Uma Aventura na África
CAPÍTULO 9
UMA AVENTURA NA ÁFRICA
"Bandeira e Brasão de Angola"
Angola.
Situada na costa ocidental da África, a ex-colônia portuguesa obtivera sua independência em 1975, embora o conflito tivesse perdurado até 2000, com violentos combates entre o MPLA, de ideologia marxista e a UNITA, pró-direita e liderada por Jonas Savimbi, falecido em 2002. Com a vitória do MPLA nas eleições, a UNITA começou a desmantelar-se como unidade de guerrilha e tornou-se um partido político.
Até agora.
Há cerca de três ou quatro anos atrás, houvera um recrudescimento dos combates e a UNITA novamente tentava obter o poder pela força das armas. O resultado foi que a nação de Angola, que experimentara um período de paz, via-se novamente refém do terror da guerra civil.
O país possuía um subsolo riquíssimo, sendo produtor de ouro, ferro, diamantes, chumbo, sal mineral, platina, urânio, manganês, petróleo e outros materiais preciosos mas, paradoxalmente, acima do solo a miséria imperava, com péssimas condições de habitação, saúde e saneamento, acarretando ecto e endoparasitoses, além de que cerca de 30% da população adulta era HIV-positiva ou apresentava sintomas de outras doenças sexualmente transmissíveis. Como se isso não bastasse, ainda havia um grande contingente de amputados, alguns ainda remanescentes de captura pelas forças de ambos os lados, as quais praticavam nos prisioneiros capturados a desarticulação da perna na altura do quadril e do braço do mesmo lado na altura do ombro, a fim de evitar a possibilidade de colocação de próteses ou mesmo o uso de muletas. Se isso ainda não bastasse, ainda haviam os amputados por explosões de minas terrestres. Durante a primeira guerra civil de Angola, minas terrestres haviam sido espalhadas nas matas e sua localização jamais havia sido mapeada. O resultado era que as florestas estavam coalhadas de minas, quer fossem Claymores remanescentes da Guerra do Vietnam, minas enterradas tipo “Lata de Goiabada” ou mesmo as de fabricação caseira, estas muito mais perigosas devido à sua instabilidade. A própria Lady Diana, quando ainda era viva e casada com o Príncipe Charles da Inglaterra, fizera visitas a Angola e engajara-se no Movimento de Ajuda aos Atingidos por Minas e pelo Banimento de Minas Terrestres. Muitas delas já haviam sido desativadas em delicadas e tensas operações de desminagem, mas ainda restavam centenas de milhares, sim, centenas de milhares de minas ainda funcionais no interior das florestas, prontas para estraçalhar os incautos que as ativassem.
E, ainda por cima, haviam fortes suspeitas da existência do dedo do Círculo Sombrio nessa nova Guerra Civil Angolana. O atual Ministro da Magia de Angola, Ricardo de Moraes Lugoma, havia estudado em Hogwarts, tendo sido contemporâneo de Arthur Weasley, porém tendo sido selecionado para a Corvinal. Enfrentava uma grande infiltração de espiões do Círculo no Ministério, contando apenas com alguns elementos e com a Seção de Aurores como última reserva moral. Com essa situação de convulsão social no país, havia uma cobertura bastante convincente para que dois elementos do Ministério da Magia da Inglaterra, o Coordenador de Operações da Capital e Região Metropolitana e o Chefe da Divisão de Quadribol do Departamento de Esportes Mágicos comparecessem a Angola, como colaboradores solicitados pelo Ministro, motivo pelo qual Harry Potter e Rony Weasley encontravam-se no país, a convite do Ministério da Magia Angolano, localizado na sua capital, Luanda, com vista para o Atlântico. Sob outras circunstâncias, o clima no país não estava nada seguro para súditos da Coroa Britânica.
E era por essa razão que Neville Westenra Longbottom estava no país sob uma identidade falsa.
Sabendo que havia perigo no país africano, Neville viajava disfarçado como trouxa, sob a identidade de um botânico espanhol que procurava uma planta rara que somente crescia nas florestas angolanas, o que era verdade. Com o nome falso de Ramón Gutierrez e o uso de Feitiços de Idioma Vernaculum Hispanica e Vernaculum Lusitana, Neville buscava por uma planta chamada “Centelha Arco-Íris”, ingrediente importantíssimo em uma poção que ele estava desenvolvendo para curar pessoas do vício em drogas e tal planta só poderia ser encontrada em Angola.
Viajando como trouxa em uma área de conflito, Neville não podia despertar suspeitas e utilizava trajes e equipamentos tipicamente trouxas: calças Cargo de cor cáqui, com as pernas enfiadas nos canos de botas de combate de couro macio, camiseta camuflada e uma gandola (blusa militar de combate) em uma tonalidade um pouco mais escura do que a das calças. No pescoço, um lenço de seda verde-oliva absorvia a transpiração e sua cabeça era protegida por um chapéu Stetson de feltro marrom. Seria estranho se ele não estivesse carregando armas trouxas, então portava algumas supostamente para sua defesa, ainda que não gostasse de armas de fogo, embora soubesse manejá-las, pois aprendera com Derek Mason, nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas. Mas o conhecimento das armas adequadas para cada situação não viera do experiente Auror que havia ensinado o Ninjutsu aos Inseparáveis e sim de leituras trouxas. Neville havia travado conhecimento com uma coleção completa de obras de alguns autores de livros de aventura e ação bastante populares e apreciados na década de 80 e gostara bastante dos personagens e das histórias, que abriram seus olhos para o panorama geopolítico daquela época, nos anos finais da Guerra Fria, antes do fim do Comunismo na União Soviética e da queda do Muro de Berlim.
Don Pendleton, com “Mack Bolan”.
Gar Wilson, com a “Phoenix Force”.
Dick Stivers, com o “Able Team”.
Jack Hild, com os “SOBs”.
Jerry Ahern, com “Dan Track”.
Graças a isso, Neville sabia quais as armas trouxas que deveria portar, a fim de dar “cor local” ao seu personagem de botânico espanhol em território hostil, todas elas enfeitiçadas para dispararem munição sedativa mágica. Carregava na cintura uma Beretta Brigadier 9 mm em um coldre Cobra, do lado direito. Por dentro da gandola, outro coldre, um Alessi, acondicionava uma Trapper Scorpion em calibre .45, à altura dos rins. Uma faca Gerber Mk II ia em uma bainha no cinto, junto a um facão, que ele estava usando para abrir uma trilha na floresta, pela qual prosseguiam ele e seu guia, um rapaz trouxa alto e negro, de uns vinte e cinco anos e dentes brancos e perfeitos, chamado Fernando Silveira, também fortemente armado a fim de prevenir-se contra “encontros desagradáveis” com soldados de ambas as facções em conflito. Neville ainda levava, escondida em uma bainha especial junto ao seu corpo, uma Bali-Song, espécie de punhal filipino e nas costas uma robusta espingarda italiana Franchi-SPAS calibre 12 semi-automática, dependurada em uma bandoleira. Além disso, havia munição de reserva para todas as armas e mais as mochilas com redes de selva e suprimentos. A bagagem estava bem pesada.
Mas as principais e mais poderosas armas que Neville Longbottom levava não estavam visíveis.
Uma bainha mágica invisível no seu antebraço esquerdo acondicionava sua varinha. E a outra arma era ele próprio, Neville Longbottom, Mestre Ninja.
_Sr. Gutierrez, vamos tomar cuidado, pois é uma área bastante perigosa. Poderemos acabar topando com alguma patrulha, quer seja do Exército, quer sejam os guerrilheiros da UNITA. _ disse Fernando em Português, com o sotaque lusitano comum aos angolanos.
_Tem razão, Fernando. _ Neville concordou _ É melhor que não façamos ruídos desnecessários.
_Certo. Além disso, vamos prestar atenção no solo. Não é impossível que hajam minas terrestres por aqui.
_Era só o que faltava. _ disse Neville, com um sorriso irônico, compartilhado por Fernando _ Cobras, soldados e minas. Difícil escolher o pior prato desse cardápio.
Quase chegando ao local onde haviam sido localizados espécimes da “Centelha Arco-Íris” Fernando, que ia uns dez metros à frente, avisou:
_Cuidado, Sr. Gutierrez. Aqui há mi... _ e não terminou a frase. Uma explosão e Neville viu, horrorizado, o corpo do jovem guia angolano ser lançado ao ar e cair ao solo, totalmente destroçado por uma mina terrestre.
Neville ficou parado no mesmo lugar, resistindo à tentação de ir ver se ainda havia algo a ser feito por Fernando. Se ele desse um passo, poderia ter o mesmo destino do guia que tornara-se um bom amigo depois dos dias de convivência na floresta tropical. Em vez disso, sacou sua varinha e tratou de fazer algo para limpar o terreno e garantir sua segurança.
_ “Periculum Revelio”! “Minae Exumatio”! _ imediatamente as minas começaram a brilhar, expondo sua localização e a terra à volta dos locais onde haviam minas enterradas foi removida.
_ “Minae Wingardium Leviosa”! _ as minas levitaram suavemente e Neville lançou um outro feitiço, torcendo para que desse certo.
_ “Minae Inactivate”! _ com leves estalidos, todas as minas que flutuavam foram magicamente desativadas _ “Minae Piramide Formar”! “Piramide Minae Evanesco”!
As minas flutuantes pousaram no solo, agrupando-se em forma de pirâmide. Em seguida, desapareceram (“Algo me diz que não será a última vez em que terei de fazer isso”, foi o pensamento de Neville, enquanto avançava lentamente, orientando-se a intervalos com o Feitiço dos Quatro Pontos.
Depois de repetir a mesma operação de orientação e desminagem por mais umas três vezes, Neville ouviu algumas vozes, vindas de trás das árvores:
_Mas me diga, ó Joaquim, e quanto àquela explosão que ouvimos agora há pouco?
_Felipe, Felipe. Não te amofines, ó pá. Pois que deve ter sido um pobre macaco ou leopardo que pisou em uma mina e voou em pedaços. Nenhum gajo de fora das facções iria aventurar-se por esta floresta tão perigosa.
_Ora, pois. Se é assim, que o pobre animal descanse em paz, ó Joaquim.
Executando um Feitiço Silenciador para que seus passos não fossem ouvidos, Neville esgueirou-se por entre as árvores e moitas, até que viu uma cena que lhe revoltou o estômago.
Em uma clareira, localizava-se uma aldeia. Mas ela estava irreconhecível. Quase todos os seus habitantes haviam sido massacrados, as casas queimadas e os animais abatidos por um grupo fortemente armado, com as insígnias da UNITA. Eram liderados por um homem alto, também vestido com uma farda verde-oliva de combate, mas que mantinha seu rosto oculto por uma balaclava e calçava luvas (“Não deve ser angolano e nem mesmo negro. Do contrário não estaria ocultando sua aparência”, pensou Neville).
Mas a voz que ouviu, carregada de crueldade, não deixava dúvidas sobre quem era aquele sujeito, que sobraçava um livro com capa de couro marrom. Neville já a havia ouvido antes, em uma chantagem biológica contra a Bruxidade e sabia a quem ela pertencia.
Pertencia a “Escuridão”, co-líder do Círculo Sombrio.
Além disso, os olhos de Neville quase saltaram das órbitas ao ver os dois homens que estavam presos a dois postes, no centro da aldeia. Ambos apresentavam mostras de haverem sido torturados tanto fisicamente quanto com Maldição Cruciatus. E as algemas que os manietavam, certamente eram inibidoras de magia.
Harry Potter e Rony Weasley.
_Então vocês pensaram que poderiam pegar o volume do Necronomicon antes de nós, não é, seus enxeridos? Pois eu resolvi utilizar o método mais simples, deixar que vocês pensassem estar de posse dele para então simplesmente tomá-lo de suas mãos. _ disse o perverso “Escuridão” _ E vocês também acabaram descobrindo a nossa interferência na nova Guerra Civil Angolana. Mas não viverão para revelarem os fatos à Bruxidade, pois eu vou acabar com vocês dois.
_Maldito! _ disse Harry, depois de cuspir um pouco de sangue que ficara acumulado na sua boca _ O Círculo fomentou uma nova guerra, mais atrocidades em Angola e para quê? Ambição? Ganância?
_Ora, Harry Potter. Pense bem, meu jovem. Com a conquista do poder por parte da UNITA, quem você acha que irá deter os direitos de prospecção das riquezas do subsolo deste país? As empresas de fachada do Círculo Sombrio, é claro. Mediante uma porcentagem para o governo, tudo será feito por nós e para nós. Além disso, será uma nova escala nas nossas operações de tráfico. Uma “Conexão Africana”, mais um ponto para a distribuição de nossos produtos na Europa e na América.
_Monstro! _ disse Rony, pronunciando com dificuldade as palavras, devido aos lábios inchados _ Vidas por diamantes e pelo veneno em pó que vocês fabricam e vendem! Nem mesmo Voldemort fazia coisas assim.
_Reerguer a Ordem das Trevas tem seus custos, Rony Weasley. E se pudermos ter algum lucro, melhor ainda. _ disse o bruxo, fitando-os com olhos verdes cruéis e magnéticos _ Além disso, Voldemort está morto e a Ordem das Trevas precisa adaptar-se aos novos tempos.
Neville já havia visto o suficiente e resolveu que era hora de agir. Esboçou um rápido plano e tratou de colocá-lo em prática. Ia fazer com que pensassem estar sendo atacados por uma patrulha do Exército. Sacou a Beretta do coldre e fez pontaria na mão com que “Escuridão” empunhava a varinha, pronto para novamente torturar seus dois amigos pois, se acertasse em outra parte do corpo do bruxo, ele poderia disparar algum feitiço de maneira reflexa e involuntária, atingindo Harry, Rony ou ambos (“Pena não ser munição trouxa, para fazer um belo estrago na mão daquele bruxo mau”, pensou Neville). Mas, na hora em que Neville disparou uma veloz mensageira de 9 mm, “Escuridão”moveu sua mão e apenas a varinha foi atingida, estilhaçando-se.
Os soldados da patrulha puseram-se em alerta, enquanto “Escuridão” olhava para o toco de varinha que ficara em sua mão. Neville já havia desaparatado para outra posição e disparara novamente, atingindo um sargento e desaparatando para que não o localizassem. Com aquilo dava-se a impressão de que havia uma tropa a cercá-los e era tudo o que Neville queria.
O comandante da patrulha, um mercenário do Congo chamado Capitão Kwalumba, começou a ordenar aos seus homens que se abrigassem e abrissem fogo. Foi o próximo a ser atingido por outra “pílula” da Beretta de Neville e cair desacordado no chão. “Escuridão” também pensou que estivessem cercados pelo Exército e tratou de tomar suas providências.
_Tenente Nzinga, vamos embora daqui, rápido! _ e, para Harry e Rony, ainda presos aos postes, falou de modo raivoso _ Quanto a vocês, Harry Potter e Rony Weasley, minha vingança fica apenas adiada. Mas seu crânio ainda será minha taça, Harry Potter! Homens, vamos!
“Escuridão” desaparatou, assim como os membros bruxos da patrulha. Os trouxas os acompanharam, com Chaves de Portal.
Neville entrou na aldeia, guardando a Beretta no coldre e sacando sua varinha, diante dos olhares espantados de Harry, Rony e dos sobreviventes, admirados por verem aquela mescla de Indiana Jones e Jim das Selvas que aproximava-se deles, prendendo os guerrilheiros inconscientes com cordas mágicas, conjuradas com Feitiços Incarcerous. Em seguida, aproximou-se de Harry e Rony, que mal podiam crer no que viram, quando Neville tirou o chapéu.
_Neville! _ disse Harry.
_Calma, Harry. Não diga nada e me deixe dar um jeito nessas algemas de vocês dois. “Algemas Evanesco”! _ as algemas de Rony e Harry desapareceram e eles cambalearam para longe dos postes, sendo amparados por Neville e por dois dos nativos sobreviventes. Depois de executar os Feitiços de Primeiros Socorros e recuperar as varinhas dos amigos, que estavam caídas no chão, conjurou uma jarra de água e alguns copos, enchendo-os e servindo um a cada um deles, enquanto tratava dos ferimentos dos aldeões sobreviventes ao ataque de “Escuridão” e da UNITA, juntamente com o Xamã da aldeia, que também sobrevivera ao ataque _ E agora, Sr. Auror e Sr. Goleiro, me digam como foi que vocês dois acabaram sendo capturados por aquele monstro e pela patrulha da UNITA.
_Bem, o assunto é sigiloso. Mas você salvou as nossas vidas e também tornou-se alvo do Círculo. _ disse Harry _ Então eu acho que lhe devemos algum tipo de explicação. Você já ouviu falar do Necronomicon?
Depois de ouvir a explicação de Harry e Rony, que só não revelaram serem “Camaleões-Fantasmas”, Neville estava boquiaberto.
_Então vocês estão procurando por esses livros há cerca de três anos? E foi para localizá-los que “Escuridão” bolou aquela chantagem com o vírus “Inferno 300”? Que feitiços poderiam haver de tão importantes para justificar todo o esforço do Círculo?
_Ainda não sabemos, Neville. _ disse Rony _ Mas a magia contida nos volumes poderá ajudá-los a reerguer a Ordem das Trevas. E você, o que faz aqui em Angola?
_Vim sob identidade falsa, como um botânico espanhol trouxa, procurar exemplares de “Centelha Arco-Íris”, para uma poção que pode livrar as pessoas da dependência de drogas. Aliás, estou vendo uns pés logo ali. Com licença.
Após recolher vários exemplares, Neville voltou para junto dos amigos, que continuaram a contar o que houvera.
_Saímos de Luanda com um guia do Ministério, designado pela filha do Ministro, Mariana. Chegamos a esta aldeia, onde o sinal da bússola piscava. Assim que pegamos o livro, o guia transfigurou-se naquele cara que você viu. Era “Escuridão”, disfarçado e com o Ki baixo, para que não pudéssemos percebê-lo. O desgraçado conseguiu nos pegar de surpresa. Fomos estuporados, presos e torturados... _ Rony explicou, olhando para Harry. O bruxo de óculos estava com o olhar fixo, como se seus pensamentos estivessem longe.
_Oh-oh! _ disse Neville _ Eu conheço esse olhar.
_Eu também. _ disse Rony _ Harry, o que está havendo?
_Aquele famoso arrepio na nuca, outra vez. Vamos desaparatar para o Ministério da Magia de Angola, rápido!
"Luanda, Capital de Angola"
Com um estalido, os três amigos desaparataram e logo estavam em Luanda, no Ministério da Magia. O vigia da entrada pediu suas varinhas, mas Harry gritou:
_Não há tempo, Paulo! Temos de impedir que algo de muito grave aconteça ao Ministro Lugoma!
Rony meteu o pé na porta do gabinete do Ministro, abrindo-a com violência, bem a tempo de vê-lo sentado em sua cadeira e Mariana Vieira Lugoma, sua filha, apontando-lhe a varinha e preparando-se para estuporar o seu próprio pai.
_ “Expelliarmus”! _ Rony fez com que a varinha de Mariana voasse longe, mas ela não estava de todo desarmada. Pegou dois punhais e preparava-se para arremessá-los, quando ouviu-se um estampido e ela caiu ao solo, inconsciente.
Sem tempo para sacar sua varinha, Neville Longbottom fez a única coisa que estava ao seu alcance. Empunhou a Beretta com as duas mãos e mandou o seu recado, bem no meio do peito de Mariana. A munição sedativa mágica de 9 mm fez o seu efeito instantaneamente e a jovem logo o sentiu, adormecendo imediatamente.
Depois que Mariana foi manietada com algemas inibidoras de magia, Harry tratou de reanimá-la.
_ “Enervate”! _ a bruxa abriu os olhos _ Mariana, por que você estava atacando seu pai? Alguém lhe deu Extrato de Servidão? Lançaram um Feitiço Contrictus ou Maldição Imperius?
_Ora, mas claro que não, Sr. Harry Potter. _ disse a jovem _ Bem que “Escuridão” me disse que eras um gajo igual a Dumbledore, sempre acreditando no melhor das pessoas. Será que não passou pela tua cabeça que eu pertenço ao Círculo e que aderi de livre e espontânea vontade, ó pá?
_Não posso crer! Minha própria filha! _ o Ministro Lugoma estava desolado com aquela revelação _ Tu estás do lado daqueles que desejam trazer de volta aqueles tempos horríveis?
_Ora, pois, meu pai. Mas é claro que sim. E de mim não arrancarão mais nada. _ Mariana preparou-se para contrair os maxilares, mas Harry foi mais rápido.
_ “Petrificus Totalus”! _ Mariana ficou paralisada na hora. Harry havia optado pelo Feitiço do Corpo Preso em vez do Imobilizador. Como este último não inibia a fala, ela poderia contrair os músculos da face e talvez usar um dente falso com veneno.
A bruxa ficou caída ao solo e Rony forçou sua boca, para que ela se abrisse.
_Venha, Harry. Use seu Identificador de Substâncias.
Harry primeiro pegou sua varinha, apontou-a para a boca de Mariana e lançou seu feitiço.
_ “Veneficor Revelio”! _ imediatamente um dos perfeitos dentes de Mariana começou a brilhar _ “Dens Extracto”! _ o dente falso foi magicamente extraído e ficou na palma da mão de Harry, que tocou-o com seu Identificador de Substâncias, depois de quebrá-lo.
_E então, Harry? _ perguntou Neville.
_Apostei e acertei. O dente falso estava recheado de Saxitoxina.
_Parece que Valérie fez escola. _ comentou Rony.
_Ao menos conseguimos impedi-la de cometer suicídio. Bem, o resto é com os Aurores daqui. _ disse Harry.
Assistiram ao interrogatório. Mariana não sabia de muita coisa, mas suas informações foram úteis. Depois que ela despertou do sono que sempre seguia-se ao efeito do Veritaserum, seu pai aproximou-se.
_Por que, minha filha? Por que tu aderiste ao Círculo Sombrio?
_Para ferir-te, meu pai. Sempre foste distante e ausente, desde que passaste a integrar o Ministério e por isso minha mãe foi embora. Permaneci contigo aguardando uma chance para vingar-me do mal que fizeste à pobrezinha, que acabou morrendo de puro desgosto. Pouco tempo após sua morte, passei a espionar o Ministério para o Círculo, pois quem suspeitaria da própria filha do Ministro? Minha última missão era estuporar-te, para que fosses seqüestrado. Se bem que tive ganas de lançar-te uma Avada Kedavra, só não o fazendo para não desobedecer às ordens de nossos líderes do Círculo, que te queriam vivo.
_Com muita dor no coração, tenho de cumprir meu dever de Ministro. Infelizmente não temos em Angola um presídio bruxo com a segurança necessária. Mas podemos encarcerar-te nas Masmorras de Xangô, que ficam na Namíbia. Mesmo com o que fizeste, não consigo odiar-te, minha filha.
_Deverias, meu pai. Porque eu te odeio e continuarei a odiar-te pelo resto de meus dias. Espero que estejas reservado para mim, quando a Ordem das Trevas reerguer-se.
"Que bom! Chegamos a tempo de impedir Mariana!"
Os Aurores levaram Mariana para o presídio e os três amigos retiraram-se, respeitando a dor do Ministro da Magia de Angola, Ricardo de Moraes Lugoma. Saíram do prédio do Ministério e foram tomar algo gelado, antes de desaparatarem para a Estação de Transportes Mágicos, onde tomariam uma Chave de Portal para a Inglaterra.
_Por Merlin! _ disse Neville espantado _ Como pode uma filha guardar tanto ódio contra seu pai?
_O Ministro também não é totalmente isento de culpa. _ disse Harry, depois de tomar um gole do seu suco _ Devido aos negócios de Estado ele acabou negligenciando a própria família. Que isso sirva de lição para nós, amigos.
_Sim. _ concordou Rony _ O trabalho pode ser importante, mas a família deve vir em primeiro lugar.
_E agora que o Círculo tem mais um volume do Necronomicon? O que faremos? _ perguntou Neville.
_Pois é. Estamos empatados em dois a dois. Mas acho que ainda não devem ter encontrado o que querem, pois continuam procurando. _ disse Rony.
_De onde podemos formular algumas hipóteses. _ disse Harry _ Bem, o Círculo pode querer os sete volumes. Nesse caso, tentarão algum golpe para nos forçarem a entregarmos os que estão em nosso poder.
_Ou podem ainda não ter encontrado o que estão procurando e, nessa situação, continuarão a busca pelos volumes restantes. _ disse Rony.
_E caso o que procurem não esteja em nenhum dos três volumes que restam, cairemos na situação da eventualidade de um novo golpe, pois o que eles procuram pode estar nos volumes que estão sob a guarda de Dumbledore. _ observou Neville _ Mas me diga uma coisa, Rony. Você não é Auror. Estava acompanhando Harry pelo “Espírito dos Inseparáveis”?
_Exatamente, Neville. _ disse Rony, que não podia revelar que ele e Harry faziam parte dos “Camaleões-Fantasmas” _ Como sempre, quando um de nós precisar, poderá contar com os outros.
_É isso aí. _ disse Neville. _ E, se precisarem, podem me chamar.
_Nós vamos retornar para a Inglaterra, Neville. Você vem conosco ou fica um pouco mais por aqui? _ perguntou Harry.
_Vou com vocês. Minha missão já está cumprida e mal posso esperar para voltar ao meu laboratório e trabalhar na poção.
Foram para a Estação de Transportes Mágicos e tomaram uma Chave de Portal para a Inglaterra. Em seguida, desaparataram para o Ministério. Neville foi para o seu laboratório, levando os exemplares de “Centelha Arco-Íris”, a fim de trabalhar na poção. Harry e Rony foram fazer o seu relatório para Shacklebolt.
O Círculo Sombrio havia levado a melhor daquela vez, mas os Aurores angolanos iriam fazer de tudo para dificultar o estabelecimento da “Conexão Africana” que “Escuridão” queria formar para o tráfico. Não havia sido um revés total, afinal de contas.
“Escuridão” estudava os volumes do Necronomicon que estavam em poder do Círculo, admirando-se com os feitiços e conhecimentos neles acumulados (“Por Merlin! Cada um desses feitiços é extremamente poderoso, mas o que eu procuro não está em nenhum deles”, pensou). Naquele momento, ouviu um ruído de passos aproximando-se.
_Sei que é você, “Sombra”. Eu senti o seu Ki.
_Então devo tomar mais cuidado, “Escuridão”. Não podemos nos arriscar a sermos identificados pelo Ki. Muitos bruxos, inclusive Aurores, têm a capacidade de reconhecer o Ki. E alguns dos mais hábeis são Harry Potter e os seus amigos, os Inseparáveis.
_Sim. Seria de se esperar que eles, nesses tempos de relativa paz, tivessem relaxado um pouco, mas não. Eles jamais deixaram de treinar e ainda ensinaram aos seus filhos, que já são pequenos Mestres Ninjas. E você deveria fazer como eu, esconder o segredo de sua identidade sob Feitiço Fidelius. Desse modo, poderia até mostrar-se com sua verdadeira aparência que ninguém saberia.
_Não, prefiro assim. Obriga-me a usar mais de minhas habilidades e não baixar a guarda. Encontrou o que procurava no Necronomicon, “Escuridão”? Está em algum desses volumes?
_Não, “Sombra”. Ainda não. Pode estar em um dos volumes que não se revelaram ou em um volume sob a guarda de Dumbledore. Aqueles patéticos podem estar com um poder incalculável nas mãos e não fazem a menor idéia disso.
_Eles pensam de forma diferente de nós, “Escuridão”. Têm escrúpulos em utilizar grandes poderes e ficam tolhidos pelas limitações morais criadas por eles próprios. De que está rindo, “Escuridão”? _ perguntou “Sombra”, vendo a expressão de felicidade do co-líder do Círculo, ao ler determinadas páginas do Necronomicon.
_Acho que é hora, “Sombra”, de mostrarmos a certos elementos da Bruxidade que nós não nos esquecemos deles.
_Quer dizer, aqueles que receberam nossos bilhetes?
_Exatamente. Alguns já sentiram o peso de nossa mão, embora os ataques tenham sido aleatórios.
_Refere-se ao Champagne envenenado, que quase matou Nigel Lovegood e Elaine Granger?
_Sim, “Sombra”. Mas agora deveremos ser mais específicos, direcionar os ataques a alvos individuais. E eu vi algo neste volume do Necronomicon que estou a fim de experimentar. O melhor é que poderemos praticar ataques a diferentes alvos e dificilmente alguém poderá estabelecer um padrão.
_Já tem algum alvo em vista?
_Vários, “Sombra”. Inclusive aqueles malditos Inseparáveis, embora seja mais difícil, pois eles parecem pressentir qualquer perigo. Mas, se eu puder atingir qualquer um deles, ficarei feliz. Especialmente alguns.
_Tipo?
_Aquela sangue-ruim, Janine Malfoy. Não sei como uma família tão tradicional acabou permitindo que uma nascida trouxa ostentasse esse sobrenome. Se bem que Draco já não era o mesmo há algum tempo. Mas aquela garota virou a cabeça dele.
_Novos tempos, “Escuridão”. Lembre-se de que hoje em dia a convicção está contando mais do que as origens. De outro modo, o Círculo Sombrio não aceitaria trouxas em suas fileiras.
_Tem razão. Mas às vezes é meio difícil para alguém dos velhos tempos, acostumado aos antigos hábitos, aceitar isso.
_Embora mesmo Lord Voldemort já tivesse tido algum tipo de associação com trouxas, ainda que não quisesse admitir.
_Porque isso iria prejudicar sua credibilidade junto à Ordem das Trevas. Muitos torciam o nariz para o fato dele ser mestiço, embora ninguém fosse louco de demonstrar.
_Exceto Bellatrix. _ comentou “Sombra”.
_Bellatrix está morta há cerca de oito anos ou mais, “Sombra”. Morreu no St. Mary’s Hospital, segundo eu soube. Mas cumpriu com sua missão. Se foi por devoção à Ordem das Trevas, por amor a Lord Voldemort ou por ambas as coisas, não interessa. Ela cumpriu e é o quanto basta. Os resultados surgirão, no momento e com a pessoa certa.
_Amor? Aquela louca da Bellatrix Lestrange era capaz de amar alguém?
_O casamento com Rudolph Lestrange foi algo arranjado e que a decepcionou, quando souberam que ele era estéril. Ninguém dizia nada, mas não era novidade para ninguém que ela e Voldemort eram amantes. Se eles realmente se gostavam, é um mistério. Pessoalmente eu prefiro acreditar que sim, ainda que dissessem que Lord Voldemort jamais amou e nem foi amado por ninguém.
_Como assim, “Escuridão”?
_Amor e poder são as mais fortes motivações para qualquer pessoa. Se elas estiverem juntas, são fortíssimas.
_E você, “Escuridão”? _ perguntou “Sombra”, com um ar zombeteiro para o companheiro _ Qual sua motivação? Já amou alguém?
_No momento, “Sombra”, só posso lhe dizer que amo o poder. Mais do que isso eu não posso lhe dizer. _ respondeu “Escuridão”, sorrindo.
_Todos os Inseparáveis estão incluídos nessa vingança de agora?
_Não, “Sombra”. Para Harry Potter e Draco Malfoy há algo especial reservado, muito mais doloroso, cruel e ultrajante.
_E para os outros...
_Para os outros, עשר המכות, ou seja, “Eser Ha-Makot”. Um castigo que acabei de ver neste volume e que pretendo usar neles.
_Mas não é uma idéia original.
_???
_Já foi usado antes, em um filme trouxa antigo.
_Qual?
_ “O Abominável Dr. Phibes”, estrelado por Vincent Price.
_Isso me faz gostar ainda mais da idéia.
Os dois riram e continuaram a estudar o volume, a fim de descobrirem a melhor maneira de executarem o “Eser Ha-Makot”, também chamado “G’Tash”.
Mas, naquele momento, “π” já estava ciente dos seus planos e imaginava um modo de avisar Harry Potter sobre o perigo que os Inseparáveis e vários outros membros da Bruxidade estavam prestes a enfrentar.
E, além disso, havia uma outra coisa que certamente iria provocar uma grande azia em “Sombra & Escuridão”. Um outro volume do Necronomicon havia manifestado-se em Bali e o bruxo mau logo mandou uma equipe para lá, munida da bússola mágica. Mas não conseguiram nada, pois assim que chegaram a uma das extremidades de Kuta Beach, foram estuporados por Sirius Black, que já estava lá, transfigurado. Após estuporar e entregar os membros do Círculo aos Aurores locais, que logo os levaram para Jacarta, mandou o livro para Dumbledore e aproveitou para pegar umas ondas. Afinal, mesmo Tigershark não era de ferro e ainda havia tempo até que Sirius tivesse de retornar para Hogwarts.
Disney World, Flórida. 10:15 h.
O rapaz caminhava, tentando não ligar para os olhares que eram direcionados a ele e para os sussurros das garotas:
_Mas não pode ser!
_É igualzinho a ele!
_Sim, mas ele agora está mais velho!
_Poderia ser o clone.
_Só pode ser um sósia. Mas é perfeito!
_Deve fazer Covers do original.
_Sim, igual à garota que vimos ainda há pouco.
Chegando ao local combinado, uma das lanchonetes do Magic Kingdom, Harry finalmente entendeu a razão de estar disfarçado com a aparência de Zac Efron adolescente. Era mais uma brincadeira de “π”.
O informante estava sentado a uma mesa e acenava para ele, transfigurado na aparência de outra adolescente, uma atriz loirinha, chamada Ashley Tisdale.
_Eu sabia que você não resistiria a fazer uma brincadeira, “π”. Transfigurarmo-nos na aparência de dois artistas do elenco de “High School Musical” é algo bem ao seu estilo. Mas estamos chamando bastante a atenção.
_Desculpe, Harry. Eu não resisti. _ disse “π”, com um sorriso _ Mas é melhor assim. Acho que vou falar com essa garotada que está se juntando por aqui. Oi, gente. Qual o motivo da agitação?
_Vocês dois. _ respondeu uma garota _ A aparência de vocês é idêntica à de dois artistas, mas eles são mais velhos.
_Oh, sim. Eu e meu amigo somos Covers de Ashley Tisdale e Zac Efron. Costumamos fazer apresentações de alguns números de “High School Musical”, principalmente a coreografia final.
_Poderiam dar uma demonstração?
_Mas não temos música. _ disse Harry.
_Temos sim. _ disse um rapaz, pegando um pequeno aparelho de som e inserindo um CD com a trilha sonora do filme.
Harry e “π” executaram a coreografia da canção “We’re All In This Together”, para delírio dos jovens. Depois que foram deixados em paz, sentaram-se a uma mesa.
_Acho que não decepcionamos. _ disse “π”.
_Não dançava assim há um bom tempo. _ respondeu Harry, divertido, olhando para o informante, com a aparência da loirinha Ashley _ Você gosta muito de se transfigurar em artistas trouxas, “π”. Primeiro foi o Bogart. Depois tivemos Lindsay Lohan, Hillary Duff, Justin Timberlake, Ricky Martin, sem contar aquela vez em que nos encontramos em uma casa de shows e você estava com a aparência da Madonna.
_É uma mania minha. Sem contar que a aparência de um artista conhecido junta uma pequena multidão e isso nos deixa mais seguros. Por isso os nossos encontros são todos em locais públicos.
_Tem razão. Mas você disse que era algo de muito importante.
_Sim. “Escuridão” pretende desfechar ataques como vingança contra bruxos que já prejudicaram o Círculo no passado, mas nada comparado ao veneno do Champagne do Natal. Será muito pior.
_E eu aposto que para os Inseparáveis será ainda mais forte.
_Sim. Principalmente para você e Draco. Ele disse que será ainda mais doloroso, cruel e ultrajante.
_Hmm, já vi que devo me cuidar. Eles disseram mais alguma coisa?
_Sim. “Escuridão” pretende atingi-los com alguma coisa chamada “Eser Ha-Makot”. Me pareceu algo bem sinistro.
_Isso é Hebraico. Meu conhecimento desse idioma é bem pequeno, terei de buscar ajuda.
_Com quem, Harry? _ perguntou “π”.
_Com um velho colega de Hogwarts, para o qual estou devendo uma visita já há muito tempo, “π”. Algo mais que deva me dizer?
_Não, Harry. Boa sorte e tome bastante cuidado.
_OK, “π”. Até a próxima. Vamos ver qual o disfarce que você vai arranjar da próxima vez. _ disse o bruxo, sorrindo.
_Ficará espantado com minha criatividade. _ respondeu o informante, sorrindo de volta _ Tchau “Zac”.
_Tchau, “Ashley”. _ Harry despediu-se e cada um seguiu seu destino.
De volta a Londres, Harry dirigiu-se a um determinado lugar: uma sinagoga, localizada em um bairro trouxa. Os trabalhos haviam terminado recentemente e ele bateu à porta da casa do rabino. Foi atendido por uma mulher, que olhou para ele e disse, espantada:
_Mas eu não acredito! Harry Potter! Mas quanto tempo faz? Dois, três anos? Entre, seu sumido! Tony! Venha ver quem resolveu aparecer por aqui! _ disse Romilda Vane, agora Romilda Goldstein.
Anthony Goldstein surgiu na sala. O bruxo tornara-se rabino e dirigia os trabalhos de sua sinagoga, freqüentada por bruxos e trouxas de crença judaica. Era também o Delegado da Confederação Rabínica Internacional para Londres e corria o rumor de que, em breve, seria aclamado como Presidente da Confederação.
_Harry! Mas o que traz por aqui o Coordenador de Operações dos Aurores para Londres?
_Eu já estava lhe devendo esta visita, Anthony. Queria ver você, Romilda e mais Moishe, Jerusha e Esther. Além disso, preciso dos seus conhecimentos de Hebraico para me ajudar em um caso.
_Pode contar comigo, Harry. O que é?
_Anthony, você poderia me dizer o que significa “Eser Ha-Makot”?
_Por Merlin, Harry! Onde foi que você ouviu essa expressão?
_É sigiloso. Faz parte de uma investigação que estou fazendo. Só posso lhe dizer que um bruxo mau pretende utilizar isso contra bruxos de bem.
_O Círculo Sombrio, não é? Só poderia ser coisa desses Mamzerin, o uso de alguma coisa desse tipo contra a Bruxidade. Mas não é algo para se discutir na sala. Vamos para a minha biblioteca, Harry. Lá eu poderei explicar tudo.
Dirigiram-se à biblioteca de Goldstein. No caminho, encontraram-se com Moishe, Jerusha e Esther, os três filhos do casal. Moishe tinha a mesma idade dos filhos de Harry. Jerusha e Esther eram gêmeas e dois anos mais novas. Quando Moishe fosse para Hogwarts, seria colega da turminha já nossa conhecida.
Na biblioteca, Harry sentou-se à mesa, enquanto Goldstein pegava vários rolos de pergaminho. Abriu um deles e mostrou o seu conteúdo a Harry.
_Veja bem, Harry. Isso é magia antiga e bastante perigosa. Tal conhecimento foi mantido oculto desde a primeira vez em que foi utilizado, pois seu uso sem a permissão divina caracterizaria uma perversão dos poderes e conhecimentos ocultos. O modo de utilizar e as fórmulas necessárias para reproduzir seus efeitos não foi escrito em livros por muito tempo, mas mantido por tradição oral. Os poucos livros onde isso está registrado, note bem que sem as fórmulas, está sob a guarda de uns poucos rabinos bruxos e trouxas, da mais absoluta confiança. Há rumores de que as instruções e fórmulas estão transcritas no Necronomicon, mas esse livro é uma lenda. Portanto não damos crédito a tal boato.
_Mas o que significa? _ perguntou Harry.
_Bem, eu lhe disse que isso havia sido utilizado apenas uma vez em toda a história da Humanidade. Foi há muito tempo, no Egito, durante o reinado de Ramsés II. Veja esses caracteres: עשר המכות, que podemos transliterar para “Eser Ha-Makot”. São dez situações, cada uma delas simbolizada por seus próprios caracteres: Sangue, Moscas, Rãs, Peste, Pulgas, Úlceras, Gafanhotos, Granizo Flamejante, Trevas e, por último...
_... A Morte dos Primogênitos! _ disse Harry, antes que Goldstein terminasse sua explicação. _ Por Merlin! Isso quer dizer que “Eser Ha-Makot” significa...
_... Exatamente o que você está pensando, Harry. “Eser Ha-Makot”, também conhecidas como “G’Tash”, são... _ e Goldstein deixou o resto da frase no ar, que foi concluída por Harry.
_... As Dez Pragas do Egito!!
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