hermione.

– Ri mais uma vez que eu te faço declamar aquele poema na frente do 3Vassouras todo! – Hermione sussurrou ameaçadoramente para o loiro, que parou de sorrir imediatamente.

– Aqui ninguém ri da minha namorada, entenderam? – Draco falou forçadamente, e tratou logo de pegar uma das únicas garrafas cheias que estavam na mesa.

– Draco! – Hermione tornou a chamá-lo – Eu quero cerveja amanteigada!

– Pega! – ele falou mal-criado.

– Eu quero que pegue pra mim! – ele arregalou os olhos – Quer que eu repita a frase mágica? Não me desaut... – ele rapidamente estendeu a garrafa para Hermione – Eu quero que coloque um canudinho para mim! – a contragosto, ele pegou um canudo e colocou dentro da garrafa – Quero que segure a garrafa até eu terminar de tomar! – Draco contorceu o rosto – Vai fazer isso para mim, amor?

– Claro! – Draco praticamente rugiu a resposta, enquanto Hermione sorria de forma dissimulada e os outros olhavam tudo sem acreditar. Draco nunca faria isso, nem se fosse pra namorada.

– É assim que se fala, Draco, é assim que se fala... – ela disse, antes de terminar de tomar o conteúdo da garrafa – Eu quero mais, Draco! Será se dá pra pegar pra mim? – Draco cerrou os punhos, mas não fez nenhuma objeção e se levantou.

– Pega para mim também, Draco-Batatinha! – Zabini brincou, o que fez o loiro cerrar mais ainda os punhos.

– Se quiser, levanta daí e pega! – Draco respondeu com raiva.

– Oh, Draco, deixa de ser mau! – Hermione o repreendeu, fazendo um biquinho – Vai lá, como um garoto comportado que é, e pega uma cerveja amanteigada para o seu amigo! – Draco lançou um olhar mortal para ela, que retribuiu com um sorriso carinhoso – Alguém mais quer cerveja amanteigada? – Hermione perguntou para os outros sete garotos que estavam sentados, confirmando com um aceno – É, Draco... pelo jeito você vai ter que trazer pra todo mundo!

– E pega um Martini para mim, Draco! – Leo completou, mas Draco ignorou o amigo. Ele sempre fazia isso quando ia ao pub, esquecendo que não vendiam bebidas desse tipo para menores.


Enquanto Draco ia até o balcão falar com Madame Rosmerta, os outros sonserinos engataram um papo animado, recheado de coisas contra grifinórios. Mas Hermione não se importava com o que eles falavam, na verdade sua atenção estava em outro lugar... Ela olhou para a mesa de Miguel, e ele estava dividindo uma taça de Sundae com Cho, enrolando uma mecha do cabelo dela nos dedos. “Patético!” Hermione pensou, enquanto olhava eles dois roçando o nariz.

Ela olhou para outra mesa, e viu Ricky, que, pelo jeito, era a mais nova sensação entre as garotas. Hermione acenou para ele, e recebeu um aceno frenético de volta. Ricky sorriu para ela, e iria levantar para encontrá-la se não fosse impedido por uma das garotas que estavam na mesa. Ele ainda insistiu, mas Hermione sinalizou para ele ficar lá mesmo. Não iria querer que depois um grupo de sonserinas lhe pegasse na saída do pub.

Hermione tornou a olhar para a mesa de Miguel, e, dessa vez, o que ela encontrou foi um lufa-lufo a olhando seriamente. Ela gelou, mas manteve o olhar impassível. Notou que Cho não estava mais na mesa, mas a bolsa dela ainda estava lá... certamente deveria ter ido ao banheiro. “Acabou, Hermione! É agora ou não é!” Ela pensou em dúvida “Recuperar a confiança, recuperar a confiança, recuperar a confiança...” Hermione repetia como um mantra enquanto levantava da própria cadeira e caminhava, segurando a respiração, até a mesa de Miguel.


– Errr... – Hermione pigarreou tentando adquirir confiança – Olá! – ela falou, incerta, recebendo um “Olá!” seco de volta – Está sozinho?

– Sabe que não. – ele disse calmamente enquanto Hermione ficava sem jeito. “Péssima maneira de começar, Hermione!” Ela pensou aflita – Não está com o namorado, Sra. Malfoy? – ela deu um sorriso gentil, que não foi retribuído.

– Deixa de formalidades, Miguel! Sabe que para você é Hermione. – Hermione forçou um sorriso, e percebeu que a hostilidade dele havia diminuído um pouco – Será se eu posso sentar? – Miguel apenas apontou a cadeira que estava em frente a ele, onde ela sentou de forma desconfortável.

– O seu namorado não veio? – Miguel perguntou, mas sabia perfeitamente que Draco estava lá, uma vez que o via por cima do ombro de Hermione, discutindo com Madame Rosmerta. Ele não parecia estar nos seus melhores dias, na opinião dele, e isso até o alegrou um pouco.

– Ele foi pegar umas cervejas amanteigadas para mim e para os amigos. – Hermione explicou, enquanto tentava ficar mais confortável.

– Nossa, que prestativo! – Miguel ironizou – Ele não tem cara de que faz essas coisas!

– O Draco é um namorado muito doce e atencioso. Só sabe quem o conhece. – Hermione falou enquanto ainda tentava escolher uma desculpa para ter ido até lá – Bem, Miguel... Eu precisava vir aqui para reatar os nossos laços de amizade... – “Só se for algum laço pra te enforcar!” – Você sabe... Depois daquela festa...

– Eu sei, Hermione, eu realmente sei. – ele falou olhando firme nos olhos dela, e Hermione achou estranho o tom de compreensão dele – Você veio me pedir desculpas, não é?

– Eu... Errr... Claro, claro que sim... Pedir desculpas, é isso... – “Mas ele se acha muito mesmo! Pedir desculpas só se for pela minha falta de sorte de ainda não ter te matado!” – Não quero que fique com uma má impressão minha pelo que aconteceu...

– Não se preocupe por isso! Você tem as minhas desculpas! – “Isso era tudo o que eu precisava para dormir tranqüila!” Ela pensou irônica – O que aconteceu com a sua testa?

– Eu... Bati no poste! – ela respondeu depois de hesitar, recebendo o primeiro sorriso dele depois de 2 minutos de conversa – Sabe como é... O beijo do Draco me deixa meio tonta! – Miguel fechou a cara novamente, e Hermione teve que se controlar para não rir – Está horrível, não é? Pode dizer!

– Não, não está! – ele respondeu, tentando sorrir em vão, imaginando com um gosto amargo Hermione e Draco se beijando num banquinho de praça, de mãos dadas e sorrindo feito bobos – Algum problema com os seus olhos? – perguntou Miguel, ao ver Hermione os piscando insistentemente.

– Oh... Eu acho que tem um cisco no meu olho... – ela esfregou o olho esquerdo, sabendo que não existia cisco nenhum por lá – Quer ver pra mim? – Miguel não hesitou em se esticar por cima da mesa, enquanto Hermione afastava a cadeira mais para frente.

– Não está conseguindo abrir os olhos? – ele perguntou, segurando o rosto da Castanha pelo queixo. Hermione balançou a cabeça em um não – Se você puder abrir seria melhor para eu fazer algo que vai passar.

– E o que seria? – perguntou Hermione, ainda de olhos fechados. “Não vem com história de que beijinho passa pro meu lado não que isso é furada!!

– Vou soprar para ver se o cisco sai... – e, dito isso, ele abriu de leve o olho esquerdo de Hermione, soprando suavemente.

– Wow... Acho que agora mesmo é que eu não consigo mais abrir! – ela sorriu, e ele a acompanhou nas risadas, pareciam bem confortáveis agora. Miguel tirou a mão do rosto de Hermione, mas ela a segurou, e direcionou para a própria bochecha – Eu acho que ainda não saiu... – ela falou em um tom suave, quase abafado pelas vozes ao redor.


Miguel engoliu em seco quando Hermione repousou a mão sobre a dele. “Engraçado...”, ela pensou, sentindo a mão dele tremer de leve sobre a sua bochecha. Ele iria novamente soprar o olho esquerdo da grifinória, mas parecia o que o ar havia faltado. Miguel nunca havia percebido muito bem que ela tinha feições tão delicadas, os cílios pareciam maiores agora que ela estava de olhos fechados... Ele podia até contar as sardas quase imperceptíveis que ela tinha no nariz, ou as vezes que ela mordia o lábio inferior como se estivesse apreensiva.

Hermione abriu os olhos delicadamente, o encarando como se quisesse saber o que ele estava fazendo. E não foi com surpresa que ela encontrou o olhar confuso dele. Na verdade, parecia que a olhava meio bobo, com a respiração irregular, como se internamente se sentisse maltratado. E isso era bom, ela pensou, era bom pra ele sentir pelo menos um décimo do que ela sentiu.


– Está acontecendo algo, Miguel? – ela perguntou, querendo interromper o transe que ele estava.

– Eu estava pensando... – ela já não estava mais com a mão sobre a dele, mas, ainda assim, ele não havia retirado a mão do rosto dela – O que poderia ter acontecido se você não estivesse com outra pessoa...

– Entre nós, é o que quer dizer? – ele assentiu, recolhendo a mão que estava no rosto dela, e voltando a sentar na própria cadeira – Eu acho que não aconteceria nada... – ela falou, evitando ir direto ao ponto – Você estaria com a Cho, e o fora que me deu não iria se apagar.

– Mas nós poderíamos ter tentado de novo, ainda mais que eu ainda não estava com a Cho. – Hermione sentiu a raiva voltar.

– Não estava? – “Se concentre em não matá-lo!” – Você tem certeza disso? – ele confirmou – Absoluta?

– Err... Acho que sim. – ele deu de ombros, um pouco nervoso – Eu estava com você, não estava? E... Bem, eu e a Cho só namoramos bastante tempo depois...

– Bastante? – ela perguntou, sentindo o sangue entrar em ebulição com o cinismo dele.

– É, bastante! – ele confirmou, incerto – E, claro que eu não estaria com ela estando com você... porque.... porque... foi só muito tempo depois que nós ficamos juntos, e... eu não estava mais com você, então estava com ela, e...

– Não precisa ficar se justificando tanto, Miguel, eu acredito em você! – Hermione o interrompeu, passando uma das mãos por cima da mesa e repousando sobre a dele. “Cínico! Tem idéia do quanto eu chorei por sua culpa, seu cretino?” – Sabe, sinceridade é algo que eu aprecio bastante, e eu desejo que continue sendo sempre assim, esse garoto sincero que é. E espero que a Cho seja sempre sincera com você, afinal... – Hermione respirou fundo, acariciando displicentemente a mão dele – Você merece isso, não merece? – ele sorriu sem jeito, e Hermione sorriu ainda mais largamente – E também espero que sejam bastante felizes... pelo menos enquanto puderem.


Miguel encarou Hermione sem entender a insinuação dela, mas logo todo e qualquer pensamento dele foi interrompido ao escutar o som de sucessivas garrafas se espatifando, uma atrás da outra. A cantora parou imediatamente de cantar, e todas as vozes que inundavam o pub foram silenciadas, fazendo todas as cabeças, principalmente a de Hermione, encarar um garoto pasmo que olhava com insistência a mão dela sobre a de Miguel. Draco olhou para Hermione, olhou para a mão dela, e tornou a olhar para a garota, repetindo esse ritual pelo menos umas cinco vezes até Madame Rosmerta chegar e ele se sentir obrigado a discutir com ela, falando que não tinha culpa das garrafas serem tão frágeis.


– Seu namorado não parece muito bem... – Miguel falou divertido, vendo a dona do local limpar tudo com um gesto de varinha, enquanto as vozes voltavam mais altas ainda, conversando como se nada houvesse acontecido e abafando, assim, a voz estridente de Draco – Ele está estressado?

– Acho que as garrafas escorregaram. – Hermione falou, se levantando justamente no momento em que Cho chegou. Ela analisou com interesse a morena com a roupa toda amarrotada e o cabelo bagunçado. Será que isso acontecia com todo mundo que ia ao banheiro?, ela pensou curiosa – Eu já vou indo, Miguel! Até mais!


Hermione se apressou em ir até Draco, deixando para trás uma garota furiosa que discutia com o namorado, tentando entender a razão de ele estar de mãos dadas com Hermione. Miguel tentava a todo custo acalmar Cho com beijinhos enquanto saíam do 3Vassouras.


– Jake! Onde é que você estava, cara? – Draco perguntou a um garoto loiro que se aproximava rapidamente da mesa dos sonserinos. Hermione chegou à mesma hora que ele, mas Draco simplesmente a ignorou – Senta aí, só falta você!

– Não vai dar, Draco! Eu vou ter que encontrar a Lil na Dedosdemel, e se eu me atrasar, ela me mata. Você conhece o temperamento dela.


Hermione olhou para o garoto, tendo a certeza de já tê-lo visto antes em algum lugar. Sim, havia o olhado no jogo, já havia também ouvido falar nele. Jake Myers, esse era o seu nome, septanista e um dos batedores do time da Sonserina. Chamava total atenção entre as garotas, não só por ser um dos jogadores, mas também pelo porte atlético. Fazia sucesso entre o público feminino, mas já era comprometido há mais de um ano com uma sonserina. Mas não era o porte dele ou qualquer outro atributo físico que chamava a atenção de Hermione naquele momento. Havia algo de similar na roupa dele com algo que ela já havia olhado... mas, onde? O cabelo dele parecia bem bagunçado, a respiração ofegante... O rosto vermelho dava a impressão de que ele tinha corrido muito, mas... como correr muito dentro do 3Vassouras? Estava andando em círculos?

A Castanha sentou ao lado de Draco, evitando olhar novamente para o garoto. Havia algo que ela estava achando muito estranho nele, ou na forma como ele evitava de todas as maneiras continuar no pub. Mas isso era algo que ela resolveu pensar só depois...


– Fica nos devendo essa, Jake! – Draco falou ao apertar a mão do garoto, antes de ele sair desesperado pela porta do pub. O loiro olhou para Hermione com o canto dos olhos, mas Hermione estava mais entretida em brincar com as gotas de água que escorregavam pela parte externa da garrafa de cerveja – O que foi fazer de mãos dadas com o Corner? Foi comprovar que a mão dele é realmente enorme? – Draco perguntou sarcástico.

– Eu já tinha comprovado isso antes... – ela falou, sorrindo zombeteira, enquanto Draco fechava a cara – Por favor, Draco, você sabe muito bem o que eu fui fazer lá! Tentar uma reaproximação, essas coisas...

– E pra isso precisa ficar sorrindo feito boba e ficar pegando na mão dele? – Hermione girou os olhos.

– E quem foi que me disse uma vez que ser cínico traz bons resultados? – ela perguntou, ignorando a careta dele.

– Ok. – ele suspirou, tomando a longos goles o conteúdo da própria garrafa – Esse é mesmo o seu papel. – ele deu de ombros, indiferente, mas sentiu um aperto bem ali...

– Você se feriu? – ela perguntou, mudando o rumo da conversa. Draco apenas mostrou as mãos sem nenhum ferimento – O que aconteceu para todas as garrafas caírem daquele jeito? Viu alguma coisa que não gostou? – ela sorriu de lado, e Draco não gostou muito da insinuação.

– Sinto muito se as minhas mãos não são enormes o suficiente para trazer oito garrafas de uma só vez! – ele ironizou, ao que Hermione riu ainda mais.

– Draco, não precisa se preocupar se as suas mãos não são tão grandes quanto as do Miguel! – ele bufou, girando os olhos ao mesmo tempo – Elas têm um tamanho perfeito, e isso é muito melhor. – Draco olhou desconfiado para Hermione, mas logo deixou escapar um sorriso, que foi acompanhado por ela.


A manhã passou logo, e junto com ela, as pessoas foram se dispersando mais. Durante a tarde, já não havia tantas pessoas assim no pub, mas a música continuava no local. Hermione já havia perdido a conta de quantas garrafas de cerveja amanteigada os sonserinos haviam bebido, só dava para ver todas elas vazias sobre a mesa. Leo estava sentado em outra mesa, conversando com umas garotas da Corvinal. Elas riam bobamente das piadas totalmente sem sentido que ele contava. A maioria dos outros garotos do time estavam sentados em outras mesas ou já haviam ido embora, restando somente Draco, Hermione e Zabini em uma mesa. Draco estava jogado na cadeira, com uma expressão cansada no rosto; Hermione estava com os cotovelos apoiados na mesa, repousando o queixo nas mãos, e com o tédio já começando a se apoderar dela; Zabini já bebia a enésima garrafa de cerveja amanteigada, e parecia não querer parar de jeito nenhum.

Logo uma música melodiosa inundou o já quase desabitado 3Vassouras, e Hermione desviou a sua atenção das garrafas vazias para a cantora. Ela colocava uma emoção fora do comum em cada letra que saía dos lábios, em uma canção que falava de paixão e amor eterno, algo que ela achou que, se demorasse mais alguns minutos, iria encher de formigas ao redor dela.


– Essa era a nossa música... – Zabini falou, com a língua um pouco presa, anestesiada pelo álcool. Ele levantou da própria cadeira, cambaleando sem parar, e aplaudindo freneticamente a mulher que estava no placo. Quando se deu conta, já estava caído no chão – Ela me abandonou... Me ajuda, Draco... Eu não sei mais o que fazer, cara! Juro que não sei... – Draco foi até o amigo, e o ajudou a sentar novamente na cadeira, seguido do olhar de Hermione. “Depois eu ainda me pergunto por que eu não gosto de bêbados...” Ela pensou, ao ver Zabini caindo num choro compulsivo – A gente sempre disse que essa seria a nossa música! E agora eu estou aqui, sozinho... abandonado... A Marietta me deixou, cara, ela me deixou! – Zabini abraçou Draco para novamente cair em um choro irreprimível – E eu me pergunto porque ela fez isso, mas não entendo, cara, eu juro que não entendo...

– Ela não te merecia... – Draco deu umas palmadinhas nas costas do amigo, enquanto Hermione tentava a todo custo não rir da situação.

– Ai ai, solidariedade masculina... Que coisa mais tocante! – Hermione resmungou, girando os olhos enquanto reprimia um eventual riso – Sabe, Zabini, eu também me pergunto por que a Marietta fez isso com você e não entendo... – Zabini votou a atenção para ela, e limpou algumas lágrimas que escorriam pelos olhos – Não entendo porque ela só fez isso agora, porque eu já tinha te deixado há muito tempo. – ‘Você só está piorando...’ Draco sussurrou, mas ela continuou: – Você não tem vergonha não? A cabeça da garota é mais enfeitada que árvore de natal, só falta o pisca-pisca pra completar a decoração!

– Se um dia eu traí a Marietta, foi pro bem da nossa relação! – Blaise falou, tomando outra cerveja – Eu sempre fui muito inseguro, tinha medo de perdê-la...

– E agora perdeu! – Hermione falou com pouco caso.

– Olha, Granger, você não sabe do que tá falando! – a Castanha girou os olhos tediosamente – Vocês garotas são todas estranhas, anormais! Tudo mulher problemática! – Zabini reclamou, recebendo o apoio de Draco – Meu Deus! O cérebro de vocês ainda tem que ser estudado! Vocês nos chutam, nos maltratam, somem das nossas vidas pra depois voltar de novo e bagunçar tudo; não podem ouvir um ai que saem correndo e se trancam no banheiro; pra sair é uma luta porque trocam de roupa pelo menos umas dez vezes só pra fazer a graça de usar a que colocaram primeiro; só entram no banheiro em bando, parece até que vão tramar qual o próximo cara que vão matar; nos acusam de frios só porque não notamos que pintaram a unha do pé de outra cor; e ainda por cima vivem nos ignorando e eu não sei nem porquê, afinal, o que vocês mulheres fariam sem nós, homens? – ele perguntou, convencido.

– Com certeza acharíamos outro animal pra domesticar! – Hermione respondeu na mesma irritação – Não acha que talvez ela sinta falta de algo? Já a elogiou alguma vez?

– É claro que já! – Zabini respondeu, ofendido – Eu sempre disse pra Marietta que ela tem o maior traseiro que eu já vi na minha vida! – Hermione arregalou os olhos – E pra quê? Só pra ela ir correndo se trancar no banheiro!

– Será se você não tem um pingo de sensibilidade nessa cabeça oca? – ela perguntou escandalizada.

– Por Deus, Hermione! – Draco se meteu – Sensibilidade é coisa de boiola!

– Draco, ser sensível não quer dizer diretamente ser efeminado! – Draco crispou os lábios – Você já elogiou alguma vez, Zabini, o corte de cabelo que ela fez? – Blaise franziu a testa.

– Ela cortou o cabelo? – ele perguntou de forma pensativa – Ah, então era por isso que ontem eu achei que tinha algo de estranho nela... – Hermione suspirou cansada – Mas isso não explica muita coisa! Por que ela iria fazer um escândalo daqueles e ainda terminar um namoro só porque eu não notei que ela tinha cortado dois centímetros do cabelo!

– Dois centímetros? – a Castanha perguntou já aborrecida – Não é possível que não tenha notado a ausência de meio metro de cabelo! – Zabini ia abrir a boca, mas resolveu fechá-la, se sentindo embaraçado – Será se vocês dois não têm noção das coisas que fazemos só pra chamar um pouquinho da atenção de vocês? Fazem idéia do que somos capazes de mudar só pra receber um simples elogio? – Zabini e Draco se entreolharam, mas não responderam – Nós cortamos o cabelo, ou o prendemos de um jeito diferente; pintamos as unhas de outra cor, usamos um outro estilo de roupa, outro perfume... – Hermione levantou da própria cadeira – Sabe, vocês deveriam pensar um pouco mais nisso, pensar no quanto nos esforçamos para que notem alguma coisa, para receber um elogio ou um singelo convite à Hogsmead. – ela olhou diretamente para Draco, o que o deixou um pouco sem graça – Talvez, em uma próxima vez, a Marietta não se tranque mais no banheiro.


Hermione pegou o próprio casaco e colocou nas costas, seguindo até a saída do 3Vassouras acompanhada por Draco. O loiro fez sinal para Leo na outra mesa para que ele ficasse com o amigo, que, nesse momento, chorava feito um bebê escutando outra música romântica.

Ela pôs as mãos nos bolsos, admirando o pôr-do-sol. Não tinha notado muito bem o quanto o tempo havia passado. Não havia sido um dos melhores passeios à Hogsmead que havia feito, mas também não negava que havia se divertido um pouco. Draco se colocou ao lado dela, caminhando até as carruagens, olhando-a de vez em quando, pensando no que falar.


– Ainda está chateado comigo porque eu te fiz pagar mico na frente dos seus amigos? – ela perguntou, antes que ele falasse qualquer coisa.

– Ah, não... De forma alguma! – ele respondeu, se fingindo de compreensível – Eu já te disse que por essa você ainda me paga. – Hermione girou os olhos de forma divertida.

– Você é um garotinho muito rancoroso, Draco! Guardar ódio não faz muito bem ao coração. – eles dois sorriram de forma amena, mas logo pararam, passando alguns minutos no completo silêncio.

– Não sabia que tinha essa vocação de conselheira amorosa. – ele falou, querendo interromper o vazio que estava entre eles, o que foi seguido por um sorriso dela.

– Eu também não. – ela respondeu, olhando para ele – O que não fazemos para salvar a reputação feminina e nos livrarmos do título tão injusto de choronas!

– Injusto? – perguntou Draco, fazendo uma careta gozada – Às vezes eu acho que vocês, mulheres, são seres de outro planeta, e isso é sério.

– Humm, quem sabe... – Hermione fingiu pensar – Talvez tenhamos sido mandadas para cá para pôr ordem nesse planeta. Sabe... os homens costumam fazer uma bagunça. – Draco riu, também pondo as mãos nos bolsos.

– Gostei do seu cabelo hoje. – ele falou de repente, o que assustou Hermione – A forma como você o deixou solto te deixou mais bonita.

– Posso saber pra quê esse elogio? – ela o interrogou, sorrindo marotamente.

– Poxa, Hermione, você cortou totalmente o clima. – ele se fez de decepcionado.

– Draco, não vem com essa de que de uma hora para outra notou que o meu cabelo estava solto!

– Ora, não foi você mesma que disse que os homens não reparam em nada que as mulheres fazem? Então, isso é só para provar que eu posso sim reparar em alguma coisa. – ele deu de ombros, se fingindo de inocente.

– Ok, Draco, a sua cotação subiu um pouquinho. – ela sorriu para ele antes de virar para abrir a porta da carruagem, mas Draco se adiantou e abriu para ela.

– As damas primeiro... – Hermione subiu na carruagem, e teve que rir da reverência fajuta que ele fazia.

– Ora, ora... o mocinho está aprendendo a ser um cavalheiro! – ela disse, no momento em que Draco se sentou ao lado dela – Cinco pontos para a Sonserina! – Draco se aconchegou no assento da carruagem, e deu uma piscadela divertida para Hermione.

– Qual seria o próximo passo para a minha cotação subir mais um pouco? – ele perguntou à ela, que respondeu encolhendo os ombros – Será que seria te chamar para vir à Hogsmead comigo em uma próxima vez?

– Talvez... – ela respondeu, corando um pouco – Só espero que da próxima vez não me deixe esperando por um convite.

– Não se preocupe, eu não vou te deixar esperando. – Draco sorriu para ela antes de voltar o olhar para o assento vazio em frente à eles.


Hermione voltou o rosto para a janela da carruagem, para Draco não perceber o quanto ela estava corada naquele instante. As árvores passavam rapidamente pelo campo de visão da grifinória, dando a impressão de uma longa parede verde, e interminável. Para ela, o pôr-do-sol parecia até mais bonito do que minutos antes, com o colorido extasiante que o céu tomava no arrebol. Mas, naquele momento, não era realmente o que povoava os seus pensamentos, e, sim, o sorriso de Draco. O sorriso dele era muito bonito, ela pensou, um dos poucos sorrisos sinceros que ela já havia visto estampado no rosto dele. E isso a deixou se sentindo diferente.

A Castanha olhou discretamente para o lado, para olhar Draco, e o encontrou sentado confortavelmente no assento, com os olhos cerrados e os fios loiros caindo sobre os olhos, lhe deixando com ar de príncipe misterioso. Ela voltou a olhar para a janela, tentando se deter nas cores alaranjadas que tingiam o céu, mas não conseguiu deixar que um sorriso escapasse dos lábios, imaginando como seria um próximo passeio à Hogsmead com Draco que, agora ela admitia, havia se divertido bastante.




N/A: Olá!! Bem, depois de uma semana e meia a atualização finalmente saiu. Não deu pra postar ontem à noite porque eu ainda não havia terminado, algo que eu só consegui agora à pouco, já que ele ficou com 35 páginas, mesmo com alguns esforços para diminuí-lo. Eu não dividi em duas partes porque não é minha intenção lotar essa fic de capítulos.

Acho que já deu para perceber de onde veio o título desse capítulo, não é? Depois de um fim de semana assistindo pela enésima vez o filme Do que as mulheres gostam, eu resolvi colocar esse título. A capa do capítulo é mais umas das minhas toscas montagens, por enquanto que eu não convenço a minha irmã a me ensinar a fazer umas menos terríveis. Bom, antes de qualquer coisa, eu quero pedir desculpas por não ter respondido aos comentários de vocês. Eu leio todos eles sempre, repetidas vezes, mas se eu fosse responder, eu só iria conseguir encontrar uma folga pela sexta, e o capítulo atrasaria mais. Então, espero que me entendam, e agadeço de coração à disponibilidade de quem comenta, realmente me deixa mui muiii happy! E que as novas leitoras sintam-se muito bem-vindas e se juntem ao restante das adoradoras de Draco Malfoy! Hooo!

Eu sei que esse capítulo foi totalmente “no action”, mas prometo que no próximo vai, finalmente, haver.

E obrigada de todo coração à:

Sonekinha_89

Carol Cardilli

Jacque Malfoy

Minne Malfoy

Sra.Kary Black

Bella Malfoy #)

LenaRadcliffe♥

Priscila Farah

Pontas Dolls Potter

Dyone Smith

Carla Ligia Ferreira

Mary Ann

Malu Chan

Priscila Strawberry

Monalisa Mayfair

taaa_hp

Hiorrana

Lola_pottermaniaca

B. Black

Licca_Weasley_Malfoy

Tanne

hgranger

M.M.M.

Samy-sam

***Pah Potter***

Patricia Cristina Nalini

Cah Black

Hermione J. Granger

LuanaH²

Laís Potter Black


Obrigada novamente aos que lêem e, principalmente, aos que comentam! Beijinhos e até o capítulo 15! ;**

Srta. Granger Malfoy

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