Aquecimento




SÁBADO, 03 DE FEVEREIRO
JARDINS, 10h:00

Acordei como se não tivesse dormido nadinha a noite inteira. Minha cabeça estava estourando de dor, e meu corpo estava muito pesado, socado na cama. Devo ter dormido numa posição muito desconfortável, minhas costas estão super doloridas. Meio relutante, me arrastei até a ponta da cama, próxima à mesinha de cabeceira e vi que horas eram: sete da manhã... num sábado! Soltei um grunhido de frustração e tentei dormir novamente, mas quem disse que consegui?

Levantei meio tonta, a visão meio embaçada e os cabelos espalhados por todo o meu rosto. Olhei para as camas de minhas amigas; os cortinados fechados e os roncos suaves, porém audíveis de Alice denunciavam que todas dormiam na mais perfeita paz. Que noite tranqüila elas devem ter tido, pensei amargamente.

Caminhei para o banheiro e me olhei no espelho; eu estava um caco. Como estive a semana inteira, mas graças aos céus, ninguém descobriu o porquê. Ainda.

E o motivo de meu humor estar péssimo, minha aparência pior ainda, e minha concentração nas aulas ter sido nula, é eu ter aceitado e marcado um encontro, no dia dos namorados com Bryan Leigh:

- monitor da Corvinal;

- que supervisionou minha detenção solitária na semana passada;

- que parece sentir alguma coisa por mim,

- sendo que eu não sinto nada por ele (apesar de não negar que ele é muito bonito, e inteligente).

E estou começando a achar que eu talvez ame o Potter; quero dizer, James; ou Potter... Não sei mais.

Enfim, esses últimos acontecimentos, os quais minhas amigas ainda não tem conhecimento e pretendo que não saibam tão cedo, passaram voando pela minha cabeça numa velocidade nada agradável para uma manhã de sábado. Sério, é muita coisa para se pensar tão cedo.

Me vesti (calça jeans, blusa de manga comprida vermelha, rabo-de-cavalo, tênis; nada de especial.) e desci para a sala comunal, que encontrei completamente vazia. Como eu não tinha o que fazer (meus deveres estão sempre em dia, a não ser por aquele último dever de Transfiguração... sim, ainda é aquele da semana passada... ai ai ai... hum, melhor não pensar nisso agora, para o bem da minha sanidade mental...), decidi tomar meu café-da-manhã logo no Salão Principal, mas para a minha surpresa, o salão estava vazio! Mas é claro, pensei imediatamente, quem é que acorda a uma hora dessas num sábado?

Aparentemente os elfos domésticos, já que tinham uns dois terminando de arrumar as mesas do salão. Eles me olharam espantados e fizeram longas reverências para mim (cara, isso é muito irritante neles. Sempre tão subordinados, inferiorizados... dá pena.) e me levaram até a cozinha, que eu só tinha ido uma vez, mas estava tão distraída que nem me lembrava de como era, e me surpreendi ao ver um salão tão grande quanto o que eu tinha estado anteriormente, lotado de elfos incansáveis que vinham de lá pra cá com bandejas e mais bandejas de comida. Me sentei numa mesa que tinha próxima à porta e logo um outro elfo já me perguntava o que eu queria comer. Fiquei meio sem jeito, mas depois lembrei que nunca chegava a tempo de comer aqueles deliciosos bolinhos de frutas com confeito de chocolate, cereais sabor chocolate, e também os cookies com gotas de chocolate... resumindo: tudo do cardápio que continha chocolate e sempre acabava antes de eu chegar. Eu deveria acordar mais cedo só para comer essas gostosuras... mas eu também não sou nenhuma gulosa! Comi moderadamente... depois que terminei (lá pelas oito e meia) voltei para a sala comunal e comecei a fazer (finalmente!) o meu dever de Transfiguração. Quando acabei, resolvi dar uma volta pelo castelo, passeando mesmo, apreciando o ambiente... percebi que eu nunca reparei realmente em todos os detalhes desse castelo que já estudo há sete anos... estou sempre tão ocupada, atrasada, preocupada com os estudos, que nem paro para observar a beleza ao meu redor. E foi pensando nisso que resolvi descer para os jardins frios, iluminados pelos fracos raios de sol da manhã... o dia está realmente lindo!

James adoraria jogar quadribol hoje...

Oh-oh. Acabei de lembrar de uma coisa. Hoje tem jogo de quadribol!

Ah, mas eu não preciso ir nesse jogo. Eu nunca vou mesmo. Só daquela vez... mas eu não preciso ir de novo. Não mesmo. Hum, com quem a Grifinória vai jogar mesmo? Acho que é com a Lufa-Lufa... nossa, como pude esquecer? Emelina praticamente implorou para a professora Minerva deixá-la jogar, mesmo que teoricamente fizesse parte da detenção dela não jogar... mas McGonagall se apiedou dela, algo extremamente raro e peculiar dessa nossa professora. Acho que é porque dessa vez temos a possibilidade de ganhar a Taça de Quadribol, e como Grifinória não ganha há algum tempo... a diretora da Grifinória é muito competitiva...

Hum, algumas pessoas já estão saindo em direção ao campo de quadribol. Também, já está quase na hora do jogo. Vou ficar por aqui mesmo, esperar todos saírem e ir para a biblioteca, fazer o trabalho de DCAT e o de herbologia, que acabo de me lembrar que são para segunda-feira...

BIBLIOTECA, 10h:30

Certo, os jardins não são uma área muito segura para pessoas como eu tentando evitar pessoas como todas as que eu conheço (ta, não todas) de me localizarem. Por isso vim pra cá logo que vi Emelina e o resto do time de quadribol da Grifinória (sim, o resto do time significa James. E os outros que também jogam, é claro.) indo em direção ao campo. Ela, sendo uma boa amiga, fez questão de me notar e gritar o meu nome alto o suficiente para que James e Sirius ouvissem e viessem me saudar junto com ela.

- Lily! Você madrugou, hein? Vai assistir ao jogo? – disse ela animada. Não respondi imediatamente, porque estava ocupada olhando para o lindo garoto que se aproximava de mim. Nossa, como ele fica gostoso quando está prestes a jogar uma partida de quadribol... não, não, não fica não! – Hein?

- Ah, não, na verdade eu... tenho uns deveres pra terminar, sabe como é, e...

- Ora Lil, deixe disso! Hoje é sábado! O que pode ser melhor do que nos assistir derrotando a Lufa-Lufa no quadribol, além de nos assistir derrotando a Sonserina, e ganhando a Taça de Quadribol, e a Taça das Casas? – falou Sirius muito agitado e animado, me fazendo revirar os olhos e rir de sua prepotência. Ele realmente se acha melhor do que todo mundo!

- Você não precisa ir se não quiser... – falou James entrando timidamente na conversa – vai ser só mais um jogo qualquer... – essa era novidade! James Potter, não se exibindo sobre quadribol? – você pode nos assistir na final! – esse é o James que eu conheço. Convencido...

- Ok, Potter – isso soou meio estranho... enquanto isso, Emelina e Sirius se juntavam ao resto do time e se encaminhavam para o campo, nos deixando sozinhos - pode deixar que eu vou comparecer na final... – e sorri singelamente, e ele sorriu de volta.

- Vamos, James! – gritou Sirius às portas do vestiário. James deu um último sorriso (daqueles especiais) e foi-se para o jogo.

Então decidi vir logo para cá, mas quem encontrei no caminho?

- Oi Lily, tudo bem? – disse ele amigavelmente

- Ah, olá Bryan... – falei disfarçando o nervosismo e a sem-gracice na minha voz.

- Você vai assistir ao jogo?

- Na verdade não, estou indo para a biblioteca, estudar um pouco, sabe...

- Que bom, eu também! Posso ir com você? – como escapar dessa? Como?

- Er... claro...

E estamos “estudando” desde então; bom, eu estou escrevendo aqui ao invés de fazer os meus deveres, e ele parece não estar fazendo muita coisa... sei lá, fica sentado de frente pra mim, me observando... muito esquisito...

Melhor parar por aqui, ele está vindo para o meu lado.

ALMOÇO, SALÃO PRINCIPAL, 12h:30

O “estudo” na biblioteca não foi nada agradável. Digo, depois que ele se sentou ao meu lado, comecei o meu trabalho de herbologia, mas ele simplesmente tirou os livros de perto de mim, e segurou a minha mão. Dá pra imaginar o quanto eu fiquei nervosa na hora, né, ainda mais porque não tinha ninguém na biblioteca, e a M. Pince estava há corredores e corredores de distância de nós dois. Tirei a mão da mesa disfarçadamente, e o olhei meio nervosa, no que ele sorriu carinhosamente e se ajeitou melhor na cadeira, me ajudando com o dever. Não que eu precisasse de ajuda, não mesmo, mas eu não podia ser grossa, não é?

Ele ficou me ajudando, e chegando mais perto, senti o rosto dele perigosamente próximo do meu... eu cheguei a mencionar que da janela da biblioteca dava pra ver o campo de quadribol perfeitamente? Bem de longe, mas dá. Pois bem, graças a isso, o que eu mais temia no momento não se concretizou. Bryan estava se inclinando para me beijar, e eu não tinha saída, tinha uma grande estante de livros às minhas costas e a mesa à minha frente, de um lado tinham muitas cadeiras, e do outro estava ele; não tinha como eu fugir. Fui virando o rosto lentamente até que focalizei a janela, e vi que Grifinória tinha ganho a partida, e James segurava o pomo vitoriosamente bem ao longe. Nunca fui muito esportiva nem nada, mas pulei da cadeira na mesma hora gritando “Ele agarrou o pomo! Grifinória ganhou!”, sendo reprimida por M. Pince em seguida. Bryan fez uma cara de desgosto e um sorrisinho sem graça e sem vontade se formou em seus lábios.

- Parabéns... suponho que você irá comemorar a vitória com os seus amigos, certo? – meu primeiro impulso foi dizer não, mas ao me lembrar do que aconteceria se eu continuasse ali com Bryan, concordei na mesma hora.

- É, vou... até mais, Bryan... – falei pegando minhas coisas e me dirigindo apressadamente para as portas da biblioteca.

- Até... e até o nosso encontro! – bum! Uma bomba caiu no meu estômago. Ele não tinha esquecido o maldito encontro!

- Claro... até lá... – sorri amarelo e saí o mais rápido possível dali.

Alice e Marlene estão vindo se sentar aqui. Depois escrevo.

SALA COMUNAL, 15h:30

Elas me chamaram para a pequena festinha no salão comunal da Grifinória onde Emelina e o resto do time já estavam. Elas quiseram saber onde eu estive, e bem, eu tento, mas não sou uma boa mentirosa... nem sempre... subimos para cá, longe de ouvidos curiosos.

- Lily! Nem te vimos hoje! Emelina nos contou que você estava lá nos jardins, mas você não assistiu ao jogo... – e reparando os livros em meus braços – não me diga que você ficou estudando!

- Hum... ta bom, eu não digo... na verdade, aconteceram outras coisas muito mais agitadas do que um simples estudo... – essa última parte eu juro que quis dizer só pra mim, mas elas escutaram...

- Como é que é? Lily, conta essa história direito! – falou Alice com seu jeito autoritário

- Ah, é que, quando eu tava na biblioteca, o Bryan tava lá...

- Bryan Leigh? Da Corvinal? Aquele que queria te chamar pra sair?

- É Lene, ele mesmo...

- E o que aconteceu?

- Eu tava estudando, ele se ofereceu para estudar junto comigo, e eu sou muito educada, não pude recusar, aí ele quase me beijou...

- OH! – fizeram Alice e Marlene

- ... Mas eu consegui desviar... mas eu não vou me livrar dele tão cedo...

- Como assim? O que você quer dizer com isso?

- Ai, Ali... é que... bem, no último dia da nossa detenção na semana passada, foi o Bryan que supervisionou, e do nada ele me chamou pra sair com ele no dia dos namorados e...

- Pelo amor de Merlim, Lily, não me diga que você aceitou! – falou Marlene desesperada.

- Aceitei sim... – falei sonsamente, e as duas desabaram nas respectivas camas com cara de espanto

- Aceitou o quê? – perguntou Emelina alegre adentrando o quarto.

- Lily tem um encontro com Bryan Leigh no dia dos namorados. – falou Marlene com o travesseiro sobre a cabeça.

- Por quê? – ela perguntou franzindo as sobrancelhas

- Hey, eu não posso ter um encontro de vez em quando não?

- Não com ele... – falou Alice

- E por que não? – retorqui

- Porque vai ser extremamente chato. O cara é muito chato, eu sei. – falou Marlene, que o conhece há muito tempo, porque eram vizinhos quando crianças. Ela está certa, ele é chato mesmo. - e você não gosta dele... precisa desmarcar esse encontro logo.

- Como é? Não!

- E por que não? Você não pode estar considerando sair com ele... A não ser que você esteja gostando dele... – concluiu Alice, ao que as outras fizeram cara de espanto – Você não gosta dele... gosta?

- Ah, mas que bobagem, é claro que ela não gosta! – falou Emelina – ela gosta do James! – ao ouvirem isso as outras duas suspiraram aliviadas. Eu apenas fiquei de queixo caído com esta afirmação. Como elas podem pensar que sabem mais de mim do que eu mesma?

- Falando em James, ele deve estar pensando em te fazer uma surpresa. Imagine a cara dele quando descobrir que você já tem planos? E com o Bryan? Você sabe que ele sente ciúmes do Bryan...

- Hey! – interrompi - Vocês não tem o direito de interferir na minha vida assim! – elas baixaram os olhos como se pedissem desculpas. - E quem é que disse que eu gosto do James! - elas não responderam à essa última "pergunta".

- Foi mal, Lily... mas, você quer realmente sair com ele? Porque, a gente sabe que às vezes você acaba concordando com certas coisas só pra não magoar as pessoas...- falou Alice. E como ela está certa em relação a isso...

- É, eu sei... também não sei como fui entrar nessa... quando vi já tinha aceitado. Mas eu não posso faltar com a minha palavra.

- Certo... que tal descermos agora? – disse Marlene

Descemos para a festiva sala comunal, onde todos comemoram nossa vitória alegremente. Parece que o próximo jogo, em março, será Corvinal X Sonserina, e o vencedor jogará contra a Grifinória na final.

Os meninos estão bastante animados. Até Remo está festejando, e ele é bem fechado. Sirius está dançando em cima de uma mesa, deixando algumas garotas suspirantes à sua volta; Marlene passa rápido ao lado dele e acidentalmente o derruba da mesa, fazendo-o cair num tombo que arrancou muitas gargalhadas; Emelina bebe umas cervejas amanteigadas junto com o resto do time; Alice e Frank se agarram discretamente num canto da sala...

Acabei de lembrar! O noivado dos dois é daqui a duas semanas. Eu ainda tenho que comprar um presente e um vestido... será que eu vou arranjar tempo?

Alguém acaba de se sentar ao meu lado no sofá. Melhor guardar isso.

SALÃO PRINCIPAL, JANTAR, 19h:30

- Hey, posso sentar aqui? – falou James com um tom de voz doce

- À vontade... – respondi sorrindo de esguelha

Um longo silêncio se instalou entre nós, que logo foi quebrado por mim:

- Eu vi uma parte do jogo.- falei casualmente

- Sério? – ele sorriu surpreso. – Qual?

- O finalzinho. Você agarrando o pomo. De onde eu estava não dava pra ver muito bem, mas eu pude distinguir o seu cabelo despenteado no meio daquele mar de borrões vermelhos.

- Uau. Estou impressionado! – ele sorriu. Aquele sorriso convencido. – e onde é que você estava?

- Na biblioteca.

- Então você deixou de me assistir jogando para ficar estudando? – ele disse com falsa indignação

- Sinto muito, mas estudos ainda são a minha prioridade... – rimos. O rosto dele estava bem próximo...

Mas aí ouvimos uma explosão vinda do outro canto da sala e muitas pessoas correndo. A sala comunal estava pegando fogo! Quem seria tão tapado para incendiar a sala comunal? Só há uma pessoa...

Depois da décima quinta caneca de cerveja amanteigada (quem contou foi Remo. Sinceramente, 15 canecas de cerveja?) Sirius pegou alguma coisa parecida com aquelas velas de aniversário trouxa que soltam fagulhas e acendeu no meio da sala, para impressionar algumas garotas. Mas por puro azar, uma fagulha caiu na capa de Marlene e começou a pegar fogo. Foi pânico geral. Todos começaram a correr desesperados, Alice e Frank sabiamente foram atrás de McGonagall, Remo e Emelina tentavam manter Sirius longe das chamas, porque ele pensava serem estrelas cadentes (vai entender), e eu e James tentamos acalmar o pessoal, e principalmente salvar Marlene, que àquela altura já tinha os cabelos chamuscados também.

Felizmente eu tive a idéia de buscar um balde de água para apagar o fogo de Marlene, para ela não sair incendiando tudo, sabe como é. Deu certo. A sorte é que a água atingiu Sirius também, deixando-o menos bêbado, se é que é possível. Pelo menos ele saiu de perto do fogo; mas mesmo assim ele queimou o braço.

A professora Minerva veio logo em seguida, apagou o restante das chamas e consertou as coisas danificadas. Ela mandou que eu acompanhasse Sirius e Marlene até a enfermaria e Remo se encarregou de pôr ordem no resto do pessoal.

Marlene está realmente furiosa com Sirius. Quero dizer, quem não estaria? Ele queimou metade do cabelo dela, que é – ou era – o cabelo mais bonito da escola. Ah, se isso tivesse acontecido comigo... ele não ia sobreviver... se bem que meu cabelo já tem cara de queimado. Porque ele é ruivo, sabe como é.

Depois de deixar uma Marlene atirando toalhas, vidros e todo tipo de coisa em cima de um Sirius com ressaca, na Ala Hospitalar, vim encontrar o resto dos meus amigos para um jantar tranqüilo.

Ah, esqueci de mencionar, que por muita sorte, conseguimos alegar para a diretora da Grifinória que o acidente foi causado por pedaços quebrados de brinquedos da Zonko’s atirados displicentemente na lareira por um primeiranista descuidado, portanto ninguém vai perder pontos. Preciso dizer que essa brilhante desculpa esfarrapada foi dada por James?

Bem, o jantar está acabando e eu já vou subindo.

DOMINGO, 04 DE FEVEREIRO
CORUJAL, 17h:00

Marlene e Sirius saíram da enfermaria hoje de manhã. Ela ainda está furiosa com ele, e com razão; o cabelo dela que antes era preto, liso e até o fim das costas, agora está castanho escuro, meio frizado e diminuído até o meio das costas. M. Pomfrey diz que se ela passar uma semana usando uma poção especial o cabelo volta ao normal, mas ela não agüenta ficar uma semana inteira com o cabelo desse jeito. Se tem uma coisa que Marlene simplesmente ama de paixão, é o cabelo dela.

Sirius está num estado de dar pena. Não, também não é pra tanto. Ele só está realmente mal por ter enfurecido Marlene. E eles já não estavam numa situação muito boa antes, com toda aquela história da Adams (irônico como a maior inimiga da Marlene no momento é irmã da minha maior inimiga)... e é por isso que ele veio me procurar, e me arrastou para um lugar onde ninguém iria nos incomodar.

Agora ele está andando de um lado para o outro, se esquivando das titicas de coruja que caem constantemente do teto. Eu sou mais esperta, fico aqui nessa sacadinha, bem longe dessas corujas medonhas. Não é que eu não goste delas... eu até as acho bonitinhas... mas às vezes elas assustam...

- Lily, você está me escutando? – Sirius fala indignado – pára de escrever nesse troço aí e presta atenção no meu problema! – nossa, como se o mundo girasse em torno dele...

- Relaxa, eu to te escutando. Agora continua...

- Certo... é que eu não sei o que eu posso fazer pra Marlene me perdoar! Eu sei que o que eu fiz foi terrível, mas... ah, ela não pode ficar me evitando pra sempre! É horrível!

- Hum, Sirius, você gosta da Lene, não é? – ele pára de andar, faz uma cara de choque; uma titica de coruja cai no ombro dele e ele nem nota. – Sirius?

- N-não, c-claro que não! – ele fala rindo forçado e limpando a titica do ombro. Eu o encaro mais profundamente e ele suspira – ta tão na cara assim?

- Ô. Só de você me arrastar até aqui pra arranjar um jeito dela te perdoar...

- Olha Lily, ninguém pode saber disso, entendeu? Ninguém mesmo. Nem o James. Muito menos a Marlene. Pelo menos por enquanto. Eu... ainda não estou preparado para admitir que gosto seriamente de alguém...

- Uau! Sirius Black, apaixonado! Essa eu não esperava mesmo!

- Ta, mas não conta pra ninguém! É sério...

- Ta bom, ta bom... mas e então, quando você pretende se declarar pra ela?

- Hum, ainda não tinha pensado nisso... eu poderia me declarar num encontro, mas ela nunca aceitaria, estando brava do jeito que está...

- Concordo... hum... já sei! – eu e minhas idéias brilhantes! Eu sou o máximo! (espírito Potter baixando...)

- O que? O que! – ele se senta ao meu lado no chão e olha esperançoso para as páginas do meu diário. Que cara-de-pau!

- Hey! Isso aqui é pessoal! E a idéia não ta aqui ainda...

- Então fala logo, o que é?

- Simples. Você vai se declarar pra ela no Baile de Primavera.

- Uma declaração? Pública?

- É! Não é brilhante?

- Não! É humilhante! Imagina se eu, Sirius Black, um maroto conquistador, se declara desse jeito...

- Sirius... você disse que gosta dela...

- E gosto! Ai, ta bom... mas acha que vai dar certo?

- Ora Sirius, é claro! Só que você precisa que ela te perdoe até lá...

- Hum... já tenho uma idéia... no dia dos namorados... ela não me escapa...

- Sirius... vê lá o que você faz com a minha amiga, hein! Ela é muito sensível...

- Sensível? Ela tem o coração de pedra! – eu ri. – mas obrigado por tudo, ruivinha! Preciso ir agora – e me dando um beijo na testa – até mais!

Legal. Sirius é apaixonado pela Marlene e ela nem ao menos pode saber disso. E o engraçado é que ela também é apaixonada por ele, mas eu não posso nem sonhar em contar pra ele. Mesmo agora sabendo que o amor dela é correspondido. Que enrascada eu fui me meter, não? Mas pelo menos tive uma idéia pra unir os dois de vez. Mas que fique por conta do Sirius. Já tenho problemas demais no momento.

Certo, está escuro e eu estou sozinha aqui em cima, e essas corujas estão começando a me dar medo...

SALA COMUNAL, 18h:00

Nossa, aquelas corujas quase me mataram. Sério. Uma delas voou pra cima de mim e eu juro que pensei que ela fosse me agarrar pelos ombros e me atirar pela janelinha. corujas podem ser cruéis...

SEGUNDA-FEIRA, 05 DE FEVEREIRO

FEITIÇOS, 10:00

"Meninas, o noivado de Alice está chegando. O que é que vamos dar de presente pra eles?" – Lily

"Ih, não faço idéia. Que tipo de coisa se dá de presente de noivado?" – Lene

"Acho que se dá coisas pra casa nova, sabe?" – Mel

"Mas isso não é o que se dá no Chá de Panela, que é depois do noivado e antes do casamento?" - (L)

"Ih Lily, agora você complicou. Vai ter Chá de Panela?" - (M)

"Boa pergunta. Também não sei. Será que devemos perguntar a ela?" (E)

"Não sei. Ah, o sinal tocou." (L)

TRANSFIGURAÇÃO, 11h:00

Bom, pode-se ver pelo bilhetinho da aula anterior que eu ainda não sei o que dar de presente para Alice e Frank. Será que minha mãe sabe? Vou mandar uma coruja perguntando.

TERÇA-FEIRA, 06 DE FEVEREIRO

SALA COMUNAL, 15h:00

Acabei de receber a resposta de mamãe. Ainda bem que foi rápido. Veja só:

Nesta ocasião, os amigos podem ou não enviar presentes, mas seria bom oferecer uma lembrança para a futura casa ou flores acompanhadas de um cartão de felicitações ao casal.

Ok, o presente é opcional então. Agora só resta um problema... a roupa. Eu tenho que comprar um vestido novo urgentemente. O último vestido de baile que eu comprei foi pro Baile de Inverno, no quarto ano, e eu cresci um pouquinho, sabe, encorpei em alguns lugares, se é que você me entende. Aquele vestido verde super fofo não me serve mais. Bom, quanto a isso, acho que posso comprar no próximo passeio à Hogsmeade... com a ajuda das minhas amigas, é claro.

HISTÓRIA DA MAGIA, 16h:00

"Ta, então a gente não precisa dar presente?" (M)

"É. A gente pode dar só umas flores e um cartão." (L)

"Legal. Mas a gente podia personalizar o cartão. Sabe, colocar uma foto de nós quatro. O que acham?" (E)

"Do que as meninas estão falando?" (S)

"Hey Sirius, quem te chamou aqui? Isso é conversa de garotas..." (M)

"Lene! Você já me perdoou?" (S)

"Longe disso... agora volta pro seu lugar!" (M)

"Mas Lenezinha..." (S)

"Oi Lily!" (J)

"O que você quer, Potter? Veio invadir nossa conversa também?" (L)

"Na verdade, eu queria te perguntar uma coisa..." (J)

"Pergunta depois que eu preciso falar com a Lene! Vai Lene, me perdoa! Você sabe que eu não fiz por mal... e depois, você que me fez cair da mesa primeiro!" (S)

"Ah, então era tudo uma questão de vingança? Agora é que eu não perdôo mesmo! Pode esquecer Sirius Black!" (M)

"Lily, posso te perguntar uma coisa importante?" (J)

"Acho melhor você não perguntar o que eu acho que você quer perguntar, James. Vai por mim." (E)

"Ora Mel, vai ficar contra mim agora?" (J)

"Claro que não. Você melhor do que ninguém sabe o quanto eu apóio vocês dois. Mas é melhor não perguntar nada. É pro seu próprio bem." (E)

"Gente, não é melhor a gente prestar atenção na aula?" (R)

"Obrigada Remo!" (L)

JANTAR, SALÃO PRINCIPAL, 19h:00

Deu pra perceber por esse bilhetinho que James queria me chamar pra sair com ele no dia dos namorados, não é? Mas ainda bem que Emelina não deixou que ele perguntasse, e que Remo contribuiu... ele não pode saber que eu já tenho um encontro com Bryan Leigh. Bom, ele vai descobrir no dia... mas pra quê ficar chateado agora, não é mesmo? E depois, eu não estou preparada para aceitar um convite dele ainda. Estou preparada para aceitar um convite do Bryan, mas não dele, que é, diga-se de passagem, o amor da minha vida... quem é que me entende?

SALA COMUNAL, 20h:00

Hey, sabe o que eu acabo de sacar? Eu não vou pra Hogsmeade com Bryan no dia dos namorados, porque cai numa quarta-feira! Perfeito! Bom, de qualquer forma, preciso ver no quadro de avisos quando é a próxima visita, pra comprar meu vestido do noivado de Alice.

20h:05

Ta, isso é muito errado. Que tipo de escola cancela todas as aulas da tarde num dia absolutamente normal para um passeio no vilarejo próximo, quando há muito estudo e revisões para fazer? Quero dizer, os N.I.E.M.’s estão próximos! Só porque é dia dos namorados? Fala sério! aposto que a professora Minerva não concorda com isso... e isso deve ser coisa do professor Dumbledore! Aquele... diretor... sensível demais... ou então a louca romântica da professora de adivinhação... ou ainda o Slughorn...

Ta, certo. Sem xingar o corpo docente da escola.

Bom, pelo menos agora eu sei quando vou comprar meu vestido novo.

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