Largo Grimmauld, 12
Capítulo 14
Largo Grimmauld, 12
“Procure me amar quando eu menos merecer,
porque é quando mais preciso.”
Harry não se lembrava de ver o jardim da Toca tão arrumado nem tão barulhento. Para onde se virasse via caras conhecidas e tantas outras familiares. Uma grande quantidade de pessoas loiras formavam a delegação da família Delacour que chegara de Paris há dois dias. Gabrielle, a irmãzinha precoce de Fleur, não o deixava esquecer de sua presença por um só minuto.
Uma massa de cabeças vermelhas eram os parentes Weasley. A tia avó Muriel já tinha lhe dado tantos beliscões nas bochechas que ele se esquivava toda vez que via um chapéu florido e exagerado se aproximar.
Também havia um bom número de pessoas sérias vistoriando cuidadosamente a propriedade. Vestes um pouco pesadas para o clima quente de verão. A força de segurança do Ministério estava em peso ali. Uma precaução extra já que tantos “alvos” das trevas estavam presentes.
Havia se passado mais de um mês e considerando a retrospectiva daqueles dias, tinha que admitir que estava no zero a zero.
Continuava vivo. Um bom motivo para celebrar. Mas não tinha feito grandes avanços na busca das Horcruxes. Preocupante, pra dizer o mínimo.
Nenhum ponto para ele mesmo. Nenhum ponto para as trevas.
Após uma breve estadia na casa dos Dursley, Harry se fora para sempre. Tinha falado algumas palavras finais à tia Petúnia. Sem brigar, sem alterar a voz. Agradeceu que ela o aceitasse em seu lar e desejou que fosse feliz, juntamente com os seus. No momento de partir ele pôde jurar que ela apertara os lábios numa linha branca e fina. Arrependimento? Devia estar vendo coisas. Não chegou a se despedir do tio, a quem era indiferente, ou do primo que tanto o atormentara. Ao olhar uma última vez para Dudley, teve pena. Já tinha adivinhado que o rapaz grandalhão havia recebido a mesma carta de Hogwarts que Harry. Uma carta ignorada pelos pais. Um bruxo abortado pela vontade da família, condenado a uma vida medíocre. Harry olhou pela última vez a casa em que morara boa parte da vida, mas que nunca chamara de lar. Finalmente ele sorriu e se libertou.
Harry fechou com força a porta da Rua dos Alfeneiros e partiu, andando apressado, sem olhar para trás e sem nenhum pesar.
Em Godric’s Hollow a situação fora muito diversa. Visitara o túmulo dos pais e no entanto o lugar não lhe dissera nada. Duas lápides de pedra sombreadas por um carvalho. Ele se pegou pensando que por mais que tentasse nada afastaria a sensação de um local vazio. James e Lily não estavam ali de verdade. Harry leu seus nomes, a inscrição amiga que falava de saudade e heroísmo. Então se despediu do cemitério com a impressão de um vento frio lhe cortando o coração. Tinha finalmente perdido sua maior força? O poder sobre o qual Dumbledore o alertara? Tinha perdido a capacidade de amar?
Foi dentro da antiga casa que encontrou a resposta. O confortável sobrado de janelas francesas. Velho, descascado e abandonado. O jardim tomado pelo mato. As tábuas de madeira do soalho rangendo e fazendo eco sob seus passos. Vazia, mas com um cheiro de saudade que apertava e enchia o coração de um sentimento estranho que mesclava tristeza e felicidade. Era como se James e Lily estivessem ali.
Ele se sentou onde julgava que fosse seu antigo quarto e conversou com os pais, dizendo as coisas simples do seu coração. Dizendo que os amava, agradecendo por terem lhe dado a vida por duas vezes, por terem continuado a velar por ele mesmo após a morte. E Harry pediu que o ajudassem a ser forte, que o amparassem em sua missão, em sua solidão.
A antiga trepadeira avançava arrebentando as dobradiças da janela da sacada, o ferro do gradil enferrujado e feio. Era triste e quieto. Mas quando se concentrava ouvia a casa lhe sussurrar. Ela lhe dava boas vindas, estava viva, esperando por ele há muito tempo e continuaria lá. O amor havia habitado aqueles cômodos e parecia a única coisa intocada pelo tempo. Enquanto enxugava o rosto, Harry jurou que se sobrevivesse, aquele voltaria a ser seu lar.
- Sozinho, Harry? – a voz de Tonks o arrancou de seus devaneios.
- Ah, só dando um tempo. – o barulho dos convidados tornou-se novamente audível.
- Onde estão os outros três? – ela perguntou olhando os convidados atentamente. Fazendo seu trabalho de vigilância.
- Ron e Hermione devem estar ajudando a senhora Weasley ou matando as saudades. – Harry não pôde deixar de sorrir para os cabelos rosa berrante da auror. O efeito estragava sua cara concentrada. Queria saber como o discreto Remus Lupin estava se arranjando com ela.
- E Celina? – ela lhe lançou um rápido e penetrante olhar.
- Não a vi. Nem deve ter vindo. – Harry ajeitou o colarinho da camisa social, incomodado.
Não tinha mais visto a garota, as notícias que tinha chegavam por Hermione, em conta-gotas. Sabia que estava vivendo em Grimmauld Place, 12. Sabia que tal como ele, não voltaria à escola. E sabia que se ela estivesse sentindo um terço da mesma saudade que ele, estaria sofrendo muito.
Harry tinha surtos de uma vontade louca de vê-la, mesmo que fosse de longe. Então substituía o desejo escrevendo longas cartas contando o que andava fazendo. Cartas que ela não leria, que seriam queimadas pela varinha sob o olhar de censura de Edwiges.
- Ah, mas ela veio sim. – Tonks abriu um largo sorriso vendo a expressão do rapaz se tornar mais atenta. – Não é a mãe dela quem vem vindo ali?
Harry se virou depressa a tempo de ver Florência abrindo caminho até si.
- Tchau, Harry. – Tonks o abandonou sem piedade, dando um tapinha em seu ombro. – Tenho que circular.
As duas mulheres se cumprimentaram agradavelmente e Florência chegou até ele.
- Quanto tempo, Harry. – ela o abraçou sem pestanejar. – Estive esperando uma visita na Sede da Ordem. E a propósito, foi muita generosidade nos receber em sua casa.
- Não foi nada. A casa é da Ordem... – ele levou a mão aos cabelos sem saber como se portar.
- Mesmo assim é sua. – a bruxa sorriu sem dar a entender que percebia a timidez do rapaz. – É estranho... mas acabamos todos na antiga casa de Sirius.
- Ele odiava aquele lugar. – ele falou por reflexo, e ao observar o sorriso triste de Florência, percebeu que ela sabia melhor do que ninguém do que ele falava.
- Mas Gabriel e eu não pretendemos continuar abusando de sua hospitalidade por muito mais tempo. – ela se desviou do possível embaraço com aparente facilidade. - Vim apenas cumprimentar a Molly e depois vamos viajar a trabalho.
- Grimmauld Place sempre vai estar à disposição de vocês. - Ele assentiu, com a língua indiscreta coçando de curiosidade de perguntar para onde iriam e se Celina iria com eles.
A bruxa o observou com carinho.
- Eu sei, querido. – ela segurou a mão dele entre as dela. – É por isso que Celina está ficando. – Florência, perita em diplomacia, tinha um jeito delicado de responder perguntas que não haviam sido feitas.
- Ela vai ficar sob os cuidados da avó e de Jason. Mesmo fora de Hogwarts precisa continuar seus estudos. E principalmente, precisa de segurança. A vida não pára, não é mesmo?
“Jason?”. Ele teve vontade de perguntar se era quem pensava, mas uma dúvida mais urgente escapou de sua boca.
- Ela veio? – Harry sentiu-se corar, embaraçado por estar diante da “sogra”, tendo se afastado da filha dela e provavelmente a magoado.
- Não se preocupe. – Florência afagou sua mão carinhosamente e Harry se perguntou se ela tinha a habilidade de ler pensamentos. – Ela está aqui. Na verdade... está logo ali.
E estava. A multidão de convidados tinha se deslocado para os bancos e ele a viu caminhando para lá. Acompanhada por dois homens, obviamente da guarda ministerial.
Se ainda tivesse dúvidas sobre sua capacidade de amar, estas teriam se dissipado no ato. Harry concordou com suas entranhas, não se recordava de já ter visto mulher mais bonita. Ela estava impecavelmente arrumada. Um vestido com pequenos bordados coloridos e complicados. Estava diferente do modo como se vestia habitualmente. Uma jovem crescida e desabrochada, aceitando alguns cumprimentos de pessoas conhecidas e olhares acintosos de homens, que como ele, viravam a cabeça para olhá-la passar.
- Vamos até lá? – Florência estivera observando o rosto de Harry, sorrindo bondosamente. Já tinha visto o mesmo olhar no rosto de um antigo namorado. Um rapaz moreno, rebelde e passional do qual ela abrira mão num distante dia triste.
- Não. – ele se apressou em dizer. - Eu, ah, vou assistir a cerimônia com... sabe...
- Tudo bem, querido. – ela o beijou na face. – Quando você estiver pronto. – e antes de sair completou. – Ela vai gostar de falar com você.
A partir daquele momento a cerimônia se passou sem que Harry tivesse consciência do quanto demorara, nem de como Fleur estava deslumbrante, provocando o sorriso rasgado de Bill e arrancando lágrimas dos pais e da senhora Weasley. Ele permaneceu sentado com Ron e Hermione tentando por tudo não olhar na direção de certo vestido alegre e festivo.
- Você devia ir até lá. – Mione o cutucou ao fim da cerimônia. – Seria indelicado se não fosse.
- Não sei se ela se importaria. – Harry fechou a cara para Jason, acompanhando a moça do outro lado do jardim. - Já tem muito com o que se ocupar.
- E pelo visto não é a única. – Ron abafou uma risadinha quando Gabrielle Delacour emparelhou com os três.
- Arry, a bande de música já vai tocarr... Non gostarie de dançarr? – a garota apertou levemente o braço do bruxo.
- Seria legal, mas acontece que não danço. – ele se felicitou com ironia por ser um perna-de-pau inveterado.
A mocinha fez um bico de decepção que não passou despercebido aos amigos, aliás o diálogo era observado com bastante interesse por Ronald, que apertava os olhos com hilaridade atrás da loirinha.
- Gaby... – Ron falou sem se importar com o beliscão de Hermione em seu braço. – Pode ter certeza que é um ato de caridade. Se você dançasse com este aí teria os pés inutilizados para o resto da vida.
- Oh, tanho certeze que non deve serr ton mau... – ela apertou ainda mais o braço de Harry, como se o consolasse pelas palavras do ruivo.
Ron sorriu em meio a uma careta.
- É pior. Está vendo aquela garota ali? – ele fez o grupo todo se virar para o lugar onde Celina estava com a mãe, ambas cumprimentando uma esfuziante Fleur.
- Oui? – “Gaby” tombou a cabeça charmosamente.
- Teria um grande futuro como professora de dança... até conhecer Harry. – ele se voltou para o amigo, que tinha vingança escrito na testa. – Ele a destruiu. Seus sonhos, seus pés...
- Ron... meu bem... – Hermione disse melosamente, deixando o ruivo muito surpreso.
“Meu bem?”
- Acho que a próxima coisa a ser destruída serão seus dentes. – Hermione sorriu forçadamente.
- Não exagere, Mione, um deslocamento de mandíbula também deve funcionar. – Harry apertou o punho significativamente.
- Estava falando por mim, Harry. – ela fitou o namorado de uma forma que o fez se arrepiar involuntariamente.
“O que tinha feito de errado? Era só brincadeira, Harry e ele estavam acostumados a...”
- A sra Weasley deve estar precisando de ajuda. – Hermione interrompeu os pensamentos do rapaz. – Despeça-se de “Gaby”, Ronald.
O modo como ela disse Gaby e depois Ronald, como uma faca que corresse afiada em dois cortes precisos, o fez compreender a encrenca que tinha comprado.
- Até logo senhorita Delacour, - e aqui Ron olhou de soslaio para a namorada - tenha um bom divertimento.
- Ah, terrei sim, non se preocupe. – Gaby se pendurou definitivamente em Harry, sem a menor intenção de soltar.
Com um puxão não muito delicado, Hermione arrebanhou um Ron que tinha no momento um sorriso bem amarelo. Harry não invejou a posição do amigo. Mione tinha uma cara que prenunciava tempestades.
- Ando precisande melhorrar o meu inglês, Arry. Tenho que confessar que non entendi quase nada que eles disserram.
- Palavras afetuosas. – ele testou o braço comprovando que estava muito bem preso. - Sempre foram muito carinhosos um com o outro. – Harry ainda observou o par se afastar. As mãos de Hermione gesticulando muito “carinhosamente”, com um dedo em riste, apontado para o rosto de Ron.
“Tudo bem, se ele pretende me ignorar, que seja.” Celina dançava com Jason Connor entre dezenas de outros casais. Já tinha visto Harry de longe, coisa mais que suficiente para fazer seu coração mudar de lugar e ir bater na garganta. Ele tinha lhe lançado um olharzinho muito do insignificante e não tinha nem ao menos se aproximado para cumprimentá-la. Ficava afastado, bebendo uma interminável garrafa de cerveja amanteigada e conversando com uma loirinha bonita, irmã da noiva, se bem se recordava.
“Mini-Plemg, na área.” Fora o que Hermione lhe sussurrara rapidamente algum tempo atrás. O comentário fora engraçado e a francesa podia ser muito nova, mas nada anulou a sensação desconfortável que se instalara dentro de si. Será que Harry estaria interessado na pequena Delacour?
- Mac, seu par está na sua frente e não ao lado. – Jason a girou em meio à música. Tinha arranjado aquele apelido dizendo que garotas bonitas precisavam de nomes que não fossem intimidantes, pra não ficarem metidas demais.
Ela riu para o homem, a convivência forçada tinha feito sua antipatia desaparecer por completo. Jason a ajudava com feitiços, escutava suas reclamações adolescentes, ou “aborrescentes”, como ele dizia, e ainda lhe fazia rir contando estórias engraçadas.
Podia ser cedo, mas achava que tinha encontrado um amigo pra vida toda.
- Desculpa, estou meio distraída.
- É natural. – ele a girou novamente fazendo com que ela ficasse outra vez de frente para onde estava Harry. – Acontece quando seu foco de atenção parece tão ocupado...
- Não enche, Jason. – ela percebeu a indireta sobre a garota Delacour.
- Acho que a francesinha também vai ficar uma graça quando crescer. – ele analisou Gabrielle à distância. – Mas não tanto quanto você.
- Pedófilo. – ela implicou.
- Ela não é tão novinha... Pelo menos o Potter não acha. – ele devolveu levando uma pisada no pé.
- Brincadeira. - ele fez uma careta e logo riu alegremente. – Aquele ali está com tanto ciúme que nem deve ter percebido a pobre garota.
- Ciúme? Acha mesmo? – ela olhou para Jason avidamente.
- Mac, se olhar matasse, você estaria dançando com um defunto.
- Ah, dane-se! Ele não veio aqui por que não quis.
- Seja mais esperta. – Jason piscou matreiramente. – O rapaz está com medo.
- Você não conhece o Harry. – ela sorriu condescendente.
- Você não entendeu, sei que ele é corajoso. No que me diz respeito alguém que enfrenta o próprio demônio encarnado desde um ano de idade tem que ser “do caramba”. O que você ainda não tem idade pra entender é que se aproximar de um amor... proibido, é que tira as forças. – ele deixou uma pequena sombra toldar o olhar e depois balançou de leve a cabeça, voltando ao bom humor habitual. – Ainda mais quando o receio se casa com a dor-de-cotovelo de ver a garota dançando com o homem mais charmoso da festa.
Celina olhou para os lados.
- De qual garota você está falando?
Jason não fez caso, apenas a conduziu para fora da pista e falou rápido.
- Vá dar uma volta sozinha. Pegar um ar. Depois me diga se seu príncipe não apareceu como quem não quer nada.
Celina riu cúmplice para ele, a insegurança cedendo aos poucos. Jason era um cara muito esperto, e se ele estava dizendo... melhor pagar pra ver. Ela se esquivou de alguns conhecidos e de pedidos para dançar, rodeou a casa e encontrou o lugar perfeito para sua tocaia, a sombra de um velho Salgueiro Chorão. Ficou brincando com as folhas do mesmo enquanto se perguntava se ele viria. Apesar de ter ansiado por ele durante todos aqueles dias de afastamento, tinha decidido não impor sua presença, o que era bem difícil estando tão perto.
- Boa escolta. - uma voz grave a fez se virar sobressaltada.
Ponto para Jason.
- Sua guarda ministerial. – Harry apontou para trás com o polegar.
- Ah, sim. Um mal necessário nestes tempos. - ela deu de ombros fingindo que as pernas não tremiam. – Ao menos de acordo com Gabriel McGregor.
“Ah, meu Deus, ele está lindo demais.”
- Então... – ela não encontrou as palavras.
- Então... – ele repetiu do mesmo jeito sem graça.
- Pensei em você no seu aniversário. – ela se ouviu dizer antes que pudesse raciocinar. Na verdade pensava nele o tempo todo.
Ele a olhou como se estivesse surpreso.
- Pensei sim. – ela confirmou com a cabeça. – Não pude te mandar sequer um bilhete... Seu modo de se esconder tem sido eficaz. Mas estive o dia todo te desejando tudo de bom. Tudo o que você merece.
Harry baixou a vista se sentindo tocado pelo carinho dos olhos dela. E pensar que a afastara, que a deixara disponível para qualquer outro... Quase se arrependeu de seus pensamentos imbecis quando a viu acompanhada. Quase.
- Obrigado. – ele agradeceu brevemente. – Maioridade...
- É verdade, até que enfim vai poder fazer um coisa que nunca fez antes... – ela implicou com um sorriso. - Magia sem supervisão.
Harry se manteve calado, de um jeito estranho, e Celina tentou insistir numa conversa amena, que afastasse a onda de constrangimento que surgiu entre os dois.
- Tem andado muito ocupado? – ela disse enquanto tentava parar de olhar para ele feito boba.
- Ainda não. E você? Muito tempo enfiada na Sede? – ele usou um tom de voz que ela conhecia muito bem. Tinha algo o incomodando.
- É... puro tédio.
- Mesmo?
- Liberdade Cassada. – ela juntou os pulsos como se estivesse algemada. – Prisioneira novamente e sem direito à fiança.
- Mas dessa vez acompanhada.
- Ãh... É, vovó está comigo. – ela disse incerta.
- Vovó? – ele falhou em soar despreocupado. – Apenas “vovó”?
- Não entendi. – ela juntou as sobrancelhas em confusão.
- Claro que não. Qual é mesmo o “auror-carteiro”? – ele deu um sorrisinho sarcástico. – O que não pára de dançar com você, ou o que não pára de babar no seu vestido?
Ela sorriu para os pés não podendo evitar estar gostando de saber que ele estava mesmo com dor-de-cotovelo.
- Até você tem que admitir... é um belo vestido.
- Não é mau. – ele a olhou de cima a baixo sem disfarçar, pela primeira vez. – Podia ser um saco de linho, você ficaria bem em qualquer coisa.
- Essa é a parte em que eu agradeço? – ela parou de sorrir. – Eu gastei um bocado de tempo me arrumando, sabe?
- Se você diz... – ele estava realmente emburrado.
Ela bufou, revirando os olhos pra cima.
- Anda. Olha pra mim. – ela o encarou até que ele satisfizesse seu desejo. – Você nem precisa me cumprimentar direito, pode me tratar como se mal me conhecesse, como se nunca tivesse enfiado a língua na minha boca, mas eu preciso de um elogio de verdade. Eu mereço um. Nunca, nem no baile de inverno, nem quando minha avó ganhou a comenda de bruxa de primeira ordem, eu me arrumei deste jeito. E vem você e me diz que tanto faz ser um saco de linho? – ela entreabriu a boca magoada.
- Você nunca se importou com isso. Pra que tanto empenho agora?
- Hããã... Pra seduzir o sr. Weasley? O que você acha? – ela colocou as mãos na cintura perdendo a paciência.
- Você está ficando com algum deles? – Harry disparou antes que pudesse se conter.
A garota se aquietou, apenas absorvendo por alguns momentos o comentário infeliz dele.
- Você é mesmo muito burro quando quer. Repete comigo bem devagar, – ela balançou a mão regendo a citação. – “Não fui feliz. Prometo melhorar.”
Ele ignorou a tirada.
- Fiz uma pergunta. Quero saber se você está ficando com algum dos dois aurores.
- Só tem um auror me acompanhando. O outro é apenas um funcionário do ministério. – ela evitou responder deliberadamente. – E você deixou de ter o privilégio de me fazer perguntas como esta.
Celina notou Harry apertar os punhos de raiva e sorriu satisfeita.
- Este Jason... você está ficando? – ele se aproximou irritado. – Diz.
- Não vou dizer nada. – ela levantou o queixo comprando a briga.
- Me provocar não é boa idéia. – ele tinha os olhos escuros e disparando chispas. – Não mesmo.
- E que direito você tem de me cobrar qualquer coisa? Fala, Harry? Que direito?
- Não se faça de boba, você sabe o que eu sinto por você.
- Não, eu não sei. Não de verdade. Ciúme pra mim só quer dizer posse. É isso? Você acha que é meu dono?
Harry desviou os olhos e andou de um lado para o outro, despenteando ainda mais o cabelo. E finalmente parou, resignado.
- Eu gosto de você. – laconizou.
- Você também gosta de pudim de caramelo. – ela arqueou uma sobrancelha, sem facilitar.
Ele suspirou jogando os olhos para cima.
- Se você me dissesse que está com outro eu ficaria chateado. – ele fitou o olhar reticente dela. - Tudo bem, eu provavelmente ficaria furioso, arrasado, destruído, pode escolher. Mas consequentemente seria mais fácil te esquecer. – ele confessou um pensamento incômodo.
Ela mordeu os lábios com força. Então ele queria mesmo lhe esquecer.
- Era o que estava fazendo com Gabrielle Delacour? Me esquecendo?
Estavam entrando em terreno minado e Harry fez um gesto confuso, que por omissão, não dizia nada.
Para Celina aquilo funcionou como afirmação.
- Não tente jogar pra cima de mim a responsabilidade de estarmos separados. Mas se quer mesmo ficar livre, posso ajudar. – ela lhe lançou um olhar mau. - Eu estou ficando com o Jason, sim. Está sendo um bom passatempo na sede da Ordem. Todo aquele tempo sozinha... você entende. E depois estou pensando em ficar com o Bill Weasley, hoje ou assim que ele voltar da lua-de-mel, tanto faz. Você sabe como adoro me atirar pra cima do primeiro que aparece. - ela franziu a testa com desprezo. - Quer saber, Potter? Você é muito estúpido. E muito idiota. Você não merece esse vestido, não merece minha paciência e muito menos o meu tempo. Quanto a me esquecer, me faça esse imeeenso favor.
- Celina! – ele segurou o braço dela sem deixá-la sair do seu lado.
- Me solta. – ela falou num tom calmo. Calmo demais pra ser verdadeiro.
- É lindo. A coisa mais linda que eu já vi.
- O quê? – ela tentou puxar o braço sem sucesso. – Sua enorme ignorância?
- O vestido, o cabelo, tudo. – ele a segurou pela cintura com o outro braço. – A metade do tempo em que a gente ficou junto eu passei me desculpando. E errando de novo. Parece que agora não é diferente...
- Desculpa. – ele pôs uns olhos de cachorro pidão sobre ela. – Não estou tendo nada com ninguém e nem poderia. Já está sendo o inferno sem você.
- Você tem o pior gênio que eu já conheci. – ela falou séria. – E já conheci um monte deles. Quanto ao inferno, foi você quem decidiu viver nele.
Os dois ficaram se olhando sem que nenhum tomasse a iniciativa de se afastar.
- Tem razão, talvez fosse melhor você ir. Antes que eu faça outra burrada. – ele pressionou sua cintura com os dedos.
- É só devolver meu braço. – ela tentou continuar dura, mesmo com os olhos perdidos que ele punha nela.
Mas ele fez o contrário, e em vez de solta-la juntou seus corpos sem dificuldade.
- Eu faria, se você devolvesse minha paz. – e deixando o bom senso de lado ele a beijou.
Ela levou a mão e o empurrou pelo ombro, mas foi uma resistência simbólica, quando viu estava com os braços enlaçados em Harry, o puxando pelo pescoço com força.
No instante em que as bocas se tocaram a mágica de costume aconteceu. Esqueceram atritos, palavras tortas. Não havia mais nada, apenas um lapso no tempo. Um momento de trégua que eles sabiam que terminaria, mas que por isso mesmo devia ser aproveitado da maneira mais intensa.
Enroscados como visgo-do-diabo, se alguém os pegasse daquele jeito teriam que dar boas explicações. Mas e daí?
- Quarenta dias... – ele sussurrou em meio ao beijo. – Sem você.
- Quarenta e dois dias, doze horas, um zilhão de segundos. – ela ofegou em concordância, querendo ele de novo.– Podia jurar que é um século. Mais, Harry...
Ela não precisou pedir duas vezes.
Seu corpo estava praticamente fora do chão. Carregado para dentro da cascata formada pela rama do velho Salgueiro.
- Senti sua falta. – ele falou sem parar de beijá-la. – Senti demais. Seu cheiro, seu gosto.
Ela deixou que ele dissesse todas aquelas coisas deliciosas de se ouvir, se abandonou ao simples prazer de poder enfiar as mãos dentro do cabelo negro e bagunçado. Respirar o perfume dele, sentir que ele lhe pertencia novamente.
- Você não está me apertando o suficiente. – ela murmurou sentindo que agora de fato os dois desafiavam as leis da física, ocupando o mesmo espaço.
A mente de Harry vagava por idéias malucas de como o gosto pungente da saudade se torna bom quando se tem nos braços a pessoa que se ama.
Foi quando foram descobertos.
- Celina...
A voz foi baixa, mas os dois jovens se largaram imediatamente. Do outro lado da cascata de folhas, a uma distância respeitosa, Florência Lux estava virada de lado, como se não desejasse invadir a privacidade do casal.
- Mãe... – a garota ajeitou os cabelos muito encabulada.
Harry só queria que um precipício se abrisse a seus pés.
- Temos que ir, meu bem. Seu pai está me esperando na Sede.
- Ah, sim... estou indo.
- Se despeça de Harry por mim. Eu o faria, mas não quero constrangê-lo... ainda mais – Florência se afastou indo na direção de Remus Lupin e Jason Connor, parados bem mais distantes.
Harry teria dito algo à sogra se sua voz funcionasse. Se virou para Celina que continha um riso nervoso com as duas mãos na boca.
- Desculpa...
- Desculpa? – o rapaz indagou espantado. – Sua mãe existe? Qualquer outra teria me espancado... – ele colocou as mãos sobre os joelhos, hiperventilando.
- Te disse que ela era especial. – Celina tentava engolir as risadas. – Não pegou a fila da cegueira, onde colocam vendas nos olhos de todas as mães. Ela é realista, Harry. Ela foi namorada do Sirius, pelo amor de Deus! Não quero nem imaginar o que os dois faziam na época.
Os dois permaneceram se recuperando do susto, até que finalmente se encararam.
- Quando eu te vejo de novo? – foi Celina quem fez a pergunta crucial. A pergunta que iria definir se aquilo fora um simples descontrole ou uma volta real.
- Celina... Nada mudou. Os problemas continuam...
Ela esperou, sem ajudá-lo.
- Tudo continua como antes.
- Separados? – ela pediu a confirmação.
- Você não entende, sempre esteve cercada de amor e proteção. Não sabe o peso de se sentir culpado... De ser responsável pela morte de alguém querido.
- Talvez esteja certo, mas pelo menos tenho a coragem de assumir os riscos. Porque pra mim vale a pena.
- Queria que fosse tão simples. – ela jamais compreenderia que para ele tudo estaria bem desde que ela estivesse em segurança. – Mas nada é tão fácil.
- É sua última palavra? – ele nunca entenderia o quanto ela seria capaz de enfrentar por ele.
- Este... sentimento nunca devia ter acontecido.
Aquilo a enfureceu de tal forma, que onde antes só se enxergava amor e saudade, era agora tomado por uma fúria sem tamanho.
- Adivinha só, Potter, aconteceu. Seja este sentimento qual for. Aprenda a viver com o fato e enquanto não consegue... apenas me deixe em paz.
Ela ainda o encarou por breves momentos antes de grunhir alguma coisa ininteligível e ir embora.
Harry ficou para trás, sentindo uma imensa vontade de bater com a cabeça no tronco do salgueiro. Repetidamente.
XXXXXXX
Ron e Hermione estavam sendo de uma ajuda fundamental para encontrar as últimas Horcruxes, andavam procurando juntos estando próximos do que prometia ser uma pista quente. Harry lhes fez prometer que se afastariam imediatamente se as coisas se tornassem mais perigosas. Mas este afastamento seria natural quando as férias de ambos chegassem ao fim. Hogwarts seria reaberta para poucas dezenas de alunos. O assassinato de Dumbledore assustara demais a comunidade bruxa, e a própria Minerva McGonagall, agora diretora, afirmara estar surpresa com o número de alunos, que acreditara ser bem menor.
Era uma questão de dias. Então Harry voltaria a ficar sozinho com sua missão.
Desde que saíra da casa dos Dursley, ele vinha se alojando aqui e ali, nunca permanecendo mais de uma semana no mesmo lugar. Isto, junto à busca incessante pelas Horcruxes o estava deixando a beira da exaustão. E foi neste estado e embaixo de um forte temporal que se viu adentrando a Sede da Ordem da Fênix, convocado para a primeira reunião que assistiria como membro efetivo e bruxo adulto.
Ao divisar a silhueta da casa, recortada contra a cortina de chuva, uma só lembrança o assaltou. Sirius. Já fazia muito tempo.
Com a morte de Dumbledore havia outro fiel do esconderijo e foi preciso que Harry ouvisse o endereço da boca de seu acompanhante, Remus Lupin para poder entrar.
Quando bateram a porta foi aberta por uma jovem mulher de aspecto muito vivo.
- Entrem antes que se afoguem. - Tonks deu um largo sorriso para a figura encharcada dos dois.
Ela já os esperava com grandes toalhas aquecidas nas mãos.
- Sei que existem feitiços de secagem, mas não me ocorreu nenhum. – ela encolheu os ombros a guisa de explicação.
Eles agarraram as toalhas avidamente e se secaram na medida do possível, Harry não deixando de reparar no modo carinhoso da auror passar os dedos pelos cabelos molhados do ex-professor. Lupin parecia mais jovem do que na época em que o conheceu. Ainda esfarrapado mas com um brilho especial nos olhos. Tinha ouvido que os dois estavam morando juntos. Devia ser verdade que o amor rejuvenesce.
Ao lançar um olhar cuidadoso ao redor, Harry notou que o aspecto do sobrado estava muito diferente de quando o padrinho fora obrigado a se esconder ali. A casa permanecia sombria, mas muito limpa e organizada, denunciando que mais que um QG de batalha, o Largo Grimmauld, 12 era o lar de alguém.
Quando seguiram para a cozinha, local de todas as reuniões da Ordem, Harry viu uma figura pela porta aberta da sala-de-estar. Remus e Tonks, espiando o que o fizera estacar, trocaram um breve olhar entre si e lhe deixaram providencialmente a sós.
Sentada num sofá, com uma perna jogada por cima do braço de couro, estava a pessoa que o fizera adiar ao máximo sua ida até o lugar. Tinha o rosto enterrado atrás de um imenso livro de capa púrpura com letras antiquadas e desbotadas, “Como Fazer Sangrar – Guia contra os inimigos”. Ele não fez sequer um movimento, mas olhos violeta o espiaram por cima da borda. Celina abaixou o livro o fitando sem interesse.
- Oi, Harry. – disse num tom corriqueiro, como se sempre o visse por lá.
- Oi... – ele estranhou a fria recepção.
- Bem vindo ao lar, eu acho.
- Não é meu lar. É só uma casa velha.
- É verdade, - ela riu sem alegria. – mas é sua. Estão te esperando...
- Você não vai participar?
- De jeito nenhum. – ela respondeu sem nenhum resquício de interesse, como se o encontro não lhe despertasse atenção. – Mas boa sorte com os dragões.
Ele ia perguntar o que queria dizer quando ela o dispensou.
- Legal te ver. – Celina imergiu para dentro do livro sem maiores cerimônias.
Não que estivesse esperando que ela se jogasse sobre ele, mas podia ao menos mostrar alguma emoção. Mesmo raiva. Ele tinha se desacostumado com o tratamento glacial que ela sabia dar.
Sem ter outro remédio, Harry se encaminhou cabisbaixo para a cozinha, percebendo que a maioria da Ordem já tinha chegado. Estavam quase todos presentes e alguns rostos diferentes engrossavam a fila de bruxos que apertavam sua mão.
Entre as caras novas estavam Alexander Magnus, funcionário do alto escalão do Ministério e Duncan Travis, que embora calvo tinha uma semelhança espantosa com seu filho, Benjamin. Harry seguiu com as saudações, muito frias em se tratando de Jason Connor, não deixando de notar que Lilith Lux conversava com Slughorn a um canto. As coisas estavam mudando... até o velho Slug se aliando à Ordem...
- Bem, parece que agora estão todos aqui. – Alexander Magnus se levantou pedindo silêncio. Era um bruxo alto e grisalho, de compleição forte, e imponente o suficiente para fazer todos se calarem no mesmo minuto.
- Como sabem, Minerva McGonagall está muito ocupada com o breve reinício das aulas e encarregou a mim e à nossa querida amiga e atual anfitriã de conduzir esta reunião. Podemos começar, Lilith? – ele pediu a concordância para a avó de Celina.
- Não entendi muito bem o objetivo desta reunião, mas foi uma decisão da maioria. Portanto, acho que podemos dar início ao que quer que seja. – foram as únicas frases de Lilith que Harry escutou durante todo o tempo.
Quando soube que Ron e Hermione ficariam de fora do encontro, Harry estranhou, mas pensou que seria por questão de segurança. Os amigos ficaram indignadíssimos e o fizeram prometer relatar tudo o que seria dito. Entretanto, após as palavras secas de Lilith e os primeiros assuntos gerais da reunião, ficou claro que o objetivo principal do grupo era sondá-lo. Celina lhe desejara sorte com os dragões, agora via por que.
Alguns bruxos levemente curiosos, outros francamente agressivos, tentaram por todos os meios fazê-lo relatar onde estivera com Dumbledore, o que andava fazendo, vagando sozinho e sem proteção. E o mais importante, o que sabia e eles não. Havia um mistério e queriam que fosse esclarecido. Harry se resignou a responder o que podia, o que era muito pouco, e entendeu que sua perseverança em não satisfazer as dúvidas geraria intensas reações. Embora muitos apoiassem seus motivos, Lupin assentira discretamente com a cabeça, outros pareceram extremamente irritados. Então ele fez o que sabia melhor. Ficou firme.
Uma, duas horas de interrogatório. De velado a hostil. Ele estava prestes a perder as estribeiras quando Lilith, com o apoio de Alexander, deu por encerrada a reunião.
Enquanto todos saíam, a bruxa colocou a mão sobre seu ombro e falou baixo:
- Não vá ainda, vou preparar algo para você. – ela o fitou com intensos olhos azuis. – Sem perguntas. Você aturou bastante por hoje.
Ela era diferente da filha, diferente da neta. Algo no jeito da mulher o fazia crer que possuía a vivência de muitas gerações, como se fosse mais velha do que aparentava. Cada uma das Gryffindor tinha uma personalidade distinta. Enquanto Florência era delicadeza e tato, Lilith era séria, mais dura e irônica a seu modo. Harry não classificaria Celina como uma simples mistura das duas, ela era muito mais. Mas de certo modo a moça parecia ter o físico da mãe e o espírito da avó.
Depois da refeição com Lupin, Tonks, Jason e suas “anfitriãs”, Harry se viu aceitando a sugestão de que deveria permanecer por algum tempo ali. Apesar de negar, jamais teria aceitado a estadia se a frieza de Celina não o afrontasse. Teve que aturar a garota conversando em perfeita intimidade com Connor enquanto o tratava como se fosse um enfeite de mesa. Ela que durante o jantar não lhe dirigira uma só palavra, não trocara um único olhar, agora o fitava assombrada.
Harry sorriu numa maldade satisfeita e se serviu pela segunda vez. Fazia tempo que não tinha tanto apetite.
Não foi apenas para espicaçar que resolveu ficar. A casa não lhe trazia boas recordações. Mas estava exausto, frustrado com as investigações e o recém terminado interrogatório. Precisava desesperadamente descansar. Sempre podia se arrepender no dia seguinte, mas no momento a casa ainda era o local mais seguro da Grã-Bretanha. Olhos violetas exasperados não tinham nada haver com a resolução. Não mesmo.
Em poucos dias de convivência o comportamento de Celina não havia se alterado. Estudava com Lilith, treinava com Connor e o resto do tempo dividia suas atenções com livros esdrúxulos e Bast. Esta última tinha se apegado tanto a Harry que passava mais tempo no seu colo do que no da própria dona.
- Traidora. – Celina dizia entredentes quando via a gata abandonar seus braços e ir se aconchegar satisfeita junto ao bruxo de olhos verdes.
Devia ser algum tipo de maldição, porque evidentemente até sua gata se apaixonara por ele. Se estivesse se sentindo bem humorada poderia arriscar fazer alguma piada com o assunto. Mas por trás das cortinas estava realmente emburrada. Que diabos ele fazia ali? Tudo bem que era seguro, mas, francamente, parecia ser só para lhe irritar. Ter o doce preferido ao alcance dos dedos e não poder provar.
Era mais um motivo para ser grata a Jason. Eles costumavam conversar até bem tarde, quando terminavam os treinamentos e os outros já tinham ido dormir. Era quando o amigo a aconselhava a ser firme, manter a cabeça fira e “aconteça o que for, por favor, não o azare.” Jason já tinha impedido que estuporasse Harry por duas vezes, de pura exasperação.
Foram os sons de uma conversa surreal que lhe tiraram de sua poltrona preferida. Ela se esgueirou até o segundo andar e apreciou uma verdadeira Babel provocada por Drusila Black em sua pintura falante.
Diante da insana bruxa estavam Harry e Jason, confabulando contra a tela.
- Não agüento mais os berros dessa velha louca. É só me ver que começa a chuva de gentilezas. – Jason fitou o retrato, seriamente tentado a esmurrá-lo. – Alguém tem que fazer algo a respeito.
- Moody tentou... e nada.
- Alastor Moody? Se ele não conseguiu então já era.
- Não tem jeito de tirar. – Harry retrucou secamente. – Tem um feitiço adesivo muito bom, magia nenhuma teve efeito.
- Pra tudo tem um meio.
Os dois se viraram para Celina, que chegara de mansinho, sem ser percebida.
- Pelo menos é o que um antigo amigo costumava dizer. – ela inclinou a cabeça de lado analisando atentamente a Sra Black.
- BRUXA IMUNDA! CONFRATERNIZANDO COM O INIMIGO! – o retrato babava para a impassível garota.
- E se magia não resolve... – ela olhou de soslaio para Harry. - Pode me emprestar de novo seu canivete?
Sem compreender, mas conhecendo a mente tortuosa da moça, Harry convocou o canivete no malão e o entregou a ela.
- Senhora Black? – Celina se aproximou do quadro com os olhos miudinhos – A senhora já foi apresentada ao Jason aqui? – colocou a mão sobre o ombro do auror.
Os dois fizeram caretas sem entender aonde ela queria chegar. Fazer uma apresentação polida não acalmaria a bruxa encarquilhada.
- Ele nasceu trouxa, sabe. Mestiço. – então se inclinou mais confidencialmente. – Sangue sujo.
A mulher ficou tão enfurecida que parecia estar tendo uma síncope.
- SANGUE IMUNDO! SUJO! EMPORCALHANDO A CASA DE MEUS ANCESTRAIS!
- Pode me emprestar sua mão, Jason? – Celina deu um sorrisinho para o amigo. – Não vai doer nada.
O auror levantou uma sobrancelha, desconfiado, mas como ela continuasse a pestanejar candidamente, ele suspirou como se dissesse, “veja lá”.
Celina apertou a lâmina contra a palma da mão, que se abriu num corte superficial. E então pressionou a palma suja de sangue contra a espantada velha.
Em menos de um segundo a Sra Black correra dali praguejando palavrões que se imaginava que uma “dama de sangue puro” jamais pudesse saber.
- É melhor isto ter algum sentido, Mac. Não gosto muito de desperdiçar meu sangue. – Jason fechava o corte com a varinha.
- Homem de pouca fé. - e com um sorriso mais largo ela apenas passou a mesma lâmina pelo contorno da tela, a arrancando facilmente da moldura.
- Como você fez isso? – Harry tinha o mesmo semblante atônito de Jason.
- Inteligência privilegiada. – a bruxa piscou um olho, enrolando a pintura. – A sra Black só precisava sair da tela. A megera odiava trouxas, foi só somar dois e dois. Não sei como vocês nunca imaginaram isso.
Ela entregou o rolo à Jason, devolveu o canivete à Harry e dando um olhar muito Celina, deu as costas para ambos.
Depois deste dia, Celina ficou mais tranqüila na presença de Harry. Embora o próprio pensasse ver constantemente a curva de um sorriso presunçoso nos cantos da boca dela. Mesmo assim só voltaram a se falar realmente no dia de uma inusitada visita.
Estava aproveitando o calor da lareira enquanto assistia de viés, Celina lançar olhares ressentidos à Bast, largada em seu colo, quando ouviram o chamado de Lilith Lux.
- Celina, venha aqui! Você também, Harry!
Eles se levantaram e a garota bufou, resmungando entediada algo que soou como “O que eu fiz agora.”
- Andem! Tenho uma surpresa pra encher seu dia. – e Lilith baixou a voz, mas não tanto que não pudesse ser entendida. - Encher literalmente.
Antes que alcançassem a porta da cozinha, uma risada que parecia um ribombar de um trovão atravessou as próprias paredes, uma dessas risadas tão satisfeitas que fazia os outros abrirem sorrisos contagiados, uma risada que fez Celina sentir um arrepio agradável subir pelas costas enquanto abria a porta, apressada..
- Tio Silus! – a bruxa arregalou os olhos e abriu a boca num sorriso rasgado.
Um velho bruxo, com a pele branca parecida com um fino pergaminho, ria escandalosamente na ponta da mesa.
Quando a sobrinha neta se atirou em seus braços, Tarsilus McGregor agradeceu à Merlin por estar sentado.
- Pelas barbas de Netuno! Onde foi parar a pequena diabinha? – ele a afastou analisando seu rosto dum jeito estupefato. – Estão te dando fermento?
- E o senhor está tomando poção para rejuvenescer? – ela sorriu numa alegria audaciosa.– Tinha rugas a mais da última vez...
- Hum. Coisas do amor. – ele cochichou fazendo Lilith revirar os olhos.
- Não me admiraria se Tarsilus resolvesse se apaixonar pela milésima vez... no ano. – a despeito do comentário, a voz da bruxa de belos cabelos cor de chumbo parecia mais divertida que reprovadora.
- Adivinhe de onde eu venho? – ele falou, aparentemente sem fazer caso do comentário.
- Júpiter? – para Celina, vindo de Silus, tudo era possível.
- Suíça. – ele piscou. – Phelícia manda lembranças. – e baixou o tom de voz. – e uma garrafa que eu não entregaria se não soubesse que já é maior de idade.
Celina pulou de contentamento ao receber a carta da prima. A abriu imediatamente se esquecendo de perguntar pelo “presente”. E Silus não a lembrou tampouco.
- E quanto a você, Luxy, devia seguir meu exemplo. - o velho brincou. – Com dois pretendentes mais que satisfatórios te rondando...
- Tarsilus! – Lilith esbravejou. – Além de velho, fofoqueiro!
- O quê? – uma luz curiosa se acendeu no rosto de Celina, a carta pendendo esquecida entre as mãos. – Dois pretendentes? Como... Ah, tio Silus, conte tudo!
- Hã? – ele perguntou coçando a cabeça com um ar distraído que não ficaria mau em Luna Lovegood.
- Os pretendentes! – Celina ergueu uma sobrancelha para o rosto impassível da avó. – Não seja mau...
- Eu disse isso? – Tarsilus abanou a cabeça tristemente. – Não me recordo. O cérebro já não é o mesmo...
- Muito conveniente... – ela apertou os olhos violeta em duas minúsculas fendas.
- Assumindo a decrepitude, Silus? – Lilith alfinetou, com a expressão voltando a ficar satisfeita.
- Hey, este reencontro merece um brinde! Você não teria um pouco de rum, Luxy? – o “velho decrépito” saiu pela tangente, dando pulinhos de animação sobre a cadeira.
- Tarsilus, se este bafo de bebida aumentar, fique sabendo que a casa pode explodir.
- Tsc, tsc, tsc, Luxy, você está se tornando uma velha. Viva e deixe viver.
- Silus, eu sou velha. O que devia te inspirar a entender que o mesmo já aconteceu com você... Há mais de trinta anos.
Todos começaram a rir e Tarsilus abanou a mão com um “Bah!” e tirou do bolso interno das vestes um frasquinho de metal polido, sorvendo um longo e ruidoso gole.
Só então os olhinhos azuis do velho esquadrinharam os presentes se detendo demoradamente em Harry, ainda parado sob o umbral da porta.
- Ainda não fomos apresentados, meu jovem. – ele estendeu a mão que Harry se apressou em apertar, sorrindo de lado. – Tarsilus Pelágius McGregor, decrépito, mas ainda vivo. – ele piscou.
Era positivamente fácil gostar o velho McGregor.
- Não deixe ele te enganar, Harry. – Lilith botou os olhos espertos sobre o parente. – A esta altura o velho Silus já está doente de saber quem é você.
- Bem vindo à parte insana da família. – Celina fez um elegante gesto teatral, indicando o tio. – Tio Silus tem a rara habilidade de se lembrar apenas do que lhe é conveniente.
- É impossível tentar ser polido com vocês duas por perto. Onde está Florência quando se precisa dela? – o velho chacoalhou a mão de Harry sem cerimônia. – Como vai, Potter? Ouvi falar muito de você.
- Espero que tenha ouvido falar bem. – Harry sorriu com franca simpatia.
- Ah, sim. – ele respondeu vivamente, um olho posto em Celina. – Depois de dias inteiros com Phelícia, tenho sabido de coisas interessantes.
- Hum... certo. – Harry se encolheu aceitando a xícara de chá que Lilith lhe entregou providencialmente.
- O senhor veio pelo menos por uns dias, não veio? Vai ficar com a gente, né? – Celina atropelou o bruxo com perguntas.
- Ah, diabinha, sinto muito. – ele interrompeu os protestos da garota. – Vim apenas avisar à Luxy. Temos um encontro com Minerva McGonagall em Hogwarts.
- Grande. – ela cruzou os braços fechando o semblante. – Fica dias com Phillys, arruma até uma namorada e além de não ter tempo pra mim ainda quer levar minha avó e me deixar de fato sozinha.
- Quanto drama. – ele puxou o braço de Celina forçando-a a sentar-se ao lado. – Prometo que assim que nossos assuntos estiverem resolvidos, trago Lilith de volta e passo pelo menos uma semana com vocês. – ele olhou de rabo de olho para o outro lado da mesa. – Eu vi isso, Lilith.
A bruxa, que tinha revirado os olhos ante o auto-convite, fez uma cara de desentendida, numa boa imitação do próprio Silus quando se fazia de bobo.
Harry riu, percebendo a veia cômica da mulher, uma herança que tinha visto muitas vezes na neta.
- Então, Celina, - a voz de Silus ribombou. - soube que tirou o retrato de Drusila Black da parede. Não poderia ser mais útil. Drusila não tinha grande coisa a dizer quando estava viva. Imagine depois de ter batido as botas.
- O senhor a conhecia? – Harry perguntou se ajeitando na cadeira.
Pelo rosto de Celina ela também não tinha conhecimento de tal relação.
- Vocês não sabem de nada. – Tarsilus teve outro acesso escandaloso de riso, que terminou em tosse. E a tosse foi sanada com um novo gole do frasquinho.
- Conta, tio... – Celina pediu com a voz melosa. – Por favor...
- Esses olhos... Não há jeito de negar nada, heim? – o velho cutucou em Harry, o deixando muito sem jeito.
- Digamos que a “encantadora” senhora teve planos de se casar com seu garboso tio-avô.
- Tarsilus, você e suas estórias empoeiradas... – Lilith o serviu, sem fazer caso do líquido âmbar que rapidamente escorregou para a xícara de chá.
Mas o velho conseguira uma audiência e agora deleitava a todos com suas estórias, fazendo jus à fama de bom contador de casos.
Já era noite quando Silus se despediu, deixando atrás de si, um ambiente notavelmente mais alegre.
- É sempre assim por onde ele passa. – Celina estava sozinha com Harry, sentados na cozinha já arrumada. – Fica tudo meio que mais leve.
- Faz tempo que não rio tanto.
- Eu sei. Ou imagino.
- Aqueles seus ataques de riso... – Harry fez força para não rir. – Se parecem muito com os dele.
Celina sorriu de lado, aceitando a implicância como um elogio. Embora ele merecesse, ficar sem conversar com Harry estava sendo uma agonia. Ela o observou sorrateiramente e quando viu que ele percebera sua manobra, resolveu voltar a endurecer. Só um pouquinho. Dessa vez ele não teria moleza.
- Queria te dar uma coisa.
Ela levantou os olhos para ele, curiosa.
- Já está no meu bolso há alguns dias. Estava esperando a oportunidade. – ele remexeu no bolso do jeans até encontrar o que procurava.
- Queria que ficasse com ele. - Harry deixou algo frio cair sobre a palma aberta da moça.
Ela olhou surpresa para o belo canivete que pertencera à Sirius Black.
- De jeito nenhum. Não posso aceitar, foi presente do Sirius.
- E agora é um presente meu. Pra você. – ele a fitou com carinho. - Você tem precisado dele bem mais que eu. E sabe usar melhor, também. – ele sorriu de lado. - Ele ia gostar.
- Eu não sei o que dizer. – ela apertou o objeto reluzente na mão sem saber o que mais a emocionara, o presente ou a saudade que lia no rosto dele.
- Está significando muito pra mim, Harry.
- Que bom. Use-o bem.
Eles se calaram, as mãos sobre a mesa, muito próximas. Celina brincava com o canto do guardanapo e a mão dele caminhou até encontrar a outra ponta.
Era em momentos como aquele que Harry percebia o quanto entre eles era especial. Bastava uma brecha e a velha cumplicidade retornava, como se tivessem acabado de se beijar e agora apenas trocassem impressões sobre o dia. Queria contar a ela sobre a visita à Godric’s Hollow, sobre o fio de esperança que carregava de um dia reconstruir o lugar. Ser feliz dentro daquela casa... com ela.
Queria pedir para que ela o esperasse, que não desistisse dele. Sabia que não devia, mas era o que estava quase fazendo.
- Celina. – Jason se apoiou no batente, tamborilando a madeira com os dedos. – Você tem aula, esqueceu?
- Ah, é. – ela puxou a mão rapidamente. – Aula...
- Nada de corpo mole. Quero aquele feitiço de desilusão perfeito para quando Lilith voltar.
- Ela só vai amanhã, Jason. – a moça respondeu com maus modos, mas o rapaz apenas ergueu as sobrancelhas.
Celina ainda abriu a boca para dizer algo à Harry, mas como Jason continuasse esperando, saiu sem proferir um único som.
Harry, que vinha tentando diminuir sua animosidade contra o auror, sentiu suas boas intenções derreterem como gelo sobre o fogo. Naquele momento ele não apenas antipatizava com Jason, ele o odiava.
Eles se despediram da imponente mulher de cabelos chumbo no dia seguinte, escutando as recomendações que toda avó, bruxa ou não, fazia aos netos.
- Pode deixar, vó. Vou me alimentar direito, dormir na hora certa e prometo não abrir a porta para estranhos.
- Vá sossegada, Lilth. Não vai faltar ajuda, mas quando a casa estiver vazia, eu cuido das crianças. – Jason sorriu debochado, recebendo em retorno uma careta de Celina e um olhar nada amistoso de Harry.
Com a memória ainda fresca pela interrupção na noite passada e pelas risadas que ouviu vindas da sala de treino improvisada, Harry não se conteve, e assim que Lilith deixou a casa, interceptou Celina na beira da escada.
- Você pode me fazer um favor? – Harry puxou sua manga suavemente.
- Com licença. – Jason os deixou sozinhos, mas Harry estava pouco se importando se ele escutasse.
- Não tenho nenhum direito de pedir, Celina, mas gostaria que se afastasse dele. Pelo menos enquanto eu estiver aqui.
- Jason? – ela franziu os olhos começando a entender onde a conversa podia chegar. – Não acredito que estamos tendo essa conversa de novo. Ele tem me ensinado magia, Harry. Tem conversado comigo. Tirando minha avó é a única pessoa que tem me dado atenção por semanas a fio.
- Eu não pediria se não fosse importante.
- Você está sendo cruel.
Harry balançou a cabeça.
- Estou sim. Achei que conseguiria, mas não está dando certo nós dois debaixo do mesmo teto.
- O teto é seu, pode me mandar embora quando quiser. – antes que ele se pronunciasse contra, ela puxou a manga, magoada. – Até hoje fiz tudo o que estava ao meu alcance por você. Mas me afastar do Jason... isso eu não vou fazer.
Ela começou a subir as escadas rapidamente, fazendo as últimas cabeças de Elfos se desprenderem da parede, tal a raiva em que se encontrava.
- Banque o cruel se quiser, mas não às minhas custas.
Lá do alto, uma porta estrondou.
- Ah, bruxinha... – ele fitou o topo das escadas, desanimado. – Não deixe ninguém tomar meu lugar na sua vida.
Mas é o que aconteceria, não é? Não se tratava de um relacionamento físico, mas Jason já começara a preencher o espaço de intimidade que ele deixara vazio. Harry soube assim que os viu juntos, risadas e confidências. Mais um pouco e a distância seria irreversível. Mais um pouco e seria tarde demais.
Ele deixaria acontecer? Era a pergunta que não calava e que não o deixaria dormir àquela noite. Sem saber, ele tinha acabado de tomar uma decisão.
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N/A: Êiiita!: Se sentindo a última bolacha calipso do pacote. A mandíbula caiu e não voltou pro lugar (Georgea com a carinha linda, desfigurada de emoção). Nunca esperei tanto apoio no Floreios. Cruzes! Que povo simpático! (Simpático não, que é igual a “bonitinho”). Que povo IRADO!!!! Estou tendo uma resposta pra lá de satisfatória, principalmente dos rapazes (ai que chato). Mas voltando a Terra... Cês não tem noção do quanto isso incentiva a escrever e, of course, a postar mais depressa. Amei cada review e continuo escrevendo alucinadamente (mas de forma não linear).
E para os fofuxos do fanfiction e 3V, nada de cara feia, vocês sabem que os amo. NO STRESS : )
Muuuuuuuuito obrigada. (Miss Sissentindo acenando sorridente do carro alegórico).
Escutei a frase do início numa conferência e não sei a quem pertence. No contexto se referia a crianças, mas cabe bem neste capítulo.
Desde já desculpa as respostas gigantes, e andiamos:
Lívia: A nobreza Grifinória é o cúmulo! Abaixo o bom-mocismo! Uma injeção se Sonserina JÁ! PS: uma maluca sempre reconhece a outra (estamos em casa), e valeu o “merchan”(veramente emocionada c/ o carinho). E pode inflar este ego (já pensou em escrever uma fic? Idéias interessantes não iam te faltar.)
Luana: Num chora flor... Podia ser pior (ops!). Os que viverem verão. Mas prometo uma coisa muito boa na próxima. Brigada pelo apoio (Tenho uma amiga c/ o mesmo nome e acho que toda Luana é gente boa. É sina do nome, só pode).
Anderson: Quase morri de rir do seu segundo recado. Tipo assim: Faz a Luna parar de chorar, pô! E anda logo com a att, caramba! (Georgea faz que sim escondida atrás da cadeira). Ok, tristeza não é mesmo o natural da Luna, apenas necessário no momento. Dias melhores virão, e piores tbém. Beijão Tigrão (adorei o nick do e-mail), continue aí! E vicia mesmo que eu gosto.
Fernando: Atendendo a seu pedido, atualizei! E em resposta à enrolação na NC: Eu sei que ta demoradoo! Num mata eu nãão! Paciência e muito Lexotan nesta hora. A recompensa não tarda (não mesmo). Brigada pelo revieeeew!! Beijooo! Te espero de novoooo!!!
Pedro James: Peter, seu recado me encheu a bola. Achava que os rapazes não iam se identificar com esta fic... meio melosa, vai. Independentemente do que gostam de ler, a resposta masculina tem me dado ânimo pra escrever as cenas de ação. Vâmu ver o que vira (cruze os dedos comigo). Super-Mega-Beijo.
Macah: Entendo seu ponto de vista, acontece que para o Harry se os dois ficassem juntos por mais tempo iam demonstrar que entre eles não é só um namorico sem importância, o risco seria dobrado (e não seria?). Mais ou menos como matar dois coelhos com uma só cajadada. Também tem o fato dele sempre perder as pessoas que mais ama, igualzinho a ela, só que a cabeça dele funciona diferente (Celina cresceu rodeada de amor, tem mais esperança). Fico contente que esteja acompanhando e opinando. E quanto à rapidez na att... nem eu sei, tem cap que toma vida própria e me obriga a teclar até ficar com LER(deza), já outros não saem nem à porretada. Beijos mil.
Ninguém: Esta é a primeira vez que recebo um recado de Ninguém. E que respondo. Querido Nin, obrigada pelo incentivo e pelas palavras elogiosas. Estou tentando postar logo, mas me enrolei num trecho do próximo cap, daí a demora. Ninguém merece (Sem trocadilhos). Bjos.
Mary: Miga! Você voltou do mundo dos estudos?(Visualizando Mary emergindo dum oceano de livros e apostilas). Espero ter dado tudo certo. Como sempre me dando todo apoio, heim? Super beijo, estava com saudades.
Vou ficando por aqui, que estou muito pentelha.
Beijo e inté.
Georgea
PS: Sei não, tem uma mosquinha me dizendo que o próximo cap pode vir antes do que imaginam. Será?
Huuum... faço suspense? Posto no Natal? Depois do Carnaval?
Alguma sugestão?
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