Os Pratos da Balança I: Acusaç
CAPÍTULO 20
OS PRATOS DA BALANÇA I: ACUSAÇÕES
Depois de um período de expectativa, estava chegando o dia do julgamento de Draco Malfoy. A audiência realizar-se-ia no Grande Anfiteatro do Ministério da Magia e, como o crime do qual o bruxo era acusado afetava tanto o mundo trouxa quanto a Bruxidade, ele seria julgado pelo “Rito dos Cinco”, que previa um colegiado de quatro juízes, sendo dois bruxos e dois trouxas, os quais deliberariam sobre o veredicto do corpo de jurados e anunciariam sobre o veredicto definitivo. Em caso de empate, o voto de Minerva seria dado pelo Ministro da Magia, Arthur Weasley. Este sabia qual era o peso da responsabilidade sobre os seus ombros, pois teria de, se necessário fosse, votar pela condenação de Draco.
A conselho de seus advogados, Michael Corner e Roger Davies, o loiro concordou que a audiência fosse pública e registrada pela mídia bruxa, até mesmo para demonstrar que nada tinha a esconder. Por essa razão, a equipe de reportagem de Arianne Skeeter-Creevey estaria no tribunal, pronta para transmitir tudo para a Bruxidade, ao vivo. Enquanto isso, em Wiltshire, Draco reunia-se com seus advogados, dando os retoques finais em sua defesa.
_Vocês têm certeza de que essa prova é mesmo decisiva?
_Absoluta, Draco. _ respondeu Michael _ Mas quem nos enviou o DVD pediu para que mesmo você só o visse durante o julgamento, quando o mostrássemos.
_E por que isso? _ perguntou Janine.
_O julgamento de Draco servirá para duas coisas, Jan. Primeiramente para provar, frente a todo o mundo, que ele é inocente. _ disse Roger _ E também para revelar a identidade de um perigoso bandido, que tem conseguido permanecer oculto por todos esses anos.
_Quem?
_ “Mantis”.
_O assassino de Anya? Harry queria muito pegá-lo. Infelizmente acabou morrendo, também. _ disse Draco _ Mas como vocês irão pegá-lo?
_Recebemos instruções. A você, Draco, caberá seguir nossas orientações e dançar conforme a música. Tudo acabará bem, eu prometo. _ disse Roger.
Longe dali, realizava-se uma festa em Ath, na Bélgica, denominada “Goyase”. O tradicional desfile dos bonecos gigantes evocava os tempos da Cavalaria Andante e, na assistência, lá estava Harry Potter, com a aparência de Mike Myers e protegendo seus olhos com óculos de sol. De repente, um outro rapaz, com a aparência de Dana Carvey, aproximou-se e perguntou:
_ “Sonhando com índios seminus”?
_ “Só no segundo filme, graças a Jim Morrison”. Tudo bem, “π”?
_Sim, Harry. Já sabe que o julgamento de Draco Malfoy será amanhã, não sabe?
_Sim, já estou sabendo, “π”. Algo de especial que eu deva saber ou o plano segue conforme combinado?
_Ambas as coisas, Harry. Michael Corner e Roger Davies já sabem tudo o que deverão fazer, Draco está orientado e todas as peças estão nos seus lugares. Praticamente todos os conhecidos e amigos de Draco irão depor em sua defesa, enquanto que há outras pessoas que foram arroladas pela acusação ou estarão fazendo parte do corpo de jurados.
_Tipo?
_Montague, Flint, Bole, Derrick, Urquhart, Bonilla, Higgins, Bletchley e outros mais.
_Quase todos eles na folha de pagamento do Círculo Sombrio. E Pieterzoon será assistente da promotoria, como esperávamos?
_Exato. E, além disso, o Círculo quer forçar a condenação de Draco, tendo conseguido garantir a escalação de dois dos juízes do colegiado, que também estão na folha de pagamento do Círculo.
_Quem são eles?
_Danvers, trouxa e Kraemer, bruxo. Com isso eles esperam obter, pelo menos, o empate.
_Muito espertos. Querem forçar Arthur Weasley a dar um voto de Minerva condenando Draco, para que a opinião pública não considere que ele está protegendo um amigo. _ comentou Harry _ Mas isso não funciona com Arthur. Ele votará por sua consciência. Se Draco fosse culpado, o que não é, Arthur votaria contra ele.
_Conhece bem o seu sogro, não é?
_Desde os doze anos de idade. Algo mais?
_Parece que um outro juiz trouxa está sendo mantido sob ameaça à sua família, como uma espécie de reserva. É Darnell.
_Hmm, já vi que o nosso plano deverá consistir em remover a ameaça contra a família de Darnell e providenciar a substituição desses dois juízes corruptos.
_E como você pretende fazer isso? _ perguntou “π”.
_Digamos que, pouco antes do julgamento, eles irão ter uma pequena “indisposição”. E os substitutos, são confiáveis?
_Rosenthal, trouxa e Amritraj, bruxo. Nenhum deles está vendido ao Círculo. O que está planejando, Harry?
_Você verá na hora, “π”. Basta dizer que Janine terá uma idéia do que aconteceu.
_Então, esperaremos até amanhã. Você irá neutralizar o pessoal que está ameaçando a família de Darnell?
_Imediatamente. Eles sequer saberão o que foi que os atingiu. E você, o que vai fazer?
_ “Banshee” quer falar comigo, acho que sobre detalhes do resgate de Camille e também saber se tenho mais informações. Você pode soltar mais alguma coisa do que está guardado com o Prof. Dumbledore?
_Posso pedir para que Gina ou Rony façam isso, sem problemas (Obviamente Harry não podia expor a identidade de Rony como “Banshee”).
_OK, Harry. Bem, já vou indo. Estaremos juntos no julgamento de Draco?
_Estaremos. Vai ser um espetáculo e tanto, confie em mim.
_Em você e em Corner & Davies. Eu estou mantendo contato com eles, anonimamente e eles já têm tudo pronto. Sabe, eu jamais imaginaria que os dois tivessem um relacionamento daquele tipo. Não que eu discrimine, longe disso.
_Mas ainda há gente na Bruxidade que não os vê com bons olhos. O preconceito contra Milly e Blaise também foi muito grande, mas foi superado, inclusive com a ajuda de...
_... Blasius. Ele compreendeu e ajudou a irmã. Aliás, tem tido notícias dele?
_Casado com Lauren, pai de uma filha e bastante feliz.
_Ótimo. Ele já teve uma decepção muito grande com Valérie.
_Você soube do que aconteceu naquela formatura?
_Eu e toda a Bruxidade. Até amanhã, Harry.
_Até amanhã, “π”. _ e Harry procurou por um lugar escondido, para que pudesse desaparatar.
Logo pela manhã, o Grande Anfiteatro do Ministério da Magia estava lotado, convertido em Tribunal. Lá estavam bruxos e também trouxas com acesso ao mundo mágico e que tinham interesse no julgamento. Em uma das primeiras fileiras, estavam William, o atual Rei, representando a Família Real e o Primeiro-Ministro trouxa, Gordon Brown. Como previsto, Nikolas Pieterzoon, o “Mantis”, havia sido escalado como assistente da promotoria, devido ao seu passado como Advogado Criminalista. A equipe da WBC estava a postos para registrar cada instante do julgamento, desde o seu início. Dennis Creevey coordenava as imagens e sua esposa, Arianne Skeeter-Creevey, era a responsável pela reportagem.
_Bom dia, Bruxidade. Estamos aqui, no Grande Anfiteatro do Ministério da Magia, convertido em Tribunal de Júri, para registrar cada momento dessa importante ocasião. Draco Malfoy, conhecido empresário de ambos os mundos, bruxo e trouxa, hoje será submetido a julgamento, devido à acusação de associação para o tráfico internacional de drogas. Todos lembram-se de que foi encontrado um carregamento de ópio em um dos aviões da “Malfoy Import & Export”, empresa pertencente a Draco e que presta ajuda e apoio logístico a organizações de assistência bruxas e trouxas, tais como a Cruz Vermelha Internacional, as Varinhas Solidárias e a Fundação Narcisa Malfoy, criada após a morte da mãe de Draco e administrada por sua esposa, Janine Vargas Sandoval Malfoy, que estará ao seu lado no dia de hoje. Outras pessoas conhecidas estão entrando. Aqui estão a sogra de Draco, Sra. Marilise Mason e seu marido, o Auror Derek Mason, professor de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts. Algo a dizer para a Bruxidade?
_Draco é inocente, Arianne. A verdade surgirá. _ disse Marilise.
_Confiamos na justiça e na verdade. Além disso, Roger Davies e Michael Corner são muito competentes. _ comentou Derek _ Confio na certeza da absolvição de Draco.
_Obrigada, amigos. Acabaram de chegar a Dra. Virgínia Potter, acompanhada de sua mãe, Molly Weasley, esposa do Ministro da Magia. Dra. Potter, sabemos que Harry perdeu a vida buscando provas da inocência de Draco. A senhora acredita que ele será absolvido?
_Acredito, Arianne. Ainda existem segmentos da Bruxidade que acreditam que Draco não rompeu totalmente com as Trevas, devendo-se isso ao fato dele ser filho de Lucius Malfoy, o segundo em comando de Lord Voldemort. Mas ele já deu provas mais do que suficientes do contrário. Alguém está querendo prejudicá-lo, mas a verdade surgirá. Harry não pode ter morrido em vão, na busca de provas a favor do nosso amigo.
_Obrigada, Gina. Agora, vamos ver quem mais está chegando. Hermione e Rony Weasley, Luna e Neville Longbottom. Mais dois casais da antiga turma de Hogwarts, conhecidos como “Os Inseparáveis”. Todos devem lembrar-se dos terríveis combates na prisão de Azkaban e na ilha sagrada de Avalon, este último culminando com o fim de Lord Voldemort. Hermione, vocês testemunharão?
_Sem dúvida que testemunharemos a favor de Draco, Arianne. Temos certeza absoluta de sua inocência. _ disse Hermione e Rony concordou.
_Vocês também testemunharão, Neville?
_Sim, Arianne. Eu e Luna confiamos na inocência de Draco. Estamos certos de que a verdade vai aparecer até o final do julgamento. _ disse Neville.
_E estaremos todos aqui para ver. _ disse Luna. Arianne agradeceu e voltou suas atenções para mais um recém-chegado.
_Bom dia, Prof. Dumbledore. O senhor também irá testemunhar?
_Sim, Arianne. Conheço Draco desde que foi para Hogwarts e posso atestar seguramente sobre o seu caráter. Acredito que ele será absolvido. _ e o Prof. Dumbledore foi ocupar seu lugar na assistência, de braço dado com Minerva McGonnagall.
Todos iam chegando e ocupando seus lugares, inclusive aqueles que iriam testemunhar contra Draco. Flint, Bole, Derrick, Bonilla, Montague e outros ocuparam seus assentos. Envergando uma toga negra, Nikolas Pieterzoon depositou uma maleta sobre sua mesa. Arianne foi entrevistá-lo.
_Sr. Pieterzoon, como o senhor acha que vai transcorrer o julgamento?
_Não posso lançar previsões, Arianne e não poderia fazê-lo mesmo que fosse bruxo. Há muitas provas contra o Sr. Malfoy, assim como há muitos na Bruxidade que confiam em sua inocência. Cabe a nós, inclusive a mim, desempenhar as missões para as quais fomos designados. O que tiver de ser, será (“E eu sei muito bem o que será, seus tolos”, pensou o bruxo abortado).
Por último, logo antes de os trabalhos serem iniciados, uma figura chamou a atenção, pelo inusitado de sua presença. Diáfano e idêntico a Draco, o fantasma de Jean-Marc Malfoy D’Alembert ocupou um assento, ao lado de Derek e Marilise. Imediatamente, Arianne foi entrevistá-lo.
_Jean-Marc, o tio-avô de Draco. Não é um fato comum o senhor ter vindo do Cemitério Pére-Lachaise, mesmo que seja o seu sobrinho-neto que esteja sendo julgado. Ao que devemos a presença do herói bruxo Maqui da II Guerra Mundial e Guardião do Mausoléu Malfoy?
_Senti que deveria estar ici et non en France, ma chérie. Digamos que há quelque chose neste julgamento que será trés important para a Bruxidade como um todo e, especialmente, pour moi.
_Como assim, Jean-Marc?
_O resultado deste julgamento irá afetar meu destino, para a eternidade. Você compreenderá, no decorrer dos trabalhos. Creio que logo a sessão irá começar. Mas uma coisa é certa: Meu sobrinho-neto é inocente.
De repente, um rumor percorreu o anfiteatro: em vestes formais pretas, meio parecidas com um Duffle-Coat trouxa e que acentuavam sua pele clara e cabelos loiros, Draco Malfoy adentrou o recinto, acompanhado por Janine. Ela usava um discreto Tailleur azul-marinho e trazia os cabelos castanhos presos em um coque. Na lapela esquerda, refulgiam, lado a lado, o brasão dos Malfoy e o da Grifinória. O casal ocupou os assentos que lhes foram destinados e ficaram apenas aguardando a entrada do Ministro da Magia, do Colegiado de Juízes e do Corpo de Jurados. E estes não se fizeram esperar por muito tempo. Um gongo tocou e toda a assistência levantou-se.
Em vestes rituais, Arthur Sinclair Weasley ocupou a tribuna, com os juízes à sua volta. Os sete jurados também ocuparam seus assentos. Apenas um observador mais atento perceberia uma involuntária contração em um músculo da face de Pieterzoon, ao constatar que os juízes Danvers e Kraemer não estavam fazendo parte do Colegiado, substituídos por Rosenthal e Amritraj. Arthur deu um golpe de malhete e fez uso da palavra:
_Com este golpe de malhete, dou por abertos os trabalhos deste Tribunal Especial, que tem a finalidade de julgar o jovem empresário Draco Malfoy e decidir se ele é ou não culpado dos crimes dos quais é acusado. Como os delitos a ele imputados são algo que afeta os mundos bruxo e trouxa, a forma de julgamento será pelo “Rito dos Cinco”, onde o veredicto dos jurados será deliberado pelo Meritíssimo Colegiado de Juízes, cabendo a mim o voto de Minerva, em caso de empate dos pareceres dos mesmos. Como não estamos em guerra, não é permitido o uso de Veritaserum ou de certos Feitiços de Interrogatório, o que facilitaria a obtenção da verdade, embora sejam considerados antiéticos em tempo de paz. Portanto, tudo deverá ser baseado na análise dos depoimentos. O único feitiço permitido é para confirmar se a pessoa que está depondo não está sob Maldição Imperius ou Feitiço para Confundir. Lembrem se, Sr. Malfoy e demais testemunhas, de que estarão sob juramento. Na acusação, estará o Assistente da Promotoria, Sr. Nikolas Pieterzoon, Advogado Criminalista e agente da InterSec. É trouxa, mas com bom conhecimento do mundo mágico e foi designado para exercer tal função. Sr. Malfoy, o senhor tem advogado constituído?
_Sim, Respeitabilíssimo Ministro Weasley. São Roger Davies e Michael Corner.
_Então, posto que ambas as partes estão representadas, poderemos dar início ao julgamento. Sr. Malfoy, queira ocupar o lugar que lhe é destinado.
Draco ocupou o banco dos réus e o meirinho removeu seu bracelete inibidor. Logo em seguida, confirmou que o loiro não estava sob efeito de nenhum feitiço. Apresentou a ele uma Bíblia pois, embora Lucius não tivesse se preocupado em proporcionar uma educação religiosa formal ao seu filho, Narcisa o fizera. Draco então prestou seu juramento:
_ “Diante de Deus, diante dos homens e em nome de Merlin, juro e prometo que, aquilo que eu disser perante esta corte, será a verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade e que recaiam sobre mim as penas da Lei, se eu não o fizer”.
Prestado o juramento, Draco ficou à disposição da Promotoria.
_Seu nome completo, Sr. Malfoy?
_Draco Black Malfoy.
_Sua idade, local de nascimento e estado civil?
_Trinta anos. Nasci em Wiltshire, Inglaterra. Sou casado e pai de dois filhos.
_Filiação?
_Lucius Abraxas DeGiscard Malfoy e Narcisa Black Malfoy, ambos falecidos.
_Não é fato conhecido que seu pai era o segundo em comando da Ordem das Trevas, liderada por Lord Voldemort?
_Protesto, Excelsa Corte! _ disse Roger Davies _ A acusação está querendo dar a entender que o nosso cliente possui relação com a extinta Ordem das Trevas.
_Protesto aceito. _ disse o Juiz Amritraj, após a deliberação do Colegiado.
_Muito bem, Excelsa Corte, retiro minha pergunta, embora ela seja, a meu ver, pertinente. Sr. Malfoy, os crimes dos quais o senhor está sendo acusado são: Associação para o Tráfico Internacional de Drogas, com a intenção de, junto ao Círculo Sombrio, levantar fundos para reerguer a Ordem das Trevas, o que leva ao crime de Alta Traição contra a Bruxidade e, por fim, de ter parcial responsabilidade nos fatos que culminaram na morte do Auror e agente da InterSec, Harry Tiago Potter. Sr. Malfoy, dirija-se à Excelsa Corte, representada pelo Respeitabilíssimo Ministro da Magia, pelo Meritíssimo Colegiado de Juízes e pelo Respeitável Corpo de Jurados. Como o senhor se declara, frente a tais acusações? _ interpelou Pieterzoon.
_Inocente, Excelsa Corte. _ e um murmúrio alto encheu o Tribunal. Arthur Weasley bateu o malhete por duas vezes.
_Ordem no recinto, por favor. Demos proseguimento às declarações do Sr. Malfoy.
Pieterzoon continuou a fazer perguntas a Draco.
_O senhor nega ou confirma, Sr. Malfoy, que foi encontrado um carregamento de ópio em uma das aeronaves de carga da “Malfoy Import & Export”?
_Confirmo. O Respeitável Assistente da Promotoria, inclusive, estava presente à ocasião.
_Exato. O senhor nega que o avião em questão era de sua frota?
_Não nego. Possuía as cores e prefixo de nossas empresas.
_E o senhor possuía conhecimento de de que a aeronave fez uma escala em Myanmar? E que de lá veio para a Inglaterra, carregada com aquele ópio?
_Não possuía conhecimento. Fiquei surpreso na hora, como o senhor deve lembrar-se.
_Sim. E o que o fez ficar surpreso?
_Aquele avião, até onde eu tenho conhecimento, saiu da capital da Mongólia, Ulan Bator, trazendo vítimas do terremoto que necessitavam de tratamento na Inglaterra. O senhor me disse que ele realizou uma escala em Myanmar, o que me causou estranheza, já que a “Malfoy Import & Export” tem por política não negociar com nações que desrespeitem os Direitos Humanos ou que baseiem sua economia, ainda que parcialmente, no tráfico de drogas, como é o caso daquele país. Além disso, uma viagem a Myanmar, atravessando o espaço aéreo da China, não representa uma escala e sim um desvio de rota não-autorizado. Sei que não estou em posição de questionar, mas não entendo por que o governo chinês não se manifestou a respeito. E aquela era uma aeronave trouxa sem feitiços, não havia como ocultar sua presença dos radares trouxas.
_A aeronave em questão foi inspecionada, Sr. Malfoy. Ela possuía vários Feitiços de Ocultamento e Proteção. E aquela não foi a primeira vez em que ela realizou transporte de ópio.
_Impossível, Respeitável Assistente da Promotoria. Todos sabemos que Feitiços de Ocultamento e Ampliação Interna em veículos de tal porte demoram cerca de dez dias para serem completados e a aeronave havia sido inspecionada seis dias antes, por Aurores. Nada foi encontrado.
_Mas esses feitiços podem ser desligados e ligados à vontade, depois de instalados.
_Mesmo desligados eles são detectáveis. E o Auror que realizou a inspeção foi Harry Potter, pesoalmente.
_Muito conveniente, já que ele não está vivo para testemunhar.
_Meus advogados têm a cópia do relatório, com a assinatura de Harry. Creio que isso prova que a inspeção da aeronave não foi uma fraude.
Novamente o murmúrio correu o anfiteatro e Arhur Weasley pediu ordem. Após o Tribunal recobrar o silêncio, Pieterzoon encerrou as preliminares.
_A Promotoria não tem mais perguntas para o réu. Queira retornar ao seu assento, Sr. Malfoy.
Draco retornou ao seu lugar e ficou de mãos dadas com Janine. Pieterzoon começou a chamar as testemunhas da acusação:
_A acusação convoca Marcus Flint.
Flint ocupou seu lugar e prestou o juramento. Em seguida, a Promotoria começou a fazer perguntas:
_Sr. Flint, o senhor conhece o acusado?
_sim. Fomos contemporâneos em Hogwarts. Eu era Artilheiro e Capitão do time da Sonserina e Draco Malfoy era o Apanhador.
_Desde quando ele ocupava tal posição? _ perguntou Pieterzoon.
_Desde o segundo ano.
_Não é meio irregular?
_Não, não é. A partir do segundo ano, o aluno pode fazer os testes.
_Não houve nenhuma exceção?
_Sim, houve. Harry Potter, no ano anterior.
_E por que?
_Ele mostrou, já no primeiro ano, uma perícia excepcional ao perseguir e apanhar um Lembrol que Draco havia arremessado longe, para implicar com Neville Longbottom, de quem ele o havia tomado. Cabe lembrar que era a primeira vez que Harry Potter montava em uma vassoura.
_Interessante. E como era o perfil de Draco, naquele tempo?
_Draco Malfoy era uma espécie de líder natural, com uma forte personalidade e a tradição familiar, com o comportamento orgulhoso e, por que não dizer, meio insolente e arrogante de um sonserino puro-sangue padrão. Depois que eu me formei, acabamos perdendo um pouco o contato. Mas eu sempre soube, assim como vários, que o Lorde das Trevas o queria como sucessor.
_Houve algo de especial, além dos testes de Draco?
_Depois que ele passou nos testes, o time recebeu um reforço de material, cortesia de Lucius Malfoy: vassouras Nimbus 2001, lançamento daquele ano.
_E você acha que essa oferta foi um modo de forçar a barra para a entrada de Draco no time?
_No começo sim. Mas Draco provou ser um bom Apanhador. Harry Potter foi o único que ele jamais conseguiu vencer.
_E você acha que ele realmente rompeu com as Trevas?
_Protesto, Excelsa Corte! _ exclamou Michael Corner _ Não é isso que está em julgamento.
_Negado, Sr. Corner. A pergunta tem relação. Sr. Flint, responda.
_Quero acreditar que sim, Excelsa Corte. Mas, sendo filho do falecido Lucius Malfoy e com a já notória tradição da família em trilhar o caminho das Trevas, não se pode afirmar com certeza.
_A Promotoria não tem mais perguntas a fazer, Excelsa Corte.
_A Defesa pode fazer suas perguntas à testemunha. _ disse Arthur Weasley.
_Sr. Flint, sua Casa é a Sonserina, não é? _ perguntou Roger.
_Sim, senhor. _ respondeu Flint.
_Como o senhor definiria o perfil de um sonserino, em linhas gerais?
_Ambicioso, determinado, orgulhoso, astuto, criativo e mesmo um pouco insolente, arrogante e rebelde.
_Não é notório que a Casa de Slytherin sempre proporcionou à Bruxidade alguns dos piores bruxos das Trevas, entre eles o próprio Lord Voldemort?
_Sim, Respeitável Sr. Defensor, mas houveram exceções.
_Poderia, por gentileza, citar algumas?
_Entre elas podemos citar Horatio Slughorn, Hiram Mason, Jean-Marc e Draco Malfoy... _ e o sonserino Marcus Flint interrompeu o que dizia, logo sendo completado por Roger Davies.
_... Vejo, Sr. Flint, que o senhor não teve hesitação em incluir o nome do meu cliente entre os sonserinos não-trevosos, contrastando com sua última resposta à Promotoria.
_Protesto, Excelsa Corte! _ disse Pieterzoon _ Não há relação plausível, a Defesa está tirando conclusões baseadas em indícios, não em evidências.
O Colegiado deliberou e o juiz Darnell disse:
_Negado. São muito mais do que indícios. A Defesa pode prosseguir.
Michael Corner substituiu Roger Davies.
_Sr. Flint, o seu pai era Demetrius Flint, não era?
_Sim, Respeitável Sr. Defensor.
_Sob quais circunstâncias ocorreu o seu falecimento?
_Ele morreu devido a uma pneumonia, enquanto cumpria uma pena de reclusão.
_Em Azkaban?
_Não, Respeitável Sr. Defensor. Em Nurmengard, a fortaleza-prisão que Adolf Gellert Grindelwald construiu para seus inimigos, nos dias da I Guerra Mundial e que, depois de sua morte, passou a ser utilizada como presídio pelo Ministério da Magia da Alemanha.
_E por que ele foi encarcerado na Alemanha?
_Ele era agente do Lorde das Trevas, V-Voldemort, na Alemanha e Europa Oriental.
_Era um Death Eater?
_Protesto, Excelsa Corte! Não é o perfil da testemunha ou de sua família que está em julgamento.
_Negado, Respeitável Assistente da Promotoria. _ disse o juiz Darnell para Pieterzoon _ a linha de raciocínio da Defesa é pertinente. A testemunha deverá responder.
_Sim, ele possuía a Marca Negra. E também fez o Sacrifício do Cordeiro. Matou seu irmão, Tacitus Flint, meu tio.
_O senhor considera-se um simpatizante das Trevas, Sr. Flint?
_Já fui simpatizante, no passado. Mas nunca cogitei de me alistar entre os Death Eaters e nem de ser tatuado com a Marca Negra. Pouco tempo depois de formado, cortei qualquer relação com tudo o que lembrasse a Ordem das Trevas e segui minha carreira como jogador profissional de Quadribol, tendo jogado por quatro anos nos Caerphilly Catapults e dois nos Montrose Magpies, antes de me retirar da atividade. Hoje possuo uma loja de artigos esportivos bruxos, que também trabalha com equipamentos para esportes trouxas, como fachada.
_Então o senhor, filho de um Death Eater e antigo simpatizante das Trevas, rompeu com qualquer vínculo com as Artes Negras e possui um bom conceito na Bruxidade?
_Eu posso afirmar que sim, Respeitável Defensor.
_Então, se para o senhor o rompimento sincero foi uma realidade, não poderia ser a mesma coisa para o Sr. Draco Malfoy?
_Er... bem... creio que... poderia... Poderia ser sim, Respeitável Defensor.
_Excelsa Corte, com isso eu quero demonstrar que meu cliente é idôneo e que seu rompimento com as Trevas, concretizado aos dezesseis anos foi uma realidade, da qual ele nos tem dado provas mais do que suficientes desde então. A Defesa não tem mais perguntas para a testemunha.
Marcus Flint foi dispensado. Olhando para o relógio, Arthur Weasley bateu o malhete e disse:
_Esta Corte entra em recesso, reiniciando seus trabalhos às 14:00 h. Dispensados.
Pieterzoon trincava os dentes de raiva (“Maldição! Como se não bastasse o fato daquelas duas bibas estarem bem preparadas para este julgamento, tivemos a substituição de Kraemer e Danvers por Rosenthal e Amritraj e eu ainda soube que os bruxos que estavam ameaçando a família de Darnell foram neutralizados. Juro que se Harry Potter não estivesse morto, isso teria o dedo dele. Agora teremos de contar com o material que possuímos e com os elementos que infiltramos no Respeitável Corpo de Jurados. “Escuridão” quer garantir a condenação de Draco e eu tenho de cumprir com essa missão. Não sei por que, mas não vou questionar, pois eu sei o que significa falhar com o Círculo”, pensou “Mantis”).
O meirinho recolocou o bracelete em Draco, que perguntou a Michael:
_O que vocês acham?
_Eles estão tentando dificultar, mas temos provas fortíssimas, Draco. É só esperar a hora certa de apresentá-las. Jan, eles vão tentar difamar você e pôr em dúvida a sua moral, segundo as informações que recebi da minha fonte. Mantenha a calma, por mais que tentem ultrajá-la. As instruções que recebemos foram de segurar nossas provas até o momento certo. Agora vamos almoçar, gente. Temos uma sala reservada no Caldeirão Furado e precisaremos estar bem alimentados. A tarde será longa e tudo indica que o julgamento irá demorar alguns dias.
_Mas venceremos. _ disse Janine _ Tenho plena confiança nisso.
_Nós sabemos que sou inocente e a competência de vocês é conhecida internacionalmente. _ disse Draco _ Sim, nós venceremos, minha querida.
Saíram para almoçar, procurando evitar os já esperados Paparazzi da Bruxidade, encontrando-se com Arianne no Caldeirão Furado e, “em off”, ela lhes disse que tinha certeza da inocência de Draco. Às 14:00 h, estavam todos de volta ao Tribunal. O meirinho novamente retirou o bracelete de Draco, todos levantaram-se para a entrada da Excelsa Corte e o julgamento prosseguiu.
_A Acusação convoca Jefferson Montague.
Montague assumiu o seu lugar e prestou o juramento. Pieterzoon começou a fazer as perguntas.
_Sr. Montague, o senhor também foi do time de Quadribol da Sonserina, não foi?
_Sim, senhor. Assumi a capitania do time, após a formatura de Marcus Flint.
_Draco Malfoy ainda era o Apanhador?
_Sim. Ele permaneceu como Apanhador até formar-se. E, depois que me formei, ele tornou-se o Capitão do time.
_O senhor percebeu, no tempo de convivência com o Sr. Malfoy, se havia alguma tendência trevosa?
_No começo parecia que sim. Ele parecia fiel e devotado, de uma forma que Lucius gostava. Quando ele estava no quinto ano e Lucius foi preso, devido ao ataque ao Ministério da Magia, lembro-me de que ele chegou a tentar sacar a varinha para amaldiçoar Harry Potter, mas não foi rápido o bastante. Se não fosse pela intervenção de Severo Snape e Minerva McGonnagall, creio que teria sobrado pouca coisa dele.
_E por que Harry Potter estava furioso com Draco Malfoy?
_Bem, todos sabem que Sirius Black, padrinho de Harry, foi atingido por Bellatrix Lestrange e atravessou o Arco da Passagem, tendo sido dado como morto por cerca de um ano, até que reapareceu. Creio que Harry quis pegar Draco pelo envolvimento de Lucius no caso.
_E acha que Draco pode ter tencionado uma vingança, fingindo o rompimento com as Trevas e aguardando o momento de agir, envolvendo-se com o Círculo e participando de maneira velada nos fatos que culminaram com a morte de Harry, que tentava provar a inocência dele?
_Existe essa possibilidade, Respeitável Assistente da Promotoria.
O rumor no Tribunal foi mais alto. Arthur Weasley pediu ordem.
_A Acusação não tem mais perguntas, Excelsa Corte.
A testemunha é da Defesa. _ disse Arthur.
_Sr. Montague, o seu pai trabalhava para a “Malfoy Import & Export”, quando ela ainda era uma empresa de fachada? _ perguntou Roger Davies.
_Sim, senhor. Era assistente de Claudius Moffett, um dos gerentes.
_E é notório que, quando sob a direção de Lucius Malfoy, a empresa era quase que totalmente constituída de bruxos das Trevas, não era?
_Sim, senhor.
_Seu pai não era um deles?
Hesitando um pouco, Montague teve de responder.
_Sim... ele... ele era um Death Eater. Morreu em confronto com Aurores.
_Segundo ficou apurado, Harry Potter liderava o grupo, tendo as informações sido obtidas com a ajuda de Draco Malfoy. O senhor nega ou confirma?
_Protesto, Excelsa Corte! _ disse Pieterzoon _ A Defesa está desviando-se do caso e conjecturando.
_Negado, Respeitável Assistente da Promotoria. Há coerência na linha de raciocínio da Defesa. A testemunha deverá responder.
_Confirmo, Excelsa Corte.
_Com isso, Excelsa Corte, podemos lançar dúvidas sobre se podemos confiar inteiramente no depoimento do Sr. Montague. Ele pode ter sido afetado por um ressentimento quanto ao fato do meu cliente ter colaborado na investigação que culminou na morte de seu pai em confronto com Aurores. A Defesa não tem mais perguntas.
Montague foi dispensado. Roger voltou ao seu lugar.
_Estou começando a ficar mais aliviado, Roger. _ disse Draco.
_Acho que eles estão guardando a artilharia mais pesada para o final, Draco. Inclusive as provas forjadas.
_Mas temos as contraprovas, não temos?
_Sim, temos. _ disse Michael Corner _ Graças às nossas fontes, poderemos derrubá-las. Lembre-se de que seu julgamento servirá para outra coisa, além de provar sua inocência.
_E o que é essa outra coisa? _ perguntou Janine.
_Ainda não sabemos direito, mas tem a ver com uma importante e surpreendente revelação.
_Se Harry não estivesse morto, eu diria que tudo isso era coisa dele. Lembra a investigação que fiz, no sétimo ano. _ comentou Draco, sorrindo _ Mas ainda haverão mais coisas, estou certo.
Draco teve certeza daquilo, quando viu a testemunha seguinte, convocada pela Acusação.
_Dolores Jane Umbridge, a Acusação a convoca para depor.
A bruxa baixinha e gorda, já meio entrada em anos, sentou-se e prestou o juramento, com sua vozinha infantil, aguda e irritante. Disfarçado sob Feitiço de Transfiguração e sentado entre a assistência, Harry não pôde deixar de sentir seu estômago embrulhar-se e as costas de sua mão formigarem, onde um dia formaram-se as palavras escarificadas, resultado de suas detenções com a megera, quando ainda professora de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts, durante seu quinto ano.
_Madame Umbridge, a senhora é, atualmente, funcionária aposentada do Ministério da Magia, não é?
_Sim, Respeitável Assistente da Promotoria.
_E que cargos já desempenhou?
_Me aposentei como Chefe do Departamento de Serviços Gerais. Mas já fui Subsecretária Sênior do Ministro, Professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Alta Inquisidora do Ministério e, temporariamente, Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
_Foi professora de Draco Malfoy?
_Sim, senhor. E ele era um bom aluno.
_Na sua matéria?
_E em várias outras. Possuía bom conhecimento em Artes das Trevas, o que era necessário para a minha matéria (“Balofa estúpida! Pois se ela queria impedir que tivéssemos treinamento de combate contra as Artes das Trevas, temendo que estivéssemos querendo derrubar o Ministério”, pensou Harry, indignado).
_E algum outro talento?
_Bem, durante o período em que fui Diretora de Hogwarts e Alta Inquisidora do Ministério, Draco Malfoy chefiava um grupo de apoio à Direção, denominado Brigada Inquisitorial. Graças a eles, descobrimos um grupo clandestino de alunos que treinava Feitiços de Combate, intitulado AD, que primeiro significou Associação de Defesa mas, depois, ficou conhecido como Armada de Dumbledore.
_E com que intenção?
_Pensávamos que Dumbledore estivesse conspirando e querendo derrubar o Ministro Fudge, que Deus e Merlin tenham-no em bom lugar. _ risos começaram a ser ouvidos _ Isso foi quando o Sr. Malfoy estava no quinto ano e começaram os rumores sobre a volta d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
_No ano seguinte, Draco Malfoy oficializou sua posição de rompimento com as Trevas. O que a senhora tem a dizer sobre isso?
_Protesto, Excelsa Corte! _ disse Roger _ a testemunha irá basear seu depoimento em suposições e não em fatos.
_Negado, Respeitável Defensor. Essa opinião será importante.
_Bem, Respeitável Assistente da Promotoria, eu acho que pode-se tirar a pessoa das Trevas, mas é muito difícil, eu diria quase impossível, tirar as Trevas da pessoa. Ainda mais quando se tem uma tradição familiar.
_A Acusação encerra. Não tenho mais perguntas para a testemunha, Excelsa Corte.
Roger Davies assumiu e perguntou:
_Madame Umbridge, de qual Casa de Hogwarts a senhora é oriunda?
_Fui selecionada para a Sonserina, como toda a minha família antes de mim. _ respondeu a bruxa, sem perceber onde Davies queria chegar.
_E a senhora tem parentesco com um grande número de famílias de sangue puro, não tem?
_Sim, tenho. Há poucas famílias tradicionais da Bruxidade com as quais eu não sou aparentada.
_Poderia citar algumas?
_Certamente: Selwyn, Bulstrode, Yaxley, Jugson, Thicknesse, entre outras.
_Interessante, Madame Umbridge. Em todas elas, embora hajam membros que romperam com a Magia Negra, há muitos membros que eram abertamente simpatizantes da Ordem das Trevas, inclusive muitos eram membros da tropa de elite de Lord Voldemort (e Davies frisou bem o nome do bruxo, divertindo-se ao vê-la tremer), os Death Eaters. Isso não lhe causou algum problema?
_Oh, sim. Quando o Lorde das Trevas retornou, fui submetida a inquérito, assim como muitos funcionários do Ministério que eram de famílias com membros simpatizantes das Trevas, mas nada foi provado. Para começar, procuraram pela Marca Negra e nada encontraram. Fui considerada totalmente inocente.
_Então a senhora, aparentada com famílias trevosas, foi inocentada. E o meu cliente, que também foi submetido a um inquérito semelhante, assim que atingiu a maioridade e no qual nada foi encontrado, porque ele também JAMAIS POSSUIU A MARCA NEGRA, também não poderia ser considerado um sincero dissidente, tendo realmente rompido quaisquer vínculos com as Trevas, ainda que filho de Lucius Malfoy, o segundo em comando de Lord Voldemort? Principalmente pelo fato de que sua mãe, Narcisa Malfoy, sacrificou sua própria vida ao ser atingida pela Avada Kedavra destinada a ele e à namorada, sendo que a pessoa que lançou a Maldição da Morte (e a voz de Roger Davies foi aumentando de intensidade) foi ninguém menos que Lucius Abraxas DeGiscard Malfoy, SEU PRÓPRIO PAI?
As palavras de Roger Davies, ditas com voz firme, ecoaram pelo Tribunal e foram seguidas por um constrangedor silêncio, após o qual Dolores Umbridge disse, baixo mas com volume suficiente para ser ouvida pelo Colegiado de Juízes e pelo Corpo de Jurados:
_Sim. Ele poderia, sim.
_Excelsa Corte, não tenho mais perguntas. A Defesa encerra.
Dolores Umbridge foi liberada e Roger voltou para a mesa de Draco, sob palmas da assistência.
_Mandou bem, Rog. _ disse Michael Corner.
_Obrigado, Mike. Mas eu acho que ainda vem mais artilharia pesada por aí.
Os depoimentos seguintes tiveram formas semelhantes. Bletchley, Bole e Derrick deram declarações tentando incriminar Draco (é lógico, pois faziam parte do Círculo), as quais foram rebatidas por Roger e Michael. O depoimento de Gustavo Bonilla foi neutro e Terence Higgins, com seu depoimento, confirmou que não estava a soldo do Círculo Sombrio:
_Sr. Higgins, o senhor conheceu o acusado durante o primeiro ano dele em Hogwarts, não foi? _ perguntou Pieterzoon.
_Sim, Respeitável Assistente da Promotoria. Eu estava no sétimo ano e era o Apanhador do time de Quadribol da Sonserina. Draco Malfoy foi o meu sucessor, no ano seguinte.
_Tiveram pouco convívio, então.
_Sim, tivemos.
_Foi possível perceber se o acusado possuía algum perfil trevoso?
_Draco Malfoy tinha onze anos. Nessa idade é difícil saber se a pessoa assume determinado comportamento por convicção própria ou por imitação de um comportamento de casa. Draco apresentava um comportamento meio esnobe, talvez reflexo da conhecida arrogância de seu pai, Lucius. Mas nada que denotasse franca inclinação para as Trevas. Por isso, embora ele tivesse mantido, pelo que eu sabia, um aparente perfil de puro-sangue discriminador nos anos seguintes, eu acreditava que aquilo não era mais do que uma bem conduzida encenação para satisfazer seus pais e outros trevosos, portanto não me causou surpresa quando soube que ele, no sexto ano, havia começado a namorar uma garota de origem trouxa, Janine. E muito menos a notícia de que ele havia rompido publicamente com qualquer vínculo com a Ordem das Trevas. A notícia da morte de Narcisa pelas mãos de Lucius também foi recebida com muita tristeza por minha família, pois minha mãe era muito amiga dela, sempre avisando-a para tomar cuidado com a Magia Negra.
_E o fato dele ter tentado atacar Harry Potter no quinto ano?
_Respeitável Assistente da Promotoria, Draco Malfoy poderá até não gostar do que eu vou dizer, mas creio que deve ter sido uma maneira de extravasar uma certa inveja de Harry Potter, acumulada desde o primeiro ano, sem relação alguma com devoção às Trevas, somada à raiva, tristeza e decepção pelo encarceramento de Lucius. Ninguém quer acreditar que seu pai não presta, ainda que possa ser um fato. Excelsa Corte, posso estar tecendo suposições e talvez essa declaração não seja válida, mas não creio que isso seja suficiente para rotular alguém como adepto da Ordem das Trevas.
Palmas da assistência seguiram-se a esse último comentário de Terence Higgins, obrigando Arthur Weasley a pedir ordem, com golpes de malhete. Trincando os dentes, Pieterzoon dispensou a testemunha.
_A Acusação encerra. Sem mais perguntas.
_Sr. Higgins, tenho apenas uma pergunta: O que você achava de Harry Potter, nos tempos de escola?
_Protesto, Excelsa Corte! _ exclamou Pieterzoon _ A pergunta da Defesa não tem relação com o caso.
_Negado. A testemunha deve responder. Sr. Higgins, responda à pergunta.
_Bem, apesar da rivalidade Grifinória/Sonserina, eu jamais tive nada pessoal contra Harry Potter. Inclusive, jamais esqueci daquela maneira espetacular com que ele capturou o pomo de ouro antes de mim, em sua estréia como Apanhador.
_Sem mais perguntas, Excelsa Corte. A Defesa encerra.
Nova onda de aplausos seguiu-se à declaração de Higgins. Após Arthur obter ordem da assistência, uma nova testemunha foi convocada:
_A Acusação convoca Shirley Carrow.
A viúva de Amycus Carrow sentou-se e prestou seu juramento, ficando à disposição de Pieterzoon, para responder às perguntas.
_Sra. Carrow, seu falecido esposo era um Death Eater, não era?
_Sim, era. Morreu no St. Mungus, após uma estranha e fulminante doença que contraiu em Azkaban.
_Acha que pode ter sido coisa das Trevas? Alguma retaliação?
_Sim, acho.
_Acredita que Draco Malfoy poderia estar envolvido?
O Tribunal ficou em suspense, aguardando a resposta de Shirley Carrow.
_Não, Excelsa Corte, de forma alguma. Não creio que Draco Black Malfoy estivesse envolvido em quaisquer atividades das Trevas ou qualquer outro ato ilícito.
_A Acusação não tem mais perguntas. _ disse Pieterzoon, reprimindo a vontade de dizer um cabeludo palavrão.
_Sem perguntas para a testemunha, Excelsa Corte. _ disse Michael Corner.
Olhando para o relógio, Arthur Weasley encerrou os trabalhos por aquele dia.
_Retornaremos amanhã, às 08:00 h. Por hoje, encerramos.
O meirinho recolocou o bracelete em Draco e todos levantaram-se, para a retirada da Excelsa Corte.
Em um restaurante, Nikolas Pieterzoon havia acabado de jantar e tomava um Brandy, enquanto repassava mentalmente o resultado daquele primeiro dia do julgamento (“Praga, eu não imaginava que fosse ser tão difícil. Primeiro aquela indisposição de Kraemer e Danvers. Como foi que os dois tiveram uma gastroenterite tão forte logo antes do julgamento e ao mesmo tempo? E aqueles dois advogados? Bibas bem preparadas, sim. Estou tendo o maior trabalho para conseguir manter pelo menos a opinião dos jurados neutra. Mas ainda não estou derrotado. Aqueles documentos que tenho em meu poder garantirão que Draco Malfoy seja condenado e irão manchar a reputação de sua esposa, Janine. Aliás, não sei por que ‘Escuridão’ faz tanta questão de arrastar aquela mulher para o buraco, junto com seu esposo. Bem, não vou questionar os motivos do chefe, pois já vi o que acontece com quem falha com ‘Sombra & Escuridão’. Não sei de onde tiraram aquilo, nem se são verdadeiros e, para falar a verdade, tampouco me interessa. Só sei que vai ser de dar náuseas”, pensava “Mantis”, enquanto continuava a saborear sua bebida).
Naquele momento, um homem de terno preto e traços orientais pediu licença a Pieterzoon e sentou-se.
_Ei, mas que m...
_Calma, Nikolas-san. Sou eu.
_Chefe! Mas o que faz aqui?
_Vim ver como o julgamento do traidor está se desenvolvendo. Você está fazendo um bom trabalho. _ disfarçadamente, “Escuridão” pegou a varinha e executou um Feitiço de Privacidade, para que pudessem conversar _ Vi que você fez o que pôde, para manter uma sombra de dúvida na opinião dos jurados. Sofremos um revés temporário, após os depoimentos de Higgins e da Sra. Carrow. Amanhã, a Defesa irá apresentar suas testemunhas e você poderá tentar fazê-las caírem em contradição, embora eu ache que será bastante difícil. Todos eles são muito chegados entre si e devem saber o que estamos planejando, embora não tenham como provar, é o que eu acredito. Depois que você “fez o serviço” em Anastasia Artamonov, não tenho conhecimento de que nada tenha sido tirado daquele cofre em Genebra, mesmo depois da visita de Harry, pelo que LeBeau me disse. E, como Harry Potter morreu, o acesso deve ter morrido com ele. Harry não deixaria informações tão perigosas comprometendo a segurança de seus amigos. Não se preocupe, “Mantis”. Draco Malfoy e sua esposa de sangue ruim lamentarão o dia em que meteram-se com o Círculo Sombrio. Confio em você. Saúde! _ e “Escuridão” brindou com o assassino.
O que os dois não sabiam, era que uma Orelha Remota havia sido colocada, disfarçadamente, em um vaso de flores que decorava a mesa por “π”, que estivera disfarçada de garçonete. Do outro lado do restaurante, ela e Harry ouviam toda a conversa.
_Seus cunhados Fred e Jorge estão de parabéns, Harry, por terem criado as Orelhas Extensíveis. _ disse “π”.
_E também “Musashi & Cia”, por as terem aperfeiçoado e, a partir delas, desenvolvido as Orelhas Remotas.
Após discutirem um pouco mais sobre como Pieterzoon iria conduzir as perguntas do dia seguinte, “Escuridão” despediu-se e saiu. Nikolas Pieterzoon terminou seu Brandy e fez algo que não fazia há um bom tempo: quando a vendedora de cigarros passou, pediu um Chesterfield avulso e, como estava em área de fumantes, acendeu-o, tragando lenta e profundamente e exalando a fumaça no ar. Pediu sua conta, que logo foi trazida pelo garçom, que logo retirou-se. Ao receber a conta e olhar no verso da nota fiscal, quase engoliu o cigarro. Havia um pequeno bilhete, escrito ali:
_ “Meu caro ‘Mantis’, não importa quantas artimanhas você e aquele bandido do seu chefe inventem, jamais obterão sucesso. Draco Malfoy será absolvido e você receberá tudo o que merece. Assim como acabei com vocês no mercado de drogas, estourei suas zonas de meretrício e ajudei ‘Banshee’ a resgatar Camille Devereaux Musashi em Porto Alegre, terei o prazer de dar o golpe final no Círculo Sombrio. Palavra do ‘Homem-Névoa’, você pode esperar”.
As palavras escritas no verso da nota fiscal pareciam zombar dele, que olhou à toda sua volta, mas não conseguiu ver o garçom que lhe havia entregue a conta. Saiu do restaurante e acendeu outro cigarro, tragando e soltando a fumaça, enquanto dirigia-se ao estacionamento no qual estava seu carro, sempre procurando identificar alguém suspeito, sem conseguir. Apagou o cigarro, entrou na Lancia que estava estacionada e foi para casa dormir, pois o dia seguinte seria bastante trabalhoso.
Mais adiante, transfigurados em um casal de velhinhos que voltava das compras, Harry Potter e “π” assistiam, divertidos, ao quadro de ansiedade e quase desorientação de “Mantis”. Trocaram um sorriso cúmplice e despediram-se. “π” tomou um destino que somente a ela interessava e Harry desaparatou para Godric’s Hollow. As crianças haviam ido para a Toca, Miep Van de Vries ficaria hospedada com eles naquela noite e havia muita coisa que os três precisavam conversar. O dia seguinte prometia grandes emoções na continuação do julgamento de Draco Malfoy, agora com os depoimentos das testemunhas da Defesa.
A hora do desmascaramento de “Mantis” estava cada vez mais próxima.
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