Minha doce dama loira
Minha doce dama loira
Uma mulher bonita, com cabelos loiros, varinha na mão e um sorriso de triunfo no rosto que eles nunca tinham visto em seu rosto – mesmo se julgando como alguém que conhecia perfeitamente ela – estava parada na porta.
- Você! - Sirius gritou.
Aquela não era uma mulher qualquer, nem ao menos chegava a ser mulher, ainda era uma garotinha, mas não tão mocinha assim, já que aparentava ter, e de fato tinha, dezessete anos. Não era uma garota desconhecida, e sim uma que, como já fora anteriormente mencionado, conheciam muito bem.
Os olhinhos azuis profundos de Ammy brilhavam. Ela alargou o sorriso em sua boca fina, que outra hora abrigada uma risada angelical, mas agora transformou-se em um sorriso cínico digno de uma estrela de cinema que fazia o papel de vilã. Se bem que na situação ela realmente parecia a atriz famosa atuando como a vilã: como toda celebridade era linda e loira, bem vestida com roupas escuras e o sorriso falso na cara falsa.
- Eu não acredito! – exclamou Sirius. Aquela revelação não tinha sido agradável a ele.
Era fato sabido de todos que Sirius sempre teve uma certa paixão por Ammy Whitley, e também sabia que ela sabia disto. E fato mais sabido ainda que este era que apesar de paquerar boa parte das garotas da escola, ele nunca tinha se quer chegado perto dela com a intenção de convidá-la para sair. Isto fazia parecer muitas vezes que era apensa um boato qualquer, mas sempre que ele estava perto da loira ficava embaraçado, se superiorizava para a impressionar e a elogiava sem parar – nestas horas se parecia muito com o que o melhor amigo fazia quando estava perto de Lílian. O estranho era que ele diferenciava do amigo sempre no perguntar se gostaria de dar um volta pelo castelo. Sirius nunca tinha se quer insinuado alguma coisa como “te amo” na sua frente. Dizia que tinha algo que o impedia a fazer isto.
Tiago, se achando um especialista no assunto, dizia que quando ele chegava muito perto de Ammy acontecia a mesma coisa que sempre ocorria quando ele chegava perto de Lílian: o cérebro já não funcionava corretamente. Em vez de ser o Sirius de sempre, que nunca teria medo de pedir uma garota par sair mesmo que ela diga “não”, ele acabava virando um serzinho que tinha medo de ouvir um não, e por isto não iria arriscar nada.
Agora sabia que não era bem isto. No seu íntimo talvez já soubesse que a anjinha não prestava.
- Sim, eu! Esperava a visita de outra pessoa? Esperavam que eu fosse outra pessoa?
O mundo de Sirius caiu. Seu íntimo ainda tinha um esperança dela ter aparecido por que soube de algum motivo que a inocentasse, a voz fria a desmanchava, deixando lugar somente para a resposta mais obvia, a correta: a bonitinha que você adora e está a sua frente realmente te odeia e quer te matar junto com seus amigos.
- Você me enganou, me usou! – falou ele baixo, mas perfeitamente audível.
- Eu sei – e sorriu – não precisa ficar me lembrando. Só posso dizer que foi muito divertido.
- Me desculpem – intrometeu-se Lílian, que até no memento, como os outros, estava observando a briga de casal sem entender nada. Além do mais, descobrira a pouco tempo que enrolar uma pessoa que deseja te matar é uma boas estratégia. – Mas não estou entendendo nada.
Sirius voltou-se para a amiga, ainda no rosto uma expressão de angustia. Por outro lado, a expressão de Ammy era a mais surpreendente. Pela primeira vez na vida era visível ódio nos olhos dela pelo fato de olhar para Lílian. Parecia ainda que desejava a olhar daquela maneira a muito tempo.
- O que está acontecendo é que a pessoa que estávamos procurando o tempo todo era essa mulher. – respondeu o garoto, manifestando o ódio e a mágoa até na voz – Ela nos fez de idiotas o tempo inteiro.
- Não posso negar que foi bastante divertido enganar vocês – Ammy brevemente riu. – Mas sou obrigada a admitir que foi muito mais divertido enganar você, Sirius. Você provou que é um perfeito bobo. Caiu como um patinho nas minhas mãos.
- Eu não sou bobo! – Sirius parecia querer conversar a si mesmo que não era aquilo, e não os outros.
Ele ofegava, estava parecendo que fora derrotado. De certa forma fora derrotado. Parecia ter levado um bofetada na cara, perdido tudo que tinha.
- Sirius, o que você fez?
Todos olharam para Remo, que estava muito calado desde o princípio. Finalmente mostrou o que sabia fazer muito bem, porém o dom que possuía era poucas vezes usado: o grande poder de controlar os amigos. Talvez sempre faça isto – deixar eles fazerem o que eles bem quisessem fazer - porque era mais fácil e menos cansativo, e ainda o próprio não gostava de repreender ninguém.
Entretanto, quando era o momento de realmente censurar, censurava. Censurava olhando feio, com desgosto na voz e mostrando o quão decepcionado estava, como fazia no memento.
- Eu me correspondia com essa mulher - falou Sirius baixo.
- O que? – perguntou Remo, já não tão compreensivo.
- Eu me correspondia com essa mulher - Falou Sirius mais nitidamente.
Ammy riu.
- Sirius não só correspondia comigo, mas ainda fazia isto escondido de todos e me falava cada coisa! – ela suspirou para provocar a ira dele. – Era um perfeito idiota. Basta de uma hora para outro enviar uma carta falando que estou completamente apaixonada por ele, e perguntando algumas informações que ele simplesmente escreve tudo que quero saber.
- De que tipo de informações que estamos falando?
- Todas aquelas que ele não deveria ao menos ter sonhado em contar para alguém, Lupin – respondeu Ammy, ainda rindo. – Ele me dizia cada passo que davam, tudo que Dumbledore dizia, o que estavam fazendo, de quem estavam suspeitando ser eu e o mais importante, onde é que estavam. Sem contar com alguns eu te amo idiotas que ele escrevia nas cartas. Ele usava a coruja do James e da Lílian para isto. Acho que escondido. Nunca repararam que ás vezes elas sumiam, não?
- Sirius Black, você estava usando a minha Allegrinha para mandar informações para esta... para ela?
- E o meu Bonnie também? Foi por isto que os dois chegaram em Honolulu juntos quando estávamos lá? – perguntou Tiago, olhando tão feio quanto Remo para o amigo.
Sirius pareceu se encolher, de tanta vergonha e raiva de si mesmo. Ammy permaneceu rindo, com aquela risada maquiavélica que não é típica dela.
- Como aquela cena foi engraçada – riu novamente. – Duas corujas cegando na minha casa. Uma branquinha com um envelope fugindo de uma marrom. Eu mal tinha pego a carta e a coruja do Tiago saltou em cima da coruja da Lílian! A coitadinha mal teve tempo de descansar, e já teve que partir, com a outra na cola.
- Não foi nada engraçado – disseram Tiago e Lílian ao mesmo tempo, na vã tentativa de proteger seus bichos de estimação.
- Não, não, não! – disse Ammy – Vocês não estavam lá para ver como a paquerinha fora engraçada. E como poderia estar? Estavam ocupados demais escapando da malvada loira má.
Eles ficaram em silêncio, com exceção de Ammy, que parecia querer dar todas as risadas maquiavélicas que poderia ter rido em toda a sua vida. Podia até fazer alguns minutos que sabiam que a loira nada inteligente que costumava andar com Lílian Evans e Mandy Langlie era na verdade uma comensal da morte loira, mas ainda era um pouco difícil digerir a informação. Fora difícil principalmente para Sirius.
- Por que, Ammy? Por que você fez isto? Pensava que éramos amigas!
A vilã parou de gargalhar e olhou diretamente nos olhos de Lílian. Olhou tão fundo que até apertou os seus olhinhos azuis, como se analisasse cada tom verde. Por fim pareceu constrangida, derrotada, como se não tivesse conseguido encontrar o que queria.
- E você ainda me pergunta por quê... – disse ela bem baixinho.
- Eu também gostaria de saber que coisa de deu na cabeça para fazer uma coisa tão idiota. Eu deixava você usar minhas saias e arrumava o seu cabelo. Tenho o direito de saber também.
Se em algum momento da vida de Mandy ela provou ser corajosa, o memento era este. Durante toda a sua vida, ela foi um tanto quanto calma, inativa e nunca tinha se demostrado rebelde ou teve alguma opinião contrária em um assunto sério. Foi um grande avanço ela se aproximar de Ammy – algo que os amigos estavam tentando não fazer – e apontar o dedo para ela.
Por outro lado, a loira não parecia ter gostado do que Mandy fez. Fuzilou-a com os olhos, amarrou a cara e falou com raiva.
- Idiota? O que eu fiz não é nada idiota. Como assim idiota? Idiotices são as coisas que vocês fazem, pensam. Sempre pensaram que eu fosse uma coitadinha, que a Pobre Ammyzinha fosse apenas um loira que não pensa...
- Agora eu sei que você é uma loira que não tem nada que presta na cabeça... – disse Sirius com raiva.
Ammy o olhou com raiva, muita raiva, diga-se de passagem. Não tardou a gritar e interromper o que ele dizia.
- Se cala!
O rapaz calou-se por um momento. Analisou rapidamente o que iria falar, e decidiu que não era ofensivo o suficiente para ela. Estava com muita vontade de a ofender, falar algo que ela se sentisse mal.
- Não tem nada que presta na sua cabeça – ele continuou, tentando soar calmo, sendo assim tentar parecer provocante – nem a tinta loira. Ou água oxigenada. Ou o que seja não presta.
- Cala a boca! – Ammy gritou com raiva. Por toda a sua experiência de vida com relação à garotas, Sirius sabia muito bem que uma garota que tinha os cabelos pintados, gostava de viver a fantasia de que todos pensassem que era natural. Contrariar isto era uma grande ofensa. O moço sorriu.
- Mas por que você fez isto, Ammy? – perguntou Lílian, ignorando a briga – Eu realmente não sei o porque que você fez isto. Me diga, o que fizemos? Por que você fez isto?
A vilã olhou bem nos olhos verdes dela novamente. E disse com os olhinhos azuis fixos nos olhos esverdeados:
- Por que será que alguém quando finalmente abre os olhos fica longe de você? Por que alguém que finalmente enxerga é contra você? Por que será? – a garota fez uma cômica cara de interrogação e riu antes de prosseguir – Porque quem enxerga quem você é vê quem realmente você é, queridinha. Você sonha em ser... você fala sonha que todos sejam melhores, você se padroniza, você se acha o máximo. Você se convenceu que é o máximo! Lílian Evans é o máximo e quem discorda é um fracassado! - e riu – Todo mundo te acha a maioral, a tal. E a Mandy? – olhou para a garota a qual se referia brevemente, antes de se voltar para Lílian – Mandy Langlie é uma fracassada mor, que faz toda questão do mundo de tentar não ser uma fracassada. Todo mundo cego acha que não é uma fracassada. Ninguém consegue mais neste mundo consegue enxergar mais nada! Mas deixe-me dizer o que você é, querida. – voltou a olhar para a morena. – Você é uma garota feia, sem graça, que finge ser bonita, que tenta ser bonita, que usa saias ridículas, que parece ridícula, que ninguém além de mim percebe que não passa de uma criança feia com as roupas feias da mãe. E não preciso das suas saias. São incrivelmente ridículas.
Ammy riu enquanto percebia que Mandy ficava vermelha, os olhos brilhavam e a cara dera de alguém angustiado. Ela não dava dois minutos para que começasse a chorar.
- Cala a boca! – disse Sirius com raiva.
Lílian também parecia chocada. Tiago percebendo isto, se aproximou dela, meio que a abraçou e disse um baixo “não é verdade”.
- Não me calo! – continuou a loira – E é verdade sim. O problema é que todo mundo é cego, e fazem com que você continue com esta fantasia de ser a garota que é o máximo. E eu, Ammy Whitley, uma garota que é realmente bonita, que é realmente interessante, que realmente é a garota que é o máximo, o que sobra? Ser considerada a burrinha da turma, a escoria, a menina que vive nas sombras das queridas amigas. Você fizeram sim com que eu fosse uma ralé! Fizeram com que seus mundinhos fossem perfeito e fizeram de tudo para arruinar o meu. Por quê? Se eu sou a mais bonita, se seu sou muito melhor que vocês? Eu consegui enganar vocês todos? Eu consegui derrotar vocês sozinha. Consegui recrutar um bando de idiotas da escola que também conseguem enxergar para acabar com vocês sozinha! Eu consegui descobrir onde vocês estavam sozinha. Eu consegui assustar vocês sozinha. Eu consegui fazer tudo sozinha, sem consultar ninguém, sem falar nada para ninguém, só eu e o meu nariz. Eu consegui mostrar para vocês o quanto fracos são, o quanto são inferiores comparando comigo sozinha. Eu...
Mas ela nunca conseguiu terminar. Sirius, no auge da raiva e frustração, a enfeitiçou, jogando-a longe. Ou ao menos deveria jogar, já que havia uma parede no meio do caminho. Ammy bateu assim a cabeça e ficou desacordada.
- Você conseguiu acabar consigo mesma sozinha - disse ele.
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