O possível do impossível



Os dois ignoraram. Voldemort soltou uma gargalhada brusca.
- Traidores. – murmurou Tanya, lutando contra as cordas.
Martha não disse nada, só olhava em sua volta com desespero, agora vira Voldemort agarrar em Harry, não bastava ter feito o que fez, queria fazê-lo sofrer ainda mais.
Flint e Draco trocaram um olhar significativo quando Voldemort lhes virou as costas para se preocupar com Harry.
Tanya não reparou, estava mais uma vez perdida em seus pensamentos, pensara porque aquilo lhe estava a acontecer, sabia que não ia abrir os olhos e acordar no seu dormitório, porque aquilo não era um pesadelo, não dela.
- Não depende de mim. – murmurou. – mas eu sei que alguém vai acordar.
Sentiu as cordas rasgarem-se e caiu no chão, agarrada ao braço.
Olhou para o seu lado, Martha estava fraca e mal respirava.
- Mana aguenta. – sussurrou. – Aguenta, tudo passa!
Martha fez um sorriso triste, e continuou a fitar o chão, indisposta.
- Vamos fugir antes que ele nos veja. – disse uma voz atrás de si que era-lhe familiar, virou-se e viu Flint.
- Não vou sem a Martha. – respondeu Tanya.
- O Malfoy trata dela, vamos. – insistiu ele.
- E o Harry?
- Não te preocupes com o Potter...
- Não! Eu preciso do Harry, eu sei uma coisa que ele precisa saber! – disse Tanya, à beira do desespero.
- Vamos embora. – insistiu o rapaz.
- Não vou sem o Harry!
- Vamos! – ordenou, puxando-a.
- Ninguém vai a lado nenhum. – bradou Voldemort por detrás deles.
- Porquê? – perguntou Flint, enchendo-se de coragem ao lembrar-se do seu amigo Derrick. – Vai matar-me? É? – voltou a perguntar, agora levantando-se e dirigindo-se a Voldemort, segurando a varinha.
- Flint, não... – murmurou Tanya.
- Foge e salva-te. – ordenou à jovem. – Já te fiz sofrer demais, está na hora de eu assumir as consequências dos meus actos.
Tanya tapou a cara com as mãos para não verem as duas lágrimas.
- Isto não é uma despedida, Tanya. – disse ele. – Sinto muito nunca poder te ter dito antes o que sentia.
- Por favor,... – disse ela, com os olhos vidrados de lágrimas.
- Amo-te. – murmurou ele.
A partir dai não viu mais nada do que tinha acontecido, estava completamente transtornada, não queria ver, não queria saber de nada, apenas queria acordar.
“Mas isso não depende de mim...” pensava. “Não sou eu que tenho de acordar!”.
- Flint, não me deixes! – gritou, pois foi a única coisa que ela conseguiu dizer, que estava também entalada na garganta havia muito tempo.
Mas não obteve qualquer resposta.
Sentindo-se desesperada olhou para todos os lados, nenhum sinal de Draco, de Martha ou de Flint.
Apenas viu Harry no chão, quase inconsciente, mas pela sua expressão ainda parecia conhecê-la.
- Harry, ajuda-me. – murmurou entre lágrimas. – És a minha única esperança.
- Tu és uma Black. – sussurrou ele, com fraqueza. – Tens o espírito do Sirius, apesar de ele já não estar entre nós... – Harry fez uma pausa, engoliu em seco como quem controla uma grande vontade de chorar e continuou. – Tens de ser forte!... – baixou a voz. – como eu fui.
- Tu sabias... – murmurou ela.
Harry acenou afirmativamente com a cabeça.
- Harry ajuda-me, por favor. – suplicou.
- Estou muito fraco. – disse ele.
- Só quero acordar. – sussurrou. – Mas sei que não depende de mim.
Harry não respondeu.
- Onde estão os outros? – perguntou ela.
- Em segurança. – disse ele.
Tanya estranhou a resposta, mas não disse nada.
- Isto vai acabar, não vai?
- Tens de acordar. – respondeu Harry, com um ar sério.
A jovem ficou a pensar no que o amigo tinha dito, olhou para o lado, este fechara os olhos para sempre.
Ela nesse momento soube que o tinha perdido. Tinha perdido todos. Só restava ela.
Sentiu uma enorme aflição, lágrimas de desespero caiam pelo seu rosto, sentiu vontade de gritar, ecoou por todo o cemitério, significava que estava vazio.
- Porquê tudo isto? – gritou. – Porquê tudo em vão?
Olhou para o chão, viu a sombra de alguém, de seguida ouviu essa pessoa pronunciar algo que veio contra si como uma luz verde e permaneceu ali, para todo o sempre.
O vento soprava por onde os corpos jaziam mortos no chão, o homem de negro colocou o seu capuz e desapareceu dali.
Nesse exacto momento, numa casa longínqua, num bairro chamado Privet Drive, um rapazito de 14 anos de idade, nessa noite ele acordara apavorado e foi em direcção da janela da cozinha.
- Ufa, foi só um pesadelo. – murmurou o rapaz, cuja testa tinha uma cicatriz e o seu cabelo caia-lhe sobre esta.
Olhou para a noite, estava calma.
Ouviu musica e olhou para a casa ao lado, lembrou-se da festa que o seu primo Dudley tinha ido e estava lá a divertir-se com os seus amigos, duas jovens estavam à porta da casa, uma delas tinha cabelos lisos, meio avermelhados e a outra, cabelos encaracolados.
- Não é possível. – murmurou para si mesmo.
Ao lado das raparigas estavam dois rapazes mais velhos.
- Hunter e Flint?
Tanya, a rapariga de cabelos avermelhados olhou para a janela onde estava Harry e lhe sorriu.
De seguida foram os quatro pela rua abaixo, desaparecendo ao virar da esquina.
”Todos acordamos... Mas nem sempre nos esquecemos dos nossos sonhos” Pensou Harry, sorrindo.
- Melhor voltar para a cama antes que o Dudley volte. – murmurou para si mesmo.
Fez uma festinha na Hedwig, a sua coruja das neves.
”Foi só um sonho...” Voltou a pensar. “Mas eles lembravam-se de mim. Ela sorriu-me... Será?” ·
E voltando a deitar-se, adormeceu.
Já todos estavam a voltar para casa, o silêncio reinou outra vez em Privet Drive e Harry aguardava ansiosamente a sua chegada à toca no dia seguinte.

Fim

1/Novembro/2006

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