Noite
No Caldeirão Furado, um bar bruxo que cheirava a barro, era um lugar amplo, cheio de mesas e cadeiras próximo ao balcão. Diagonalmente a porta, ficava uma escadaria de madeira revelando um grande corredor que ligava as escadas aos quartos da hospedaria.
Em uma mesa exatamente no meio do salão estavam Riven, Stella e o recém chegado Phillipe. Conversavam enquanto tomavam cervejas amanteigadas.
‘Ainda estou impressionado com o que aconteceu a McGonagall.’ Disse Phillipe, enquanto espetava um pedaço de queijo em um palito. O Queijo à Milanesa do Caldeirão era o mais famoso.
‘Sim. Eu chorei tanto quando soube. Eu gostava dela.’ Disse Stella, segurando-se para não cair no choro novamente.
‘Mas por enquanto temos um assunto pior para tratar não é mesmo?’ Começou Riven. ‘Você sabe que este ano em Hogwarts será terrível, não sabe Phillipe?’
‘Claro que sei. Ainda mais com o que aconteceu. O diretor e uma professora mortos, e para ajudar, um professor que fugiu após matar o diretor.’
‘Penso que o melhor a fazermos é não regressar à escola.’ Disse Riven olhando os amigos seriamente.
‘Você está louco, Riven?’ Resmungou Stella histéricamente.
‘Histérilla, dá para você me ouvir?’ Disse Riven a fitando com um olhar assassino.
‘Nos cinco anos que te conheço, você nunca deu uma idéia plausível.’ Stella retrucou com fúria no olhar.
‘As idéias do Phillipe sempre foram melhores não é, Stella?’ Riven sussurrou com um sorriso nos lábios.
Stella não respondeu. Tentou abrir a boca para dizer alguma coisa mas parecia que fora colada com piche.
‘Bom, continuando após essa garota me interromper.’ Disse Riven ignorando a amiga. ‘Esse ano é muito conturbado para voltarmos para a escola, principalmente porque não sabemos se ela reabrirá.’
‘Mas... Riven, minha mãe quase...’ Phillipe ia dizer ‘morre para pagar a minha escola’ mas não gostou da palavra morte. Algo nela o causava arrepios. Ele nem tinha idéia do que aconteceu logo após que saiu de casa.
‘Eu sei que sua mãe é uma trouxa e que faz de tudo para pagar sua escola. Mas pense... Temos dementadores, Comensais, Voldemort. Como irão abrir uma escola com tantos perigos a rondando.’ Disse Riven exasperado para que o amigo concordasse.
‘Riven, penso que é melhor irmos.’ Disse Phillipe preocupado.
‘Harry não irá para a escola também, Phil’ Riven disse com um olhar desafiador a Phillipe. Riven tinha a péssima mania em tocar na ferida alheia para conseguir o que quer. E isso realmente irritava Phillipe e Stella.
‘Certo... Iremos apenas nos primeiros dias escolares para podermos saber que rumo Hogwarts tomará. Então, fugimos por Hogsmeade.’ Disse Phillipe com um olhar de desprezo para Riven.
‘É assim que se fala, Phil!’ Comemorou Riven.
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Do outro lado da Inglaterra, Harry arrumava suas coisas para ir encontrar seus amigos, Ron e Hermione, no Caldeirão Furado. Foi uma ótima idéia passar pelo Beco Diagonal. Não sabia quanto tempo iria ficar fora para cuidar das Horcruxes. Talvez seis meses. Talvez um ano inteiro. Talvez nunca. Não sabia. Estava com muita raiva de Dumbledore pelo velho ter deixado sua vida nas mãos de outro garoto. Ainda mais que este garoto seria conhecido por ajudar o Harry Potter. Não suportava a idéia de que teria de depender de outra pessoa para vencer Voldemort.
‘Dumbledore, espero que você saiba o que fez.’ Resmungou Harry para a escuridão de seu quarto. ‘Se eu morrer por causa deste menino, juro que irei persegui-lo como fantasma pelo resto da minha eternidade.’
Mal sabia Harry que este menino era Phillipe Blackheart, alguém que Harry considerava realmente irritante.
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Lupin corria por um corredor como nunca havia corrido antes. Algo estava muito errado. Estava preocupado com alguém e não sabia se chegaria a tempo de salva-la. O corredor em que passava era mal iluminado e sujo. Sentia o cheiro de poeira no ar.
‘Tomara que seja apenas uma armadilha. Não iria suportar a idéia de...’ Não terminou a frase. O que viu o fez calar-se. Nunca sentiu-se tão triste na vida.
No fim do corredor, havia um quarto redondo e amplo, sem nenhum móvel a vista e com cheiro de esgoto. No meio desse aposento, havia um corpo estendido no chão.
‘O que fizeram com você?’ Disse Lupin a beira das lágrimas.
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Anoitecera no Caldeirão furado e a maioria dos clientes do bar já haviam subido para seus quartos ou então ido embora. Sobrara apenas uns quinze bruxos espalhados pelas mesas e um grupo de estudantes que não haviam saído da mesa a não ser para pedir mais cervejas amanteigadas. A porta do estabelecimento abre e deixa passar duas pessoas muito conhecidas de Phillipe. Eram Ron e Hermione.
‘O que será que aqueles dois estão fazendo aqui a essa hora?’ Observou Stella.
Era claro para qualquer um que visse o modo em que Phillipe e Harry se olhavam de que eles se odiavam. Em conseqüência, Ron, Hermione e Riven, Stella se odiavam também. Era uma briga de ‘guangues’ completamente infantil.
‘Também gostaria de saber, Stella’ Disse Riven olhando para os outros meninos.
‘Ron, será que ele vem mesmo?’Perguntou Hermione.
‘Claro que sim, Mione. Você acha que o Harry iria nos deixar plantados esperando?’
‘Ele anda tão estranho após a morte de Dumbledore.’ Disse Hermione, seus olhos expressavam o quanto estava chateada.
‘Você acha isso. Eu acho que ele está como sempre.’
‘Não sei. Parece que ele além de se culpar, desconta a raiva de si mesmo em nós. Como se tivéssemos alguma culpa.’
‘Phillipe, não os olhe assim. Eles vão acabar percebendo que você está os observando’ Disse Stella, insistindo para o amigo se controlar.
‘Não me importo. Eles sabem muito bem que não os suporto.’ Resmungou Phillipe.
A briga entre eles começara quando Harry, passando por um corredor, esbarrou em Stella, derrubando tudo o que a garota carregava nos braços. Phillipe, então, começou a ajudar a amiga.
‘Olhe por onde anda, Corvinal’ Disse Harry com extremo desprezo em sua voz.
‘Quem esbarrou nela foi você, Potter.’ Respondeu Riven.
‘Eu não esbarro em Corvinais. Prefiro manter distância.’ Respondeu rindo.
‘Repita o que você disse e será a última coisa que você dirá em sua vida.’ Disse Phillipe rispidamente.
‘Corvinal, vai se tornar um nerdezinho, vai.’ Disse Ron ao lado de Harry.
‘Que eu saiba, a única nerdezinha aqui é sua amiga.’ Respondeu Riven com raiva.
E então, após trocarem muitos xingamentos, Professora McGonagal, ouvindo os três discutindo a gritos no meio do corredor, deu uma detenção aos três. Após essa discussão, a cada vez que se encontravam em um corredor, um esbarrava no outro sem dó.
A porta do bar abriu-se mais uma vez. Dando passagem a um garoto alto, magro. Seus cabelos negros cobriam uma cicatriz fina em sua testa.
‘Ah, não. Agora ter que aturar o estrelazinha?’ Resmungou Phillipe.
Puxou o braço dos amigos e levantou bruscamente. Deu uma olhada em direção a porta e deu caminhou para as escadas.
‘Olha quem eu encontrei aqui!’ Gritou Harry próximo a porta quando Phillipe levantou. ‘E não é que o Phillipe – Quero – Ser – Igual – Ao – Harry – Potter está aqui também?’
Phillipe olhou para trás para ver quem gritava.
‘Agora quer ser órfão também Phillipe?’ Harry gritou para o bruxo que estava na escada.
‘O que você quer dizer com isso, estrelinha?’ Perguntou Phillipe, caminhando lentamente na direção de Harry.
‘Ué. Você não matou sua mãezinha para ser órfão como eu?’ Começou Harry. ‘Primeiro você arranja uma cicatriz. Depois fica com dois amigos parecidos com Ron e Hermione. E então fica órfão dos pais. Desista, Phillipe. Você nunca vai conseguir ser perseguido por Voldemort.’
‘O que você quer dizer com a minha mãe morta, Potter?’ Gritou Blackheart.
‘A sua mãe é morta na sua casa e você aqui bebendo, Phil? Que feio.’ Zombou Harry.
‘O QUE VOCÊ QUER DIZER COM A MINHA MÃE MORTA, POTTER?’
‘Sua mãe foi assassinada, Phillipe.’ Disse Harry friamente.
Foi como se tivessem jogado água gelada em seu rosto. Phillipe sentiu sua barriga rodopiar. Sua mãe estava morta.
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