A Outra profecia



- Crucio! Crucio! Crucio! Aahhahahahahhahahah! – a risada ecoava e o desespero tomou conta de Rony, Hermione, Luna e Neville, que se encolhiam em um canto da sala observando a cena. Os amigos de Harry já haviam lutado ao lado dele, mas nunca estiveram cara-a-cara com Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Agora era diferente. Podiam sentir o clima de desespero no ar, a dor de Harry era como se fosse a deles próprios. Sabiam que, caso resolvessem interferir, Voldemort não relutaria em lançar-lhes a maldição da morte.

Draco se encolhia do lado oposto aos antigos membros da Armada, vigiado de perto por Snape, que tinha um olhar conciliador. Observava a cena com fervor, os cabelos oleosos ondeando quando girava a cabeça para olhar ora para Harry, ora para Voldemort. Este havia acabado de agarrar Gina pelo braço, enquanto mantinha a varinha firmemente apontada para Harry. Ele continuava sem poder se mexer, jogado no chão e torcido de forma estranha. Apesar de não sentir a dor da maldição, sentia a dor de ver Voldemort encostar em Gina daquela maneira. O bruxo das trevas virou as costas para Harry, mas manteve o feitiço mesmo sem o contato visual. Inclinou-se levemente e aproximou as mãos do rosto de Gina, mas Harry não conseguia ver o que ele estava fazendo. Quando soltou-a, ela escorregou apoiada na parede e voltou a fechar os olhos.

- NÃOOOOOOO!!!

Os gritos de Harry e Rony ecoaram simultaneamente. Harry continuava preso pelo estranho feitiço de Voldemort, mas Rony avançou, a coragem aquecida pelo ódio que borbulhava o sangue. Gina era sua irmã! Ele não poderia ficar parado observando a cena sem fazer nada. A varinha trepidava na mão trêmula de Rony, mas ele não deixava de apontá-la para um Voldemort perplexo. Num instante que pareceu durar uma eternidade, todos seguraram a respiração, esperando pelo pior. Mas um estrondo irrompeu pela porta e as atenções se voltaram para a entrada do estabelecimento. Um dos dragões pousara e estava fazendo um estrago considerável. Chamas voavam para todos os lados, e vários trouxas entraram na loja para tentar escapar. Ao se deparar com a cena, no entanto, ficaram abarrotados na porta, paralisados de medo com a visão das varinhas apontadas e o rosto ofídico do Lord das Trevas. Voldemort agarrou Gina pelo braço e ainda teve tempo de gritar, antes de aparatar:

- Venha me pegar, Potter!

E no segundo seguinte havia desaparecido em meio a confusão. No entanto, Harry parecia saber para onde ele havia desaparatado. Mas por quê levar Gina? Harry não conseguia entender o que ele pretendia fazer com a ruiva. A porta ainda estava abarrotada de trouxas quando Harry ouviu vozes conhecidas. Cho, Miguel e os Gêmeos Weasley tentavam passar pela multidão para entrar na loja. Os Gêmeos viram quando Voldemort aparatou com Gina, por serem mais altos. Pararam boquiabertos. Mas Harry não teria tempo para explicações. Abandonando os amigos na loja com Snape e Draco, com os quais Harry imaginou que eles fossem capazes de lutar, correu em direção a porta, empurrando um grande número de trouxas no trajeto. Eles protestavam, mas se afastavam ao ver a varinha empunhada na mão do bruxo. Era óbvio que os acontecimentos recentes não inspiravam confiança em ninguém, fosse trouxa ou bruxo. Harry pensou como o Ministério faria para apagar todas aquelas memórias, e ficou tentando imaginar o que o noticiário trouxa estaria divulgando. Por um breve momento voltou a pensar nos Dursley, mas logo esqueceu aqueles que o haviam criado com tanto desdém. Havia coisas muito mais urgentes para resolver.

- Vá, Harry! Vamos ficar e dar um jeito no Snape e no Draco cara-de-meleca. Salve a Gina por nós... – foi só o que Harry conseguiu ouvir de Fred, além de um “boa sorte” murmurado às pressas por Cho.

O retrato da rua não era nada agradável. Corpos caídos no chão. Sangue. Escombros de construções destruídas. Gritos. Harry olhou para o fim do quarteirão, onde vários carros de polícia trouxa estavam parados, impotentes, sem poder avançar sobre a linha mágica traçada por Quim e Moody. No entanto, eles conseguiam enxergar o desespero das pessoas que, do lado de dentro da linha, tentavam fugir sem entender porquê não conseguiam transpor aquele determinado espaço. Harry lembrou-se de seu desejo de ser auror e sentiu orgulho da atitude deles. Era óbvio que tentariam incluir o mínimo de trouxas possível na guerra, já que eles não teriam a menor chance contra as magias avançadas que estavam em jogo de ambos os lados.

O coração de Harry começou a ribombar quando viu uma cabeça ruiva correndo em sua direção. Não era possível! Será que Gina tinha conseguido escapar das garras do Lord das Trevas?

- Harry! Harry! Ah, meu amor! – ela enlaçou o garoto nos braços, beijando-lhe a testa suada onde a cicatriz reluzia em meio a arranhões menores.

- Gina... – ele se deixou envolver pelo abraço reconfortante, e a cena seria bizarra se observada por alguém de fora. Enquanto feitiços explodiam, dragões soltavam fogo, pessoas caíam, sangue se espalhava e escorria para o bueiro, dois adolescentes estavam enlaçados num abraço que parecia transcender os séculos.

- Harry, nós precisamos sair daqui. Eu sei onde ele está, posso levá-lo até lá e acabaremos com isso de uma vez por todas – Gina falava, a voz embargada e entrecortada por uma respiração ofegante. Seus cabelos estavam embaraçados e a capa negra manchada e suja. Mesmo assim seu rosto continuava belo aos olhos de Harry, seu cheiro continuava sendo de grama recém cortada, e ele sentia a profunda paixão pela ruiva ferver seu sangue e lhe emprestar toda a coragem necessária para enfrentar o que quer que fosse. Até mesmo seu pior inimigo.

Harry não esperava ser notado na rua iluminada apenas pela lua, por lampejos de feitiços e labaredas de dragões, mas mesmo assim colocou o capuz do moletom sob a cabeça. Gina imitou o gesto e também cobriu o rosto com a capa. Os dois caminhavam a passos rápidos, vez ou outra desviando de algum feitiço que ricocheteava. Apesar disso, parecia que as coisas estavam se acalmando. Talvez fosse uma trégua entre os combatentes para refrescar as estratégias. Harry sabia que essa guerra não acabaria com acordos de paz. Um lado pereceria e o outro venceria. Era assim com a sua profecia. Um não pode viver enquanto o outro sobreviver. Era assim com a batalha também.

Eles se esgueiraram pelo Caldeirão Furado e conseguiram ultrapassar a porta quando Harry baixou o capuz para os bruxos sentinelas, que olharam de maneira curiosa e assombrada para a cicatriz. Harry imaginou se ela estava diferente, mais intensa, ou se apenas chamava a atenção pela história que carregava. Gina ia logo a frente agora, para guiar o garoto. Segurava a mão de Harry apertado para que ele não pudesse escapar. Como se ele quisesse. Daria tudo para tentar protegê-la e mantê-la a salvo dos perigos, mas sabia que agora era necessário que ela o conduzisse. Queria fazer perguntas, saber onde ela estivera durante o tempo do seqüestro, saber se Voldemort a machucara ou causara alguma mágoa a ela. Harry seria capaz de matar e morrer por Gina. Mas não havia tempo. O tempo pedia que ele corresse. E ele prosseguia, ignorando os sinais de dores e reclamações que já denunciavam o cansaço.

Gina e Harry atravessaram a barreira agora inútil que separava o mundo trouxa do mundo bruxo. O Beco Diagonal estava vazio. Os poucos bruxos que moravam por lá e não estavam envolvidos com a guerra permaneciam escondidos. Os que estavam lutando tinham que se concentrar do outro lado, na Londres trouxa.

Harry percebeu que Gina seguia para a Travessa do Tranco. Ao parar no fim da escada que levava ao local, Harry entendeu porque havia menos combatentes no campo de batalha: um grande número de Comensais da Morte estava parado perto da Burgin e Burkes, e Voldemort estava no centro do círculo que seus seguidores formavam. Ao girar o corpo para olhar Harry, o rosto de Gina contorceu-se de modo doloroso e ela conseguiu gritar:

- FOGE, HARRY!!!

Mas era tarde demais. Gina caiu ao lado de Harry e ambos foram rodeados pelos Comensais. Voldemort sorria altivo. Desarmou Harry, a varinha voando para longe sem que o inimigo sequer pronunciasse o feitiço. Agora Harry estava impotente diante de vários bruxos especialistas em arte das trevas, e Gina desmaiada aos seus pés. Nem sabia se a menina ainda possuía sua varinha, e nem teria como abaixar-se para pegá-la sem provocar uma chuva de maldições em sua direção.

- Muito bem – começou Voldemort, as fendas dos olhos brilhando, as pupilas vermelhas como nunca. – A menina Weasley cumpriu bem a missão que destinei a ela. Precisei escolher alguém forte, alguém que suportasse bem a maldição que eu lançaria. Lembrei-me com facilidade da Weasley, afinal, já havia utilizado os serviços da pequena para abrir a Câmara Secreta. Conhecia seus segredos e medos confessados no diário. Mas também sabia de sua força, sua coragem, e sabia que ela poderia morrer por você, Potter! Amor... um sentimento capaz de transformar as pessoas em idiotas. Subjugados, capazes de qualquer coisa para que o amado não pereça. O resultado está aí, aos teus pés... Tolos! Uma história de amor deprimente, Potter, como foi toda a sua inútil vida.

Os olhos de Harry observavam atentos cada movimento ao seu redor. Voldemort parecia envolvido em sua própria narrativa, sem no entanto desviar os olhos do garoto. Os Comensais deixavam escapar risinhos pelos vãos das máscaras.

- Mas a ruivinha foi mais difícil do que eu imaginava, e isso me deu ainda mais prazer! Ela alternava momentos de completa entrega com momentos em que lutava para se livrar do meu domínio. Era engraçado vê-la desperdiçar tanta energia. Depois, passava dias adormecida, como se estivesse prestes a morrer. Meus fiéis Comensais achavam que ela fosse sucumbir, mas eu sabia que não. Conheço a alma de Ginevra Weasley melhor que todos. Melhor que você, Potter. Mas eu não contava com um traidor. O responsável por vigiá-la foi também aquele que se rendeu aos encantos da menina e tentou ajudá-la a escapar. Escapar de mim, vejam só!

Agora os Comensais riam alto com o comentário. Harry respirava ofegante. Então era verdade! Malfoy traíra o Lord das Trevas para salvar Gina.

- Ainda tem mais! Eu não podia deixá-la escapar sem cumprir sua tão nobre missão. Não... capturei-a novamente para que ela pudesse completar o meu plano. Ou você acha que não sei que você andou pesquisando a minha vida? Você e aquele velho gagá do Dumbledore, que agora está morto pelas mãos do meu mais fiel Comensal. Aquele que, mesmo estando longe, serviu-me de espião o tempo inteiro para que eu pudesse descobrir tudo sobre você. Para que nós dois pudéssemos chegar a esse momento glorioso, Potter! O momento em que exterminarei de uma vez por todas da existência bruxa o último e nojento membro da família Potter. Uma das mais antigas linhagens descendentes de Godric Griffyndor, quase tão antiga quanto os Weasley.

Desta vez Harry não conseguiu conter a surpresa. Levou a mão a boca para sufocar um grito. Ele era descendente de Griffyndor! Mas o Chápeu Seletor tentara colocá-lo na Sonserina! Não era possível. Mas de que outro jeito a espada de Godric Griffyndor teria vindo parar em suas mãos quando lutou contra Tom Riddle na Câmara Secreta? Mas por que Dumbledore nunca falou nada? Será que ele sabia?

- Surpreso, Potter? É, eu também fiquei quando soube. Parece que a amizade de Griffyndor e Slytherin foi transformada em ódio quando passou de geração para geração, não é mesmo? – o sorriso afetado de Voldemort não combinava com a sanguinolência nos olhos. – Você tentou acabar com a minha imortalidade. Foi atrás dos meus bens mais preciosos, guardados e protegidos a sete chaves por feitiços muito poderosos! Regulo Arcturius Black foi um tolo ao tentar roubar a horcrux de mim para destruí-la. Não pensou que era inexperiente demais para ludibriar o seu mestre. Todos pensavam que ele estava morto mesmo, então terminei o serviço e mantive a horcrux protegida por encantamentos poderosos na casa da própria família Black! Não fui até a caverna onde ela costumava ficar escondida porque sabia que Dumbledore planejava ir para lá, como meu precioso agente infiltrado me informara. Dumbledore confiava tanto em Snape que não hesitava em passar informações secretas para ele. Tudo porque o idiota fingira uma paixão por sua mãe de sangue ruim, Potter, e estava profundamente arrependido de ter se tornado meu seguidor.

Nesse ponto, Voldemort precisou parar para conter uma gargalhada. Harry não saberia dizer quanto tempo mais suportaria se conter para não voar em cima de Voldemort sem varinha mesmo, apenas para matá-lo com suas próprias mãos. Descobrira quem era R.A.B., mas o esforço do bruxo morto não valera de nada.

- No entanto, aquele bruxo idiota da Ordem dificultou um pouco os meus planos quando fez o favor de roubar a horcrux da casa dos Black...

- E foi neste ponto que as coisas passaram a não ficar tão boas para você, não é mesmo? – Harry resolvera que iria incentivar a conversa até que pudesse pensar em algum meio de escapar. Não era possível que, depois de tanto lutar, sucumbiria nas mãos de Voldemort porque fora traído pela mulher que amava. Engoliu em seco ao pensar nisso, pois sabia que a culpa não era de Gina. – Afinal – Harry continuou – eu encontrei e destruí as outras horcruxes. Só restam o medalhão e você!

- Sim, garoto – e as fendas se encheram de fúria retesada. – Você estragou anos de magia poderosa e muito antiga. Mas não há problema. Eu posso recomeçar em grande estilo depois que matá-lo. Posso dividir novamente a minha alma em mais cinco pedaços, de forma que eu complete o número que tanto admiro. Sete. É um número mágico e poderoso. Um dos motivos pelos quais eu escolhi Gina para abrir a Câmara Secreta. A sétima filha de uma família de seis homens. A descendente de Godric Griffyndor. A que, no passado, seria oferecida aos deuses como sacerdotisa. E a que serviu tão bem aos meus propósitos quando se apaixonou por você!

O coração de Harry batia acelerado. O destino havia colocado Gina em seu caminho porque o poder que ela exercia sobre ele era milenar. A descendência de Griffyndor fizera com que eles se aproximassem e assim pretendia manter as famílias unidas. As palavras começaram a afluir à mente de Harry.

Sete vezes o Lord das Trevas irá tentar

Mas Voldemort mudara sua estratégia. No segundo que se seguiu, foi como se o mundo tivesse parado. Ele apontou a varinha para Harry, os olhos brilhando, os Comensais gargalhando, as cores ficando difusas e perdidas na escuridão. Harry sentiu um puxão na barra da jeans e olhou para baixo. Gina abrira os olhos. Voldemort gritava:

- Agora chega de conversa, Potter! Traído por aquela que ama, mostro a você que este sentimento ridículo não vale nada! NADA!!! Só o que vale é o poder! E ele é meu! Avada Kedavra!

Sete vezes ele terá a chance de matar

O jorro de luz voou veloz em direção ao peito de Harry. Lembranças de sua vida passavam velozes pela mente do garoto, como num filme em modo acelerado. A vida com os Dursley, a descoberta de que era bruxo, a chegada a Hogwarts, o primeiro embate com Quirrel, a Câmara Secreta, a Casa dos Gritos, Sirius e Lupin, o Torneio Tribruxo, a Ordem da Fênix e a Armada de Dumbledore, a profecia, o véu, o Príncipe Mestiço, a outra profecia, Dumbledore, a torre atingida pelo raio, as horcruxes. E a batalha final.

A última pode representar a morte daquele que o desafiar

O feitiço que lhe tiraria a vida se aproximava veloz enquanto todas as lembranças passeavam em sua cabeça e aqueciam seu coração. Apesar de tudo, sabia que sua vida fora bem melhor assim. Ser bruxo tinha sido um presente do destino que o fizera agradecer todos os dias de sua vida, mesmo com os problemas que isso trouxera. Harry carregava consigo um poder que o transformara. Aquecido por esse pensamento, sentiu Gina puxar mais uma vez a barra da jeans. Parecia que estava tentando se levantar.

Do sete ele veio, no rubro ele perecerá

O feitiço se aproximava. Ao menos ele poderia encontrar Sirius e Dumbledore novamente...

A mistura do alvo e do preto o vermelho resultará.

Então o verde foi substituído por uma massa vermelha que se movia, tomando o seu lugar. Uma mão muito branca e delicada segurava de maneira firme um enorme medalhão de ouro, talhado com o símbolo de uma serpente. O feitiço explodiu no medalhão e um grito ecoou pelo ar. Um grito de agonia, de alguém que está sentindo uma dor intensa e...e... mortal. O mesmo grito que Harry ouvira na casa dos Dursley, talvez no século passado tão distante ele sentia que aquele momento estava. A força do feitiço lançou para trás a massa de cabelos ruivos e o corpo inerte de Gina caiu sem fazer barulho. Desta vez os olhos castanhos jaziam fechados para sempre.

E assim a outra profecia terminará.

Harry demorou a entender o que havia acontecido. Os Comensais estavam paralisados pela atitude da menina, e Voldemort parecia se contorcer de dor. Perder um fragmento de alma poderia não significar muito, mas ele havia perdido seis. Uma partícula da alma retalhada ainda morava no corpo do Lord das Trevas, mas causava nele uma dor intensa que o fez ajoelhar-se diante dos Comensais perplexos e sem saber o que fazer.

Os olhos de Harry ainda fitavam o corpo de Gina caído no chão. A força do amor que sentia pela menina vazava pelos poros, a dor da perda cada vez mais forte. De repente, Harry pronunciava palavras desconhecidas como se elas estivessem gravadas em sua alma. Podia fisicamente sentir a força do amor fluindo de dentro dele. Uma bola de luz e calor envolveu Harry e Voldemort, e ambos flutuavam poucos centímetros acima dos Comensais. Era como no Priori Encantatem, mas Harry não tinha uma varinha nem estava vendo pessoas mortas. Era um encantamento muito mais poderoso, que fluía de dentro dele impulsionado pela força do amor. Sua mãe e Gina morreram por amor a ele. Ele tinha toda a cota de amor do mundo para derrotar o Lord das Trevas.

O amor machucava e deixava Voldemort mais fraco ainda. Era insuportável para ele conviver com um sentimento tão puro e inocente. A força do encantamento também minava os poderes de Harry, e este se deixou cair ao lado de Gina, não sem antes ouvir nitidamente a voz de Snape gritar a Maldição da Morte em meio aos Comensais. Ao cair, sabia que não veria a luz do dia novamente. Mas veria Gina.




Os olhos de Harry se abriram devagar. Estava deitado numa cama empoeirada, num aposento que reconheceu como um dos quartos do Caldeirão Furado. Hermione, Luna, Neville, Cho, Miguel Corner e Draco estavam próximos da porta. Num canto do quarto, onde havia outra cama, a família Weasley estava reunida. Rony abraçava a mãe, que chorava copiosamente. Harry piscou os olhos e Luna foi a primeira a notar que ele acordara.

- Ei, Harry. Acabou! Está tudo acabado agora! Os aurores estão buscando os últimos Comensais, mas eles já estão meio dispersos. Alguns não sabem o que aconteceu. Nós sabemos. Voldemort se foi para sempre.

Todos se voltaram para Harry, até mesmo os Weasley. Ele desejava que aquilo não fosse verdade, mas com o deslocamento pôde ver a massa de cabelos ruivos deitada na cama adiante. Morta. A mulher de sua vida morta. No entanto, cumprira a profecia. As duas profecias. E toda a dor e a luta serviram ao menos para salvar o mundo bruxo. Mas não para salvar a si mesmo e alguns dos quais ele mais amava.

- O amor, Harry – Snape entrou no quarto. – Foi o amor que fez com que você vencesse o Lord das Trevas.

Sem dar chance a um perplexo Harry, Hermione explicou:

- O professor Snape foi o responsável pelo feitiço fatal que liquidou a última parte da alma de Voldemort, aquela que ainda morava em seu corpo. Ele sempre esteve do nosso lado. Estava apenas cumprindo ordens do professor Dumbledore quando o matou. Ele conseguiu enganar V-Voldemort.

- A muito contragosto, a propósito – Snape continuou. – Dumbledore estava amaldiçoado pelo anel de Gaunt e iria morrer de qualquer forma. Ao ficar sabendo dos planos de Draco e do Voto Perpétuo que fui forçado a fazer com Narcisa, nós combinamos tudo. Foi difícil, mas aqui estamos afinal.

Harry não queria mais explicações. Estava cansado. A guerra continuava do lado de fora. Mas para Harry Potter, o menino-que-sobreviveu, o Eleito, a guerra chegara ao fim. E ele seria para sempre um homem amaldiçoado. Com o corpo e a alma marcados por uma eterna cicatriz.




N/A: Fazer essa fic foi um exercício maravilhoso para uma jornalista que pretende viver de livros. Um treino para alguém que ama escrever, ama a literatura, e ama Harry Potter mais do que tudo na vida!

Essa é a minha homenagem à brilhante Joane K. Rowling, uma mulher que conseguiu unir tantos fãs em torno de uma história onde a magia é a ordem, mas que há tantos aspectos do mundo real que é impossível não se apaixonar! Este é o meu final. Todos podem fazer os seus, mas o que interessa mesmo é o que vem por aí no sétimo e último livro!

Obrigada a todos que lerem e deixarem seus comentários, críticas e elogios são sempre bem vindos!

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