Eu me dou a você I

Eu me dou a você I



N/A – Só para lembrar que eu iniciei essa fic pré-DH e é assim que ela irá terminar também. Portanto, os spoilers vão apenas até ao livro 6 e os acontecimentos do 7 devem ser ignorados.

Capítulo 4 – Eu me dou a você

Parte I

It's so clear now that you are all that I have
I have no fear cos you are all that I have.
(You’re All I Have, Snow Patrol)

Entre todas as preocupações que aquele casamento exigia de Harry, houve apenas uma que realmente fez com que ele perdesse horas de sono, ou da preciosa companhia da sua ruiva, para achar uma solução.


Ele queria segurança absoluta naquele momento tão especial e íntimo da sua vida. Não queria a sua felicidade e a de Ginny sendo maculada por intrometidos do Profeta Diário, do Semanário das Bruxas, da Bruxinha Hoje! ou de qualquer outro jornal ou revista do mundo bruxo. Ele não queria, especialmente, que Sabrina Undertown pudesse alcançar sequer um vislumbre da cerimónia, ainda que a cem passos de gigante de distância.


Não, aquele deveria ser um momento único para ele, Ginny, os Weasley e os seus amigos e companheiros. Os recentes desenvolvimentos da reportagem de Sabrina apenas haviam reforçado uma ideia que tinha germinado dentro dele: era necessário reforçar de alguma forma a segurança d’A Toca e garantir que não seriam perturbados de nenhuma forma.


Poderia tentar as protecções usuais, com feitiços protectores, detectores de disfarces, poções e feitiços, pedir a alguns amigos aurores para ajudarem a patrulhar as imediações da casa de forma a garantir que tudo saisse bem. Mas ainda assim, tudo lhe parecia pouco e ele estava certo de que os persistentes repórteres conseguiriam encontrar um jeito de furar as protecções comuns.


Então, a única opção que lhe restava era garantir que as medidas de segurança iriam bem para além do comum.


Em conjunto com Ginny, Ron, Hermione e alguns dos seus amigos dos tempos de aventuras já passadas, como Neville, Lupin, Moody e Tonks, Harry delineou um plano. Deixou ao cargo dos elementos da Ordem de Fénix as medidas normais, eles já haviam provado ser bons nisso durante a guerra, nomeadamente no casamento de Bill e Fleur.


Cada convidado para o casamento receberia um convite singular, escrito à mão por um Weasley e que apenas seria activado pela voz correcta do receptor, o que evitaria intercepções do correio das corujas, permitindo que o seu conteúdo fosse revelado. Em conjunto com o sobrescrito iria um pequeno pendente que Hermione multiplicara a partir de um original enfeitiçado por Harry.


O pequeno ornamento parecia perfeitamente comum, com um sininho pendendo da sua extremidade. O facto realmente interessante, é que Harry colocaria na véspera da cerimónia o terreno da Toca, bem como um grande pedaço dos terrenos em redor, dentro de uma redoma enfeitiçada. Apenas aqueles que possuíssem o sininho poderiam atravessar essa barreira e aparatar no terreno da festa. Quem não o tivesse teria que percorrer vários quilómetros a pé (uma vez que o feitiço bloquearia a aparatação num raio bastante grande) e ainda provar a sua identidade no portão da Toca.


O facto de que as medidas de segurança haviam sido reforçadas foi subtilmente espalhado pela comunidade feiticeira no dia que antecederia o casamento. Todos os Weasleys, Harry incluído, esperavam ansiosamente que aquilo bastasse para manter longe visitas indesejadas.




Era noite. A noite da véspera do seu casamento. O seu último dia como Ginevra Molly Weasley. Dali a exactamente vinte e quatro horas ela seria uma Potter de pleno direito.


Estava sentada na sacada da sua janela, observando os últimos raios do sol que se deitava agora na terra quente e vibrante. Aquele pedaço de quietude tinha vindo como um bálsamo para o seu dia atribulado. Bom, na verdade, ela meio que fugira até ali para garantir que existiria sequer um bálsamo. Molly Weasley estava deixando-a positivamente insana.


Tudo parecia estar errado para a matriarca do clã Weasley, desde as flores que haviam chegado antes do crepúsculo (“E não depois, como eu pedi expressamente!”) e que por isso concerteza estariam cadavéricas na manhã seguinte; ao facto dos gémeos terem plantado algumas travessuras doces nos tabuleiros dos apetitosos quitutes que seriam servidos após a cerimónia; ao cabelo de Ginny que parecia estar no pior dia da sua existência.


Hermione e Fleur, que não haviam descolado dela nos últimos dias, tinham também os seus reparos a fazer. A música que era mexida demais, as velas que estavam em quatidade demais, a calma de Ginny que parecia demais. A cabeça da ruiva parecia um turbilhão de cores, luzes e sons e ela não estava mais aguentado toda aquela pressão: isso sim, era demais.


Com uma das suas típicas explosões Weasley calou as três mulheres, assustou as dezenas de corujas que esvoaçavam pelo aposento carregando presentes e recados e fez com que os Gémeos parassem de pendurar fitas no quintal para irem presenteá-la com uma ovação na janela da cozinha.


Típico.


- Para mim chega! – finalizara, a voz saindo-lhe assustadoramente calma – Eu estou subindo e é bom que ninguém vá meter o nariz na minha porta a não ser que queira uma maquilhagem bem especial para amanhã. Está tudo óptimo, por isso estão todas dispensadas e podem ir dormir o vosso sono de beleza. Você também Fred, a sua pele precisa de descanso para estar no seu melhor... – fez uma careta impaciente e maldosa para o irmão e subiu as escadas de duas em duas.


Suspirou, enterrando o queixo nos braços e fixando o horizonte. Ela só queria que tudo isso acabasse logo e que ela estivesse oficialmente casada com Harry. Era uma coisa tão simples, para quê complicar tanto?


Eles se amavam, queriam estar juntos...então porque não casar numa tarde qualquer, com uma roupa com que ambos se sentissem bem, após um almoço com todos os seus amigos mais queridos? Ela nunca entenderia porque o sentimento mais puro e simples precisava ser celebrado com tanta pompa e circunstância, mas a sua família fazia questão e a essa tradição ela não poderia fugir.


Ouviu a porta do seu quarto abrir e pensou que deveria ser Harry, que como sempre sentia o quanto ela estava precisando dele para se fortificar. Voltou-se com um sorriso no rosto mas este logo sumiu um pouco. Era Molly Weasley quem avançava pela porta, a pose autoritária vagamente perdida.


Observando bem Ginny diria que ela parecia algo...envergonhada e triste.


- Oi, mamãe! – tentou cumprimentá-la descontraidamente. A mulher foi em passos curtos até à sua cama de colcha branca e sentou-se na pontinha, como se receasse fazer soar algum alarme de intrusão.


- Ginny... – a ruiva franziu a testa e saltou da janela, aterrando novamente no quarto. Foi até à sua mãe e sentou-se perto dela.


- O que há? –perguntou com delicadeza, a mesma delicadeza que lhe vinha tão facilmente quanto a dureza. Assim era a garota forte dos Weasley.


- Eu sei que...entendo...mas... – Molly não a olhava nos olhos e torcia as mãos. Ginny segurou-as, forçando a mãe a fixá-la. Presenteou-a com um sorriso, o mais verdadeiro e doce de todos.


- Eu também sei que eu sou a sua única filha. A única menina Weasley. Eu sou a sua oportunidade para preparar o casamento de sonhos, ainda por cima porque vou casar com...um filho seu também.


A mulher sorriu ao de leve e assentiu.


- Eu não quero de jeito nenhum que fique sentida comigo, porque eu me meti demais e não foi como você sonhou mas...como eu sonhei. Mas eu só queria que fosse perfeito, entende? Você é a minha garotinha, a minha menina e ele é o meu filho de coração e eu quero dar tudo para vocês dois.


- Mamãe... – Ginny não conseguiu evitar uma onda de emoção. Harry pertencendo realmente à família, de forma oficial, era a realização de um sonho para todos os Weasley e não apenas para ela – Para mim já é perfeito. Eu vou casar com o garoto que eu amei quando eu ainda nem sabia o que isso era! – riu meio envergonhada – É perfeito porque o terei comigo para sempre agora, porque vocês estarão comigo para viver esse momento que todos esperámos. Isso termina a nossa guerra, para sempre. Depois de amanhã ela vai ser apenas história.


- Eu me orgulho imensamente da minha menininha. – Molly abriu os braços para a receber num abraço que a ruiva aceitou com todo o coração. Um abraço que ela quereria sempre, que nem o de Harry poderia substituir. – De todos vocês na verdade, os meus filhos foram além dos meus sonhos mais ousados. Mesmo os gémeos – baixou a voz – mas eu não gosto de dizer isso muito alto, senão eles pensam que podem abusar.


Ginny riu com cumplicidade.


- Harry estava lá fora meu bem, acho que ele estava esperando você. – Molly terminou com um sorriso e uma piscada de olho para a filha. Ao sair do quarto pensou que quereria mais netinhos bem rápido – aquela casa não fora feita para ficar vazia, mas para explodir em vida a cada instante.


A garota pulou da cama e foi até à janela e viu que Harry estava parado bem debaixo dela, olhando para cima. Mesmo com a distância entre eles ela notou o brilho nos olhos dele e ofegou.


Subitamente o caminho pelos degraus pareceu-lhe penosamente longo e preparou-se para aparatar bem ao lado dele.


Colou os seus lábios aos dele antes que este tivesse tempo de piscar mais duas vezes. Surpreendido pela apariçao ele demorou apenas alguns segundos a abraçá-a. Teve-a toda naquele beijo e deu tudo de si a ela, preparando o dia seguinte.

- Com pressa? – provocou-a, um sorriso travesso bailando-lhe nos lábios.


- Pressa de ser feliz. – confirmou a garota, abraçando-o ainda mais forte. Trocaram algumas palavras sobre os últimos preparativos da festa do dia seguinte, interrompidas por muitos beijos e carinhos, até que chegou o momento da despedida. A última de todas, pois amanhã eles nunca mais diriam adeus um ao outro.


- Porque você não fica aqui hoje? – Ginny fez um bico, brincando com as mexas do cabelo do namorado.


- Ah, eu preciso recolher as minhas coisas de Grimmauld Place para depois irmos para a nossa casa – enfatizou a última palavra, fazendo sorrir a ruiva. Eles tinham adquirido em conjunto uma bonita casinha na vizinhança da dos Weasley, no seio da comunidade bruxa que se instalava naquela região – além de que acho que uma última noite de separação vai tornar a nossa primeira noite de casados bem mais...interessante, sabe? – provocou-a, os olhos verde esmeralda ardendo com um lampejo de paixão e desejo. Ela trincou o lábio e riu de volta. Oh sim, aquilo seria maravilhoso.


- Tem o seu sininho? – deram as mãos enquanto iam até ao limite da propriedade para que Harry desaparatasse para a sua casa de solteiro.

- Sim, eu espero chegar bem cedo amanhã. – deu uma pancadinha no bolso, assegurando-se de que o sininho estava ali – Tente não me matar de ansiedade, ok? Eu não me importaria nem um pouco se quebrasse a tradição e chegasse a tempo.

Ginny riu e afastou displicentemente o cabelo dos olhos.

- Então...até amanhã. – ofereceu-se a ele, o rosto inteiro queimando por um beijo dele. Ele mordeu o lábio, extasiado pela visão da beleza dela e não resistiu. Pegou-a ao colo e rodopiou com ela, fazendo-a rir e lutar fracamente, até que acabaram ambos no chão, rolando e rindo na grama morna de fim de tarde.


Beijaram-se devagar, depois mais rápido, exigindo tudo, dando tudo, açúcar e sal, naqueles momentos.


Quando finalmente se soltaram a noite já caíra completamente e Harry partiu para Grimmauld Place, enquanto Ginny entrava n’A Toca, felizes demais para notarem um brilho na grama, de um sininho dourado.





Naquela longa noite, a última enquanto homem solteiro, Harry teve sonhos desconexos que misturavam medos passados com medos presentes. Num momento ele era um garoto de apenas onze anos buscando afeição num garoto ruivo e sardento; no seguinte ele olhava para um céu escuro que deixava ver um vislumbre longínquo de um cavaleiro montando um hipogrifo; o primeiro beijo dele com Cho; a visão de Ginny nos braços de Dean no corredor deserto; a risada fria de Voldemort no cemitério; Dumbledore caindo da Torre de Astronomia; o olhar ardente de Ginny enquanto corria para ele na torre da casa do leão; uma tarde no gramado de Hogwarts quando ela mergulhara no lago e ele entrou em pânico porque ela não voltava à superfície...


Tantas imagens, a cabeça tão cheia de pessoas e acontecimentos, a sua vida inteira passando diante dele, como que lhe mostrando porque era tão certo que aquilo terminasse assim, com Ginny e ele se casando...mas quanto tempo, quanto tempo poderia ele dessa vez ter, possuir, essa felicidade? Porque quanto tempo ele a teria?


Acordou afogueado, com a respiração descompassada. Olhou pelas frestas de luz que entravam pelos cortinados corridos e notou que era bastante luz...luz demais...


Ergueu-se de um golpe e localizou o relógio. Ele estava atrasado. Não obscenamente ou irremediavelmente atrasado, digamos que confortavelmente atrasado.


Pulou da cama e correu para o duche, onde se demorou um pouco mais do que o costume. Queria estar impecável naquele dia, para que a sua noiva tivesse orgulho dele.

Em alguns minutos terminou o banho e passou para a roupa. Os trajes da cerimónia estavam impecavelmente arrumados em cima de uma cadeira, ele pedira para Dobby cuidar desse detalhe como se a sua vida dependesse disso. Agora que dava maior atenção a essa frase, se o elfo tivesse sequer arrancado uma linha da bainha das calças teria, provavelmente, se jogado num poço para toda a eternidade. Bom, a roupa parecia em excelentes condições pelo que o elfo também deveria estar. Iria agradecer-lhe pessoalmente por aquele cuidado e pela dedicação que mostrara durante todos aqueles anos.


Arrumou-se com destreza e foi-se plantar diante do grande espelho do corredor. Um fato sóbrio, que na verdade era bastante semelhante ao traje de cerimónia dos trouxas, excepto por uma capa que o envolvia, gravada com símbolos mágicos na bainha que brilhavam ocasionalmente, em tons prateados. Pela primeira vez desde que se lembrava sentiu-se de alguma forma atraente. Não que ele estivesse mais bonito: sempre se veria como o garoto demasiado enfezado para a idade e de joelhos ossudos. Mas havia qualquer coisa na felicidade que o preenchia naquele instante, no sorriso que o espelho reflectia, que era nova e bela.

Olhou para as malas e caixotes que se amontoavam por ali e fez um sinal com a varinha. Tudo desapareceu, em direcção à nova casa dele e de Ginny. Olhou uma última vez para Grimmauld Place, lugar que fora a casa de uma família negra, quartel da Ordem de Fénix, última prisão de Sirius Back e sua casa por mais de quatro anos.


Concentrou-se no seu destino “Ginny, A Toca” e preparou-se para aparecer no meio dos jardins, que já deveriam estar cheios de convidados. Mas tal não sucedeu, qualquer coisa o bloquerara.


Tentou novamente, obrigando o pânico que começara a agitar-se dentro dele a ficar quieto, e desta vez forçou a barreira que se impunha diante dele e avançou.


Quando abriu os olhos tudo o que viu foi um campo enorme. Havia um caminho de terra batida e ele aparecera bem no meio deste e rodeando-o por todos os lados viam-se apenas campos verdejantes sob a luz matinal, meio encoberta por algumas nuvens acizentadas.

E era tudo. Azul do céu, verde da grama, castanho da terra e cinzento das nuvens.


Levou a mão ao peito por instinto e depois ao bolso. O pendente com o sino não estava com ele, por isso não fora capaz de chegar à Toca. Voltou a casa com um estalido e procurou pelo quarto, pela sala, no banheiro, no corredor, na cozinha. Abriu gavetas, espreitou debaixo dos tapetes, entre os lençóis...impossível!

O pendente não estava com ele e não estava ali, em Grimmauld Place. Mas quando Ginny lhe perguntara se ele o tinha ele confirmara e depois eles haviam rolado pela grama da Toca...

- Não! – gemeu Harry. Todo o mundo estava n’A Toca, todos os convidados, o banquete, o juíz...menos o noivo, que estava agora preso do lado de fora da bolha mágica, que se quebraria apenas no final da noite.


Nenhuma coruja ou sinal atravessaria o escudo que ele próprio criara, bem como as outras defesas dos protectores que ele convocara para aquela missão.


Aparatou novamente no campo, a distância máxima a que poderia aparecer. Ele sabia que era meio impossível chegar a tempo, que Ginny estaria esperando por ele dali a pouquíssimo tempo, que todos pensariam que ele tinha desistido, que era uma causa perdida.


Mas sempre tinham sido essas as causas pelas quais ele mais lutara.


Cerrando os dentes, começou a correr.






- Ginevra Molly Weasley, você está linda! – George imitou a voz de Mrs.Weasley, levando uma mão ao coração, fazendo-a rir.


- Não serei eu a te contradizer desta vez. – a ruiva disse, um tudo-nada envaidecida, mirando-se ao espelho. – Você fez um excelente trabalho Amanda. – sorriu à jovem mulher pelo espelho.


Amanda Lively, a dona da loja onde Ginny comprara o seu vestido de noiva, fora convidada pela própria para assistir à cerimónia como agradecimento pela ajuda que dera não só com o vestido mas com muitos outros detalhes do casamento. Ela realmente tinha sido uma ajudante preciosa, demonstrando bom-senso e destreza em muitos campos. Ela e Ginny eram já amigas e mesmo estando ali na condição de convidada fizera questão de vir ajudar a vestir a noiva.


Os gémeos aparentemente já a conheciam, uma vez que as suas lojas ficavam próximas no Beco, e Ginny não deixou de notar o olhar que Fred lançava a Amanda sempre que a via. Era um olhar meio desesperado e de desafio e de alguma forma Ginny começara a pensar se Amanda não seria a paixão secreta de Fred. Este pensamento era bastante reforçado pelo facto de que George fazia questão de nunca desgrudar dos dois por um lado, e pelo outro insistia constantemente em convidar Amanda para lanchar ou ficar ao serão.


Hermione entrou na divisão, trajando um elegante vestido cinza prateado que deixava uma boa porção das suas costas delicadas a descoberto. Ginny estava certa de que no momento em que Ron a visse a zanga que os dois viviam no momento iria rapidamente para o espaço.


Tudo começara após o pedido de casamento que a ruiva forçara o irmão a fazer. De inicio tudo correu de feição e os dois pareciam felizes, mas Hermione acabara ficando ressentida pela atitude não ter sido inteiramente sentida pelo namorado. Ginny compreendia que a amiga deveria estar com dúvidas sobre até que ponto o casamento era realmente uma vontade de Ron ou apenas um impulso de momento, uma bala de canhão projectada por outra pessoa.


Bom, a ruiva esperava que dessa vez os dois teimosos não precisassem da sua ajuda e resolvessem tudo por si. Eles deviam isso a eles mesmos...e ela estaria demasiado ocupada para os ajudar nessa tarefa.


A sala onde a noiva se arrumava estava agora quase completamente preenchida por mulheres que tinham vindo até ali prestar a sua homenagem a Ginny. Todas elas desejosas de dar conselhos, de dar um toque na cauda do vestido, de abraçar a garota, de guardar na memória aquele momento tão feliz para todos eles. O Garoto-que-sobreviveu casando com a garota Weasley era um sinal de paz e esperança para todo o mundo bruxo, marcava o final definitivo de uma época sombria e anunciava a chegada de uma alvorada maravilhosa.


- Ginny, chegou o momento. – Luna anunciou com a sua voz sempre maviosa. O casamento bruxo tinha algumas tradições muito especiais que todas as presentes queriam honrar e uma delas era a Roda da Noiva.


- Tudo bem, mas então vocês vão ter que sair – apontou Fred e George – Porque não procuram Ron e Neville e garantem que tudo está indo bem lá fora?


- Ok Pimentão – riu George – Algum recado para o seu noivo que já deve estar lá fora faiscando de ansiedade?

- Eh, o Harry ficaria bem engraçado com a cicatriz dele lançando fogos de artifício! – Fred deu uma palmada no ombro do irmão, como se tivesse tido uma ideia de génio.


- Sim... – Ginny sorriu-lhes uma última vez antes de fechar a porta na cara dos dois – “Eu estou indo meu amor.” – os gémeos fizeram uma careta de desgosto pela frase melada antes de sumirem para o jardim.


- Vamos logo com isso, aos seus lugares meninas e senhoras. – comandou Mrs.Weasley. Ginny colocou-se no centro da sala e à sua volta Luna, Hermione, Fleur, Anya, a própria Mrs.Weasley, Amanda, Tonks, a Prof.McGonagall, Gabrielle (que viera da França para o casamento), Mrs.Longbottom, Lavender Brown, Parvati Patil e Susan Bones formaram um círculo. Mulheres de todas as idades, de todos os estados civis, com diferentes qualidades, receios, sonhos. Todas elas prontas para contribuir para o casamento de Ginny e Harry.


Trocaram olhares e Ginny começou o processo meio mágico, meio supersticioso.


- Eu Ginevra Molly Weasley, sétima de sete, estou prestes a casar-me. Vocês aqui em meu redor, em número de treze, serão as minhas guardiãs, as minhas damas, as minhas faces. – plantou-se diante de Hermione – O que eu recebo de você?


- A sabedoria para lidar com a discórdia e a coragem para não temer a verdade. – enunciou solenemente a garota. Em seguida, as suas mãos uniram-se às de Ginny e uma espiral prateada passou por elas. Sorriram uma à outra e então Ginny passou à mulher seguinte, Mrs.Weasley.


- A dedicação e a abnegação para que o todo seja mais do que o uno. – e mais uma vez a espiral aconteceu e ambas sorriram, desta vez entre lágrimas de emoção. O elo fora ainda mais forte, por ser entre mãe e filha. Luna foi a seguinte e ela estava invulgarmente bonita, notou a ruiva, num vestido azul céu que fazia os olhos dela resplandecerem e sem nenhum ornamento estranho à vista.


- Sensibilidade e honestidade sem limites.

Fleur anunciou simplesmente “Fertilidade”, enquanto passava com um sorriso a mão no seu ventre fecundo. Beleza, companheirismo, audácia, criatividade, sensatez, força e magia foram outras das qualidades que as mulheres da Roda partilharam com Ginny. No final a roda estava completa e uma espiral passou entre todas elas até envolver a noiva, fazendo-a reluzir na penumbra do quarto. Quanto a olharam novamente notaram que algo modificara-se nela, mas era tão pequeno e imperceptível que seria dificil de identificar com certeza.


Ginny carregava agora com ela os dons das treze e estava mais bela do que nunca no seu vestido de noiva.


- Bom, é o momento. – disse simplesmente e todas as mulheres fomaram uma fila diante dela, para a escoltarem até ao local da cerimónia. Tão diferentes, belas e feias, velhas e novas, casadas e solteiras, Ginny levaria um pouco de todas elas.


Mas quando Ginny segurou o ramo de noiva e se preparou para andar até ao altar a porta do quarto abriu com estrondo, dando passagem a Fred que, por uma vez, estava sério e lívido.


- O que aconteceu? – perguntou Ginny, erguendo uma sobrancelha e sorrindo – Não me diga que acabou a cerveja de manteiga antes mesmo de eu me casar?


- Harry... – o garoto engoliu em seco antes de completar a frase - ele...ainda não chegou.


O sorriso de Ginny desapareceu.




N/A – Ebaaaa, primeira parte do último capítulo. Eu achei melhor dividir em dois porque senão ficaria demasiado gigante e eu iria demorar ainda mais para postar eheh. Espero que tenham gostado, reviews seriam muito bem recebidas.
Na última parte: a corrida de Harry para a felicidade, acerto de Ron e Hermione, Amanda e Fred e quem sabe o que mais :D Beijos e até breve!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.