Entre Anjos e Vidros Embaçados



Capítulo 11
Entre Anjos e Vidros Embaçados

“Assim que se olharam, amaram-se;
Assim que se amaram, suspiraram;
Assim que suspiraram, perguntaram um ao outro o motivo;
Assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.”

William Shakespeare



Se a alegria vem em ondas então havia um maremoto envolvendo seu peito todos os dias. Ele tinha conseguido a garota dos seus sonhos e quando mergulhava em seus olhos sabia que era correspondido de corpo e alma. Desde o momento em que se renderam um ao outro, Harry e Celina não podiam se desgrudar. Com exceção dos encontros do bruxo com Dumbledore, eles passavam todo tempo juntos. Agora que haviam se permitido viver essa paixão, eles não conseguiam deixar de se tocar. Chegavam a matar aulas para se trancar dentro de alguma sala vazia e ficar durante horas só se beijando.
Celina pensava que eram movidos a desejo, cada beijo um pequeno universo completo em si mesmo, cada movimento um pedido mudo para continuar, nunca parar. Ele a apertava, a sufocava, de um modo como ninguém tinha feito antes. Quando estavam entre os outros ela observava seu ar levemente arrogante, algo que ele aprendera a usar para se defender do mundo. Ela sorria dessa aparente frieza, intimamente sabendo que bastaria um olhar, um leve roçar de seus lábios sobre aquele rosto, para que ele se derretesse todo, para que a arrastasse para algum lugar deserto onde diria todas aquelas bobagens maravilhosas e depois a levaria literalmente ao céu. Ela ainda se assombrava com a intensidade daquele sentimento que era uma tempestade, mas também um dia de sol, que era escravidão, mas também liberdade. Era a primeira vez que se sentia inteiramente nas mãos de alguém e descobriu que não tinha problema algum naquilo. Estava completamente, perdidamente, apaixonada.
- Aonde vocês pensam que vão? – Hermione ralhou vendo-os sair sorrateiros pelo buraco do retrato. – Acho maravilhoso os dois finalmente terem se entendido, ninguém mais agüentava tanta paixão recolhida, mas andar pelo castelo fora de hora vai acabar rendendo uma boa detenção.
- É só um minuto, Mione. – Celina respondeu dando seu sorriso mais bonito para a amiga.
- Sua boca não dói de tanto sorrir, não? – a amiga provocou levantando as sobrancelhas.
- Na verdade dói, mas de tanto beijar. – ela devolveu fazendo Harry a puxar pela cintura com um largo sorriso no rosto, até que estivessem fora do campo de visão da colega.
- Quer apostar quanto que eles não voltam em um minuto? – resmungou Hermione rindo contrafeita para Ron.
- Seria uma aposta perdida, ou do contrário por que Harry estaria levando a capa da invisibilidade? – Ron fitou Hermione de um modo que a fez corar. – Estão apaixonados. É natural não se largarem, precisarem ficar cada vez mais perto. Pelo menos acho que é assim que funciona a coisa toda.
- Acha? – ela o perscrutou. – Tanto tempo com Lavender e você não descobriu?
- Não. Estou começando a enxergar o que é estar apaixonado. – o ruivo a observou com tamanha intensidade que a garota agradeceu estar sentada. - E não tem absolutamente nada haver com aquilo.
Aquilo estava acontecendo cada vez com mais assiduidade, Ronald tentando uma proximidade que Hermione tinha certeza de não querer aceitar. Ok, ele tinha terminado com Lavender, andava atencioso e estranhamente quieto, sem piadinhas infantis. O que absolutamente não queria dizer que houvesse se tornado outra pessoa. Ron parecia mais... perigoso. E isso não deixava Mione nem um pouco sossegada, pelo contrário, ela vinha pegando o colega constantemente a analisando de um modo, na falta de definição melhor, predador.
Desde que Celina voltara para o quarto completamente atordoada e com um sorriso bobo no rosto, numa certa madrugada há algumas semanas, Hermione previu que começaria a passar mais tempo sozinha com Ron. Não que tivesse se preocupado com aquilo então, ver Harry e Celina juntos era ter um desejo antigo sendo realizado. Tinha visto aquele sentimento nascer antes mesmo que aqueles dois teimosos enxergassem. Portanto, ver Celina daquela forma depois da “conversa” com o amigo, apenas fez Mione sorrir de volta, radiante, enquanto a colega entrava por baixo dos cobertores, alienada, com cara de quem tinha visto passarinho verde... ou lindos olhos verdes, muito de perto, diga-se de passagem.
Com seu bom senso habitual, Hermione havia deixado a conversa para depois e começado a imaginar que as coisas mudariam muito a partir dali.
Entretanto sua mente treinada não pôde prever que passar tanto tempo a sós com aquele ruivo pudesse ser tão perturbador. Nunca tinha pretendido se apaixonar, e julgara que o tempo em que estiveram brigados, cuidaria para que aquele sentimento fosse sufocado. Mas, não. O abraço que recebeu no final da última partida destruíra seus doces planos de liberdade. Estava presa à Ron, amarrada contra sua vontade àqueles olhos azuis que pareciam lhe devorar, lhe arrastar como um planeta atrai sua lua. E ela não sabia lidar com isso. Nenhum ser racional confiaria numa pessoa tão imatura, uma pessoa que tinha sido capaz de pisar em seus sentimentos duma maneira cruel, leviana e inteiramente sem sentido. Era simplesmente impossível.
Seria bom se ele tomasse consciência disso. Maravilhoso se parasse de lhe olhar daquele jeito.

XXXXXXXX

Como o previsto, em outra parte do castelo, os minutos realmente se tornaram horas, fazendo Harry e Celina sorrirem ofegantes um para o outro.
- Eu não devia ter sido tão boba. Quando penso no tempo que perdi... – ela se inclinou sobre ele compensando o tempo desperdiçado.
- E eu devia ter feito isso há anos. No Nôitibus. – Harry disse baixo terminando o beijo com vários selinhos lentos, as mãos brincando com os cabelos dela.
- Teria nos poupado muito tempo, mas acho que na época você teria levado uma bela azaração. – ela brincou. – Você não me disse desde quando... você pensava em mim desse jeito. – um ar maroto curvou os cantos de sua boca.
- Ah, isso vai te deixar ainda mais convencida... – Harry encostou o nariz no dela, fazendo com que sorrisse. – Acho que foi desde a primeira vez que te vi. Mas a consciência veio bem depois. Você parece ser a única pessoa que não percebeu. Tinha “Eu quero você” piscando em néon na minha testa. – ele se recostou melhor no sofá da sala precisa. - Eu sempre te quis, e com o passar do tempo foi só piorando.
- Se isso quer dizer que eu sou como uma doença, espero que seja terminal. – ela falou sonolenta aconchegando a cabeça no ombro dele.
Harry balançou a cabeça afirmativamente:
- Você não tem cura. – ele assegurou a embalando nos braços. – Mas agora... antes que você caia no sono, vamos recuperar mais um pouquinho do tempo perdido, vamos...
- Você podia me beijar pro resto da vida que ainda ia ser pouco. – ela disse baixinho enquanto ele girava o corpo ficando em cima dela.
Mesmo que todos os seus sentidos estivessem constantemente atiçados, como naquele momento, ele nunca tinha tomado nenhum tipo maior de liberdade com ela. Tentava controlar seus beijos, seus carinhos, que mesmo sendo intensos, não a pressionavam a nada mais. Tudo tinha seu tempo. Ele também estava aprendendo a se conhecer, a descobrir sensações que jamais tinha imaginado que pudessem existir. Nem em seus sonhos mais impróprios com ela. Esperar era um sofrimento doce, por que, enquanto isso, ele também aproveitava ao máximo a doce descoberta que era Celina. Diferente da colega travessa do começo, da jovem fria que o ignorava, aquela adolescente nos seus braços, mostrava agora uma Celina que lhe dizia as coisas mais ternas ao pé do ouvido, que se derretia junto a ele sem dizer não, que beijava delicadamente toda a extensão do seu rosto, que punha os olhos de mormaço sobre os dele como se ele fosse a coisa mais importante do seu mundo. Um calor gostoso inundava o corpo de Harry, fazia seu coração não caber dentro do peito. O bruxo jamais tinha se sentido tão amado, tão completo. Ele era mais inteiro por causa dela e retribuía esse sentimento a adorando como uma deusa maravilhosamente pagã, que podia ser tocada, sentida, amada. Ela era a irmã que não teve, a melhor amiga, a professora e a aluna de beijos, desejos, o amor da sua vida.
Eles finalmente se separaram e Harry se colocou de lado, fazendo com que suas pernas se entrelaçassem numa confusão de índigo das calças jeans. Ele observou a garota se recostar nas almofadas sorrindo e fechar devagar aqueles olhos que tinham sido, desde o primeiro dia, a sua perdição. Antes de também adormecer, ele se pegou pensando se no futuro se lembraria daquela época como a mais feliz da sua vida. Quando ela ficava daquele jeito nos seus braços ele poderia jurar que sim.

XXXXXXX

Celina não esperava particularmente que as pessoas fingissem não se surpreender quando a viam passar de mãos dadas com Harry Potter, quer dizer, ele tinha fãs e ela não ficava muito atrás, só não esperava uma reação tão dramática. Era como se um alarme de bomba deixasse Hogwarts em constante alvoroço. De expressões chocadas à engasgamento por saliva, tinha visto de tudo. Achou que seria apenas nos primeiros dias, mas quase um mês depois ainda parecia que eram um par de pandas, ararinhas azuis, ou algo que o valha. Bichos exóticos numa vitrine, só faltava alimenta-los. Algumas vezes ela se sentia avaliada como um cavalo de raça. Se alguma daquelas garotas despeitadas resolvesse abrir sua boca e examinar seus dentes, esta ficaria sem os dedos.
- Você já esteve num zoológico trouxa? – eles tinham descido para o café da manhã, contornando vários grupinhos de alunos em direção a mesa.
- Uma vez. – Harry sorriu de canto lembrando da cobra que tinha libertado sem querer na ocasião. – Por quê?
- Bom, agora eu sei a sensação de ser vigiada como um animal em extinção. – ela fingiu não ver um grupinho de alunas cochicharem soturnas a respeito deles. Amanda Grady entre elas. – Como se ficar de mãos dadas pudesse render tanto assunto.
- Mãos dadas não, o problema são as coisas que eles não vêem mas imaginam.
- E como devem imaginar. – Celina passou por uma garota do segundo ano da Hufflepuff que a olhou como se fosse um alienígena.
Foi surpreendida quando Harry a puxou pelo pescoço lhe dando um beijo de língua ao mesmo tempo longo e delicado.
- Agora eles não precisam mais imaginar. – ele falou baixo com um sorriso muito maroto no rosto.
- Você... Eu juro que te esfolo! – ela sussurrou, vermelha como um tomate, tentando se esquivar dos braços dele. – Espetáculo no café da manhã? Onde foi que você aprendeu isso?
- Você sabe... tenho umas reações estranhas perto de você.
Ela sorriu a contra gosto vendo uma certa garota emburrada cuspir em chafariz todo seu suco de abóbora. Celina não podia dizer que a cara de leite azedo de Cho Chang a incomodasse em nada.
Aquilo acabou se tornando um hábito para Harry, que algumas vezes tinha o mais profundo prazer em beijá-la diante de certas pessoas. Apesar de sempre ter sido discreto, ele não costumava se intimidar nem um pouco quando era necessário. Desta forma ele dava um aviso muito claro aos admiradores de Celina: mantenham-se afastados!
Num domingo, o dia seguinte ao primeiro beijo dos dois, ela tinha procurado por Benjamin, querendo conversar pessoalmente antes que a notícia se espalhasse. Não que tivessem tido mais alguma coisa, mas havia ficado um assunto meio pendente no ar e a garota não queria sombras e coisas mal resolvidas entre Harry e ela. Deixou a torre antes de Harry descer do dormitório e procurou pelo ravenclaw no lugar em que este costumava gostar de ficar.
Ela o encontrou fácil, parado no pátio do castelo aproveitando o céu claro e sem nuvens, coisa incomum naquela época do ano.
- Oi Ben.
- Hei, McGregor! – ele a beijou no rosto. – Bom jogo o de ontem... O que te acordou tão cedo? Caiu da cama?
- Na verdade não dormi. – ela sentiu as bochechas esquentarem. – Gostaria de falar com você.
- Você está diferente... – Ben tinha um jeito estranho de parecer adivinhar as coisas.
- ?
- Tá com um brilho diferente.
- Ah, isso... – ela falou um pouco encabulada. – Bom, eu acho... aconteceu uma coisa. Como a gente... sabe, se beijou naquele dia, achei melhor te dizer umas coisas antes que fique sabendo por outros.
- Coisas...
- É. O que não falta por aqui é gente venenosa.
- Você está ficando com alguém? – Ben estreitou os olhos com a experiência de grande conhecedor do sexo feminino.
- Ficando não é bem a palavra. – ela observou com atenção os próprios pés, ainda atordoada com a noite anterior. – Acho... Na verdade... Estou namorando alguém.
- Hum. – foi a vez dele vigiar os sapatos. – Isso foi um pouco... inesperado. Cara de sorte. – ele se referiu à Harry, sem saber.
- Não vai ficar chateado, vai? – ela o fitou apreensiva. – Quer dizer, queria continuar sua amiga.
Ele colocou as mãos nos bolsos e deu sua famosa piscadela.
- Claro! Você vai estar com outro cara, mas eu sempre posso ficar à espreita. – ele voltou a ser o Benjamin de sempre. – Não me incomodaria em ser seu estepe.
- Isso não vai acontecer, Ben. – ela riu sacudindo a cabeça.
- É assim tão sério?
- Arrã. – ela corou, absolutamente desconcertada.
Benjamin fez uma cara engraçada que se contorceu gradualmente num esgar de compreensão.
- Celina... você não está com o Potter, está? Por favor... Me diz que não é o Potter!
Ela mordeu os lábios fazendo força para não rir.
- Ah, não! – ele fez uma expressão de exasperação bem exagerada. – Você e o Potter? Cara, isso vai contra todas as leis do universo! É errado, anti-natural.
- Por quê? – ela franziu a testa divertida. – Por ele ter te azarado?
- Não, acredite já levei coisa beeem pior. – ele piscou de novo. – O caso é que seria um casalzinho... – ele fez cara de nojo. - perfeitinho demais... Desses que fazem os outros ficar suspirando.
- Acha mesmo? – ela falou derretida.
- E ainda por cima está apaixonada... – ele leu os olhos radiantes dela. – Muito, muito injusto.
- Ah, cala a boca, Benjamin! Até parece que você sabe como é uma pessoa apaixonada.
- Meu bem, você está falando com alguém com muita experiência no assunto. – ele retrucou presunçoso.
- Mesmo? – Celina juntou as sobrancelhas, debochando. – E ainda não descobriu o interesse de uma certa garota? Estranho...
- Você conhece uma garota interessada em mim? – ele levantou uma sobrancelha. – Novidade, eu sei quem são todas elas.
- Seu ego é realmente do tamanho de um gigante com trombose.
- Naturalmente. Já peguei as meninas mais gatas.. incluindo você.
- Até parece... Você não me pegou, que eu não sou troféu.
- Conheço muita gente que não concordaria.
- E eu conheço uma varinha que adoraria ver o corajoso que anda dizendo isso.
Ela deu uma piscadela nada sedutora. Muito pelo contrário, bem perigosa, na opinião de um Benjamim que tentava por tudo, não começar a rir.
- Outra coisa, fui eu que te dei uma forcinha. – foi a vez dela ser arrogante. – E pro seu governo... no seu caso, reinado, tenho absoluta certeza que você não sabe quem é a garota.
- E será que não dá pra me adiantar quem seria a nova interessada?
- Achei que seu faro era um pouquinho mais desenvolvido.
- Vai, Celina, acabei de levar um fora. Não dá pra pegar mais leve?
- Naah... descubra sozinho. Vai ser um bom exercício pra sua empáfia.
- É a Hermione Granger? – ele falou jogando verde.
- Hã???
- Ela está uma gracinha...
- Acredite, isso nem passou pela minha cabeça... e muito menos pela dela.
Ben esfregou as mãos animado.
- Garota misteriosa... Nada como um bom desafio.
- Olha, sem querer parecer metida... achei que depois de te dispensar você ia ficar mais deprimido. – ela disse com ar de riso.
- Primeira lei dos sobreviventes, meu bem. Eu me recupero depressa. – ele sorriu muito Benjamim. - Boa sorte com o cicatriz.
- Não chame ele assim.
- Destino muito injusto... – ele suspirou, se referindo à postura dela em defender o rapaz. – Você pode estar apaixonada por ele, mas eu ainda não. Agora devo me recolher a meu sofrimento... ou até o café da manhã, o que vier primeiro. – e num gesto teatral, ele beijou sua mão e empinou a cabeça, andando numa postura de nobre dor para o refeitório.
- Sim... Totalmente maluco e charmoso. – Celina falou sozinha pouco tempo depois. - Luna tem um grande problema.

XXXXXXX

Luna Lovegood subiu os degraus do corujal de dois em dois, derrapando um pouco no final do patamar. O tempo já estava mais quente, mas pancadas de chuva ainda deixavam o chão empoçado e escorregadio. Ela se preparava para entrar quando viu a pessoa que menos gostaria naquele momento, na verdade em qualquer momento. Ela parou com um pé no ar, recuando o passo que daria em direção à Neville.
Longbottom estava de lado, preocupado em amarrar um pergaminho à pata de uma coruja. Naquela hora da manhã não havia mais ninguém no local, e ficar sozinha com ele era a última coisa que a ravenclaw gostaria. Ela não tinha chegado a dar dois passos quando, para completar a tragédia, ouviu uma voz dizer em claro e bom som:
- Tarde demais, eu já te vi. – Neville continuava de lado, sem sequer se mover. – E seria grosseria demais sair correndo. Até mesmo em se tratando de você.
Ela continuou parada, completamente muda e sem reação.
- Você pode começar dizendo alguma coisa civilizada como “Bom dia, Neville, como tem passado?” ou algo menos convencional tipo “Droga, Neville, você de novo?”. Provavelmente a segunda opção, não é mesmo?
Agora sim, ele tinha se virado, analisando Luna com cuidado.
- Não sabia q-que você estava aqui. – ela gaguejou deploravelmente.
- Naturalmente. – ele cruzou os braços, tendo terminado de despachar a coruja.
Ficaram num incômodo silêncio, pelo menos para Luna, que não conseguia fitar o rapaz diretamente nos olhos sem ter a penosa sensação de que estava fazendo-o sofrer.
- Desculpa, Neville, - ela começou, querendo acabar com aquilo de forma rápida. – não costumo agir que nem uma louca. Bom... costumo sim, mas não quer dizer que eu seja uma.
- Então eu posso presumir que você tem fugido pura e simplesmente por que não gosta de mim?
- Não disse isso.
- Não, você não disse nada. O problema é esse. – ele abaixou a cabeça por alguns momentos e quando a ergueu um quê de determinação se fez presente em suas feições. – Você não é tão louca quanto te julgam nem eu sou tão frágil quanto pareço. Quero que me enfrente e diga o que está pensando. Não vou me quebrar.
Ela se forçou a entrar no corujal, tendo a impressão de que pisava em ovos.
- É difícil, Neville. Pode parecer elogioso e auto-indulgente, mas geralmente não sou eu que se comporta como uma perfeita babaca. As outras pessoas é que costumam gostar de fazer isso comigo.
- Ser maltratado pelos outros não é novidade pra mim, Luna. Agora ser maltratado por alguém que se dizia minha amiga, é. O que aconteceu?
- Eu agi terrivelmente mal com você, foi o que aconteceu. E não consegui te encarar depois.
- E quando foi isso? Quando me beijou ou quando correu de mim como se eu tivesse varíola de dragão?
- As duas coisas. – ela falou tão baixo que quase não pôde ser ouvida. – Não devia ter ignorado você. Não devia ter ficado com você também.
Luna tomou coragem para falar o que precisava. Ela nem se reconhecia, sempre tinha sido tão natural ser honesta...
- Estou gostando de outra pessoa, Neville.
- E o que tem isso haver? – ele indagou tendo quase que ao mesmo tempo uma brusca revelação.
O jogo de gato e rato que vinha protagonizando com a garota fez sentido pela primeira vez.
- Você já estava gostando de alguém quando a gente ficou. – ele disse para si mesmo. – E ainda gosta.
Luna simplesmente assentiu.
- Ele estava na festa? – Neville tinha a voz mais endurecida. – Na festa de natal do Slug? Na festa em que... Harry e Celina McGregor tentaram nos juntar?
- Estava sim. Mas eu não tive nada com ele naquela noite, nem nunca.
- Quem é, Luna?
- Que diferença isso faz? É só alguém que nunca me enxergou. – ela disse como se não desse real importância ao caso.
Mas Neville enxergou no rosto desligado um coração partido. Era fácil para ele. Também tinha um coração despedaçado e seria capaz de reconhecer um igual quando via.
- Você parecia bem. Talvez um pouco mais aérea, mas bem. Estranhei quando você começou a se comportar como se fosse chorar a qualquer minuto. O que aconteceu naquela hora? – ele movimentou os olhos como se varresse a memória procurando uma resposta.
“Estavam apreciando Celina dançar com Harry. Ele sorriu para Luna se lembrando do que a garota havia profetizado numa noite inesquecível de fire-whiskey. Foi quando algo pareceu ficar terrivelmente errado, Luna havia parado de sorrir, empalidecido. Ele olhou de relance para a pista, vendo que Harry estava sozinho, observando Celina sair da sala seguida por...”
- Benjamin. – ele pronunciou o nome fazendo a loira se assustar. – Você gostava de Benjamin Travis. Ainda gosta. – Neville franziu o rosto para a garota. – O que eu fui pra você, Luna? Prêmio de consolação? A segunda opção que se mostrou insuficiente?
- Eu sinto tanto, Neville... Se você soubesse como me arrependi.
- Se arrependeu? – ele disse amargo. – Deixa eu te dizer uma coisa. Se eu fechar meus olhos agora vou poder dizer exatamente a roupa que você está vestindo. Como seus cabelos estão penteados. Como seus olhos, de um azul profundo, ficam mais claros quando você sorri e muito escuros quando fazem algo que você não gosta. Estas horas de azul escuro, são os momentos em que mais gosto de te olhar. Seu senso de justiça, de honestidade, é o que mais apreciei em você, desde o quinto ano. Não importa o que digam, não importa que o caminho correto seja o mais difícil, você sempre tem a coragem de fazer o que acredita.
Ele terminou de falar e fitou os olhos marejados da moça.
- Não sei se te conhecia tão bem. E talvez quem devia estar arrependido fosse eu. Mas não consigo. Você tem esse curioso poder sobre mim. Pode estar me machucando mais do que sabe, mas não acho que esteja fazendo por mal.
- Não estou. – ela disse com emoção. – Jamais quis te magoar. Gosto de você demais pra isso.
- Gosta de mim, mas não do mesmo jeito, não é? – ele lhe lançou um sorriso triste. – Tudo bem, você não tem culpa, ninguém tem. Ele talvez tenha as qualidades para encantar uma garota, talvez você esteja atraída pela figura de um herói idealizado, uma figura sedutora demais pra um simples mortal como eu sequer cogitar em competir. Não vou dizer que está errada, Luna. Apenas, talvez equivocada. Eu posso não ser um príncipe, mas sou real. E até agora estava aqui.
Ele sorriu fazendo suas palavras soarem como incontestável despedida.
- Em todo caso boa sorte com o Travis e não se preocupe mais em fugir de mim. A partir de hoje não vou mais te incomodar.
- Não precisa agir assim... Ele nem liga pra mim. – ela falou em tom de desculpas.
- Sobre isso não posso fazer nada. Apesar da minha excessiva ingenuidade e coração fraco, isto absolutamente não me importa nem um pouco. Não mais.
Ele passou rente a ela e Luna fechou os olhos salgados sentindo os lábios de Neville quase roçando seu rosto em despedida, mas nenhum beijo foi dado. Ela escutou passos descendo as escadas, era estranho, mas a cada um que escutava a se distanciar, mais o ar parecia frio.

XXXXXXX

Um vento confortante agitava seus cabelos fartos, ajudando a ignorar um pouco do calor que a queimava por dentro. Não que ela estivesse reclamando. Absolutamente. Ser monitora era a cereja no topo do seu sundae, mesmo que de vez em quando aparecessem tarefinhas infelizes como aquela.
Hermione bufou, executando um décimo feitiço de drenagem. Tudo bem em restaurar um dos locais mais aconchegantes do jardim, ela nem se importava com a lama, o lodo, a água empoçada que encharcara seus sapatos cuidadosamente engraxados. Apenas se perguntava por que não podia fazer este serviço sozinha e em paz, uma vez que a presença de certo ruivo estava fazendo o trabalho demorar o dobro, só pelo tempo em que ela tentava se esquivar de seu olhar.
Ron sinalizara vários inícios de conversa, vários modos de aproximação e quanto mais tentava, mais irritava a garota, que estava tentando uma nova tática, ignorar. Ela relanceou um olhar cuidadoso, sua estratégia parecia estar dando resultado. Ron estava pensativo, o rosto sério concentrado num mundo particular. Estava ficando obcecada ou, com o passar dos dias, a beleza dele só fazia se acentuar?
Mione bufou com seus pensamentos impróprios e interrompeu o serviço, observando desgostosa, o chafariz marmóreo povoado por efígies de deslumbrantes anjos alados. Desde que a Murta-Que-Geme havia se entalado no encanamento e explodido parte do mesmo para se ver livre (“Como diabos um fantasma se entala?”, ela resmungou), o local se encontrava em profundo abandono, nem parecendo ser, até outro dia, o refúgio predileto dos estudantes para namorar. Não se admirava, semi escondido num agradável recanto, com bancos de pedra espalhados ao redor e coberto por flores encantadas que não morriam nem no mais rigoroso inverno, a fonte era ideal para intensas juras de amor. Ela reconhecia que a vegetação luxuriante só tornava o local ainda mais atraente. Ainda assim jamais o freqüentaria. Achava público em excesso. Imagine namorar tendo dezenas de outros casais como platéia... era exibicionismo e falta de imaginação demais. Mas não agora. Podia olhar o jardim até perder de vista, o estrago afastara irremediavelmente os enamorados.
- É muito bonito, não é? – uma voz perto do seu ouvido fez Hermione perder vários compassos do coração.
- Como? – ela se afastou depressa do sorriso sereno de Ronald Weasley.
- Este lugar. Dá até vontade de deixar alagado.
- ? – ela não teve certeza do que dizer.
- Fica mais bonito sem ter gente em volta.
- Então isso nos inclui. De que adianta ser bonito se não tem ninguém pra apreciar? – ela usou um tom desagradável, querendo desencorajar qualquer conversa.
Em outros tempos teria dado certo.
- Não estava incluindo nós dois, Hermione. – ele falou tão sério, tão cheio de significados ocultos, que a garota tremeu por inteiro. – Nós pertencemos a uma categoria completamente diferente.
- De que bobagem você está falando? – ela não pôde ignorar o comentário e nem o modo formal como ele lhe chamara.
- Bobagem? Boa escolha de palavras. Estou falando da bobagem que nos exclui de freqüentar locais como este. – ele deu um passo em sua direção. – Que nos impede de rir como o Harry e a Celina. E também de assumir riscos e sermos felizes como eles.
- Não sei do que você está falando e, pra ser honesta, não tenho interesse e nem tempo pra perder com isso. – ela se virou vermelha, agitando a varinha no ar com excessiva força. – Ainda falta mais da metade do terreno pra drenar.
- Até quando? – ele perguntou de um jeito que ela precisou se voltar. – Até quando você vai fugir? Eu já fui punido, Hermione. Com todo o rigor. – ele se chegou mais. – Estou chegando a um ponto em que posso começar a imitar as atitudes do Harry... Ele conseguiu quem queria. Talvez eu devesse fazer o mesmo.
O fato é que por serem amigos, os dois sabiam exatamente em que circunstância Harry e Celina haviam se entendido. Através de um beijo.
- Fica longe e cala essa boca, Ronald. – ela apontou a varinha para ele. – Eu não quero escutar mais droga nenhuma.
- Preciso sentir você. – ele avançou ignorando a varinha apontada diretamente para seu peito.
- Pára com isso. – ela disse sem conseguir formular nenhum feitiço.
- Acho que estou apaixonado por você, Hermione. – o peito do ruivo havia se encostado à trêmula varinha.
- Pára! – o objeto mágico caiu no gramado enquanto ela apertava as mãos sobre os ouvidos. As palavras dele eram ainda mais perigosas que sua proximidade. – Pára de dizer essas coisas. Pára de me confundir. Pára de me chamar de Hermione.
Ron apertou um de seus pulsos o tirando da orelha da garota. Ela acabou tirando a outra mecanicamente.
- Sempre te chamei de Mione, e você era uma menina, minha amiga então. – ele estava muito próximo.– Mas isso mudou, neste momento você é Hermione, uma jovem esperta, racional até os ossos, linda até a alma. E tudo o que eu quero é segurar você. Te provar que a gente pode dar certo.
Quando ele se inclinou, um agudo alarme de perigo fez a garota, num impulso, erguer o braço livre e o esbofetear, exatamente como na noite do fire-whiskey.
Ron voltou o rosto marcado, estava sombrio mas sem o menor sinal de raiva, sem o menor sinal de que pretendia revidar ou desistir. Sem raciocinar, ela levantou o braço outra vez, tendo-o imediatamente capturado pela outra mão dele.
Ela tentou se desvencilhar se debatendo como louca, suas pernas se enroscaram nas do bruxo fazendo com que perdessem o equilíbrio e caíssem juntos na lama fofa, bem na beira do chafariz.
Mione o empurrou arfando, escorregando muito até conseguir ficar sentada.
- Viu o que você fez? Olha como eu fiquei! – um olhar de ira disparou dos olhos da garota, uma pose de diva que desmontou logo em seguida num choro copioso. - Tudo por sua culpa, Ronald, sua culpa!
- Hermione... – a voz dele saiu fraquinha, assustado com a reação da garota. – desculpe. Eu... tiro essa lama num minuto. – ele levou a mão à varinha perdendo sua segurança com a profunda recusa dela.
- Seu idiota! – ela se inclinou começando a socar o ombro dele. – E o que vai fazer quanto a mim? Vai tirar essa coisa do meu coração? Me deixar viver sossegada de novo? Eu te odeio, Ronald! Odeio o que você faz comigo!
- O que mais você quer de mim? – ele perguntou cansado. – Quis te transformar em mais que minha amiga, mas só o que você faz é fugir, me rejeitar e me punir. Você pode me dar milhões de tapas e socos enfurecidos que eu não conheço nenhum feitiço, nenhuma poção forte o suficiente pra tirar esse sentimento do meu peito. – então ele se exaltou quase gritando como ela no final. – Então, Hermione, me diz o que você quer que eu faça?
A garota parou de bater, deixando as lágrimas ardentes escorrerem em abundância pelo rosto formoso.
- Quero que você me beije, seu idiota.
Ron apertou os olhos em duas confusas fendas. Não podia estar ouvindo...
- Quero que você me beije porque eu te amo, seu completo id...
Mas ela não conseguiu terminar. Com um puxão em sua cintura, Ron a trouxera para si, de modo que agora estava deitada debaixo dele sendo devorada pelos beijos do ruivo e devorando, desesperada, sua boca de morango.
Lama e lodo não existiam. Apenas haviam anjos naquele lugar. E eles foram as testemunhas silenciosas dos dois jovens entregando seus corações um ao outro, em meio a beijos insanos, gemidos e vento.

XXXXXXX

- Hei, você é capaz de guardar um segredo?
Celina se limitou a levantar uma sobrancelha. Estavam parados próximos à entrada do castelo, aproveitando o meio da tarde sem aulas.
- É, pergunta idiota. – Harry apertou os olhos contendo um sorriso. Na verdade o assunto não era engraçado. – Dumbledore tem um palpite sobre algo que ajudaria a destruir Voldemort.
- Encontraram outro Horcrux? – ela o fixou atenta.
- Não, tem algo no ar, mas ainda não. Estou falando de uma coisa pra lutar quando Voldemort voltar a ser mortal. – ele matutou por uns momentos esquecendo-se de que alguém esperava ansiosamente por uma informação.
- Vá em frente, você tem toda minha atenção, Potter. – Celina falou num tom debochado, acordando o rapaz para a conversa.
- Ok, nem preciso dizer que é ultra confidencial.
- Você já está me irritando. – ela colocou as mãos na cintura. – Queria só saber se você agiu assim pra contar pro Ron e a Hermione.
- O caso é que não contei, Celina. Supostamente não devia dizer pra ninguém.
- É assim... tão sério? – ela se preocupou pela primeira vez. Eles quase não conversavam sobre Voldemort, gastavam seu precioso tempo vago apenas se curtindo, tentando ignorar a sombra negra que poderia separá-los.
Harry assentiu gravemente.
- Se levarmos em conta que Voldemort é um bruxo extremamente perigoso, mesmo sem Horcruxes, seria preciso um objeto mágico de grande poder para mandá-lo para casa.
- Para o inferno.
- Exatamente. – Harry assentiu, vendo que ela acompanhava o raciocínio. – Usar apenas uma varinha talvez não nos desse a certeza absoluta de sua destruição. Não quando ele já mostrou do que é capaz para enganar a morte. Precisaríamos de uma arma que fosse uma poderosa fonte de magia branca...
- E onde vocês vão encontrar tal objeto?
- O caso é que não precisamos encontrá-lo. – Harry sorriu enviesado para a garota. – Já está em Hogwarts desde sua fundação.
Celina fechou os olhos, confusa, quando ele se aproximou e a beijou sem maiores explicações.
- Não que eu esteja reclamando, mas o que foi isso? – ela apertou os olhos divertidamente para o bruxo.
- Um agradecimento à Godric Gryffindor por ter deixado sua espada.
- Mas é claro! – ela colocou a mão sobre a boca assentindo com seus botões. – A espada tem todos os atributos, além de você já ter provado que pode manejá-la.
- É... – ele a soltou começando a caminhar com ela ao lado. – Agora só preciso destruir algumas partes de alma incrivelmente bem escondidas e enfrentar o maior bruxo das trevas que já existiu. Coisa à toa.
- Em nome de meu tatataravô, digo que não há melhor guerreiro para a tarefa.
Mas Harry não deu mostras de ter escutado a garota, apenas continuou andando sem rumo, com a expressão fechada.
- Obrigada pela confiança. – ela segurou a mão do rapaz firmemente.
- É recíproco. Obrigado por estar aqui. – ele falou sem encará-la, mas beijando a mão entrelaçada na dele.
- O que você pretende fazer?
- Esperar a hora certa chegar. Se chegar.
- Vai chegar. Você vai... nós vamos conseguir.
- De onde você tira essa confiança? – ele sorriu.
- É simples. O mal não pode vencer. A história mostra. Por mais que o mal vença batalhas, sempre perde a guerra no final. Voldemort tem um plano estúpido, sem senso e nem um pouco original. “Conquistar o mundo” – ela fez uma voz dramática. – Francamente... a idade mental do cara é de um garotinho no jardim da infância.
Harry riu com gosto.
- Já escutei muita coisa, mas nunca ouvi ninguém comparar Voldemort com um garotinho retardado.
- Retardado, imaturo, megalomaníaco. No fundo ele não passa de um cara muito do infeliz. Todo aquele vazio... nenhum sentimento de afeto, amor.
- Daqui a pouco você vai ficar com peninha dele.
- Não sou tão boazinha. – foi a vez dela rir. – Não me julgue com tão parcos recursos, Mini-Merlin.
- E como devo te julgar, Gryffindor?
- Huuum... esse nome fica tão sexy na sua boca...
Harry franziu os olhos pensando em Godric Gryffindor.
- Já o beijei hoje... Nunca pensei que fosse achar Godric tão interessante. – ele disse em tom de chacota. – Mas recapitulando, de que modo você prefere ser julgada?
- Se você não consegue aprender, não sou eu que vou ensinar. – ela puxou a mão dele com força, quase correndo pelo jardim quieto. – Felizmente pra você, ainda temos muito material de estudo.
Ele tentou retê-la.
- Onde você pensa que está me levando? Estou muito bem, paradinho aqui.
- Não precisa vir atrás de mim se não quiser. – ela se soltou com um sorriso sapeca e começou a correr. – Está enferrujado, Potter?
- Estou só te dando uma vantagem, Godric. Só uma vantagem. – ele riu e começou a correr em seu encalço.
Eram duas crianças de novo.
Naquele momento uma terceira figura, um expectador oculto, se recostou no umbral da porta de saída os seguindo com o olhar. Draco Malfoy tinha no rosto o desenho da mais pura máscara do ódio.
Desde que soubera que estavam juntos, desde que comprovara pela visão de suas mãos entrelaçadas, dos beijos que tinha visto aquele desgraçado colocar naquela boca, Draco era alimentado e consumido por ódio. E o ódio não costumava ser um bom conselheiro.

XXXXXXXX

- Acho melhor voltarmos, vem vindo chuva por aí. – Harry observou desnecessariamente. Nuvens carregadas se aproximavam inexoravelmente lentas.
Estava colado à cintura da namorada, tendo a alcançado em poucos segundos e se decidido a prolongar o contato ao máximo.
- Quem te escuta falar acha que você não tem o menor senso de aventura. – ela se soltou repentinamente e tornou a puxá-lo pela mão em direção à floresta proibida. – Com essa carinha séria e virtuosa.
- As aparências enganam, – ele disse tranquilamente. – Como você mesma teve a chance de comprovar. Por muitas vezes. – deu uma piscadela.
- Fico muito feliz por você, e por mim também. – ela devolveu a piscada.
Eles caminharam ainda brincando por entre as árvores, tendo o cuidado de não se aprofundarem muito na floresta.
- O que é isso? – uma bizarra visão fez Celina estacar assombrada.
Um velho carro azul, que já vira dias melhores, estava arriado numa pequena clareira.
- O Ford Anglia! – Harry correu até o local espiando o carro de perto. – Era o carro enfeitiçado do Sr Weasley.
- Enfeitiçado? – Celina cerrou os olhos passando a mão de leve pelo capô amassado.
- É, Ron e eu nos metemos numa imensa confusão por termos voado nele de Londres à Hogwarts. – Harry olhou para o carro com carinho.
- Ouvi falar... Mas se houve algum feitiço neste carro, com certeza já acabou. – ela fez uma expressão levemente concentrada e por fim sacudiu a cabeça. – Nada. Não tem magia neste carro.
- É uma pena. – Harry sorriu tristemente. – Este carrinho já salvou minha vida. – ele se lembrou do Salgueiro lutador e das Acromântulas assassinas.
Celina o abraçou por trás afundando a cabeça em suas costas.
- Então eu tenho uma eterna dívida com ele.
- Não se endivide com todo mundo que já me salvou. – ele se virou entre os braços dela a levantando do solo. - Ficaria muito pobre.
- Isso depende do que você entende por riqueza. – ela disse afagando os cabelos rebeldes. – Pra mim basta ter você.
Eles se beijaram suavemente e o rapaz a carregou pé-ante-pé até à base de uma grande árvore. Sentou-se com ela entre as pernas ficando calado por um longo tempo.
- Me faça um pedido. – ela falou de repente.
- O quê? – ele a fitou acordando de certos devaneios sombrios.
- Só por hoje você tem um desejo bônus a ser retirado. – ela girou a cabeça dando um beijo no rosto dele. – Sua bruxinha decidiu te alegrar e está te dando a oportunidade de pedir qualquer coisa. – enquanto estivessem juntos ela lutaria para manter Harry longe de lembranças de espadas, mortes e tragédias.
- É muito nobre de sua parte, - ele sorriu alcançando o objetivo da garota. – mas diria que um pouco perigoso.
- Você não é perigoso. – ela riu largamente.
Harry ergueu uma sobrancelha:
- Não sei se você vai continuar pensando assim... Sei de uma coisa que me deixaria muito contente... – sorriu marotamente.
- E o que seria? – ela perguntou esfregando o nariz no pescoço dele.
- Eu nunca te vi dançar.
- É claro que já viu! – ela falou apressada, interrompendo imediatamente o carinho. – Eu te dei aulas para o baile de inverno, já esqueceu?
- Não estou falando de aulas e você sabe muito bem disso. – ele largou a cintura dela se recostando melhor na árvore com os braços atrás da cabeça. – Então... pode começar.
- Você está falando sério? – ela virou todo o corpo para ele, reticente.
- Seríssimo. – ele suspirou relaxadamente. – E promessa de bruxa é dívida.
- Tem certeza que não tem nada mais que você possa querer? – ela falou com uma entonação sugestiva.
Ele fingiu pensar sobre o assunto:
- Naah... No momento não. – riu gostosamente da expressão abismada dela.
- Vou me lembrar disso por muito tempo, Potter. – ela apertou os olhos se levantando devagar.
- Tenho certeza de que gostaria. – um brilho mal intencionado brincou em seu olhar. – O problema é que eu tenho métodos muito eficazes de te fazer esquecer.
Celina lhe lançou um olhar malévolo indo hesitante até uma parte da clareira. Dançar junto a centenas de pessoas era uma coisa, agora ter que dançar sozinha, diante do namorado, era uma coisa muito embaraçosa e até intimidante. Quase como devia ser fazer amor pela primeira vez. Não, ela pensou intimamente, fazendo amor não estaria sozinha.
Ela parou a alguns passos de distância o olhando timidamente. Já tinha dançado para uma pessoa antes, mas aquilo não contava, tinha sido mais como uma brincadeira com Dimitri e ela era então apenas uma moleca travessa.
Harry piscou um olho e Celina fechou os olhos tentando não sorrir encabulada. Endireitou-se e fez força para imaginar que estava sozinha. Se lembrou da mãe lhe ensinado os primeiros passos, das horas deliciosas onde se desligava do mundo. Dançar... a linguagem universal mais completa e primitiva do Homem.
A floresta estava em toda sua volta, inundando sua alma de sons. Prestou atenção no vento que agitava seus cabelos, que a convidava a voar. Era apenas ela e o vento. Quando deu por si estava girando em meio às folhas secas que turbilhonavam em espirais em volta de suas pernas. Pássaros piavam se escondendo e o vento forte de chuva trouxe um cheiro bom de terra molhada. Ela dançou como fazia quando era menina, desligada do mundo, brincando por horas debaixo da cerejeira. Olhou para Harry e sua risada cristalina cortou o ar. Não existia mais vergonha, era natural dançar, natural que ele lhe olhasse embevecido. Ela girava e ria, cada vez mais rápido, até chegar bem próximo ao namorado e se jogar ofegante sobre ele.
- Como eu nunca te pedi isso antes? – ele a puxou pela cintura beijando os lábios corados.
- Por que é um privilégio raro de se conceder. – ela ainda ria com a familiar sensação de liberdade que a dança lhe trazia.
Quando dançava sentia que podia tudo.
- Foi a coisa mais linda que eu já vi.
- Você não assiste a muitos espetáculos, não é? – ela disse divertida encarando seus olhos. Alguma coisa no olhar intenso que recebeu de volta fez o riso de Celina começar a se desmanchar e se tornar expectativa.
Harry ficou muito sério e afagou o rosto dela brincando de desenhar sua boca no rosto. Tudo o que ele sentia estava transbordando pelos olhos, gritando para sair pela garganta.
- Celina... Você é minha. – ele falou num tom grave e lento.
- Eu sou? – ela entreabriu os lábios sentindo os dedos dele pressionarem sua boca mais forte.
- Você é. – ele assentiu. – Simplesmente por que eu amo... – ele se calou quando o alto estrondo de um trovão sacudiu o ar.
- ... ficar com você. – ele remendou sem convencer.
“Maldito trovão!” ela amaldiçoou enquanto ele suspirava e se levantava, a erguendo pelos braços.
- Isso não é justo... Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci, - ele falou olhando grave em direção às árvores distantes. – e que vou conhecer. E no momento não posso te oferecer nada.
A melancolia tinha surgido outra vez como um muro entre eles.
- Eu sei que sou incrível, mas você também não é tão ruim. – ela riu desanuviando o clima. – O Potter mais pirado que eu já conheci e vou conhecer. A única coisa que eu quero.
Grossos pingos de chuva começaram a cair sobre os dois como pequenas granadas. Harry desviou seu olhar para cima, divertido.
- Pode se preparar para um longo banho. Pirado ou não, tenho certeza que de onde estamos até a escola não vai faltar água.
- Ah, você não tem imaginação. – ela sorriu de olhos fechados e saltitou sentindo agora borrifos de chuva no rosto. Quem vai querer voltar para a escola quando tem um abrigo mais do que satisfatório logo ao lado?
- Você não está falando do Ford Anglia, está? – ele sorriu com o canto da boca. – Não acho conveniente ficar num lugar tão isolado com você.
- Vai ficar com medo? – ela provocou. – Sabe, ficar com a Celina malvada num lugar tãão isolado, tãão apertado...
- Quem deveria ficar com medo é você. – ele falou em alerta, aceitando a provocação.
- Isso é uma promessa? – ela arregalou os olhos e cobriu a boca com a mão, se afastando de costas para o carro. – Por que se for, você acabou de torná-la irresistível.
- Lux, você não sabe o que está fazendo... – ele estreitou os olhos a seguindo devagar, como se fosse atraído por um ímã. – Você não é a única que pode jogar este jogo e já teve uma boa prova disso no passado.
- É o que você diz... mas eu tenho minhas dúvidas. Nunca aconteceu nada de tão grave.– ela mordeu o lábio abrindo a porta traseira do Ford. – Sabe o que eu acho? Que no fundo você não passa de um bom menino... e bons meninos nuuunca perdem a linha.
Harry estacou os passos, balançou a cabeça afugentando certos pensamentos carnais e sorriu para o chão. Os polegares enganchando nos bolsos.
- Mais uma palavra, Lux, uma só palavra e é bom você começar a correr, e dessa vez de verdade, por que se eu te pego... tenho pena do que vou fazer com você. – ele a olhou perigosamente por sobre os óculos, as mechas de cabelo negro caídas em sua testa.
- Hum... que bonitinho, ele acha que é um garoto mau... – um alto trovão abafou um pouco suas palavras zombeteiras enquanto a chuva se tornava mais forte. – Mas ele já devia saber que não deve ameaçar se não pode cumprir.
Ele deu um sorriso perigoso, vencendo com poucos passos a distância que os separava. Celina se surpreendeu com a rapidez que ele a empurrou para o banco de trás do carro. Ela riu muito, ainda tentando se esquivar para continuar a brincadeira, mas descobriu que estava completamente imobilizada entre os braços fortes dele. Ele esperou paciente, deixando que ela risse até se desmanchar, até se dar conta de estar irremediavelmente presa. As risadas foram morrendo aos poucos e um clima tenso de antecipação começou a se formar.
- Nem tente se soltar, como você bem sabe. – ele disse rouco em seu ouvido. – Considere isso exclusivamente como culpa sua. – ele se livrou dos óculos enquanto subia uma das mãos por suas costas, a puxando devagar pelos cabelos, trazendo sua boca relutante para ele.
- Ah, isto significa que eu não tenho escolha? – ela ainda o empurrava inutilmente, os lábios entreabertos, um meio sorriso teimando em aparecer.
- Tarde demais. No futuro, cuidado com quem provoca. – ele fez pressão sobre o corpo dela, fazendo Celina arquear as costas enquanto era deitada no banco.
- No futuro, só pretendo provocar você. – ela falou enquanto sentia o peso dele sobre si e fechava os olhos.
Ele roçou a boca dela com os lábios, brincando com um beijo que não acontecia. Ela o empurrou com as mãos, querendo tanto quanto ele, mas sem querer se render. Ficaram nesse jogo até as respirações começarem a se alterar. Então ela, com um resmungo gutural, abriu os olhos e desistiu de se debater, fazendo ele se apossar de sua boca com um beijo molhado, faminto, matando a vontade de um pelo outro, o barulho da chuva tão forte quanto as batidas dos corações. A língua dele era quente, gostosa, a melhor coisa que já tinha provado, e por algumas imagens dispersas que invadiram sua mente, ele não pensava de forma diferente. Ela inteira era a melhor coisa que ele já tinha provado. Quem precisava se alimentar, respirar? Viver era aquilo. Celina e Harry tentando fundir os corpos um no outro.
As mãos dela se perderam nos cabelos rebeldes dele enquanto sentia mãos quentes percorrendo pela primeira vez seu corpo daquela forma. Tão boa, demorada, íntima. Mãos que subiam afagando suas pernas nuas, que invadiam por dentro da saia.
Interromperam o beijo, se olharam nos olhos e voltaram a se beijar com mais paixão que antes, o desejo aumentando, a vontade de se perderem um no outro crescendo. Ele desabotoou a blusa dela devagar, botão por botão, e suavemente entrou por dentro da blusa íntima, caminhando centímetro por centímetro, conhecendo sua pele, segurando seus seios macios por baixo da combinação, descobrindo que se encaixavam perfeitamente em suas mãos, como ele sempre soubera. Seus polegares começaram a fazer movimentos circulares. Querendo mais.
Celina se arrepiou inteira e arqueou as costas gemendo baixinho, murmurando o nome dele. Harry beijou todo pescoço dela repetindo seu nome.
- Eu quero você, Lyn. Quero você agora, amanhã, depois de amanhã. Eu quero você todo dia. – com os dentes ele afastou mais a blusa dela, beijando todo caminho de seu pescoço até o ombro. – Eu quero você neste minuto.
Celina sentia que estava perdendo toda a noção, todo o controle sobre seu corpo, que agora estava perfeitamente encaixado no dele. Ela vislumbrou um brilho verde quando o sentiu colocar o amuleto em sua boca e a beijar a seguir. A pedra fria no meio de suas línguas quentes. Quando Harry o puxou de volta ela tirou a camisa dele passando as mãos pelo seu peito, arranhando suas costas nuas. Ele tirou uma mão dos seus seios e a afundou por baixo da saia, começando a puxar devagar o elástico da calcinha. Celina mordeu o lábio inferior e fitou seus olhos intensamente.
Harry sentiu dedos desabotoando sua calça e arquejou assustado com a rapidez do que estava acontecendo. Seria um caminho sem volta. Tentando controlar seus impulsos ele puxou os braços de Celina, os colocando acima da cabeça dela, os pulsos sendo segurados com firmeza.
- Você é uma princesa. – ele ofegou sabendo que soava piegas, mas que ainda assim era a mais absoluta verdade. – Minha princesa. E eu preciso que você tenha certeza, eu preciso de permissão, porque se nós continuarmos só vamos acabar de um jeito.
- Eu sei. Talvez seja melhor a gente se controlar... ou voltar. – ela disse sem convicção. Sabia que ainda era cedo, que estariam pulando uma etapa importante do namoro, que ele tinha razão. Mas Deus, como o desejava.
Harry apoiou a testa suada no ombro dela.
- Voltar não, Celina, ainda não. – ele pediu. – Não posso ficar sem você ainda. Se você quiser, prometo não passar dos limites.
Ela sorriu respirando o perfume dele.
- Eu também não quero te deixar, então acho melhor você colocar suas mãos em mim de novo.
- Você não aprende? – ele não pôde deixar de rir.
- Eu confio em você. – ela disse com sinceridade.
Ele se moveu para fitar seus olhos e abaixou a cabeça devagar. Harry beijou Celina lentamente. Um beijo apaixonado, carinhoso, cheio de amor. Um beijo para não trair aquela confiança. Deus sabe o quanto era difícil.
Continuaram juntos por horas, se torturando lentamente, gemendo com a impossibilidade, fazendo os vidros do carro embaçar, as mãos e lábios explorando cada cantinho sensível de seus corpos, deixando o desejo crescer até virar dor e parando de novo, escutando o som da chuva, agora mais suave, e então recomeçando. Tentando se satisfazer com o pouco que podiam.
Ela estava atordoada, tonta de desejo. A sintonia entre os dois era perfeita demais, parecia que tinham toda experiência do mundo em dar e sentir prazer.
- Não importa que seja cedo, antes das férias começarem, antes de toda loucura da guerra, quero terminar o que nós começamos hoje. – com palavras simples ela decidiu seu destino.
Ele concordou sabendo que poderia esperar. Por ela poderia esperar a vida toda.
A noite tinha caído e nuvens cinzentas ainda ameaçavam desabar sobre Hogwarts. Harry e Celina adentraram o castelo cuidadosamente, ainda não tinham dado o toque de recolher, mas não seria agradável dar de cara com o Filch no estado em que estavam. Entraram por uma das passagens menos usadas, evitando os locais com mais alunos. Tinham as mãos entrelaçadas e os olhos brilhantes, meio perdidos um no outro. Contavam chegar ao salão comunal sem serem vistos, mas ao virar um corredor deram de cara com Draco Malfoy. Bastou um olhar para o slytherin apreender toda a cena. As roupas amarfanhadas e úmidas dos dois, botões abotoados fora do lugar, seus cabelos revoltos, a boca de Celina de um rosa escuro. Uma boca mordida, uma boca beijada demais.
- Deus, você realmente se contamina com qualquer sujeira do mundo, McGregor. – Draco tinha uma expressão nauseada.
- Saia da nossa frente, Malfoy. – Harry tentou se soltar da mão de Celina.
- Por que você não tenta me obrigar, Potter? – ele empunhou a varinha displicentemente.
Harry sorriu ameaçador:
- Você não aprende, e por sorte há muito tempo estou esperando a oportunidade de acabar de verdade com você. – ele tirou sua varinha do bolso com a mão livre. – Mas sinceramente eu preferia usar só as mãos. Como da outra vez.
- Você não vai brigar com ele. Chega de problemas. - Celina puxava Harry com força.
- Você acha que é páreo pra mim? – Draco riu.
- Achei que já tinha provado isso muitas vezes. – Harry sorriu respondendo à provocação.
- Vá embora, Malfoy! – Celina se enfureceu.
- Precisando da ajuda da namorada, Potter? – ele girou a varinha na mão.
- Quando eu terminar, vai ser você quem vai precisar de ajuda. – Harry se livrou da mão da garota. Tinha achado a válvula de escape perfeita para apaziguar a frustração física de não ter satisfeito a vontade que tinha dela.
Celina passou como um raio por ele, se colocando entre os dois.
- Ninguém vai duelar aqui, a não ser que queiram me azarar primeiro. – ela olhou com desprezo para Malfoy. – Aproveite bem o favor que estou te fazendo e caia fora.
Draco baixou de leve a varinha:
- Tudo para não te azarar, minha linda. Você tem sorte, Potter, – Draco lançou a Harry um olhar zombeteiro. – ter um escudo tão precioso... pena que por tão pouco tempo.
- Sai da frente, Celina! – Harry gritou para a impassível garota.
Draco começou a se afastar:
- Você ainda vai ser minha, McGregor, esse corpo que esse cretino tanto manuseou ainda vai ser meu. É destino. – ele a olhou de cima a baixo. -Você precisa parar de escolher esses cadáveres ambulantes e ficar do lado certo. Não deixe de me avisar quando conseguir se limpar da sujeira desse perdedor.
Harry lançou um feitiço por sobre a cabeça de Celina, não acertando Malfoy por um triz.
- Seu filho da puta!!! – Harry estava vermelho de raiva, soltando todos palavrões que conhecia enquanto Malfoy dobrava a esquina do corredor. – Se aproxime dela e eu te esmago como um verme!!!
- Pára, Harry! Fica quieto!! – ela o empurrou com custo para a parede. – São só palavras, ele só quer te provocar.
- Por que você entrou na frente?! – ele disse furioso. – Está preocupada com aquele pervertido?!
- Você fica lindo quando está com ciúmes, mas eu realmente não quero te ver em uma detenção por minha causa. Outra. – ela jogou todo o peso do corpo em cima dele, tentando imobilizá-lo. – E ia ser feia, você fica um pouco perigoso demais quando está assim.
Ele a olhou dividido entre empurrá-la para longe e a beijar.
- Se ele se aproximar de você... – ameaçou.
- Ele não vai saber nem o que o atingiu. – ela completou. – Você esqueceu com quem está falando? Sei mais feitiços do que aquele idiota pode sequer imaginar.
- Bruxa. – ele enlaçou sua cintura com raiva. – Faça o favor de parar de enfeitiçar todo imbecil que aparece.
- Tudo bem, só tinha mesmo uma pessoa que eu queria enfeitiçar. Consegui? – ela encostou a boca na dele e gemeu quando ele a tomou com força, a fazendo ficar na pontinha dos pés.


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N/A: A Celina nasceu na época do quinto livro, quando Harry e Ginny eram uma suposição fofa, mas ainda pouco provável. Quando o sexto volume veio, amei o casal, mas aí a Celina já tinha vida na minha cabeça, e por mais que eu tentasse escrever uma fic H/G não conseguia. Antes de qualquer coisa preciso dar vida no papel à minha heroína, que por sinal também é um personagem que acho muito interessante. Depois já tenho o esqueleto de uma estória com Sirius e personagem original(que eu já amo de paixão), mas não consigo escrever duas fics ao mesmo tempo, então o negócio é esperar. Aí então... quem sabe não surge uma H/G?

Aviso:
1- AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH! Meus fofuxos do 3V! Nem sei o que dizer... Não sabia que estava no ranking, só fui ver outro dia. Muito brigado(pega o Oscar e agradece emocionada). Outra coisa, tenho tentado postar mas meu e-mail voltou duas vezes, deu tilt. Sorry...
2- Pra agradar a gregos e troianos( q eu nem sou boba) atualmente estou postando a fic no aliança três vassouras e no fanfiction ponto net. O Floreios e Borrões só me aceita como leitora(cadastro antigo) e não quero mudar de e-mail p/ postar Amuleto. Snif... Ás vezes sou eu que sou tonta e ñ estou fazendo do jeito certo. Vai saber... Net e eu, tudo é possível.

As desculpas: Galerinha este capítulo demorou bem mais que o previsto, mas tenho um bom motivo. Construção. Aaaargh!!! Odeio, odeio, odeio!!! Minha casa está parecendo uma trincheira, um campo de guerra, estou indo literalmente à loucura... Rezem pra acabar logo. Corrente de oração agora!

Lívia: Que bom que gostou das beijocas. Smac! Uma pra você. No universo da fic a Ginny não existe. Por tbém ser H/G de carteirinha achei mais fácil escrever assim. Portanto nada de conflito nesta parte.
Ticha: escrever o beijo foi tudo de bom ponto com ponto br. Vem muito mais coisa por aí. Como diria você, surpreendente...
Mary: Eu já disse que ADORO seus recados? Não? Então digo agora. ADORO MUITO. E ainda por cima é Mary Radcliffe (bom gooosto!). Ainda bem que v me achou no FF. (suspira aliviada).
Carlinha: Pôxa, adorei o recado no 3V. E achei mais legal ainda você estar gostando. Sério, casais alternativos não são muito populares. Tomara que v continue por aí.
Jéssica: Adorei seu e-mail, espero que tenha recebido a resposta. Sei que quando a gente está lendo uma fic a postagem parece muito demorada, mas pra quem escreve... o tempo voa. Só um tiquinho de paciência, plisss.
Rafaela: Alguém viu a Rafa por aí?(empurra o pedreiro e procura debaixo do PC) Cadê você, menina? Estou começando a crer que foi abduzida por um alien.
Alicia: Então andou lendo sem parar, foi? Que ótimo que v pegou o “Vírus do Amuleto”(infectei de propósito, pra prender vocês). Metida ela, né? Brincadeirinha. A verdade é que dou pulos de alegria por ter gostado, tomara que continue.



Pessoas (que comecem os violinos): São vocês que me dão força pra escrever, mesmo com centenas de compromissos super importantes(e meu quarto caindo em cima da cabeça). Vocês me ajudam a tentar melhorar o que faço e a ser mais cuidadosa com a criação do que escrevo. Demorei milênios até assumir a responsabilidade de começar esta fic, e isso por que acredito que os leitores que apreciam uma estória merecem toda a consideração e carinho do mundo, por este motivo ficaria mortificada de não me adequar às expectativas.
Entretanto, contudo, porém, críticas e sugestões são mais que bem vindas. AMO opiniões, elas talvez não caibam no contexto que bolei, mas sempre me dão um norte, uma interação deliciosa com vocês, e o mais importante, me incentivam a melhorar como sonhadora (estou longe de ser escritora). Por isso, obrigada. Obrigada de montão.
Beijo imenso pra vocês que também não desistiram de sonhar.
Georgea

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