Segredo
Capítulo 1 – Segredo
É claro que eu tenho segredos.
Todo mundo tem. É totalmente normal.
Não estou falando de segredos enormes, de abalar o mundo bruxo, do tipo “Aquele-que-não-deve-ser-nomeado retornará no corpo de uma cantora pop famosa, vai conseguir novamente mais seguidores, e só a destruição de todas as tinturas com água oxigenada poderá salvar o mundo” ou “Os Comensais da Morte são na verdade um Harém de Gays, dispostos a servir como excelentes amantes a Você-Sabe-Quem”.
Só segredinhos normais, segredinhos do dia-a-dia.
Por exemplo, aqui estão alguns ao acaso, que me vieram à cabeça:
1. Peso 61 quilos. Não 56 como meu namorado Harry acha. Se bem que eu estava planejando fazer dieta quando falei isso. E, para ser justa, são só cinco quilinhos a mais.
2.O terninho que uso para reuniões importantes do trabalho com a etiqueta da Chéri D’Or, a melhor boutique bruxa, é na verdade comprado de um brechó.
3. Apelidei meu chefe Arnold de mini-pufe (claro, ele nem sonha com isso). Não só porque já tive um chamado Arnold, mas ele é idêntico a um mini-pufe. Ás vezes tenho que me cuidar para não rir na cara dele.
4. O meu primeiro beijo foi com um primo distante (que não vejo a séculos) durante o Natal quando tinha nove anos. E não com meu primeiro namorado de Hogwarts, como todo mundo pensa.
5. Já bebi o vinho que papai mandou guardar durante vinte anos. Como sempre, ele pensou que tinha sido Fred, Jorge ou Rony... heheheh
6. Errol, a coruja da família, não é bem a mesma coruja. Um dia ela inventou de voar bem na minha frente quando eu estava soltando um feitiço, então não foi bem minha culpa que ela tenha ficado depenada.
7. Quando minha colega de trabalho, Amelia realmente me chateia, molho a planta dela com suco de abóbora (ou com Uísque de Fogo).
8. Fui eu que uma vez sujei A Toca com bombas de bosta. E quem levou a culpa, novamente, foram meus irmãos, Fred e Jorge. Eu só fiquei olhando Mamãe e Papai dando um belo castigo a eles, com um sorrisinho inocente no rosto. Eles mereciam, tinham aprontado comigo também, com aquele mania de proteger a irmã mais nova.
Droga!
É um saco ser irmã mais nova!
9. Uma vez tive um estranho sonho lésbico com Hermione, minha colega de apartamento e melhor amiga.
10. Fui eu que manchei a maior parte das roupas de Charlotte, minha outra colega de quarto. E não seu irmão de dois anos, como ela imagina. Se bem que a Mione sabe que eu manchei. Ela só não sabe que foi de propósito, então continua sendo um segredo.
Quem mandou dar em cima do meu namorado? Não que eu seja alguém vingativo, mas não levo desaforo para casa. E mesmo que ela não saiba que tenha sido eu, de alguma maneira se intimidou e nunca mais ousou olhar para o Harry. De qualquer forma ela desconfia que eu já tenha algum dia pegado suas roupas.
11. Perdi minha virgindade com o filho de uma velha amiga da minha mãe (que eu nunca tinha visto na vida), chamado David Moore durante o Baile de Formatura de Hogwarts, enquanto minha família tirava zilhões de fotos.
Eu sei que é horrível fazer algo assim, uma garota que sempre se deu ao respeito como eu. Mas eu já tinha bebido um pouco a mais do que o normal, e, naquela época, Harry ainda não havia voltado de sua missão de vida: derrotar Você-Sabe-Quem (ainda não consigo falar o nome dele). Eu estava furiosa e muito magoada que, depois de três anos que ele havia desaparecido, não tinha recebido nenhuma carta, ou cartão, ou qualquer sinal de vida! Mas Rony e Mione, que o acompanharam (ele não me deixou ir com ele!) mandaram cartas para mim dizendo que voltariam e iriam ao baile da minha formatura. E ele muito menos tinha se preocupado em ir lá nem que fosse para dizer um simples “Parabéns”! Eu estava precisava daquilo...
E pensar que meus pais ainda acham que perdi a virgindade com Harry, durante uma viagem nossa do ano passado, comemorando três anos de namoro. Bem, foi a primeira vez com ele, dá no mesmo.
12. Quando tinha doze anos, gostava de ficar observando meus irmãos semi-nus (claro, escondida), só para saber como era. Você sabe, curiosidades de pré-adolescente.
13. Já peguei o atual namorado de Mione no flagra com outra. E o namorado dela é meu irmão.
O que eu podia fazer?
Contar tudo a ela, sabendo que ela ia ficar totalmente triste e raivosa, e ainda por cima ver meu irmão da mesma maneira (ele ama ela), me acusando de alguma coisa? Ou seja, eu seria vista como uma insensível, sem coração, maléfica, adoradora de Você-Sabe-Quem (de repente até de Hittler)!
De qualquer forma, Rony não sabe que eu vi ele traindo sua namorada e minha melhor amida. Então, é só fingir que não presenciei a cena. Até porque eu sei muito bem que eles são feitos um para o outro, e o Rony com certeza deveria estar bêbado, ou super triste por causa de uma briga com a Mione, ou a tal “outra” era alguém de uma organização de espiãs, uma daquelas mulheres super sexys que nenhum homem resiste (por mais fiel que seja) e o fez tomar uma poção, ou ficar sob um Imperius, o agarrou, e ele sem ter opção, não pode se defender. É isso. Não foi nada demais. Eles estão juntos agora, não estão? Eu não vou destruir a felicidade de ninguém.
14. Toda as vezes que convidei Harry para jantar lá em casa, sirvo comida trouxa pronta. E nunca cozinhei em minha vida (tá, alguma vez já), apesar de que ele ache que eu sou uma maravilha em assuntos domésticos.
Não que eu não seja, aprendi muito com minha mãe. E eu realmente cozinho muito bem. Mas não tenho a mínima paciência. Era que nem em Hogwarts: eu sabia fazer as poções e poderia ter todo o sucesso na matéria, mas não tinha paciência. Então, raramente cozinho. Tipo, uma vez por ano. Sempre no Natal, quando vou para A Toca e minha mãe me obriga a ajuda-la.
Mas comida pronta (Mione fez o favor de me apresentar esses artefatos trouxas, para minha felicidade) é algo bom, já que é fácil de fazer e muitas vezes é gostosa. E mesmo Harry tendo convivido bastante com trouxas, nunca percebeu. Na verdade, ele adora minhas mãos... (não me pergunte o sentido que ele falou isso).
15. Eu adoro usar as roupas do meu namorado!
O que não é bem um segredo, já que ele me vê andando por sua casa com sua camiseta (para mim é quase uma camisola). Ele diz que adora me ver assim. Mas é só ele que sabe...
Ah! Ele não sabe que também adoro usar suas cuecas. Não é uma tara nem nada disso. Mas elas ficam tão folgadas em mim... Tão confortável, ao contrário da minha calcinha fio-dental. E o melhor em ver a cueca folgada e ver a etiqueta G é pensar... Meu namorado é gostoso! Ele tem costas largas, uma bunda linda, pernas grossas e...
Bem, o importante é que eu adoro e ele nem sabe disso. E sinceramente, nem quero que saiba que eu mexo em sua gaveta de cuecas.
16. Sou eu que sempre esqueço de apagar a lareira do escritório onde trabalho E por sinal, quem deixou que a lareira pegasse fogo e causasse um estrago no Ministério há alguns meses atrás fui eu.
17. Já menti muitos sobre minhas notas para conseguir o emprego.
Na verdade não foi grande coisa. Eu só mudei o “Excede Expectativas” em DCAT e Poções para um “Ótimo”. Bem, não é uma mudança tãooo trágica. Eu sou ótima em DCAT, ninguém pode negar.
18. Eu adoro a música “Like a Virgin” da cantora trouxa Madonna, e toda vez durante o banho a canto, com uma escova na mão fingindo de microfone (culpa da Mione, novamente. Quem mandou me apresentar o mundo trouxa?).
19. Eu choro quando vejo O Rei Leão... (é preciso dizer? Culpa da Mione!).
20. Apesar de trabalhar no Departamento de Aurores, não tenho a mínima idéia do que é a tal “Operação Secreta”, e eu sou a única que não sei isso.
O pior é que eu devia ao menos ter uma mínima noção do que é isso, já que esse bruxo mal encarado fala sobre isso.
E a propósito, sobre o que ele estava falando mesmo?!
- A Operação Secreta... – está dizendo o homem com sotaque francês a minha frente, com suas vestes negras bruxas.
E eu retorno ao assunto de hoje. A tal Operação Secreta.
Que Operação é essa, afinal?
Quero dizer, eles podiam ao menos ter sido criativos! Para quê colocar o nome de uma operação de Operação secreta?
É tão... Idiota!
É a mesma coisa que se Você-Sabe-Quem nomessa alguma operação de Operação Tortura!
E essa operação nem é tão secreta assim. Todo o mundo do Ministério da Magia Inglaterra sabe. E se esse cara francês também sabe, é porque não é tão secreta. E eu sinto que deveria saber o que é isso (eu sou a única no Ministério que não sei!), já que ele acabou de falar alguma coisa sobre a tal operação para mim.
- Seu ponto de vista é compreensivo! – exclamo, fingindo animação.
Com certeza eles não vão me perguntar, “o que é a Operação Secreta”?
Qualquer coisa é só responder: é uma operação, e é secreta. Ou seja, vocês não podem saber! Há-há! Idiotas!
Aí com certeza eu perco meu emprego.
Eu só tenho que parecer profissional e uma grande sabedora do assunto. Uma auror determinada. E que sabe o que é a Operação Secreta. E concordar com tudo que esse cara na minha frente fala.
Estou em uma sala de reuniões do Ministério da Magia da França, em Paris, representando o Departamento de Aurores do ministério da Inglaterra, onde trabalho. A reunião é sobre a tal da Operação Secreta (de novo essa operação, não!) e uma aliança entre o Departamento de Aurores do Ministério inglês com a Defense Corporation, uma empresa bruxa francesa que produz acessórios especiais para Defesa das Artes das Trevas, a qual eu nunca tinha ouvido falar.
Tudo bem, já tinha lido em algum lugar sobre a tal empresa. Mas isso não significa que vou ser super positiva quando meu chefe (o mini-pufe) chegar e falar: “Gina, quero você para finalizar o acordo entre a Defense Corporation e o Ministério da Magia inglês.
E sem querer deixo escapar: “O que é isso?!”
Ele me olha como se eu fosse uma lunática, uma espécie de trasgo de outro. Amélia solta uma exclamação de terror e vejo alguns olhares espantados grudados em mim. Solto uma risada e digo, tentando ser divertida: “Que piada, não? Caíram direitinho! Deviam ter visto a cara de vocês!”
Só sei que isso é importante. Meu chefe Arnold (o mini-pufe) já falou com o pessoal da Defense por carta, e eu só preciso mostrar o lado bom dessa aliança para a empresa. Cheguei aqui com o rosto sério, fingindo ser a melhor Auror do Ministério, a mais confiável, comandando de todas as operações secretas! Que sempre viaja a todos os lugares, por lareiras, aparatando ou por meios trouxas para selar acordos entre todos aurores. A chefa!
Grande mentira. Nem auror eu sou. Quer dizer, eu fiz o curso durante três anos, e me saí super bem, uma das melhores notas e todos os professores elogiaram. Mas quando procurei emprego no Ministério, o Departamento de Aurores estava por um período sem chances de novas contratações. E acabei por ficar com um cargo mais baixo do que eu queria: Assistente do Departamente dos Aurores.
Bem, eu pelo menos trabalho no Departamento dos Aurores, mesmo não sendo uma auror na prática. É tudo o que eu quero, poder ser na prática. Colocar todo meu talento (que eu sei que tenho! Pelo menos já tive) para fora e proteger a população bruxa com dignidade.
Mas por enquanto tenho que ser a merda da assistente mais baixa, só revisando os milhares de relatórios dos aurores, cheios de ação, escrevendo coisas em pergaminhos, comprando chá para todo mundo do escritório e sendo, literalmente, uma elfa do meu chefe. Amélia tenta me fazer de burro de carga também. Mas eu nunca deixo! Ela ás vezes se esquece como não é bom se meter com uma Weasley.
Dessa vez Arnold (o mini-pufe), deu essa tarefa monótona e chata para mim. De repente porque eu sou inútil no Ministério e os aurores estão muito ocupados com a tal Operação Secreta ou protegendo as famílias bruxas dos Comensais sobreviventes.
Mas como Merlin é justo comigo, abriram uma vaga para contrato de Aurores. É minha chance! Acho que se tudo der certo, talvez eu passe à parte aventureira dos aurores, e finalmente serei uma auror com orgulho! Eles já deviam há muito tempo terem me colocado em um andar superior! Puxa, eu sou esforçada, e é por isso que meu currículo é ótimo (com uma leve mentira em DCAT e Poções).
Arnold disse que eu só precisava afirmar com a cabeça, e voltar de lá com a união entre os Aurores com a Defense Corporation. Certo, eu não estou entendendo nada que eles estão dizendo... Mas imagino que ainda seja da tal operação. Por Merlin! Deviam existir calcinhas fio-dental confortáveis! Logo os bruxos, podendo usar magia para qualquer coisa, não conseguem algo tão simples?! Puxa, eu estou realmente desconfortável.
De repente porque é dois números menores do que deveria. Meu namorado com certeza não entende de mulheres. Harry me deu há uns seis meses atrás uma lingerie nova de presente, cara e linda, mas calculou o tamanho errado ao ter como referência que eu pesava 56 quilos.
Tudo bem que não era para ele pensar: “certo, ela disse que tem 56 quilos, então na verdade tem 61”. Mas poderia ter comprado um número maior pelo menos e pensar: “antes grande do que pequena”. Mas não. E com certeza a vendedora foi muito, muito má! Ela, como sendo uma mulher, devia saber que não é bem verdade eu pesar 56!
No dia que a ganhei, antes de uma viagem de verão para o litoral, trocamos os presentes e desembrulho a calcinha e o sutiã cor de vinho (adoro a cor). Logo vejo: dois números a menos que meu tamanho. E tenho duas opções:
a)Falar que menti e contar que na verdade uso dois números a mais e peso 61 quilos.
b) Me enfio nela de qualquer jeito. Ninguém vai reparar que estou com uma calcinha apertada!
E hoje foi um daqueles momentos antes de eu viajar, quando estou no quarto de Harry depois de termos dormido juntos e ele me encara, com aqueles olhos verde-vivos, como se pedisse desculpas por algo que não fez.
- Hum... Você não gosta do meu presente? Nunca mais te vi usando.
Ele tem razão. Eu só usei uma vez, para mostrar a ele que tinha gostado. Então eu sorrio.
- Deixa de ser bobo! Claro que adorei! – não posso dizer que peso 61 – E eu uso sim! É minha calcinha da sorte! – digo. Ele sorri, aliviado e amável.
Total mentira. Eu nem tenho calcinha da sorte. Quem tem essas coisas é a Charlotte. E nem é uma calcinha. É um conjunto de bolsa e sapatos da Chéri D’Or.
Então eu vou até o banheiro e a coloco, sem conseguir fugir. O sutiã não foi problema já que é ajustável, minha preocupação maior era com a calcinha. Quando eu vesti não foi tão ruim. Deu até para suportar. Mas depois de um tempo, começa realmente a cortar a pele.
- ...nossa empresa não conseguirá se manter sem o comércio... essa união tem que ser boa para os dois lados, para o Departamento de Aurores e para nossa empresa... a Defense tem como alvo principal os aurores, mas não podemos deixar de racionalizar que com essa união ela perderá toda a importância...
Algo me diz que eu deveria estar prestando atenção no que esse homem está falando.
Isso, de alguma forma, não está me cheirando nada bem...
O que ele estava dizendo mesmo?
- Nós, da Defense, apreciamos a parceria entre o Ministério e nossa empresa. O Ministério trabalha para a população e nós somos de uma empresa privada de acessórios. São dois lados diferentes, além de que, precisamos do capital.
Um alerta soa na minha consciência.
Lados diferentes? Como assim, lados diferentes?!
Pelo amor de Merlin!
A Defense Corporation trabalha com acessórios de defesa, e nós somos aurores que precisamos disso em nosso trabalho!
Como poderiam ser lados diferentes?!?!
- Com licença, senhor. – interrompo com uma postura profissional. – Eu entendi perfeitamente sua preocupação. – sorrio. – Mas você poderia esclarecer... hum... Onde o senhor quer chegar?
O bruxo me lança um olhar direto.
- Nós da Defense não estamos interessados em ficarmos às ordens do Ministério da Magia inglês. Somos, antes de tudo, uma empresa de vendas, com propagandas, promoções, e não queremos nos tornar um órgão público. Seria ótimo termos o Departamento de Aurores como parceiro, mas o Ministério quer nossa inteira participação e produção especialmente para a Operação Secreta. – Por Merlin, até esse cara sabe dessa merda de operação! – Se fizermos isso, mesmo a Operação Secreta sendo em defesa da população, só irá nos fazer vender os produtos para os aurores, sendo assim, perdemos o mercado.
Agora eu pergunto, por que raios o Ministério está se preocupando com uma empresa e com vendas de produtos?! Eu sou uma auror (pelo menos devia)! E não uma vendedora! Não devia estar aqui discutindo o “mercado”, e sim salvando a população! Isso só pode ser idéia do louco do meu chefe (o mini-pufe)...
- Mas a Defense Corporation trabalha na mesma área que os aurores! Usando os produtos da empresa na Operação Secreta, além de se tornar afiliada do Ministério, a população de todo o mundo, e de repente até outros órgãos que também trabalham com a Defesa na Arte das Trevas, irá se interessar e a Defense irá crescer e ampliar o mercado! – nem eu acredito no que eu falei. Dá até para acreditar que eu sei tudo sobre a Operação Secreta... Deve ser o desespero.
Se o Arnold ouvisse isso com certeza ficaria orgulhoso!
E eu tenho que fechar essa aliança!
Quer dizer, todos estão contando comigo! E decididamente, eu não sou inútil como todos pensam.
- Senhorita, a Operação Secreta, por ser secreta, não permite que a população saiba dos meios utilizados para coloca-la em prática, e assim só nos fará perder o mercado. – é o que eu sempre disse: deveriam chamar a droga da operação por outro nome, e não por secreta. Aí de repente esse cara não saberia que ela é secreta e eu não estaria suando frio agora. – Diga a senhorita, no que isso pode ser interessante para a gente?
Pensa na Hermione, pensa na Hermione. Ela sairia dessa com sucesso. Pensa nela...
Pensa na Amélia... Você tem que mostrar que é melhor que ela...
Pense na carreira maravilhosa de auror que você sempre quis ter. A vaga está cada vez mais perto de você.
Isso é somente um teste para ver se você é capaz!
Não é tão difícil.
Vamos lá, Gina, força!
- Ehh...
Saio apressadamente do Ministério francês, sentindo-me uma tola e muitíssimo envergonhada. No fim, eu acabei por me enrolar e sem querer falei mal do Ministério, do meu chefe e da Defense Corporation. Eu estava indo bem e do nada, puf! Caio no buraco negro novamente...
Perdi tudo. Minha carreira ainda não começada foi por água abaixo... Agora a minha chance de conseguir finalmente ser uma auror e lutar contra tudo o que eu sempre quis (Trevas) foi para o beleléu. Duvido que meu chefe me considere uma pessoa “útil” e me dê a única vaga que está aberta no Ministério depois de saber que eu quase destruí o começo da parceria. Já até estou vendo todo mundo no trabalho rindo da minha cara e dizendo que a culpada do estrago sou eu.
Eu ainda sinto que não estraguei tudo. O francês disse que a parceria interessava à empresa e que a reunião não havia sido perda de tempo, mas que irão precisar de um tempo para rever as propostas do ministério e mandarão o mais rápido possível a resposta ao meu chefe.
Chego na saída do Ministério e vou até o carro preto do ministério que me trouxe para cá.
- Boa tarde. – digo sem ânimo ao motorista bonitão e moreno.
Ele me manda um aceno de cabeça sem educação.
Infelizmente, antes de sair do ministério, tive que tirar minhas vestes trouxas e vestir uma roupa trouxa: um tailleur cinza e lindo, que uma vez comprei em uma loja durante um passeio por Londres com Hermione.
E sabe porque eu, uma bruxa, tenho que me vestir assim?
Meu querido chefinho, como se não fosse ruim me mandar para essa reunião, me vem com a história de que a viagem de ida e volta seria a moda trouxa, ou seja, de avião! Por Merlin, eu sou uma bruxa! E a resposta que ele me deu quando perguntei qual era o problema de aparatar, ir com chave de portal ou com o pó de flu não foi uma das mais simpáticas:
- Nem se você fosse Morgana você iria poder aparatar ou ir de pó de flu de um país para outro. É impossível atravessar as fronteiras assim. – Uma pergunta idiota minha. Eu sempre soube disso. – E a chave de portal nos trás muitos problemas políticos, além de que iríamos precisar de tempo para a construção de uma. Não queremos complicações! – Se meu chefe não fosse tão débil mental, conseguiria rapidamente uma chave de portal! – Não reclame e faça o que eu mando Gina! – Como não reclamar de uma pessoa sonsa que nem o Arnold?! – Você tem que dar bom exemplo.
Da próxima vez eu vou pendurar um cartaz à moda Luna (todo brilhoso, colorido, com estrelas cadentes e com rugidos do leão da Grifinória): eu sou uma BRUXA!
Mas tudo bem, eu engoli todo xingamento que seria capaz de despejar no Arnold (o mini-pufe) e abaixei as orelhas, pegando as passagens (pelo menos a viagem é de graça). Agora o motorista está me levando para o aeroporto de Paris, e eu começo a suar frio em ter que viajar de avião.
Não que eu tenha algo contra os trouxas. Eu, como uma Weasley, sou uma adoradora de trouxas. Mas eu simplesmente morro de medo de todo o tipo de meio de transporte trouxa! Quer dizer, não todo o tipo. Eu gosto de carros, claro, quando estão parados. Eu adorava ficar olhando o Ford Anglia que papai tinha...
Já avião é outra história. O problema não é a altura, ainda adoro jogar quadribol e na época que jogava no time da grifinória em Hogwarts, era acostumada a cair de mais de 5 metros no chão. Mas nesse caso eu voava em uma vassoura, e não em um treco enorme, barulhento e fechado que nem fica suspenso no ar por magia! Na verdade eu nem sei como um avião voa, eu só sei de uma coisa: para mim, não é nem um pouco confiável!
A vinda para cá (também de avião) não foi um problema. Diante do meu desespero, Hermione me levou para o aeroporto de Londres, resolveu todas as frescuras da passagem, me deixou dentro do avião, me acalmando dizendo o que eu devia e não devia fazer e me deu uma poção para dormir. Só lembro do avião decolando, depois, literalmente, eu apaguei na poltrona e só acordei quando uma daquelas mulheres bem vestidas e maquiladas (sabe, que trabalham no avião) veio dizer que já tínhamos chegado em Paris.
Mas agora eu estou sozinha e sem a poção da Mione! O que vai ser de mim?!?!
Tento não pensar nisso e olho para a janela do carro, observando os trouxas caminhando pelas ruas de Paris, os prédios parecendo tocar o céu, as construções antigas e modernas, a paisagem francesa. Quando contei a Mione que viria para a França, ela quase chorou por não poder vir também:
- É tudo tão lindo! Lembro das vezes que viajava para lá com meus pais! Era tão divertido! Conhecia toda a história antiga do país, os reis, as guerras, os impérios. Visitava museus famosos, lugares turísticos, parques... Você vai ver! Vai adorar! Pena que não ficará muito tempo... – Eu poderia até adorar se não tivesse indo a caminho do aeroporto.
E todo o desespero por causa da droga da viagem de avião volta... E se estourar? E se o avião cair no meio do Oceano? E se ele bater em algum lugar ou coisa assim? E se o piloto se perder? E se tudo o que controla o avião (que não é por mágica) parar de funcionar? E se o avião cair em uma ilha deserta, com florestas enormes, animais ferozes e canibais querendo me comer?! E se... Várias imagens terríveis passam pela minha mente, e eu começo a perder a respiração.
Pelo menos tenho varinha muito bem guardada no cós da minha saia. Caso o avião caia, uso magia para me salvar e também todos os outros passageiros...
Gina, acalme-se! Respira fundo, isso não vai acontecer! A Mione disse que era segura, não precisa ter medo...
- Chegamos, senhorita. – o moreno branquelo pela primeira vez abre a boca.
- Obrigada. – respondo com a voz falha.
Na minha frente está uma construção trouxa moderníssima. Com certeza meu pai enlouqueceria se visse. Na verdade ele enlouqueceu quando eu disse que viajaria de avião. Queria saber tudo: como os trouxas fazem para se manter no ar, para que serve cada maquininha, como funciona a direção do avião, e mais várias perguntas que eu nunca vou ter a curiosidade em saber a resposta. E em toda a animação do meu pai, em nenhum momento ele demonstrou preocupação com minha sobrevivência. Só minha mãe quase desmaiou quando eu falei que iria viajar de avião. E ela chorou tanto que eu quase tive certeza que ela já estava pensando em preparar meu caixão e meu enterro. O que é claro, me deixou com mais medo ainda.
Ainda me sinto nervosa, mas entro no aeroporto, tentando respirar pausadamente. “Estou aqui porque sou uma profissional”, penso comigo mesma. “Fui treinada para ser auror. Seja corajosa, enfrente isso de cara e sempre ande com postura”.
Quem eu estou querendo enganar?!?!?!
21. Eu morro de medo de avião e de qualquer outro tipo de transporte não-bruxo.
Vejo no relógio que cheguei uma hora antes do necessário. O coração está tão acelerado que parece sair pela garganta fora, e toda a cena da reunião volta na minha cabeça. Preciso me acalmar. Preciso beber algo. Qualquer coisa. Um uísque de fogo cai bem.
- O que deseja? – pergunta um barman com sotaque francês e jogando charme.
Olho em volta. Tinha me esquecido que não poderia beber nada bruxo.
- Hum... Uma vodca. – digo, me lembrando de um dia que saí com Mione para um bar trouxa e ela me apresentou a bebida.
Ele retorna em poucos minutos e coloca a vodca na minha frente. Tomo um gole. A bebida desce pela minha garganta, queimando por onde passa. Me sinto um pouco melhor.
Sem nem perceber acabo a vodca, e peço outra. Fico bem mais calma, mas não curada completamente. “Preciso conversar com alguém. Falar com alguém que me console”, penso. E então me lembro: Mione!
Eu devia parar de reclamar da vida e agradecer por ter a Mione como amiga. Ela estava tão preocupada comigo que me deu um cartão de telefone e me ensinou como ligar para ela. Perto do bar onde estou sentada vejo uma cabine telefônica.
Animada com a esperança de ter alguém que possa contar tudo, levanto do banco onde estou e me viro. Até dar um encontrão em algo, quer dizer, alguém. A garçonete que passava desequilibrou a bandeja com uma xícara. Sinto o chá molhando toda minha roupa.
- Ahh!!! Tá quente! Tá quente! Tá quente! – exclamo, soprando a camisa branca e dando pulinhos em um pé só. – AHHHHHHH!!!!!
Dessa vez eu grito, me sinto escorregar no chão molhado pelo chá e caio de bunda no chão, com a saia toda regaçada. Tenho plena consciência que todo mundo está podendo ver meu sutiã cor de vinho pela camisa molhada e, conseqüentemente, transparente, minhas pernas e minha calcinha pelo modo que cai.
Sinto meu rosto arde de vergonha. Sinto todos os olhares sobre mim, e ouço até alguns risos.
- Desculpe! – exclama a garçonete atônita tentando segurar o riso, me ajudando a levantar e pegando um pano para limpar o estrago. Pelo menos alguém é humano e me ajuda. Apesar de que eu acho que se a garçonete não fizesse ao menos isso perderia o emprego.
- Não tem problema. – rapidamente me recomponho e ajeito a roupa.
Mais adiante, do outro lado do bar, vejo uma mulher uniformizada com um coque prendendo o riso. Ótimo. Serei conhecida como a mulher da lingerie cor de vinho com a saia regaçada. Daria tudo para ser um avestruz. Sabe, poder esconder a cabeça no chão.
Respiro fundo, ignoro os muitos olhares divertidos em minha direção e, principalmente, em direção ao meu sutiã aparecendo pela camisa transparente e ando com dignidade até a cabine telefônica. Pego um pergaminho que Mione me deu. Ali está o número e como devo ligar. Aperto com cuidado e ouço a linha chamar.
- Alô? – ouço a voz de Mione.
- Oi. Sou eu, Gina.
- Tudo bem, Gina? Aconteceu alguma coisa? – acho que minha voz fraca revelou a ela o meu estado não tão bom assim. – Como foi na reunião?
- Foi boa. Até a parte que eu falei mal da Defense, do meu trabalho e do Ministério. – respondo, arrasada.
- Mas porque você fez isso?!
- Ai, Mione! A reunião estava indo bem, mas aí a Defense queria desistir da parceria e eu comecei a falar um bando de coisas, tentando faze-los mudar de idéia. Mas estava tão nervosa que acabei me confundindo e fiz besteira! – ouço um silêncio na linha, e desabo. – Eu sou uma inútil! Nem conseguir um contrato eu consigo sem xingar meu chefe!
A moça no balcão ainda continua prendendo o riso, e eu tenho a mínima impressão que ela ouviu o que eu disse. Ótimo, agora o mundo inteiro vai rir de mim.
- Você não é inútil, Gina! – Mione me repreende, o que é algo comum. – E o que eles falaram? Não vão querer a parceria mesmo?
- Não sei. Eles disseram que se interessam muito, mas vão rever a proposta do Ministério e mandam uma carta o mais rápido possível.
- Então, não fique assim. – percebo Mione pensando em algo positivo para dizer. – Eu sei que você deve ter se esforçado para tentar mudar a cabeça deles, e deve ter falado muita coisa interessante sobre a parceria. – É. Tiveram partes que eu surpreendi, até a mim mesma. – Tudo bem que você fez essa besteira, mas tenho certeza que eles não vão te julgar pelo o que você falou quando estava nervosa. – Não tenho tanta certeza disso...
- Eu só tinha esperanças que a vaga de auror fosse minha. Era minha única chance. – digo, desolada.
- Isso é porque seu chefe é um imbecil! – valeu ligar para a Mione só por isso. – Você devia estar trabalhando como auror há muito tempo, e você sabe disso, Gina! E não vai ser um acordo idiota – eu amo a Mione – que vai fazer você não ter o potencial para a carreira de auror. Você sempre foi ótima em tudo que um auror precisa ser. Até o Harry vive te elogiando. Em falar nele, ele mandou dizer que está morrendo de saudades.
Pela primeira vez no dia sinto uma razão para ficar feliz. Harry, meu namorado. Meu namorado perfeito, lindo, amoroso e dedicado.
- Diga a ele o mesmo. Obrigada, Mione
- Não fique em pânico no avião, Gina! Não se preocupe, nada irá acontecer! – até por telefone a Mione lê meus pensamentos. – Até mais tarde.
Ponho o telefone no gancho. Minha camisa ainda está molhada do chá. Olho para os lados, ninguém está prestando atenção. Rapidamente pego a varinha do cós da saia e dou um toque na camisa. Sequinha novamente.
Saio da cabine, respirando fundo. É como a Tonks diz: “Quando o hipogrifo der um coice, o unicórnio uma chifrada, uma coruja uma bicada... Simplesmente lembre que tem um namorado. E de repente as coisas não parecem mais uma merda completa”. Ou algo assim.
Volto ao balcão e decido tomar mais uma vodca, pensando no meu namorado. E Harry não é um namorado qualquer. É Harry Potter!!
Eu adoro falar isso quando me perguntam “quem é seu namorado?”, e eu digo naturalmente “Harry, Harry Potter” e todos exclamam “oh!” “Ah!” “Queria tanto ser você!”
Ele simplesmente é maravilhoso. Desde os meus onze anos gosto dele e nós tivemos um pequeno namoro quando eu tinha 15. Mas depois ele teve que salvar o mundo e me deixou para trás, apesar dos meus incessantes pedidos para que ele me levasse junto. Mas nada adiantou... Ele e seu instinto protetor.
E como prometeu, Harry voltou no mesmo ano que me formei em Hogwarts. Mas naquela época eu ainda estava um pouco brava por ele não ter escrito cartas para mim, nada, nenhum sinal de vida. Então ele começou o treinamento também para auror e logo depois para Inominável. É, meu namorado é um Inominável! Não é ótimo?
Depois de quatro longos anos de treinamento, nós voltamos a namorar e Harry fez a maior declaração de amor que um dia eu recebi. Foi tão lindo! Agora estamos namorando há três anos, e o Harry não muda. Ainda é o menino que eu adoro. E até melhor! É um dos melhores Inomináveis. Na verdade, se ele quisesse, poderia ser Ministro da Magia, mas o Harry só se preocupa em lutar contra o que por tanto tempo arruinou sua vida. O melhor é que Arnold é fascinado no Harry, vive pedindo todo o tipo de opinião, e ele só não faz mais mal a mim por medo do que meu namorado possa fazer. O que é ótimo! Eu poderia até me aproveitar disso e me vingar do Arnold (o mini-pufe)!
Todo mundo no Ministério tem uma pontada de inveja por eu ter um namorado tão perfeito como ele. Pelo menos eu tenho uma razão para ser melhor que a Amélia. Ela vive se insinuando para o Harry, mas ele nunca deu bola. E eu adoro rir da cara dela quando o Harry dá aquele fora nela na frente de todo mundo!
Tomando minha vodca, fico me lembrando do meu namorado, as pernas grossas, os olhos verde-vivos, os cabelos espetados, o sorriso sincero e amoroso... E a mania de me proteger de tudo e de todos e me tratar do mesmo modo que meus irmãos me tratam: como se eu fosse uma princesinha de porcelana com a palavra “frágil” escrita na testa.
O que eu estou dizendo?! Tudo bem, o Harry tem os seus defeitos, todo mundo tem. Eu devia parar de reclamar do modo que ele me trata. Tenho muita sorte de tê-lo como namorado, tenho mesmo.
Ouço a chamada do vôo. O nervosismo volta, fazendo minhas mãos suarem por cima da pasta. Vou até o portão de embarque. Passo por aqueles treco compridos que apitam. Antigamente pensava que era alguma espécie de animal ou E.T. do mundo trouxa. Mas Mione me explicou que na verdade é uma máquina, depois de ter rido muito da minha imaginação. Puxa, tudo é possível!
Passei por eles e me dirigi à fila para embarcar. Ali, na porta do avião, pegando os cartões, está a mesma moça que vi no balcão, uniformizada e com um coque intacto.
- Boa tarde – cumprimento-a, ainda me sentindo envergonhada pela cena. Tomara que ela não se lembre.
- Olá. – responde ela com simpatia. Pelo menos não riu na minha cara. – Hoje não é seu dia, né? Desculpe, não pude deixar de ouvir e perceber o quanto estava nervosa. – Droga, ela lembra da minha linda queda!
- Tudo bem. – respondo, com um sorrisinho no canto dos lábios. – É, vamos dizer que as coisas não ocorreram como eu desejava.
- Posso fazer uma proposta? – ela abaixa a voz. – Você gostaria de ficar numa classe melhor?
- O quê? – pergunto sem entender. Eu nem sabia que aviões tinham classes...
- Você merece. Não se preocupe, têm muitos lugares vazios na primeira classe. – ela dá uma piscadela. – Isso é só entre a gente.
Eu dou um aceno com a cabeça, começando a entender. Ela me leva para a parte da frente do avião e aponta para uma poltrona grande, larga, confortável. Eu dou meu melhor sorriso a ela.
Vou até a poltrona refazendo minha pose de mulher profissional e me sento. Ao meu lado está um homem de terno e gravata preta, uma pasta de mesma cor sobre as pernas, com a cabeça enfiada em um livro que eu não consigo ler o nome.
Uau!! Estou na melhor parte do avião! Até começo a gostar dos transportes trouxas desse jeito! Não que eu seja alguém ambiciosa, mas isso é realmente o máximo! Sinto um clima luxuoso, poltronas largas, descansos para os pés, vários botãozinhos por perto (só não aperto tudo porque já paguei muito mico hoje) e tudo o mais que se pode ter em uma primeira classe.
- Gostaria de um champanhe? – a mesma mulher uniformizada pergunta.
- Sim, obrigada!
- E o senhor?
O homem ao meu lado levanta a cabeça de seu livro lentamente, e eu vejo por alguns segundos seu rosto. Cabelos loiros quase brancos, olhos azuis, rosto fino e pontudo, um franzido vertical na testa.
- Um conhaque. Obrigado. – responde com seriedade e sua voz é seca com um sotaque inglês.
Vejo luzinhas se acenderem avisando para amarrarmos os cintos. Para mim cintos sempre seriam acessórios de roupas, usados para segurar as calças, se Mione não tivesse me explicado o que é, para o que serve, e como se coloca.
Em falar nisso, cadê meu cinto?!
Tateio pelos braços da poltrona, em busca do tecido preto. O loiro ao meu lado já prendeu seu cinto há muito tempo e voltou a leitura.
- Você está sentada em cima. – responde sem ao menos olhar em minha direção.
Eu sinto meu rosto esquentar quando percebo que realmente eu estava sentada em cima do cinto.
- Obrigada. – respondo com educação.
Puxo o cinto e o coloco em volta da minha cintura. Mas ele não cabe! Será que eu estou tão gorda assim?! Porque esse cinto está tão curto?!? Pelo amor de Merlin, nem uma criança cabe aqui!
Fico olhando o cinto na minha mão e começo a puxa-lo, tentando alonga-lo. Mas ele não continua a não fechar! Por que tudo dos trouxas tem que ser tão complicado?!
- Você tem que alongá-lo. Assim – o cara do meu lado tira a cabeça do livro e me olha. O loiro apóia seus braços no braço da minha poltrona e ajeita o cinto.
- Obrigada. Não sou acostumada a andar de avião. – digo sorrindo. Ele continua com o rosto sério e não dá mais nenhuma palavra, apenas volta a sua atenção para o livro.
Com certeza a simpatia não é o ponto forte desse cara.
Santa educação...
Começo a ouvir o barulho do motor e entro em pânico. Esse barulho me dá agonia! O avião começa a correr pela pista, sinto que o piloto vai bater em alguma coisa e vamos ser explodidos em pedacinhos. Cada movimento que o avião faz me faz tremer de medo.
Aparecem vários avisos, entre eles sobre o que fazer se o avião cair ou coisas do tipo. Eu presto total atenção, decorando tudo o que fazer ou não caso o avião caia no mar e quando vejo já acabei com minha taça de champanhe há muito tempo, tamanho o nervosismo.
Começamos a decolar. Fecho os olhos, me agarro na poltrona e começo a me imaginar voando em uma vassoura, pensando em todos os movimentos, tentando me acalmar e sentir as ótimas sensação de voar... Mas de algum modo isso não me acalma. A imagem do avião caindo, de me ver perdida no mar, do avião explodindo vem sempre na minha cabeça. Começo a falar baixinho as instruções de vôo, como um mantra: Saídas de emergência, duas portas traseiras, duas laterais e duas frontais; se necessário colete salva-vidas; máscara de ar caíra sobre minha cabeça, ajude crianças e idosos primeiro; caso caia no mar, assentos são flutuáveis...
Calma, Gina, mantenha a calma. Nada irá te acontecer. Não há porque entrar em pânico.
É só uma pequena viagem. Você não está apavorada...
Repita mais uma vez: você não está apavorada.
Certo, eu estou apavorada.
N/A:
Olá!
Eu sei que quem leu o livro “O Segredo de Emma Corrigan”, vai ver muitas coisas parecidas nesse capítulo. Mas preferi deixar esse primeiro capítulo (e talvez alguns próximos) mais parecidos com o livro, uma introdução para a fic, aí depois a história toma um rumo diferente.
E esclarecendo algumas coisas que me perguntaram: esse fic não é cópia da fic “Os Segredos de Virgínia Weasley”. As duas são baseadas no mesmo livro (e os nomes são bem parecidos), mas não serão iguais e eu com certeza não estou plagiando a outra escritora. Se vocês virem alguma coisa parecida nas duas fics, é porque a história original é assim, e não porque eu robei alguma idéia da outra fic (até porque, para não ter esse problema, eu nem a li).
Adorei todos os comentários! Muito obrigada a todos que leram o minúsculo trailer, comentaram e votaram! Espero que todos gostem desse primeiro capítulo! Não se esqueçam dos comentários e votos, ok?
Quanto mais comentários, mais rápido vem o próximo capítulo! (chantagem barata...) =PPPP
Beijos,
Babi B. Black
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