Bela Celina e Ísis



Capítulo 6


O Expresso de Hogwarts se movia lentamente deixando a plataforma 9 ¾ em meio a uma névoa de fumaça e barulho de centenas de alunos se despedindo dos familiares. Celina estava dependurada em uma janela acenando para a avó e um grande cão negro. Ignorava deliberadamente um jovem auror, “o carteiro” que também acenava com indolência.
- Até o natal, Snuffles, cuide-se bem! – ela deu um último aceno para o cão fazendo Harry a retirar da janela com um puxão.
- Por Deus, ninguém se despede assim de um cachorro! – ele revirou os olhos.
- Você sabe muito bem que “ele” não é um cachorro. – ela murmurou entredentes.
- Do jeito que você estava achei que fosse se jogar da janela. Parece até apaixonada. – disse a última frase a olhando veladamente.
- Eu poderia... – ela sorriu vendo a cara chocada que ele fez. – ...se ele fosse uns quinze anos mais jovem. – ela puxou o pesado malão. – Agora eu posso dizer com certeza que minha mãe tem um excelente gosto para homens. Você precisa ver meu pai. – a frase final foi dita à Hermione.
- Essa conversa está ficando estranha. – Ron atalhou depressa. – Vamos, Mione, temos reunião no vagão dos monitores. Até mais tarde. - os dois se retiraram sem pesar.
- Traidores... – murmurou Harry, mas sem um pingo de ressentimento na voz.
- Vamos logo Potter, não quero ficar num vagão sem... – ela se interrompeu ao encarar Draco Malfoy vindo em sua direção.
Quando o slytherin enxergou os dois seu rosto se contraiu num estranho esgar e eles o viram entrar no primeiro vagão ao lado.
- Hã, o que foi que eu perdi? – Harry se adiantou para a amiga. – Por que ou eu estou ficando maluco ou o Malfoy acabou de fugir de você como do diabo.
Ela sacudiu a cabeça fingindo estar penalizada.
- Acho que ele está um pouquinho receoso de ter contato com uma traidora do sangue imunda e demente.
- Entendo... Principalmente pela parte da demência.
Ela o empurrou com o ombro sorrindo.
- Anda, ainda quero um vagão com gente interessante pra conversar.
- E eu sou o quê? Um trasgo? – ele arqueou uma sobrancelha.
- Retifico. Quero um vagão com gente interessante, não tanto quanto você, - ela se inclinou para seu ouvido fazendo os pêlos da sua nuca se eriçarem. – por que não existe ninguém mais interessante que você, mas eu me conformo com o que restar.
Seu desejo foi satisfeito ao entrar no vagão onde estava Luna Lovegood, a Ravenclaw mais surreal em que já tinha posto os olhos. Celina conversou por um bom tempo sobre a revista que Luna estava lendo, uma publicação sensacionalista editada pelo pai da loira. Foi quando Luna pareceu ligar o nome à pessoa:
- Eu sei quem você é.
- Eu também... – Celina respondeu incerta.
- Você é a garota que beijou Joshua Parker no Baile de Inverno. Foi o que toda escola comentou. – Luna falava sem a menor preocupação de estar sendo inconveniente.
- Você está enganada, o que é uma pena. – o próprio Joshua disse pela porta entreaberta do vagão. – Acho que eu me lembraria se isso tivesse acontecido.
O rapaz entrou na cabine, cumprimentou os colegas, mais especificamente Celina, deixando claro que qualquer dia gostaria de dar uma volta pelos jardins do castelo “para contar sobre as férias, sabe.”.
- Claro, vai ser ótimo. – ela falou com um meio sorriso.
- Também posso contar sobre as minhas. – Luna se convidou fazendo Celina morder os lábios para não rir. – Mas parece que vocês querem ficar sozinhos.
- Será? – Harry falou sarcástico.
- Bom, acho que já vou indo. – Joshua se despediu sem sinais de embaraço. – Te vejo em Hogwarts. – disse adeus aos outros e saiu.
Celina sentiu os olhos matreiros de Harry sobre si.
- Não quero ouvir uma única palavra. – e a garota se enfiou atrás das páginas do Pasquim.

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As primeiras semanas de aula estavam piores do que Harry podia imaginar. Havia a nova professora de DCAT, Dolores Umbridge, uma bruxa (no pior sentido da palavra) mandada pelo Ministério, que decidira que o melhor a fazer era ignorar o aviso de Dumbledore sobre o retorno de Voldemort e acusar Harry de ser um mentiroso compulsivo. “Ah, todo ano essa agradável recepção dos colegas...”, já estava ficando acostumado em ser alvo da desconfiança de todos. Ron e Hermione tinham acumulado a função de monitores à de estudantes, o que os deixava sem muito tempo disponível para o amigo. Celina estava passando muito tempo com Joshua “conversando sobre trivialidades”, o que na opinião de Harry era uma mentira deslavada para encobrir um óbvio início de romance. Cho Chang dera para estar sempre por perto, o que seria ótimo se ele conseguisse formular mais de uma frase idiota por encontro. E para coroar o início do quinto ano ele conseguira uma detenção com a Profª Umbridge na primeira aula de DCAT. Ele observou a fina cicatriz na mão direita. Uma detenção dolorosa.
Estava subindo as escadas do saguão quando Celina o chamou.
- Harry, espere! – Joshua estava com ela, o rapaz tocou sua mão e conversaram alguma coisa rápida se separando em seguida. – Você está indo para a sala comunal? – ela disparou escada acima.
Harry fez que sim, carrancudo. Ela abriu a boca para perguntar o que ele tinha, quando Pirraça, o poltergeist, apareceu flutuando sobre suas cabeças carregando uma imensa ceroula laranja berrante, os amigos se entreolharam, “melhor não saber de quem”. Quando viu os dois o homenzinho esticou a boca num grande sorriso e girando a ceroula no ar começou uma monótona cantilena:

“Bela Celina,
Celina Bela
Mil suspiros ao passar,
Um grande segredo quer esconder
Ai, ai, ai...
E Pirraça está louco pra contar.”

- Ah, de novo não... – a garota olhou para os pés desgostosa.
- O que tem de tão ruim nisso? – Harry disse mal humorado – Ele não está nem te insultando, e conhecendo o Pirraça ele podia estar fazendo coisa muito pior. – como se estivesse esperando pela deixa, Pirraça atirou a ceroula na cabeça de Harry.
- É, ele pode fazer pior. – Celina reprimiu o riso para não piorar a situação. O poltergeist continuou a cantilena cada vez mais alto. – Mas não é você que ele segue o dia inteiro furando os tímpanos.
- Você tem razão, deve ser terrível ter alguém dizendo o dia inteiro como você é bonita.-o garoto tinha jogado a ceroula no chão e tentado azarar Pirraça sem sucesso. – O Parker conseguiu um rival nessa função.
Ela deu de ombros ignorando o comentário.
- Ele não é nada original, o Pirraça. Sabia que ele cantava a mesma coisa pra minha mãe e avó? Só muda os nomes, o retardado.
- Uma enorme tragédia familiar. – ele continuou, intratável.
- Acho que tem alguém precisando de um gole de poção da serenidade. Que bicho te mordeu?
- Semana ruim. – ele mal abriu a boca.
- É só uma fase, Harry. – ela adivinhou. – A palhaçada do Ministério não vai conseguir durar muito.
- Se durar eu vou acabar perdendo a mão.
Ela observou a cicatriz, “Não devo contar mentiras” nas costas da mão dele.
- Então aprenda a manter a boca fechada.
- Como se fosse fácil. – eles chegaram ao retrato da mulher gorda.
- Acredite, é possível. – ela fez uma cara séria.
- Teia de Aradne. – ele disse a senha e Celina pensou na ironia de estarem todos presos numa teia de segredos e mentiras.
Menos de uma semana depois Harry tinha a mão gotejando sangue e pensava furioso que deveria ter tentado com mais afinco seguir o conselho de Celina. Manter a boca fechada teria evitado muitos problemas. Aquele era o dia em que seriam escolhidos três novos jogadores de quadribol da Gryffindor e ele, como apanhador, deveria estar presente na avaliação. O dia já estava acabando, a detenção tinha durado tanto tempo que provavelmente havia perdido a hora. Correu como um raio para seu dormitório pegando a Firebolt e saindo novamente na mesma velocidade em direção ao campo de quadribol. De longe avistou os amigos e com um último fôlego disparou até eles.
- E então... o teste... quadribol. – ele pôs a mão no peito.
- Dançou, cara. Terminou agora mesmo. – Ron estava com uma cara um tanto alegre, mas se conteve vendo a expressão assassina do amigo.
- Calma, Harry, você está hiperventilando. – Hermione ralhou achando meio ridícula essa obsessão por quadribol.
- Inferno! Aquela sapa velha tinha que me arrumar uma detenção bem no dia dos testes.– ele ofegou atirando a vassoura com raiva no chão. – Então, o que foi que eu perdi?
- Uma excelente performance do novo goleiro da Gryffindor. – o rosto de Hermione mudou radicalmente de desdém para exultação.
- Quem?
- Seu amigo Ronald Weasley. Um grande talento. – ela sorriu largamente.
- Não foi nada. – Ron tinha o rosto afogueado pelo elogio de Mione.
- Droga! – ele socou o ar. - Quer dizer, isso é ótimo Ron, mas eu gostaria de ter visto.
- E isso não é tudo, Angelina está conversando com Celina neste momento, - Mione arrematou. – quem sabe não vamos ter mais boas notícias?
Realmente Celina estava conversando com a capitã do time não muito longe dali. Quando voltou parecia um tanto chateada.
- O que foi, você não passou? – Ron estranhou. – Mas seu teste foi ótimo.
- Na verdade eu nem imaginava que pudesse me sair bem. Vim fazer o teste mais por curiosidade. – Celina olhava para a grama com atenção.
- Ora, isso foi muito injusto! – Hermione falou pondo a mão no ombro da amiga. – Posso não entender muito de quadribol, mas sei que você foi muito melhor que os outros.
- Qual era a vaga que você perdeu? – Harry perguntou.
- Artilheira, mas eu não perdi.
- ?
- Consegui a vaga. – eles a observaram espantados. - Ah, não sei se é muito bom ficar tão em evidência, - ela parecia embaraçada. – então pedi à Angelina que me deixasse ficar como reserva.
- Quê? – Harry não estava entendendo nada. – Você recusou a vaga?
- Demente... – Ron estava com a boca meio aberta. Só Hermione permaneceu calada, os olhos apertados fitando a amiga.
- É só... – Celina estava se atrapalhando toda tentando falar sem encarar os amigos. - É que eu meio que prometi para os meus pais ficar fora de confusões.
- Confusões... – Harry estranhou. – num jogo de quadribol. Sinto muito, mas não consigo imaginar nenhuma confusão que não seja levar um balaço no nariz ou perder um jogo contra Slytherin.
- É por aí, eu podia me machucar, cair da vassoura, sei lá.
- Tem certeza que eu estou falando com Celina McGregor? - foi a vez de Harry apertar os olhos. – A mesma garota que invadiu a sala do Filch no semestre passado escalando a torre pelo lado de fora?
- E tudo isso para colocar um bilhete de amor na escrivaninha dele. – Ron a observou segurando uma risada. – Um bilhete de dia dos namorados que assinava: Do sempre seu Severus Snape.
- Foi irresistível. – ela os encarou. – Ah droga! Vocês sempre jogando meu passado contra mim. Me digam uma única coisa absurda que fiz neste ano? – ela esperou os três falarem. – Vocês estão meio calados... será que é por que eu estou uma completa santa?
- Preferia a maníaca. – Ron respondeu jogando sua vassoura sobre o ombro.
- Garotos... – Hermione suspirou. – Vamos, deixem ela em paz, é só um jogo estúpido de quadribol.
Os garotos bufaram em direção à Hermione.
- Acho melhor a gente voltar para o castelo. – Celina olhou para Mione agradecida. – Josh está me esperando.
- Será que algum dia eu vou te entender? – Harry falou enquanto seguiam para o castelo. Então deu de ombros. - Angelina deve ter ficado fula.
- Bom ela não ficou muito feliz, mas fazer o quê? A alegria dela não é minha prioridade.- a garota olhou em sua direção. – Sobre a outra coisa, eu espero que aconteça.
- ?
- Espero que um dia você me entenda. – ela disse isso e se adiantou com passos largos deixando o trio para trás.
- Tem alguma coisa muito estranha acontecendo com essa garota. – Ron falou num momento perspicaz.
- Isso não é novidade, sempre teve algo estranho em relação à Celina. – Hermione disse séria. – Mas o melhor que a gente faz é não pressioná-la. Acho que no momento certo ela vai dizer o que é.
- Acho bom porque ela está se distanciando cada vez mais. – Harry disse fitando a silhueta da amiga ao longe.
- Não é nada disso... é que... – Hermione parou sem querer completar a frase. Não queria dizer que era porque a amiga finalmente estava saindo com alguém. Harry parecia meio possessivo quanto à Celina, ela tinha reparado no Largo Grimmauld, “coisa de amigo, provavelmente”. – Bom, ela tem estado ocupada.
- Ocupada beijando Joshua Parker. – disse Ron sorrindo de lado.
Harry não disse nada, mas pareceu mais mal humorado que nunca. Hermione adoraria ter azarado Ron naquele momento.

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- Então, você está ou não está namorando o Joshua? – Hermione falou sem rodeios se sentando na cama da amiga.
- Como? – Celina riu de lado implicando com Mione.
- Você não ficou surda. Eu só achei que como sua amiga eu poderia ter o direito de saber. – Mione falou baixo. - Já era um pouco tarde e com Parvati e Lavender logo ao lado era melhor prevenir.
- Nós temos saído, se é que andar em volta do lago pode ser considerado um encontro. Mas namoro...
- Você está gostando dele?
- Eu sempre gostei dele. Ele é engraçado, me faz rir, e é claro que é muito carinhoso. – ela girou os olhos para o teto pensativa.
- Hum, isso não está me parecendo muito promissor.
- Hermione, uma garota não precisa estar apaixonada para ficar com um cara. Eu não preciso te dizer que a visão que eu tive de você e o Krum foi uma prova cabal disso.
- Não mude de assunto. – Hermione retrucou sem corar. – Foi uma relação puramente física e você sabe disso.
- E como sei. – Celina sorriu mais largo.
- Em todo caso, esse garoto gosta mesmo de você, isso até a Luna Lovegood já percebeu. Espero que Joshua não esteja sendo só uma distração.
- Suponho que você tenha razão, como sempre. – ela suspirou. – Mas eu não estou enrolando ele, não sei se é bem um namoro, mas as coisas não são exatamente platônicas se você me entende.
- Você pode ser mais específica? – foi a vez de Hermione ser maliciosa.
- Pois não. – ela se deitou na cama. – Beijos, muitos, no rosto, nas mãos, na boca, sem língua, com língua, todos muito bons, diga-se de passagem.
- Acho que já entendi. – Mione riu satisfeita. – O próximo passo então não deve ser tão doloroso.
- Do que você está falando? – Celina não acreditava no que a amiga estava insinuando.
- Pegar na mão do seu namorado em público, o que mais seria? Francamente, que mente poluída. – Hermione deu um sorrisinho superior.
- Ah, isso... – ela atirou o travesseiro na amiga. – Não é que eu não queira assumir para os outros, é mais pra mim mesma. Você sabe, eu só tive um namorado e mesmo sabendo que o Josh não vai estar substituindo ele...não me parece justo.
- Justo pra quem? Para alguém que não vai mais voltar? – Mione tornou compreensiva.- Para alguém que te fez jurar ser feliz e viver sua vida?
- Eu já me disse essas mesmas coisas, conheço esses argumentos. Talvez não seja justo comigo afinal. Sentir uma coisa tão intensa e depois ter que me contentar com uma sombra pálida daquilo. – ela se abriu. – Você já teve a sensação de tudo girar só porque está perto de um garoto?
- Uma vez... – Hermione pareceu triste. – Não foi com o Victor. Eu nunca nem beijei esse garoto, mas às vezes estar perto dele...
- É como perder o ar. – Celina completou fazendo a amiga concordar. – Então você entende. Eu não posso dar o que o Josh precisa.
- Mas você pode dar um passo, se comprometer, tentar.
Celina a observou pensativa.
- Posso. Não vai ser fácil, mas parece que não me resta outra alternativa. Dimitri se foi para sempre. Não vai voltar nem em sonhos. – sua voz tremeu um pouco enquanto segurava a mão da amiga. – Mas se ele estivesse aqui nada iria me impedir de lutar com todas as minhas forças para tê-lo de volta, nenhuma convenção, nenhum orgulho.
Hermione abaixou a cabeça sabendo que aquelas palavras eram para ela.
- Eu não sou como você, Celina. Preciso ter certeza de que... gostam de mim, pra poder tomar qualquer atitude.
- Seja mais leve, Mione, as coisas não precisam ser tão complicadas.
- Mas esse é o meu segundo nome, você não sabia? Complicação. – as duas sorriram uma para a outra e Hermione desejou ter um pouquinho mais dessa força. Ela enfrentaria dragões se fosse preciso, mas enfrentar os olhos azuis de um certo ruivo era mais do que sua coragem podia.

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Os próximos dias foram tão revoltantemente estúpidos, com Dolores Umbridge fingindo ensinar, que Hermione acabou convencendo Harry a formar um grupo de treinamento em DCAT. Um grupo que teria por objetivo preparar a todos os interessados para enfrentar a guerra próxima. Teriam feitiços eficazes, nada da baboseira teórica que a professora os obrigava a engolir. Naturalmente este grupo seria ilegal e teriam que ter um extremo cuidado para mantê-lo em segredo. Foi escolhida, como sede, a sala perfeita para um encontro secreto. A sala precisa, um local que só aparecia para quem mentalizasse corretamente o que queria dela. Assim nasceu a Armada de Dumbledore, ou a AD, como ficou mais conhecida pelos seus integrantes.
Eram alunos de várias séries e casas, embora nenhum da slytherin, que acomodados na sala prestavam a maior atenção nos ensinamentos práticos de Harry Potter, seu professor. Foram dias deliciosos para o garoto, que realizava um ato subversivo bem debaixo do nariz da Umbridge. O fato de ter Cho Chang nos encontros só tornava as coisas mais interessantes.
Ele passava entre as duplas de colegas dando instruções e não podia deixar de rir quando Celina, que fazia par com Joshua, indicava veementemente com os olhos que ele devia se aproximar de Cho. O destino conspirava a seu favor, o problema era a indecisão de tomar uma atitude. Cho era uma garota bonita, agradável, e como Celina não se cansava de dizer, parecia realmente estar interessada nele. Entretanto ele sempre empacava, ao mesmo tempo que queria, não tinha mais certeza. Qual era seu problema, afinal?

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Aquele domingo amanhecera frio anunciando que em breve chegaria o inverno. Apesar do adiantado da hora, Harry permanecia deitado com os olhos fechados, sem dormir, mas com um profundo desânimo de se levantar. Na próxima semana teriam visita à Hogsmead, ele deveria estar eufórico ante à perspectiva de sair um pouco do castelo, mas estranhamente tinha a impressão de que estava faltando algo. Talvez fosse mesmo hora de convidar alguém para sair, de pensar um pouco mais em si mesmo. O grande xis da questão era como conseguir fazer isso. Joshua Parker parecia ter conseguido, ao menos era o que Celina deixara escapar durante a noite passada. O que dava essa segurança a um garoto? A de se aproximar da garota mais interessante e a conquistar? “Deve ter um jeito mais fácil, algum tipo de manual”. Ele bocejou abrindo os olhos embaçados. Havia alguém sentado na beira da sua cama.
- Ahh! – ele se sentou tão depressa que parecia ter uma mola nas costas.
- Bom dia dorminhoco. Achei melhor ver se você não tinha morrido. – Celina riu da cara espantada dele.
- O quê... como você entrou aqui?
- Pela porta. Se lembra que eu não escalo mais paredes?
Ele tateou a mesa de cabeceira procurando os óculos.
- Eu nem ouvi um ruído sequer! Você devia ter avisado. – ele parecia um pouco irritado.
- Me desculpe, não me toquei que fosse inconveniente. – ela cruzou os braços olhando um pouco embaraçada para a porta. – Eu ia te chamar, mas fiquei com pena de te acordar. – ela se levantou. – Melhor eu ir embora.
- Não. Fique. – ele a puxou pela mão. – Eu é que peço desculpas, é só que eu me assustei.
- É a primeira vez que um garoto me diz que se assustou ao me ver. – ela voltou a rir.
- Provavelmente porque você nunca assediou nenhum deles. – ele implicou.
- Argumento válido. – ela tornou a se sentar.
- Não que eu me importasse.
- Ah, meu Deus! – ela se levantou rindo. – E eu achando que você era inofensivo...
- Só não sou burro. - ele riu enquanto ela caminhava para a porta.
- Fico feliz em saber, sinal de que meus planos para com você chegaram bem na hora.
- Planos...
Ela o olhou marota:
- Hoje você vai convidar Cho Chang para ir no passeio à Hogsmead.
Ela lia pensamentos?
- E como você pretende que eu faça isso?
- Conversando com ela.
- Preferia deixar as coisas acontecerem... – ele se esquivou.
- O que você acha que vai acontecer? Que um raio luminoso vai cair na sua cabeça e todas as suas inseguranças vão sumir? – ela adivinhou.
- Era basicamente isso o que eu queria.
Celina abriu a porta e disse antes de sair:
- A gente conquista pessoas com atitude, não sonhos. Você tem mesmo muita sorte de me ter por perto.
Quando a porta se fechou ele não pode deixar de achar que ela tinha razão. Talvez ela fosse o tal manual que ele estava desejando.

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- Ah, Hogsmead! Que maravilha um passeio tão cheio de romance no ar. – Ron dizia alto em frente à Zonko’s.
Harry fazia força para não escutar os comentários do amigo, o que era um tanto difícil visto estar com Cho a menos de três passos de distância. Ele olhou de relance para o casal a seu lado, Joshua não parecia minimamente embaraçado, ao contrário, segurava a mão de Celina alegre, cumprimentando todos os conhecidos e deixando claro para todos que aquela era sua namorada. Já ele não poderia dizer o mesmo, mal tinha conseguido convidar Cho para o passeio, pegar na sua mão ou chamá-la de namorada era sonhar demais. Acabaram se separando em frente à Dedos de Mel, Hermione arrastara Ron para dentro da loja oportunamente, Celina sumiu com Joshua para algum lugar ignorado. Ele olhou para a garota, estavam sozinhos.
- Você gostaria de ir a algum lugar em especial? – ele se ouviu dizer.
- Vamos só andar por aí. Tudo bem pra você? – ela sorria timidamente.
Ele concordou e iniciou uma caminhada por todos os pontos “turísticos” do vilarejo descobrindo que o lugar era menor do que imaginava. Quando se viram sem ter o que fazer ela sugeriu que poderiam tomar um chá em Madame Puddifoot. Agora ele se via apertado em uma salinha quente, rodeado por casais, inclusive por Celina e Joshua, numa mesa não muito longe.
- Sua amiga também está aqui. – Cho informou desnecessariamente. – Eles formam um casal bonito, pena que ela não esteja interessada nele.
- É claro que está, ou eles não estariam namorando. – Harry estranhou o comentário.
- Ah, tudo bem, é obvio que eles se dão bem, mas eu não vejo nela a metade da empolgação dele.
Harry olhou para a mesa dos dois e teve a visão desconfortável de Joshua inclinado para a amiga, uma mão correndo pelo rosto dela. “O que aquele trasgo acha que está fazendo?”. Devia estar dizendo alguma coisa ridiculamente romântica pela expressão levemente encabulada dela. Se ela não estava interessada fingia muito bem, ele pensou sarcástico.
- Será que podemos conversar sobre outra coisa? – não imaginava que assistir ao idílio dos dois pudesse ser tão perturbador.
- Claro, discutir a relação dos seus amigos não é um assunto muito interessante. – ela sacudiu os cabelos negros satisfeita.
Os dois iniciaram um debate sobre quadribol, ele mais escutando do que propriamente participando da conversa. Mas Harry descobriu que não prestar atenção em Celina estava um pouco difícil. Viu Joshua se virar para cumprimentar alguém numa mesa próxima e a amiga lhe lançou um olhar expressivo. “Pegue a mão dela”, os lábios dela formaram as palavras sem som. Ele se voltou para Cho e percebeu que ela o observava com atenção.
- Sabe, pra quem não está interessado na mesa ao lado, você até que está olhando demais. Sua “amiga” não parece em perigo. – ela disse cáustica. – É claro que talvez você tenha outro motivo para se ocupar tanto deles.
Ele viu que a chinesa tinha o rosto fechado, os dedos tamborilando a mesa. Um sinal que não dizia, mas gritava que ela estava com ciúmes. Aquela era uma sensação nova e interessante para ele. Tomando uma decisão rápida ele agarrou a mão dela sobre a mesa. Ela se calou surpresa.
- Não tenho nenhum motivo para olhar pra quem quer que seja, exceto você.
Ela sorriu abaixando os olhos e ele decidiu se focar nela daí em diante, o que acabou se tornando infinitamente mais fácil quando o outro casal se retirou da casa de chá.
Beijos, infinitos beijos. Como era bom sentir os braços dela em torno do seu pescoço, poder apertar sua cintura e deixar o tempo correr. Harry e Cho estavam atrás da loja de animais sem testemunhas, para o que Harry se lembraria no futuro como um longo aprendizado sobre amassos. Ainda bem que tivera coragem de dar o primeiro passo. Celina fora uma boa professora. “Que coisa inoportuna”, pensar em Celina quando tinha outra garota nos braços... “Ela e o namoradinho devem estar fazendo o mesmo em algum lugar”. Ele beijou Cho com mais força, irritado por estar imaginando a boca de Celina sendo tocada por outro. Não imaginava que pudesse ser tão ciumento da amiga. “Por que é o que ela é, minha amiga.” E não era nada saudável pensar na boca de uma garota quando estava beijando outra.

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- Não preciso de motivo, só não gosto daquela garota perto de você. – Cho Chang colocou as mãos na cintura.
A reunião da AD tinha terminado há algum tempo e Harry e Cho estavam sozinhos na sala precisa tendo mais uma das inúmeras discussões que vinham acontecendo desde que a garota decidira desconfiar da amizade do bruxo com Celina.
- Pela centésima vez, ela é minha amiga. O que você espera que eu faça?
- Não ficar a sós com ela seria um bom começo! – ela batia o pé no chão impaciente.
- Ela só estava me ajudando com o próximo feitiço de DCAT. – ele se defendeu aborrecido. – E ela também tem namorado, que por acaso nunca pediu pra que ela se afastasse de mim.
- Então alguém devia ter uma conversinha com ele. Aquela garota é potencialmente perigosa. – ela tornou venenosa.
- Celina é uma garota bonita, não uma devoradora de homens. – Harry franziu a testa com uma pontada de irritação.
- Então você acha ela bonita? – Cho estava ficando furiosa.
- Você sabe que ela é.
Não foi uma resposta muito boa, o que fez Harry voltar para a sala comunal com uma tremenda dor de cabeça. “O que torna uma pessoa equilibrada num ser tão irracional?”. Ciúmes. Já tinha limitado a amizade com a colega para o restrito limite da torre da Gryffindor. Não se sentava com ela durante as refeições, não faziam os deveres juntos na biblioteca. Tudo para evitar se indispor com Cho. Celina tinha percebido evidentemente, e para a eterna gratidão de Harry não tinha cobrado nada, continuando a ser a mesma de sempre, se bem que por vezes o observasse com um ar de indiscutível enfado.
Os alunos iriam viajar no dia seguinte para o feriado de natal e era uma pena ter que partir estando brigado com a namorada.

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Faziam três dias que estava enfurnado naquele quarto sem desejar ver ninguém. A estadia no Largo Grimmauld se mostrou um verdadeiro pesadelo desde que chegara. Havia sonhado com o ataque sofrido pelo sr Weasley, um sonho que se mostrara real e permitira que o bondoso bruxo pudesse ser resgatado com vida. Entretanto isto não tornava as coisas melhores para Harry, que se sentia culpado por ter uma espécie de conexão mental com Voldemort. Era como se ele fosse uma bomba relógio prestes a estourar. Alguém perigoso que pudesse machucar os outros com seus sonhos estranhamente proféticos, resultado da ligação que sentia ter com o bruxo das trevas. Estava confuso, isolado, se recusando a conversar com Ron e Hermione sobre seus temores.
Estava sentado na cama em estado de pura autocomiseração quando ouviu batidas na porta.
- Posso entrar? – Celina colocou a cabeça para dentro do quarto. – Hum, você está na cama e sozinho. Isso pode ser um problema, mas prometo que não conto nada para a Cho.
Ele não respondeu, mas a garota entrou assim mesmo.
- Acabei de chegar. – ela se aboletou na cama sem cerimônia ficando de frente para ele.
- Veio passar o natal na Ordem da Fênix? – ele se viu perguntar.
Ela sacudiu a cabeça negativamente.
- Então o que está fazendo aqui?
- Vim por sua causa. – ela o estudou com cuidado. – Estou indo embora hoje mesmo, mas antes preciso conversar com você.
- Não estou interessado em escutar nada. – disse ele rispidamente já adivinhando que o assunto seria sua reclusão.
- Problema seu porque eu vou falar assim mesmo. – ela falou tranqüila fazendo com que ele apertasse os lábios contrariado.
- Não venha me dizer pra não me isolar, você não entende como é... ser diferente.
- Não entendo? Pois eu tenho uma novidade pra você. Harry Potter não é o único inimigo de Voldemort jurado de morte. – ela o encarou séria. – No momento em que ele descobrir quem eu sou, e é uma questão de tempo, não vai haver esconderijo sobre a terra que me deixe segura.
Ela respirou mais forte. Harry a encarava atento, será que finalmente ela tiraria aquele véu nebuloso que encobria sua vida?
- Tenho vontade de te contar isso mais ou menos desde que te conheço. Agora é um momento tão bom quanto qualquer outro.
- Espera! – ele se alarmou. – Você tem noção de que Voldemort pode estar em minha cabeça ouvindo exatamente cada palavra sua?
- Mas ele não está. Tenho tanta certeza disso que posso apostar minha vida.
- E de onde vem tanta certeza?
- Cada coisa a seu tempo. – ela mordeu o lábio. – Eu não tenho permissão para falar disso, mas sei que estou fazendo a coisa certa.
O quarto ficou em silêncio e ele esperou que ela começasse, a curiosidade vencendo todos os seus receios.
- Há muito tempo minha família foi quase toda dizimada por um bruxo das trevas. Grindelwald. Sim, você já ouviu falar dele. - ela disse vendo o rosto concentrado do amigo. – Dumbledore o derrotou. Minha avó era muito jovem naquele tempo, mas coube a ela esconder os poucos que sobraram. Desde aquela época fomos tidos como extintos e tivemos que agir como tal. Isto acabou não sendo difícil porque com o correr dos anos a única linhagem que restou foi a nossa. Uma linhagem pequena, praticamente nula, do que antes tinha sido uma grande família. - ela cruzou as pernas em cima da cama. - A mudança de nome foi só um detalhe.
- Naturalmente McGregor é verdadeiro. – Harry acertou.
- Sim, McGregor é real. - ela sorriu. – Mas foi preciso escolher outro nome para a família de minha mãe, um nome que simbolizasse nosso juramento de lutar até o fim contra a magia negra.
- Lux. – Harry completou.
- Para iluminar os tempos difíceis com a coragem do nosso patriarca.
- Que seria...
- Godric Gryffindor. – ela respondeu abismada por ter pronunciado aquele nome em voz alta. Simples assim, em um segundo toda uma vida de segredos foi aberta e um alívio profundo tomou conta de Celina dando a impressão de que seu corpo estava infinitamente mais leve.
- Você está me dizendo que é descendente de Godric Gryffindor? Nosso Godric Gryffindor? – ele tinha a boca entreaberta com a surpresa.
- Parece tão inacreditável assim? Tão impossível? – ela levantou as mãos. – Ele realmente existiu, teve uma família. Eu estou aqui. Eu sou a prova.
Havia alguma coisa na forma dela dizer aquelas palavras, talvez uma sinceridade transbordante, que tornou impossível duvidar de qualquer coisa.
- Dumbledore sabe disso?
- Claro. Foi ele quem nos salvou.
- Isso não faz sentido... então porque se esconder? Grindelwald está morto.Você acha que Voldemort acabaria com sua família só por um parentesco de séculos?
- Qualquer bruxo das trevas mataria. Não é apenas pelo sangue, mas pelo poder. O sangue no final não vale nada, minha avó me contou que havia bruxos de todo tipo na família, do melhor e do pior tipo. Mas o poder... ele é como o ópio para a ambição, torna tudo desmedido, justifica as piores atrocidades. Nós não somos realmente importantes, mas nosso poder é. – ela puxou o cordão com a pedra verde engastada. – Um poder do qual eu sou a guardiã.
Então os instintos dele estiveram corretos. Não era um simples cristal.
- Eu sempre soube que tinha alguma coisa sobre esta pedra... ela pertenceu a Godric Gryffindor?
- Este é o Amuleto de Ísis e ele pertenceu à Gryffindor, mas sua história é bem mais antiga. Não há como se comprovar, mas reza a lenda que essa pedra pertencia à coroa da própria Ísis, a poderosa deusa-rainha egípcia, e que possui poderes formidáveis e desconhecidos. – ela agora olhava para a pedra com atenção. – Posso te dizer que com ele eu “sinto” as coisas. Sei quando não gostam de mim, ou estão mentindo. Ás vezes até sei o que as pessoas estão pensando. Pequenos feitiços também não costumam me atingir, é como se eu estivesse sendo protegida. Não é nada muito forte nem constante, mas é o suficiente para saber que existe algo de mais forte nela. O suficiente pra saber que não tem Voldemort nenhum dentro de você.
- Você carrega no pescoço a causa da perdição de toda sua família? Como seus pais permitem que isso fique com você? Como vocês ainda podem manter isto? – ele apontou para a pedra. - É perigoso, nocivo! – ele se impacientou.
- Somos os guardiões, é nosso dever. Já pensou se Voldemort pusesse as mãos nesta pedra? Ele certamente encontraria meios de descobrir seu real poder e utilizá-lo da pior maneira possível. – ela falava apaixonadamente. – Harry, os bruxos que procuram por esta magia não sabem do que se trata.
- O que você quer dizer?
- Eles sempre procuraram por algo poderoso, uma poção, um feitiço. Deram tiros no escuro, mas nunca descobriram o que era. Eles não sabem que o Amuleto de Ísis é uma pedra. Uma simples pedrinha verde no pescoço de uma adolescente.
- Isso é extraordinário... – ele tornou. – Você é protegida pela pedra e pela ignorância dos fatos.
- Exatamente.
- Ainda assim... por que está com você e não com sua mãe ou avó?
- O amuleto foi a única coisa que manteve minha avó com vida nos ataques de Grindelwald, talvez um dia ele também possa me proteger. Além disso, posso tirá-lo do pescoço a hora que eu quiser, passar para quem eu quiser, só que no momento este é o lugar mais seguro para ele estar. Quem desconfiaria de mim?
- E você tem convivido com isso a vida toda...
- Não é um segredo fácil de se carregar. – ela sorriu sem alegria.
Harry entendeu o peso que ela sentia. Ter um compromisso tão sério contra o mal sendo tão jovem. Era quase como se ver num espelho.
- Por que você me contou tudo isso?
- Por que talvez essas informações possam te ajudar algum dia. – ela voltou o olhar para ele. - Por que eu confio em você.
Eles se olharam longamente. Harry tentando absorver aquelas informações, aquela garota grave, tão diferente da Celina descuidada e inconseqüente que ele gostava, tão diferente da “sua” Celina.
- Então você pode ser uma princesa? – ele tentou desanuviar o clima.
- De onde você tirou isso? – ela franziu a testa sem entender nada.
- Se Ísis foi antepassada de Gryffindor...
- Não, não há evidência nenhuma disso e seria muito poético pra mim. Nada de princesa, só Celina. – ela remexeu o pingente sem sorrir.
- Posso? – ele estendeu a mão para o colar.
Ela assentiu e ele tocou a pedra fria vendo surpreso uma suave luz se desprender dela.
- Tem uma outra coisa, - ela voltou a sorrir como sempre, o rosto se iluminando com malícia. – a pedra sempre brilha quando é tocada por alguém que me ama.
Ele soltou a pedra com um sorriso enviesado.
- Ela pode ter se enganado.
Celina não respondeu, mas voltou a guardar o colar dentro das roupas.
- Tenho que ir embora, não me disseram onde vou passar as festas, em algum lugar longínquo provavelmente. – ela se levantou torcendo o nariz. – Espero ter notícias suas fora deste quarto de agora em diante, ou então vou começar a pensar em te fazer companhia.
- Isso seria agradável, mas não muito saudável para o meu namoro. – ele riu.
- Até a escola. Feliz natal, Harry.
- Obrigado, – Harry conseguiu dizer antes que ela saísse. - pela confiança... e por você fazer parte da minha vida. – ele completou meio sem jeito.
- Eu sempre soube que um dia você ia admitir. - Celina se afastou rindo, mas estacou logo em seguida com um arzinho convencido. - Harry, outra coisa, o amuleto de Ísis nunca se engana. Você realmente me ama. Mas vamos deixar isto só entre nós dois. – ela brincou e partiu.
Ele ficou olhando para a porta até muito depois dela ter saído. Celina tinha que perder essa mania de dar sempre a última palavra, mesmo que estivesse sempre certa.

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- Que coruja é essa? – Phillys ainda sonolenta olhava curiosa para a ave no peitoril da janela..
Era manhã de natal e Celina recebera uma bela coruja branca com um embrulho no bico.
- É de Harry. – ela tirou o embrulho da coruja e a levou para um belo poleiro dourado num canto da sala. Para sua enorme satisfação estava hospedada na casa da prima desde que deixara o Largo Grimmauld.
- Potter? – Phillys pareceu despertar completamente, se encostando na prima, curiosíssima
- Quem mais? Aaah... – ela rasgou o papel encontrando uma belíssima caixa de música antiga que ao ser aberta mostrou uma bailarina a rodopiar. Tinha sido enfeitiçada para se parecer com ela.
- Que coisa linda! – a prima arregalou os olhos. – Igual a você, maluquinha, maluquinha.
- Tem um cartão. – Celina sorriu largo lendo em voz alta.

“Para você nunca se esquecer de dançar, ser feliz e fazer os outros felizes. Harry”

- Uau, agora eu sei por que você não me escreve tanto. – ela riu debochando. – Até eu te esqueceria com um garoto assim.
- Deixa de ser boba, Phillys. Você está careca de saber que meu namorado é o Joshua. Se esqueceu das fotos?
- Me lembro bem das fotos, principalmente das que tinham você junto com um moreno extremamente interessante. Olhos verdes, não? Não está na hora de trocar de namorado? Ou arrumar dois? – ela deu uma piscadela.
Celina revirou os olhos.
- Tinha me esquecido como sua mente é pervertida.
- Pervertida mas satisfeita. – Phillys passou o braço pelo ombro da prima. – Este Joshua não te deixa com este brilho no olhar.
- Mas te plagiando, querida prima, me satisfaz. – as duas riram vendo a pequena bailarina dançar.

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N/A: AAAAAHHHHH!!!!! Eu quero reviews!!!!! Estou me sentindo igual a cego em tiroteio, quem escreve precisa muito saber como a estória atinge a quem lê. Então façam o favor de escrever, pestinhas! Antes que eu surte de vez.
Sei que a estória está passando por um período lento, Harry e Celina namorando outros colegas e tal, mas para quem sabe ler nas entrelinhas já dá pra perceber que algumas coisas estão mudando. No próximo capítulo a ficha de alguém vai cair, e esse alguém vai começar a sofrer. Que atire a primeira pedra quem nunca sofreu por amor. Como diz uma amiga minha (pondo a mão no peito e exclamando dramaticamente): “Ooh, coração... dói, dói!”

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