ESFINGE





CAPITULO 11



ESFINGE



Remo foi o ultimo a atravessar o espelho. Postou-se entre Alice e Frank que olhavam impressionados para o monumento a sua frente. A grande Esfinge do Egito, uma grandiosa estatua de um leão, com a cabeça de uma mulher, deitada em pleno deserto, à poucos metros de distância, iluminada pela lua crescente. Possuía uma expressão de mistério e dureza que nada tinha a ver com as pedras que a formava. Ao lado, quase que em segundo plano, as três pirâmides do Egito: Queóps, Quéfrem e Miquerinos.

- Devemos começar – anunciou Aziz, quebrando o silencio – Andrew, o que você precisa fazer agora ? – indagou para o rapaz como se estivesse em uma sala de aula, ou em um treinamento

- Cuidar de nossa privacidade – respondeu o rapaz de olhos fechados, concentrado em suas obrigações – Podemos ir – visou depois de alguns momentos

- Nicole, John podem começar – avisou o sacerdote e os dois jovens se aproximaram das patas dianteiras da esfinge e começaram a levitar, a areia agitando-se aos seus pés

- Eu não sabia que eles podiam fazer isso – Alice sussurrou impressionada observando os jovens feiticeiros

- Eu também não – respondeu Remo, tão supreso quanto a amiga, sem tirar os olhos da areia que se erguia em um redemoinho. Toneladas de areia, colocadas lá pelos anos e pela intempérie da natureza, que estavam sendo retiradas e jogadas para o lado abrindo caminho por entre as patas da esfinge. Algumas armaduras e capacetes, ossos e armas antigas surgiam no meio daquele vendaval. Logo um primeiro degrau surgiu, e outros apareceram em seguida, limpos de toda aquela areia. Uma escadaria escura se revelou quando os feiticeiros finalmente pararam e desceram.

- Vamos ? – convidou o sacerdote, tomando a frente, ladeado por Nicole e Andrew, John ficou por ultimo, ao lado do pai. A ampla escada era segura e não estava danificada, seus degraus eram rasos e largos

- Romanos – disse o rapaz, apontando um capacete no chão

- O que eles queriam aqui ? – indagou curioso e constrangido por não conhecer muita coisa sobre a historia do povo egípcio, o povo do seu filho

- O que todos os conquistadores querem: terras, riquezas, escravos, ... – respondeu o rapaz, com desdém – Mas ninguém nunca poderiam entrar aqui

- Porque precisariam de um feiticeiro ? – perguntou um pouco incomodado, sem saber porque

- Certamente precisariam – riu o rapaz – Porque levariam milhares de anos para retirar essa areia toda e morreriam antes de chegar ao fim da escadaria . Armadilhas – respondeu ao olhar inquisidor do pai – Não se preocupe, foi por isso que Nicole e eu viemos

- Ilumine nosso caminho, Nicole – pediu o sacerdote e logo a escadaria estava iluminada, revelando centenas de degraus que pareciam levar ao centro da terra.

- Como diz o ditado: Pra baixo todo santo ajuda – brincou Alice, tentando aliviar a tensão de todos . Mas foi em silencio que continuaram a descer . O caminho fez algumas curvas, mas sempre para baixo, as paredes continuavam limpas, o ar era quente e abafado, mas não desagradável, Nicole ia na frente evitando ou desativando as armadilhas que surgiam, ate chegarem ao seu fim, muito tempo depois de entrarem .

- Mais de trezentos e cinqüenta – murmurou Frank, ofegante depois de finalmente descer o ultimo degrau

- Você contou ?! - perguntou Alice, gemendo ao olhar para as escadas e pôde ouvir o marido se corrigir: “ perdi a conta em trezentos e cinqüenta” – Descer foi fácil, quero ver subirmos ...

- O que dizem esses desenhos ? - indagou Remo ao filho que junto com os primos e o sacerdote parecia muito interessado nas paredes. – São hieróglifos, não são ?

- Hum hum – concordou o filho – Esses – falou apontando para uma cena que tinha vários símbolos – Contam como Rá criou o planeta e seus filhos, a terra, o ar, a água e o fogo

- Aqui temos o relacionamento dos irmãos entre si e com o pai, Rá, - prosseguiu Nicole apontando outra cena

- E nessas outras temos representações sobre os trabalhos e a vida de cada um deles – continuou Andrew apontando outras quarto cenas, na parede oposta. Assim continuaram por um longo corredor, os jovens explicando cada cena retratada nas paredes, ate chegarem a um ponto onde não era possível se ter luz

- Algum problema ? - perguntou Frank olhando para o sacerdote que trocava algumas palavras em voz baixa com Nicole

- Não foi possível iluminar além desse ponto – respondeu Aziz , depois que a garota flutuou em direção ao teto – O que você vê ai de cima ?

- É um arco – contou garota em tom de mofa

- Mais um arco ... – resmungou Andrew – Não o ultrapasse. Não sabemos o que tem do outro lado – lembrou a irmã

- Não sou idiota – respondeu a morena – Aqui diz : “se chegaram aqui foi por ajuda divina, dêem meia volta e sairão como chegaram, continuem e terão sua verdade mais terrível revelada ante seus olhos”

- Encorajador – assobiou Alice, olhando para o sacerdote – Continuamos ou desistimos de tudo ? – indagou sempre muito pratica

- Acho que o único que possui uma “verdade terrível” por aqui, sou eu – avaliou Remo, tentando não parecer amargurado

- Você é muito convencido – desdenhou Andrew, zombeteiro, indicando o casal Longbotton com a cabeça

- Não ligue pra Andrew – pediu o filho, escondendo um sorriso – Ele é assim mesmo

- Parece muito com o pai – respondeu Remo, reconhecendo no adolescente a mesma falsa despreocupação do amigo Almofadinhas

- Continuarmos ou não, depende de vocês – garantiu Aziz, depois de pensar por alguns instantes – Não posso e não vou pedir que se sacrifiquem por Alex e Sirius – afirmou olhando para Nicole e Andrew que preferiram encarar as paredes – Nem eu tenho como saber o que nos espera lá

- Não vamos pedir uma coisa dessas de vocês – murmurou Nicole, depois de algum tempo, cabisbaixa – Eles não gostariam disso

- Mas podemos seguir em frente – garantiu Andrew – Nicole e eu – declarou , um tanto desafiador, olhando para Aziz, que não pareceu se importar

- Com certeza são filhos de Alex e Sirius – zombou Alice, tentando disfarçar o mal estar causado pelas duvidas – Teimosos, arrogantes e pretensiosos !

- Mas o lado dramático eles herdaram de Sirius – decretou Remo, sem controlar o sorriso , meio saudoso - Disso eu tenho certeza

- O que vocês decidem ? - indagou Aziz, sorrindo por não esperar nada menos do seu vidente e da sua feiticeira

- Eles fariam o mesmo por mim – decretou Remo demostrando confiança

- Por todos nós – concordou Alice, estendendo a mão para o marido que entrelaçou seus dedos nos dela e depositou o beijo nessa união

- Vamos em frente – declarou Frank convicto, tentando não pensar na sanidade e no filho, na vida recém recuperada

- Então continuamos – disse Aziz aproximado-se do arco

- Espere ! – pediu Nicole , impedindo o sacerdote – Eu vou na frente – declarou sorrindo – Meu primeiro dever é proteger você, Aziz

- Nosso dever – corrigiu John, indo para o lado da prima – Damas primeiro ? – indagou numa reverencia debochada, mas passaram juntos, antes que Remo pudesse se recobrar e impedir – Tudo tranqüilo, tem luz depois que você passa o arco. Só um ..... pequeno problema – desdenhou o rapaz, exasperado

- Nada de magia – completou Nicole, tão irritada quanto o primo – A terrível verdade é que não passamos de pessoas comuns !!!

- Pessoas comuns, sim – concordou Aziz ultrapassando o arco – Mas inteligentes, possuidoras de firme e bom caráter, com ótimos propósitos

- Isso será o bastante para resgatarmos nossos amigos e voltarmos inteiros para casa? - perguntou Alice passando pelo arco junto com o marido e logo seguida por Remo

- Vamos esperar que sim – declarou Aziz avaliando o local onde estavam. Uma sala redonda de proporções gigantescas, com colunas enormes, e atras de um trono, um disco dourado

- Sem guardas ou porteiros – sugeriu Andrew, analisando atentamente o local – Vazio ?

- É o que você supõem, criança ? - indagou uma voz feminina, uma fumaça dourada tomando forma no trono. A forma de uma mulher com o corpo repleto de desenhos e nada mais – O que os trás aqui ?

- Acredito que você saiba, senhora – respondeu Aziz respeitosamente

- E você acha que sua busca será fácil ? Ou que conseguirá conclui-la, sacerdote ? – rebateu a mulher sorrindo com malícia cruel

- Podemos apenas esperar que sim – respondeu ele , sem se abalar – Devemos passar por você ? – indagou suavemente

- “Passar por mim” ? Derrotar-me, você quer dizer ? – inquiriu erguendo as sobrancelhas – Não sacerdote , não é a mim , mas a vocês mesmos que devem enfrentar – anunciou a mulher , rindo divertida , batendo duas palmas. E foi quando os pesadelos começaram. Remo sentiu-se transportado para o bosque vizinho a sua casa e com a idade de sete, oito anos, sabia o que era: A noite em que se encontrara com Fenrir Greyack.

- São apenas lembranças – murmurou Remo para si mesmo, tentando evitar se perder naquelas imagens, na voz que sedutora que sussurrava em sua mente, que garantia que poderia mudar tudo, que tudo seria diferente, desde que ele quisesse, precisa apenas correr um pouco mais rápido para ficar em segurança e não ser mordido – São apenas lembranças – murmurou agoniado , com um mantra, continuou repetindo e repetindo agarrando-se a esse pensamento, na certeza de que não poderia mudar o fato de ter sido mordido, de ser lobisomem. Repetiu ate ser, dolorosamente, trazido de volta a realidade. Ao seu lado Alice , se contorcia no chão, gemendo de dor e chamando pelo marido e pelo filho, mergulhada na sua tortura de tantos nos atras e no medo de que acontecesse novamente. Frank implorava clemência, piedade pela mulher que queria acima de tudo, e pelo filho que amava mais do que a si mesmo. Nicole e John pareciam mergulhados no mesmo tipo de pesadelo, imploravam perdão, misericórdia aos seus Deuses, Andrew parecia perdido, ajoelhado no chão , lagrimas escapavam de seus olhos , encharcavam o rosto e a frente da camisa . Apenas Aziz parecia sereno e começou a se aproximar com muita dificuldade da mulher. Cada passo parecia demorar uma vida, as pernas pesavam como chumbo, e parecia sentir cada ano de vida sobre seus ombros, agora, curvados.

- Frank, escute a minha a voz – pediu ao amigo, agarrando seu rosto, encarando-o firmemente – São apenas lembranças, estamos bem Estamos tentando encontrar Sirius e Alex – insistiu olhando fundo nos olhos castanhos do amigo

- Neville .. Remo – murmurou o ex-auror - Ele é apenas um menininho e eles o mataram ..... mataram o meu filho - soluçava Frank, tentando fugir do homem que pedia que encarasse a realidade

- Neville está com Ayla. Esta seguro. – continuou insistindo – Ele esta seguro. Isso é apenas o seu medo . Apenas o seu medo – repetiu mais algumas vezes ate que o amigo pareceu acordar

- Foi tão real – arquejou reprimindo um soluço, finalmente vendo o rosto do amigo, tentando conter as lagrimas – Eu vi meu filho morto ... Foi cruel demais ... muito .....

- Eu sei – confortou Remo, penalizado com a dor explicita que via no ex-auror – Foi terrível mesmo

- Alice ?! – exclamou Frank, recuperando-se – Onde esta .... ? - perguntou olhando ao redor e calou-se paralisado quando viu o estado da mulher, soluçando desolada no chão

- Cuide dela, vou cuidar do meu filho – pediu afastando-se de Frank e aproximando-se de John , usando o mesmo método nele, que logo se recuperou e foi cuidar de Andrew , depois de pedir ao pai que cuidasse de Nicole. Mas a garota lutou contra suas tentativas, socos e chutes para se livrar do que Remo nem tinha idéia, apenas quando Andrew o afastou e tomou seu lugar , imobilizando a irmã e falando, naquela língua estranha, no seu ouvido foi que ela pareceu perceber o que estava acontecendo

- Suas ilusões são poderosas, senhora, mas sobrevivemos no passado e juntos , nos apoiando mutuamente superamos as dores que nos aflige agora – murmurou Aziz a voz suave estava rouca

- Eu poderia testa-los muito mais, sacerdote – ameaçou a mulher sorrindo tranqüilamente, como se não tivesse causado sofrimento bastante

- Mas não teria o mesmo efeito, agora que conhecemos seus métodos – avaliou o sacerdote

- Pode ser que sim, pode ser que não . Quer apostar ? – propôs audaciosa e desdenhosa

- Não aposto com a vida dos outros, apenas com a minha – falou o sacerdote como se contasse um segredo – Quer tentar comigo ? – sugeriu, tranqüilamente, com um gesto impedindo que os guardiões se intrometessem

- Não teria graça, meu caro sacerdote, você é um dos protegidos dos Deuses – sorriu a mulher, erguendo-se do trono – Escolha o local tão sabiamente quanto escolheu seus companheiros – cedeu, aconselhando antes desfazendo-se em fumaça dourada

- Ela .... ela não vai voltar ? – indagou Alice, a voz tremula, ainda abraçada ao marido – Não vai fazer mais nada ?

- Não, minha querida – garantiu o sacerdote, aproximando-se de Alice e tocando, gentilmente, em sua testa – Eu sinto muito pelo seu sofrimento, nenhuma mãe deveria ver o que você viu – lamentou pesaroso

- Mas aquilo não .... não foi uma ... uma visão, foi ? Não vai acontecer ? Meu filho não vai .... morrer ? – inquiriu sofregamente , agarrando a frente das vestes do sacerdote

- Aquilo foi apenas o seu próprio medo, Alice – afirmou o sacerdote, sem tentar livrar-se do desespero da mulher – Ate onde posso ver seu filho não vai sofrer nenhuma tortura, nem morrerá enfrentando comensais – garantiu e sorriu – Eu não costumo contar o que vejo, saber o que o futuro nos reserva não resolve nada, mas não podia permitir que você ficasse nessa agonia, menina

- Mas ele vai lutar .....

- Não pergunte mais nada, por favor – pediu o sacerdote, suavemente – Tranqüilize-se sabendo que ele vai ficar bem

- Que lugar é esse que devemos escolher ? – indagou John, depois de alguns segundos em silencio

- Um lugar ao lado de Rá ? - sugeriu Nicole, refeita das visões, aproximando-se do disco dourado

- Isso mesmo – concordou o sacerdote – O lugar de Osiris ao lado do Uno

- E onde está Rá ? - indagou Remo – Nesse disco ? – perguntou ao ver o sacerdote se aproximar do objeto

- Ele é representado como o sol, por isso o disco – explicou John, ao lado do pai

- Filho mais velho, mais correto... – murmurou Andrew, avaliando o disco

- Mais venerado pelo povo, uniu-se a filha mais audaciosa e corajosa – continuou Nicole

- Tão venerada quanto ele, mas muito mais poderosa – completou John

- Vamos ver – murmurou Aziz, equilibrando o cetro ao lado direito do disco e soltando-o devagar . Para alegria de todos o certo continuou em pé, sem nenhum tipo de apoio, e uma cena surgiu numa das paredes nuas – Conte-nos o que diz – pediu a Andrew

- “Meu destino está guardado num mar de sangue. Somente o amor poderá encontra-lo”- citou o rapaz – Tem o símbolo de Isis

- O que isso quer dizer ? - perguntou Frank , confuso – “Meu destino no mar de sangue” ?

- Que teremos que nadar – respondeu John , fingindo alegria – Vocês sabem ?

- Nadar ?? Sim, mas ...

- Vamos conversar sobre isso na escola – decidiu Aziz – Creio que todos nós queremos descansar um pouco, antes de continuarmos – sugeriu, começando a voltar pelo caminho que haviam usado para entrar

- Mais de trezentos degraus ??? – perguntou Alice, gemendo só de pensar em subir tudo aquilo




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Harry foi o primeiro, a superfície do espelho parecia prata liquida, não era quente nem fria, mas era um tanto pegajosa, e dava uma sensação estranha por não saber onde ia, o que havia do outro lado.

Ficou assombrado quando chegou ao local. Estavam quase no topo de uma montanha, vales verdejantes , uma densa floresta aos seus pés e alem dela, uma grande faixa sem vegetação alguma, um deserto. Mas também estavam perto do mar , podia escutar o barulho das ondas batendo em algo que ele supunha serem pedras . O céu no tom mais puro de azul, com algumas nuvens brancas
Estava boquiaberto com a beleza e grandeza da natureza ao seu redor

- Vamos – chamou Ayla trazendo-o de volta a realidade, e somente então Harry percebeu a presença dos amigos, tão impressionados quanto ele, ao seu lado .

Seguiram a sacerdotisa e os Fox ate uma rocha igual a tantas que existia ali, apenas observaram quando ela soprou um pouco de uma areia muito dourada da mão que estava nua, e esperou.
Aos poucos a rocha foi diminuindo de tamanho, ate se tornar um pedregulho e revelar uma passagem, quase uma caverna, por onde Ayla entrou , tronando a parar
Não enxergavam nada pois a rocha voltou ao tamanho normal logo em seguida, Harry e os amigos não sabiam porque estavam parados ali, o que estavam esperando, mas nunca imaginou que fosse acontecer o que aconteceu.
Um som inconfundível tomou conta do ambiente de pedra: risos infantis. Risadas altas, risinhos tímidos, seguido pelo calor e pela luz do sol

- Nós não saímos do lugar – murmurou Ron, ao lado de Harry – Eu não me mexi. Tenho certeza disso . Como pode ser ????

- Não sei – respondeu o moreno, os olhos verdes passeando pelo lugar onde se encontravam. Um campo repleto de flores, arvores, e crianças . Algumas já estavam na volta dos Fox, exigindo brincadeiras, outras os olhavam de forma curiosa, sem medo

- Será que podemos aparatar sem saber ?? – indagou Rony muito confuso

- Seu cabelo é vermelho – declarou uma menininha de uns três anos para Ron antes que Harry pudesse ou soubesse o quê responder

- Eu sei – respondeu-lhe mal-humorado – E o seu é amarelo – rebateu ofendido

- Você é bobo – afirmou a garotinha rindo e se afastando

- Era só o que me faltava ... – resmungou Rony – Vamos ser treinados por crianças ? – indagou irritado para Kedar, que estava mais perto

- Não somos crianças – intrometeu-se um menininho negro – Somos meninos

- E meninas – completou de forma indignada um garotinha de cabelos negros, as pequenas mãos na cintura

- Essas crianças podem ensinar muitas coisas – respondeu um homem , surgindo pelas costas de Ron e Harry – Basta querer aprender

- Majana – chamou Ayla aproximando-se sorridente do homem negro, alto, que usava uma túnica e uma calça branca – Tudo em paz, espero ?

- Continuamos sob a benção dos Deuses – respondeu , a voz gentil – Mas você me trouxe um grupo bem interessante, minha cara – disse olhando para os jovens de forma avaliadora – Três eu já conheço. Nem tudo é como parece, Mel – disse aproximando-se da garota e beijando o topo de sua cabeça – A verdade deve ser aceita, Lara, principalmente aquela que vem do coração – falou baixinho abraçando carinhosamente a morena – Paciência é uma virtude, meu caro vidente – avaliou serenamente para Kedar , para depois aproximar-se de Neville que ficou mais branco do que já estava – Não tema e persista sempre, ter bondade é ter coragem, criança – falou suavemente – Amor ou inteligência ? És afortunada, menina, pois possui as duas – falou para Mione que sorriu em resposta e agradeceu baixinho – Determinação, força, paixão. Temos uma menina vibrante aqui, Ayla – falou em frente a Gina

- Sabia que gostaria dessa menina – riu a sacerdotisa

- Coragem, confiança, aceitação – falou parecendo olhar por cima do ombro de Rony, que havia ficado irritado com o comentário sobre a sua irmã – Medo da perda, do quê o futuro reserva, de sentir.... o que já sente – falou na frente de Harry, constrangido e irritado por estar sendo “lido” por alguém que sequer conhecia

- Não podia esperar que eles se acomodassem antes de conheçe-los, Majana – ralhou uma voz feminina revelando a presença de uma mulher que não fora notada ate então. A figura masculina era tão dominadora que ofuscava a da mulher que sorria gentil. Ela usava uma vestido de alças, longo e azul – Não deixem que ele os assuste, é inofensivo

- Ahmé os levará aos quartos que ocuparam enquanto estiverem aqui – anunciou inclinando-se em sinal de respeito a mulher

- E o proíbo de começar os treinamentos antes de uma boa comida e uma tranqüila noite de sono – impôs a mulher sorrindo e colocando a mão no ombro de Neville guiou-os para os quartos




- É você que vai me treinar ? – indagou Gina, olhando incerta para Mel, estavam num pátio de ladrilhos vermelhos, uma fonte jorrava água, que brilhava na luz do sol

- Eu mesma – respondeu a loira sorridente – Decepcionada ?

- Pensei que Ayla ... ? – começou incerta

- No momento ela não pode te ajudar – respondeu a Mel

- E você pode ? – indagou tentando não parecer arrogante

- Poso sim, Gina – assegurou a loira – Porque antes de treinar feitiços ou de duelar com alguns de nós, você precisa entender e se perdoar pelo o que aconteceu no seu primeiro ano em Hogwarts .

- Prefiro não falar sobre isso – respondeu friamente, dando as costas a Mel e se afastando

- Claro que prefere – concordou a outra com uma suavidade que Gina nunca tinha visto antes – Mas precisa

- Não preciso ! E você não tem direito de ....

- Sei que não tenho direto, mas é o que devo fazer –garantiu a sensitiva , determinada – Olhe pra você agora. Esta irritada, fria e com medo

- Eu não ...

- Com medo, sim . Medo de admitir que se culpa pelo que aconteceu, medo do que sentiu pelo jovem Voldemort, medo de não ser capaz de enfrenta-lo, de não resistir à ele no futuro – prosseguiu duramente fazendo com que Gina se calasse, a dor refletida nos olhos castanhos

- Como você sabe ? Usou seus poderes ... – arquejou tentando esconder a dor que aquele acontecimento ainda causava

- Não precisei de meus poderes pra saber disso, Gina – afirmou, sem convencer a ruiva – É algo obvio para quem conhece a natureza humana como eu sou capaz de conhecer

- Eu só tinha onze anos ..... – tentou se defender, não de Mel, mas de si mesma. Quantas e quantas vezes já não havia se questionado, se culpado por ter sido dominada por Tom Riddle

- E estava sozinha, sem ter o apoio que precisava dos seus irmãos, sem amigos ... – continuou a sensitiva

- Eles estavam preocupados com as coisas deles.... Não podiam ficar me dando atenção... – desculpou os irmãos, afinal não fora responsabilidade deles

- Claro que não, mas a sua solidão facilitou os planos de Tom Riddle

- Acho que sim ... – concordou Gina, cabisbaixa sentada no chão – Mas a culpa foi minha .... Eu devia ter ouvido meu pai

- É difícil aceitar que os pais muitas vezes estão certos e nós não – riu a loira, - Mas a culpa não foi sua. Você era apenas uma menininha e Voldemort sempre foi muito sedutor, envolvente, se não fosse não teria conquistado tantos seguidores – afirmou, mas a ruiva apenas balançou cabeça – Você é mais forte do que pensa, Gina. Percebeu que alguma coisa estava errada com você e tentou buscar ajuda .

- Tentei falar com Harry, mas não consegui. Alguém ou alguma coisa sempre atrapalhava

- E ele está sempre investigando alguma coisa .... – completou Mel, pensando em si mesma.

- É ....... – concordou Gina

- Você é muito mais forte do que pensa, possui mais determinação e caráter do que imagina – insistiu a sensitiva

- Ninguém mais pensa assim – avaliou a ruiva, pensando em sua família, no próprio Dumbledore , todos querendo protege-la agora

- Mas é você que importa. O que você pensa, o que você faz. As suas escolhas – assegurou Mel convincente – Não tenha pena de si mesma. Você passou por momentos terríveis, mas sobreviveu e é isso que importa. E significa que coisas boas estão no seu caminho, se você quiser que estejam. – avaliou decidida - O que você decide? Vai ser uma Gina que não enfrenta os próprios medos ? Ou vai se superar e enfrentar a si mesma ?

- Preciso fazer isso – decidiu Gina com uma convicção que nunca sentira antes – Preciso enfrentar isso, mas não sei como

- É aí que eu entro – contou a loira – Quero que você se concentre nos acontecimentos daquele ano, que reviva tudo o que aconteceu – falou para a ruiva que concordou com um aceno – Então fique confortável e tente relaxar – pediu observando-a se acomodar melhor, nas almofada que providenciara – Inspire,,. Expire. Concentre-se em sua respiração e na minha voz. Permita que as lembranças voltem, elas não vão te machucar novamente




- Esse lugar é incrível – Mione declarou olhando ao redor – Lindo, tranqüilo ... – acrescentou quando se sentaram num dos bancos do imenso jardim, repleto de flores perfumadas , arvores frondosas, cantoria dos pássaros – Parece o paraíso

- E de uma certa forma é um paraíso sim – concordou o rapaz sentado ao seu lado – Aqui não existe dor, doenças, maldade, apenas crianças e suas brincadeiras, suas risadas

- Essas crianças ... – começou Mione, cuidadosamente, sondando o rapaz – De onde elas vêem ?

- De todos os lugares – respondeu Kedar com um sorriso misterioso

- Elas têm poderes ? - indagou delicadamente, feliz por sua tática estar dando resultado

- Defina “poderes” – pediu o rapaz o sorriso mais aberto

- Estou sendo muito curiosa. Desculpe – pediu e tratou de se conformar com o silencio do outro

- É uma das suas qualidades: Curiosidade, sede de conhecimento – avaliou Kedar delicadamente, sem criticar – Mas apenas Majana pode te falar sobre as crianças

- Você não sabe ... ? – tentou mais uma vez

- Sei sim, apenas não posso revelar segredos que não me pertencem – justificou com sabedoria

- Você acha que é errado ? – indagou levemente ofendida – Quero dizer; querer saber. Gostar de estudar, descobrir, ler , pesuisar

- O que você acha ? – revidou Kedar seriamente

- Acho .... Não ! – corrigiu-se a tempo - Tenho certeza de que não é errado

- Mas ....

- Nada ! – respondeu sem entender – Nada de “mas ...”

- Então você é apenas uma estudante de Hogwarts ? – inquiriu o rapaz , satisfeito por chegar ao ponto que ele queria

- Sim – afirmou a morena sem entender

- Não é, não – corrigiu Kedar sorrindo com pesar

- Claro que sou uma estudante de Hogwarts – respondeu convicta

- Mas não é apenas isso que você é – revelou o rapaz - Você também é filha da sua mãe e de seu pai, a monitora Granger, a amiga e conselheira de Harry e Rony, amiga de Gina, Neville e de tantos outros , alem de ser uma estudante – enumerou ele – Você também é uma garota, Mione, e um dia será uma mulher, uma esposa, mãe de um dois ou três filhos, alem de ter uma profissão

- Sim, mas ...

- Você dedica a maior parte da sua energia aos estudos, e em negligenciando outros aspectos do seu espirito

- Mas estudar é importante !!! – argumentou um tanto aflita

- Claro que sim, mas amar e se permitir ser amada também – rebateu Kedar, os olhos azuis, tranqüilos, fixos nos castanhos, confusos

- O que você está querendo dizer ? – indagou numa curiosidade aflita – Não estou entendendo

- Que você desenvolveu sua inteligência, mas não a sua feminilidade – respondeu ele sereno

- Que ??!

- Que você se fragmentou – insistiu sem ligar para o olhar chocado da garota – Mas precisa ser completa e inteira para sobreviver ao que iremos enfrentar no futuro

- Guerra ... – murmurou Mione, sombriamente

- Não é a guerra que importa, mas você – determinou Kedar

- Não entendo – garantiu Mione, inconformada por não entender o que estava escutando

- Não estou falando de roupas, maquiagem ou penteados – respondeu parecendo saber o que passava na sua mente – Estou falando em aceitar-se com mulher. Em desenvolver seus atributos espirituais femininos e todas as suas características. Ser completa – repetiu o vidente

- Você vai me ensinar a ser uma garota ?! – perguntou dividida entre o pânico e o riso

- Mais ou menos isso – respondeu ele sem se embaraçar

- E depois , quem sabe, você vai me ensinar a conquistar um garoto ? - indagou cheia de sarcasmo

- Quando nós terminarmos você saberá fazer isso sozinha – respondeu ele sorrindo com malícia, pensando na supresa que Ronald teria quando visse a ‘nova Mione”




- Você vai me treinar ? – perguntou Rony olhando com desagrado para Lara, afinal já havia visto a garota nas aulas de DCAT e sabia que ela não era tão boa em duelos quanto a irmã – Não pode ser outra pessoa ? – indagou sem se preocupar em ser educado

- Acho que você vai ter que se contentar comigo, Rony – respondeu a garota sem se abalar

- Não leva a mal, não, mas eu já vi você duelando – tentou se desculpar, percebendo que tinha sido muito grosseiro com a garota

- É, eu sei que não sou lá muito boa em duelos – admitiu a morena, rindo enquanto se sentava numa das almofadas perto da janela – Mas é isso que você quer ? Aprimorar seus feitiços, seus reflexos em um duelo ? Aprender azarações novas ?- indagou atenta ao ruivo

- Sim. É isso que precisamos, não é ? Foi pra isso que vocês nos trouxeram pra cá, não foi ? – perguntou confuso

- Quem disse isso ? - revidou a garota sorrindo calmamente

- Ninguém, mas ....Pra que mais seria ? Treinar quadribol ? – indagou irônico e desconfortável por estar recebendo tanta atenção de uma garota

- E se eu te disser que posso te ajudar a fazer tudo isso – começou Lara, buscando os olhos azuis do ruivo a sua frente – Inclusive a melhorar seu desempenho no quadribol ?

- Impossível – riu Ron, certo de que a garota estava querendo faze-lo de bobo

- Não seja tão descrente – advertiu Lara – Não acredita em você ? Não se acha capaz de conseguir desenvolver suas habilidades ?

- Não se trata de acreditar ou não – desconversou sentindo o rubor subir pelo pescoço e chegar ao rosto

- Se trata de que, então ? – inquiriu Lara prontamente , esperando ansiosamente a resposta que Rony daria

- Sei que nunca vou ser tão bom quanto Carlinhos, o meu irmão, era no quadribol – começou a se justificar, apesar de não entender porque estava falando aquelas coisas para uma pessoa que mal conhecia. Pior : para uma garota !!! – Ou tão inteligente quanto a Mione, ou duelar e voar como o Harry e aquele seu primo , ou ser tão popular quanto os gêmeos .... – continuou andando de um lado para outro – Droga !!! Por que eu to falando tudo isso ? O que você fez comigo ? – indagou olhando de forma assustada para a garota que se aproxima dele

- Não fiz nada – assegurou Lara, tentando tranqüiliza-lo – Você precisava desabafar tudo isso – avaliou – Precisa aprender a ver e a reconhecer o seu valor, Ronald – continuou pacientemente – Somos todos diferentes. Únicos. Especiais

- Bobagem ....

- Não é bobagem, não – garantiu colocando a mão sobre o coração do ruivo – Você é único, especial e possui muito valor

- Não sou nada disso – resmungou tentando forçar as pernas a se mexerem, tentando se afastar daquela garota mas sem resultado

- Você é um amigo leal, corajoso, inteligente ..

- Não sou – discordou rapidamente – Quer dizer ... Não sou inteligente, não como a Mione, pelo menos – tentou se explicar

- Mas é inteligente também – insistiu Lara sorrindo – E porque você se compara tanto com a Mione e com outras pessoas ?

- Eu não faço isso !! – negou veementemente – Só um pouco – admitiu ao perceber que a garoa iria insistir

- Você é cruel com você mesmo, Rony – atacou com suavidade – Quando você se compara com outras pessoas . Quando se diminui tanto. Quando não se julga digno da amizade e do carinho que recebe

- Eu faço isso ? - indagou rouco e sem jeito, sem querer se reconhecer nas palavras da sensitiva

- Você é cruel e se maltrata e acaba machucando as pessoas que gostam de você – continuou Lara transmitindo carinho na voz suave - Quando abre mão do que deseja porque acha que não merece

- Do que você está falando – indagou num fio de voz , com medo da resposta

- Mione




- Olá, querido – saudou Ayla sorrindo de modo a tranqüilizar Neville

- Oi – respondeu encabulado, ansioso – Onde estão os outros ?

- Treinando – respondeu Ayla estranhamente suave – Gostaria de conhecer o jardim de Majana ? – perguntou simpática – Ele possui plantas que você nunca verá em nenhum outro lugar

- Gostaria muito – assegurou o garoto, perdendo um pouco do nervosismo – Mas nós não temos que encontrar os outros ? Para o treinamento

- Prometo que você não irá perder nem um segundo do treinamento – garantiu a sacerdotisa seguindo a trilha que levava para longe do penhasco

- Que tipos de plantas eles cultivam aqui ? – perguntou interessado apressando o passo para acompanhar a mulher

- Quase todos – afirmou Ayla – Majana só não tem as venenosas, por causa das crianças – Veja – pediu e apontou para a exuberante coberta de plantas perto de um tranqüilo lago e água translúcida

- Incrível ! – exclamou Neville, maravilhado, arvores, flores, ervas em abundância e com toda a extravagancia da natureza

- E então, Neville ? Como se sente ? - indagou Ayla, sua voz era incerta

- Muito bem . Obrigada por me trazer aqui – agradeceu

- Estava perguntando sobre a volta dos seus pais – esclareceu a sacerdotisa sorrindo

- Estou feliz – assegurou ele abaixando a cabeça, voltando a analisar as ervas que tinha nas mãos, o interesse por elas havia desaparecido

- Mas terrivelmente preocupado com a missão em que eles estão – completou Ayla – Com medo de perde-los novamente

- Si .... Sim – respondeu num fio de voz

- E se culpando pelo que aconteceu com eles – concluiu sabiamente – Agora que você sabe sobre a profecia

- Como ... ??? - gaguejou assustado – Como sabe ?

- Descobrimos apouco tempo sobre ela – respondeu Ayla – E qualquer um se sentiria culpado, levando em conta os acontecimentos

- Era eu ou Harry – murmurou o rapaz, esmagando as plantas na mão sem nem ao menos perceber

- E você se sente culpado por estar feliz de não ser você – resumiu Ayla, e suspirou ao ver o garoto concordar com um aceno da cabeça – Não há nada de errado nisso. Nem em ficar feliz por ter seus pais de volta

- Eu sei mas ...

- E, assim como a morte de Liliam e Tiago não foi culpa de Harry, o que aconteceu com seus pais não foi culpa sua – garantiu determinada a revelar a coragem e a firmeza que o garoto possuía e não conhecia – Foi culpa da ambição de Tom Riddle, Voldemort

- O que você quer ?? – indagou torturado, sua angustia clara nos seus olhos úmidos – O que você espera de mim ???

- Que você me deixe ajuda-lo a encontrar o que você procura dentro de sim mesmo – respondeu enigmática




- O que estamos fazendo aqui ? – indagou Harry, ofegante e cansado da caminhada

- Apreciando a paisagem – respondeu Majana, sentado na beirada do penhasco

- Achei que íamos treinar – resmungou recusando-se a sentar ao lado do homem

- E o que você gostaria de treinar ? – indagou Majana, olhos fechados, rosto voltado para o sol, postura relaxada

- Não sei ... feitiços. Duelos – sugeriu incerto e agitado

- Vocês jovens são tão inquietos – riu Majana – Incapazes de apreciarem o momento presente. Seus pensamentos e ações estão sempre voltados para o futuro

- Isso não é verdade – negou Harry – Pelo menos , nem sempre

- Então diga-me o que estava pensando antes de dormir essa noite – pediu o homem

- No treinamento – respondeu Harry sem entender

- Pois deveria ter pensado no colchão macio que recebeu seu corpo, em como é necessário e bom descansar, dormir, recuperar as energias , em como é bom ter sonhos – afirmou Majana rindo muito – Mas você mentiu para mim, Harry Potter – acusou sem perder o sorriso – Que seja a ultima vez

- Eu não menti !! – negou veementemente, apesar de saber que era verdade

- Mentiu sim, e omitiu também – insistiu sem se abalar – Omitiu o seu medo de sonhar, o medo dos seus pesadelos – garantiu – Não os teve ontem, não é mesmo ?

- Não – concordou, sentindo que aquilo não foi uma pergunta – Você tem alguma coisa a ver com isso ?

- Eu não, mas esse lugar sim – afirmou – Você está em um lugar onde a maldade não entra nem por meio de sonhos – revelou seriamente

- Que magia é essa ? – indagou interessado

- Essa magia pertence às crianças, não a mim – respondeu – Mas me diga o que você deseja desenvolver?

- Eu não sei – respondeu sentindo que dera a resposta errada – O que você sugere ?

- Esteja presente – respondeu Majana e piscando um olho voltou a olhar a paisagem abaixo

- Só isso ? "Esteja presente” ??? – indagou um tanto revoltado

- Pense, Harry, no que essas palavras lhe dizem – pediu Majana, sem olhar para o garoto

- Bom, acho que ...

- Pense.... Em silencio – riu Majana – Reflita. Medite e descobrirá o que precisa fazer – concluiu deixando Harry irritado, nervoso e aflito porque não sabia o que pensar. O cara deveria ser algum maluco. Aquilo deveria ser brincadeira. Mas Dumbledore havia aconselhado a sua ida pra lá, isso deveria significar alguma coisa .... “Esteja presente” ..... Que diabos aquilo significava ??? O que Majana queria dizer ???





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Estava em um corredor escuro, a luz da lua desenhava sombras assustadoras nas paredes, caminhava cuidadosamente para não acordar os quadros, sentia que segurava uma pequena mão na sua, olhou para trás, tentando identificar a quem pertencia aquela mão, quem o acompanhava. Reggie . Seu irmão caçula, Regulus.

- Para onde você esta me levando, Sirius ? – indagou ,a voz infantil tremula de medo. Das sombras, de ser descoberto, do castigo que receberia

- Shiiiiii – pediu silencio mais uma vez. Péssima idéia ter trazido Reggie junto, ele era muito pequeno, tinha muito medo do pai. Não que tivesse sido castigado alguma vez, mas por causa dos castigos que o irmão mais velho já havia recebido

- Eu estou com medo – confessou o garotinho num sussurro inaudível

- Não vai acontecer nada – garantiu para o pequeno – Mas você tem que ficar quieto – advertiu já nas escadas

- Mas porque estamos indo pro escritório do papai ?

- Pra descobrir o que ele guarda lá – respondeu como se fosse obvio

- Mas por que ...

- Shiiiii – pediu novamente, impaciente – Quieto – exigiu abrindo a porta e acendendo uma luz fraca – Conseguimos ! – anunciou triunfante, fechando a porta rapidamente e apreciando o lúgubre aposento, sentindo vitorioso com aquele ato rebelde. Estava descumprindo uma ordem expressa do pai!!!

- Não devíamos estar aqui – murmurou Reggie, os olhos arregalados

- Vamos lá, Reggie, olhando tudo ! – tentou animar o irmão – Todas as gavetas, todos os armários – queria muito saber que documento era aquele que o pai havia recebido na hora do jantar, e que havia provocado uma explosiva conversa com a mãe

- Posso saber o que vocês estão procurando no meu escritório ??? – perguntou uma voz fria e sem nenhum traço de irritação que sobressaltou os dois meninos sendo que um deles deixou cair os papeis que tinha em mãos – Nenhuma resposta ? Esse seu comportamento sorrateiro, impertinente e desonroso não me surpreende, Sirius, mas você Regulus ...... Que decepção ! – falou o homem, sua presença preenchendo todo o espaço, o desgosto e a irritação marcando cada palavra, e a profunda ira presente nos olhos negros

- FOI CULPA DELE !!! - gritou o mais novo, assustando o irmão mais velho e o pai – SIRIUS ME OBRIGOU !!!! ELE ME ARRASTOU PRA CÁ – gritou mais uma vez , e vendo nos olhos do pai o quanto ele detestava gritos e manifestações de medo tentou se acalmar – Ele disse que se eu não o acompanhasse ele iria me bater. Fazer você e a mamãe me deixarem de castigo – choramingou, ao mesmo tempo que tentava não chorar

- O que você tem a dizer em sua defesa, rapaz ? - indagou o homem para o filho mais velho

- Nada – respondeu com todo o desprezo que um menino de nove, dez anos seria capaz de sentir por um irmão mais novo que mentia descaradamente por medo de ser castigado, por um pai que já o castigara algumas vezes sem nem mesmo escutar suas explicações, um pai que não parecia ama-lo ou quere-lo em sua vida

Acordou assustado, o corpo suado. Olhou em volta. Não estava no escritório na velha casa dos seus pais , não era mais um menino incapaz de se defender de agressões verbais e físicas. Era um homem feito, preso numa armadilha do destino. Estava em uma tenda, num deserto, em alguma dimensão paralela, perdido em algum lugar. Seguindo uma estrela. Procurando alguma coisa que ele não entendia. E a mulher que amava dormia sobre algumas almofadas do outro lado do quarto.
Suspirando pesadamente, foi tomar um pouco água, tentando acalmar as batidas do coração, o ritmo da respiração, aproximou-se do leito improvisado, onde Alex ressonava. Ajoelhou-se ao lado dela, pensando quando a convenceria de que a amava, do que precisava fazer para convence-la disso?

- Que foi ? - indagou a feiticeira, a voz sonolenta, os olhos pesados

- Eu tive um pesadelo – respondeu – Não queria te acordar – tentou sorrir, quando ela sentou parecendo interessada - Só queria ...... Ficar perto de você

- O que foi que você sonhou ? - perguntou Alex reprimindo um bocejo, fingindo não tomar conhecimento da emoção presente na voz e nos olhos negros

- O meu primeiro castigo ..... violento – respondeu surpreendendo a si mesmo. Nunca havia falado com ela sobre o que passara com a sua família, apenas com Tiago – Reggie, Regulus meu irmão mais novo , colocou a culpa toda em mim. Mentiu descaradamente pro nosso pai

- Sinto muito ....

- Depois, isso se tornou um habito dele – acrescentou, revivendo fatos posteriores aquele do escritório – Cada vez que ele fazia alguma coisa , colocava a culpa em mim

- E você nunca o dedurou – murmurou a mulher compadecida pelo menino que ele foi

- E quem acreditaria em mim ? – rebateu irônico – Não adiantaria negar e Reggie sabia disso .

- Isso não está sendo nada fácil pra você – deduziu Alex – Sinto muito ter aceitado a aposta de Seth. Lamento não ter encontrado outra alternativa ....

- Não é culpa sua – cortou delicadamente, feliz com a primeira conversa amigável que estavam tendo – Você não é responsável pelo meu passado infeliz, ou pela minha família odiosa . Eu só queria saber por que isso ainda me machuca ?

- Talvez você esperasse amizade e carinho do seu irmão – sugeriu a feiticeira – Talvez você o amasse de verdade e esperasse que ele, seu irmão, retribuísse seu amor e sua lealdade, porque você nunca deixaria ele ser castigado como você foi – concluiu cuidadosamente

- Talvez .... – concordou e sorriu, a sombra do passado sumindo – Obrigado

- Pela conversa ? – indagou Alex sem entender

- Por ter entrado na minha vida. Por ter me amado, ter me dado dois filhos lindos , por voltar pra mim .....

- Sirius eu ....

- E pela conversa, é claro – cortou o distanciamento que Alex tentava manter

- É melhor você voltar pra cama – sugeriu a mulher tentando fugir dos olhos negros e do sorriso satisfeito

- Só se você for também – rebateu sorrindo maroto, uma idéia surgindo na sua mente

- Já estou na minha cama – desconversou ela

- Por Merlim, Alex – suspirou fingindo exasperação – Você é muito irritante!

- Você também ! – retrucou ela no mesmo tom, antes de soltar um grito ao ser erguida sem aviso

- Você vai dormir na cama por bem ou por mal – exigiu Sirius, carregando uma sobressaltada feiticeira, que não podia usar seus dons para se “defender” pois não conseguiam fazer magia na tenda. Ela tinha a sua própria magica

- Sirius !!! Me solta !!! – exigiu tentando emprestar um tom brincalhão na voz

- Não – riu ele, abraçando-a forte pelas costas para que não escapasse, e não pudesse usar os punhos ou joelhos – Essa cama é muito grande só pra mim, e dormir assim é muito melhor – declarou rindo baixinho, apreciando o aroma e o calor que se desprendia do corpo feminino

- Sirius !!! – chamou Alex num tom mordaz, irritado

- Shiiii. Fica quietinha e vamos dormir – pediu baixinho, sem esconder a alegria que sentia – Por isso sobrevivi a Askaban – sussurrou um tempo depois – por desejar estar ao seu lado novamente – concluiu, porem não recebeu resposta alguma




N/A: Alex entra de fininho olhando para os lados, pronta pra se defender dos avadas e cruciatus que podem serem lançados a qualquer momento .......

OI pessoal, tudo beleza ???? ( pergunta na maior cara-de-pau ) Calma, eu posso explicar ( implora por clemência, piedade, intromissão dos deuses, qualquer coisa )
Meu projeto de TCC foi mais complicado do que eu previ, e eu , definitivamente, não sou uma vidente.........
Eu tive que fazer alguns exames .............
Meu pai tava no hospital .......
Eu não tinha tempo, nem cabeça pra escrever .......

Mas agora tudo foi, satisfatoriamente, resolvido e ta aí o capitulo ...

Não ficou lá grandes coisas, eu sei, mas se eu tentasse melhorar ia demorar e ai sim vocês iam me matar, me abandonar, me esquecer ..... ( alex na eira de um ataque de nervos )

Amanda: tu não pode reclamar de nada .... então nem começa ...... rsrsrsr
Eu realmente deixo muita coisa subentendida, nas entrelinhas, deixo pistas, mas são pistas que podem ser entendidas sim senhorita ...... Ron e Harry são casos difíceis, mas vão melhorar um pouquinho depois desse treinamento.... o Sirius e a Alex ficaram um pouquinho “juntos” nesse capitulo rsrsr espero que tenha gostado ....... mas como eu já disse: muita água vai rolar por debaixo dessa ponte ...... e eu ainda não sei quem vai morrer ou não no final .....

Ana karinne: esses teus irmãos são um tanto .... aproveitadores, não ???? É o Sirius mereceu, e o Remo também vai ter o dele rsrsrsrs. A demora não foi por maldade não ..... eu fico muito angustiada quando não consigo escrever, mas esse penúltimo semestre ta muito complicado, não tenho tempo pra mais nada, e mau pai ficou doente, ai foi a cabeça que não funcionou mais .......

Eve ; parei na melhor parte sim , rsrsrsr essa foi de propósito rsrsrs, mas que bom que você gostou mesmo assim

Milinha : você escreve fics também ??? Não ?! Pois deveria .... você tem um lado dramático muito bom .... rsrsrsrs Mas nada de faltar a aula por falta de capítulos meus .... não é nada bonito isso ..... Harry e Ron são garotos envergonhados, tímidos que não sabem lidar com garotas , coisa que o Andrew sabe .... O Malfoy ..... sabe que eu gosto dele ... do meu Malfoy é claro, do outro, o verdadeiro eu tenho pena ..... Tadinho tão idiota e covarde ...... mas você acertou sim .... ele vai ter uma participação importante, afinal ele é o líder dos jovens comensais

BEIJOCAS GRANDES E COMENTEM MUITO, AI EU TENTO NÃO DEMORAR MUITO PRA ATUALIZAR .........

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