Amor
Cap. 3 – Amor
“I found her diary underneath a tree.
and started reading about me
The words she'd written took me by surprise
you'd never read them in her eyes.”
(Eu achei o diário dela debaixo de uma árvore
E comecei a ler sobre mim
As palavras que ela escreveu me pegaram de surpresa
Você nunca as leria nos olhos dela)
Um sorriso se formou nos lábios finos do jovem loiro. Ao contrário do que parecera a princípio. Ter deixado aquela poção molhar as páginas do diário tinha sido, afinal, um golpe de sorte. Além de ter permitido a ele que descobrisse imediatamente de que poção se tratava o conteúdo do frasco, o pequeno acidente tornara possível a leitura do diário de Hermione Granger.
Draco ainda teve que ter o trabalho de preparar mais da poção para poder revelar o resto do diário, não só as páginas que tinham ficado manchadas com a quantidade de poção que havia no pequeno frasco do trabalho de Poções. Mas, se era para descobrir os segredos daquela sangue-ruim, todo aquele trabalho valeria à pena.
Cerca de uma hora depois, todo o diário já estava pronto para ser lido. O garoto folheou algumas páginas até encontrar de novo a página que citava o seu próprio nome. Ele começou a ler essa anotação desde o início.
“Certo, qual é o meu problema? Será que eu estou simplesmente começando a perder a cabeça? Não dá para acreditar no que eu disse! A única explicação plausível para as minhas palavras naquela hora seria eu estar sob o efeito da Maldição Imperius. Como isso é pouco provável em Hogwarts (especialmente agora que o Moody não é mais professor da escola), eu vou me apegar à minha 1ª teoria (aquela que diz que eu estou perdendo a cabeça).
Do que eu estou falando? Vou começar do começo. Ta, isso foi um pouco redundante, mas eu estou tão estarrecida com o que aconteceu hoje que nem ao menos estou com paciência para escrever corretamente.
Tudo começou quando eu tinha acabado de sair da aula de Feitiços. Eu tentava explicar para o Rony porque os feitiços dele não estavam funcionando (pela expressão no rosto dele, eu tinha a ligeira impressão de que ele não poderia se importar menos com o que eu estava dizendo) quando senti alguém cutucando o meu ombro. Ao me virar, vi que se tratava da Parvati. Por um segundo, eu estranhei o fato de ela estar sozinha, mas aí eu lembrei do “pequeno” acidente sofrido por Lilá na aula de Herbologia.
Pensando que poderia se tratar de algo sério (não me perguntem porque eu pensei isso), eu pedi que o Harry e o Rony fossem na frente enquanto eu falava com ela. Assim que eles se afastaram, nós tivemos o seguinte diálogo:
Eu: O que houve Parvati?
Parvati: A Lilá não está aqui.
Eu: Sei disso.
Parvati: Então... Você pode me acompanhar até o banheiro?
Eu #com cara de ponto de interrogação# : E você não pode ir sozinha porque...
Parvati: Ir até lá sozinha? Você é louca?
Percebi que seria inútil discutir. Resolvi acompanhar Parvati até o banheiro das garotas enquanto fazia uma anotação mental de tentar analisar esse fenômeno interessante e descobrir o porquê de algumas garotas sentirem necessidade ser acompanhadas a toda parte.
Eu acompanhei Parvati até o banheiro e esperei ela sair. Até esse momento estava tudo bem. O verdadeiro problema só veio a ocorrer no caminho de volta para o salão principal. Advinha quem eu tinha que encontrar em um dos corredores, justo quando o Harry e o Rony não estavam por perto? Ele mesmo, Draco Malfoy. Pois é, eu sou sortuda desse jeito.
Para falar a verdade, até que dessa vez eu dei um pouco de sorte. Isso porque, além de estar sem seus guarda-costas a tiracolo (talvez pela 1ª vez na vida), Malfoy parecia profundamente absorto em uma carta. Absorto demais para se dar conta de nossa presença.
A minha sorte meio que acabou quando, após termos chegado ao fim do corredor, não podendo mais sermos ouvidas por Malfoy, a Parvati se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido “Ele é lindo, não é?” ao que eu respondi, sem pensar, “De um certo ângulo...”
“De um certo ângulo”?! Nunca vou compreender como eu pude ao menos pensar em uma coisa dessas sobre o Malfoy, quanto mais dizer em voz alta. Como assim o Malfoy é lindo “de um certo ângulo”? Ele não pode ser considerado lindo sob nenhum ângulo ou situação. Ele não seria lindo nem se estivéssemos em um mundo paralelo em que ele não fosse um babaca egoísta e narcisista.
Agora eu estou me lembrando de uma espécie de ditado. “Quando não se pensa no que diz, se diz o que pensa”. E se essa frase for verdadeira? Não tenho dúvidas de que, naquela hora, eu não estava pensando. Será que eu falei o que eu realmente penso do Malfoy?
Pensando bem, há tempos que esse desgraçado não me sai da cabeça. Quero dizer, ele é extremamente bonito e extremamente irritante. É difícil esquecer de alguém assim. Droga! Eu acabei de chamar ele de bonito de novo! O que está acontecendo comigo? Se eu não me cuidar bem, posso acabar até, como diria o Rony, ‘confraternizando com o inimigo’.
Já sei o que fazer! Amanhã a Grifinória e a Sonserina vão se juntar para a aula de Poções. Tudo o que eu preciso fazer é observar atentamente o Malfoy, me concentrando em todos os (muitos) defeitos dele. Aqueles velhos motivos que me fazem odiar ele com todas as minhas forças. Acredito que o motivo de eu estar esquisita desse jeito em relação a ele seja o fato de ele não me provocar há semanas. É só ele voltar a ser um canalha desprezível comigo (e com o resto do mundo) que eu vou esquecer dessa atraçãozinha à toa.”
A cada palavra lida, o sorriso de Draco se tornava mais maldoso. Ele certamente não esperava por aquilo, o que tornava a descoberta ainda mais divertida.
“Isso está começando a ficar realmente interessante” pensou o loiro “Eu posso me aproveitar disso. Próxima Página”.
Ele retornou à leitura.
“E eu pensando que achar o Malfoy bonito “de um certo ângulo”era algo preocupante. Eu não sabia até ontem o que era uma coisa preocupante DE VERDADE. Agora eu sei.
Explicando o motivo. Na aula de Poções (aquela mesma aula que eu achei que seria boa para voltar a ver o Malfoy como o idiota que ele é, como eu era ingênua), o prof. Snape dividiu a turma em duplas. Considerando a minha (falta de) sorte, claro que eu acabei tendo que fazer dupla com o Malfoy. “Vai ser bom” eu pensei. “Vai ajudar a enxergar o canalha que ele é”. Quanta ingenuidade, quanta ingenuidade. Se eu soubesse o que aconteceria, não teria achado essa história de fazer dupla com o Malfoy nada boa. Uma pena que eu larguei as aulas de Advinhações.
Assim que eu sentei perto do Malfoy ele começou a tentar me irritar com aquele discurso de sempre. Sangue ruim, sabe-tudo, etc... Bem, pelo menos eu assumi que era sobre isso que ele estava falando, porque eu não consegui me concentrar em nada do que ele estava falando. Eu só ficava olhando para o rosto dele e foi aí que eu tive uma revelação aterradora que, mesmo agora, eu tenho dificuldades de admitir para mim mesma. O Malfoy não é bonito “de um certo ângulo”. Ele é absolutamente perfeito de todos os ângulos possíveis. Eu digo fisicamente falando, não me entenda mal. Ele continua sendo o babaca que ele sempre foi. Entretanto, depois da minha análise minuciosa das características físicas de Draco Malfoy, sou obrigada a afirmar que ele é, sem dúvidas, o garoto mais bonito de Hogwarts.
Eu poderia ter passado bem apenas com a súbita consciência dos atributos físicos do garoto mais detestável da face da Terra. Mas a tragédia não parou por aí. Oh, não.
Sendo o Malfoy e eu os dois melhores alunos de Poções da turma, a nossa poção foi a primeira a ficar pronta, restando ao Malfoy tempo de sobra para um de seus passatempos prediletos: tornar a minha vida miserável. Bem, não posso dizer que ele não atingiu seu intento. Só não atingiu da forma que esperava.
Mais uma vez ele começou aquele velho discurso e mais uma vez eu não ouvi nem uma só palavra do que ele dizia. A única coisa diferente da última vez foi que, ao invés de apenas observar o rosto do Malfoy como um todo, eu me foquei nos lábios dele. Para piorar um pouco, eu comecei a meio que imaginar como seria se ele me beijasse. Não dá para piorar? Claro que sim! Sempre é possível piorar. Sinta o drama: na minha imaginação, eu estava gostando do beijo. Sim, senhoras e senhores, eu finalmente atingi o fundo do poço. Eu estou tendo fantasias românticas com o maior canalha da face da Terra.
A culpa é toda da Parvati. Se não fosse aquela necessidade inexplicável dela de ir até o banheiro sempre acompanhada de alguém (com toda essa história com o Malfoy eu ainda não encontrei uma explicação para esse misterioso fenômeno que parece atingir grande parte da população feminina mundial), nada disso estaria acontecendo. Maldita Parvati!
A Parvati está subindo as escadas do dormitório agora! Eu preciso guardar o diário antes que ela veja que eu estou falando (escrevendo?) mal dela.
Até amanhã”
O loiro agora se divertia com todas as idéias que surgiam em sua mente sobre como usar as informações que agora possuía para aprontar com a sangue-ruim.
“A Granger realmente gosta de mim. É inacreditável!” pensou o jovem de olhos claros. Ele se dirigiu a um grande espelho que estava pendurado em uma das paredes do cômodo em que estava. “Bem, talvez não seja tão inacreditável assim.”
Draco se pôs a admirar suas próprias feições no espelho. Se antes nunca tinha possuído problemas com sua auto-estima, agora, depois de sua beleza ter sido tão elogiada por aquela que supostamente o odiava, o garoto poderia dizer que tinha todas as razões possíveis para esquecer a modéstia de vez.
Mas aquele não era o melhor momento para ele se deleitar com a própria imagem, Ele poderia deixar aquilo para outro dia. O que ele precisava fazer agora era pensar no plano perfeito. Um plano que faria a Granger se sentir tão mal que ela nunca mais se atreveria a olhar para ele.
Mas o que poderia magoar uma garota mais do que qualquer coisa no mundo? Mais importante do que isso, o que poderia magoar a Granger mais do que qualquer coisa no mundo? Ter o coração partido, talvez.
“É isso! Eu vou me aproximar dela fingindo estar apaixonado e, na hora certa, vou jogar tudo na cara dela. Ah, ela nunca vai esquecer disso...” Draco se deliciava com a situação.
A única coisa que ele precisava agora era descobrir um jeito de começar a se aproximar da Granger sem provocar a desconfiança dela. Não seria uma tarefa fácil, mas definitivamente valia à pena para infligir à garota a maior quantidade de sofrimento que ele conseguia pensar. Afinal, o que poderia fazer uma garota mais triste do que ser enganada por aquele que ama?
“Droga, ela já deve ter dado por falta do diário! O meu primeiro passo é consertar isso e fazer a sangue-ruim acreditar que está tudo bem. Isso vai dar trabalho” por mais que Draco detestasse admitir, ele sabia que a Granger era inteligente. Muito inteligente. De todas as vítimas que Draco poderia escolher, aquela seria a mais trabalhosa. Mais um motivo pelo qual ele estava extremamente ansioso para colocar o plano em prática: ele queria provar para aquela metida à sabe-tudo que ela não é tão esperta quanto imagina. Ele iria superar Hermione Granger.
Então ele deveria, antes de tudo, devolver o diário sem ser percebido. Mas, se ele fizesse isso, perderia uma fonte de informações cruciais.
“Mudança de idéia, meu primeiro passo é fazer uma cópia do diário” ele tinha certeza de que existia um feitiço que fazia isso, embora ele não conseguisse lembrar exatamente qual. Sem pensar duas vezes, ele atirou o diário dentro de sua mochilam colocou a mochila nas costas e rumou para a biblioteca.
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A cada minuto que passava sem seu diário, o desespero de Hermione aumentava. Ela não conseguia se concentrar nas aulas, não conseguia comer, não conseguia rir das piadas de Harry e Rony, só conseguia pensar no maldito diário. Como ela pôde ser tão burra? Como ela pôde ter perdido o caderno que guardava seus pensamentos mais secretos, aqueles que ela não se atrevia a compartilhar nem mesmo com seus melhores amigos? E se alguém tivesse encontrado? E se ele tivesse encontrado? O que ia ser dela?
Quantas perguntas que ela não tinha como responder. Ela odiava isso. Hermione era aquela que tinha resposta para tudo. Aquela que sabia de tudo. E agora ela encara uma situação que ela não sabia como controlar. Não dava para ficar pior.
- Mione, você ta me ouvindo? – ela escutou a voz de Rony perguntar. Eles estavam na sala comunal da Grifinória e ela supostamente deveria explicar para ele a matéria de História da Magia. Supostamente
- Não. – ela respondeu sem se incomodar em parecer grosseira. Nada mais importava.
- Você tem que ajudar a gente com isso, Mione. Temos uma prova amanhã e eu não faço a mínima idéia de qual das sereias traiu a revolução e qual delas... – Rony começou a falar, mas foi rudemente cortado por uma risada extremamente amarga da amiga.
- Quem se importa com a porcaria da prova? – Hermione falou, sem se dar conta do efeito que as palavras causariam.
Todos na Sala Comunal pararam o que estavam fazendo para olhar para a garota, estarrecidos. Hermione não se importando com uma prova? Aquilo era inimaginável até mesmo nos sonhos mais bizarros das pessoas naquela sala. Algo (ou muita coisa) estava acontecendo de errado.
No entanto, ninguém parecia mais boquiaberto do que Rony. Mesmo depois de Hermione ter praticamente detonada a Sala comunal e os dormitórios atrás de seu diário, ele não fazia idéia de que a coisa era tão séria até aquele instante. Ela teria que estar realmente aflita com a perda do diário para não se importar com uma prova da escola, qualquer que fosse.
Hermione nem ao menos percebia que todos na Sala Comunal tinham parado de falar de repente. Tampouco percebia os olhares atônitos que estava recebendo. Para ela, não havia outro mundo para além de seu desespero.
Sem nem mais uma palavra, ela se levantou e saiu da Sala. Mesmo sem dizer nada, todos sabiam qual era o único lugar para onde ela iria estando nesse estado de espírito. O único lugar em que ela se sentia segura, acolhida.
A biblioteca.
Continua...
*morrendo de vergonha*err... Mais de um ano sem atualizar, certo? E quando eu enfim atualizo, vocês ganham esse capítulo sem-graça, certo? OK, vocês têm todo o direito de me odiar, que venham os tomates e as pedras, eu estou preparada e isso é mais do que o merecido.
Pelo menos dêem a chance para eu me explicar. O motivo da demora toda é um só e bem simples: depressão. Sabem aquelas épocas em que tudo parece estar dando errado e você não sabe o que fazer para melhorar? Pois é, o ano de 2007 foi simplesmente horrível para mim. A minha auto-estima (que nunca foi das maiores) despencou inacreditavelmente. Isso acabava se refletindo na minha escrita. Eu comecei a escrever esse capítulo uma centena de vezes, mas eu estava me sentindo tão mal comigo mesma que acabava deletando tudo.
OK, OK, vou parar de encher o saco de vocês e ir ao que interessa:
Eu prometo que não vou mais deixar isso acontecer! Próximo cap. em, no máximo, duas semanas. E eu só vou levar esse tempo todo porque a escola não está exatamente cooperando (terceiro ano sucks!).
Vejo vocês em breve, muito breve... (credo, parece até frase de filme de terror...)
Até!
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