O nosso momento é agora

O nosso momento é agora



N/A – Antes de mais, as personagens aqui presentes não me pertencem (com grande pena XD), elas são todinhas da J.K.Rowling.

Essa história é para você. Para você que deu a mão quando alguém mais precisava. Para você que fechou os olhos e se perdeu num beijo terno. Para você que sonhou com príncipes e castelos e ainda só achou sapos e pântanos. Para você que olha cada dia com um sorriso, porque existe aquela pessoa. Para você que faz o mundo de alguém ser…bem, um mundo. Se está lendo essa história e ama, então isso é para você.




Capítulo 1 – O nosso momento é agora

“Os raios de sol pareciam dançar por entre a folhagem das copas de árvore, enquanto uma brisa cálida de Verão varria o ar e se interligava com a luminosidade calma e doce daquele dia.

Harry estava deitado no relvado d’A Toca, os olhos fechos, naquele estado sereno de vigília preguiçosa. Aquele era um dos raros momentos em que se permitia apagar e calar os seus instintos e pensamentos, apenas apreciando a quietude antes da tempestade. Oh sim, porque ele estava dolorosamente consciente de que tempos negros estavam vindo, os mais negros de todos. Dentro de dias ele partiria para uma busca incessante, que apenas poderia culminar com a destruição de Voldemort…ou com a sua própria.

Mas tal como Dumbledore lhe mostrara, não se tratava de enfrentar uma batalha que ele sabia perdida, mas sim terminar definitivamente com uma guerra responsável pelas suas maiores perdas.

Na sua mente o desfecho daquela guerra estava íntima e intrinsecamente ligado à possibilidade de ter um futuro, encontrar a paz, ter um lar…um lugar onde sentisse o mesmo aconchego quente que Hogwarts lhe transmitia.

Ele sabia que existia uma outra coisa, uma pessoa, que o fazia sentir desse mesmo jeito…em casa. No lugar onde sempre pertencera, onde fora feito para ficar…

Sentiu uma sombra sob o rosto, ocultando o toque quente do Sol. Abriu os olhos e se deparou com um anjo. Por trás da figura o astro rei brilhava, fazendo-a ficar rodeada por uma silhueta de pura luz. Os cabelos vermelhos flamejavam ao sabor da brisa, os olhos castanhos pareciam conter um universo inteiro de constelações e os lábios convidativos formavam um sorriso doce.

Harry piscou os olhos várias vezes até que a imagem beatífica fosse desfeita, permitindo-lhe despertar para a realidade.

Ginny Weasley estava debruçada sobre ele, rindo que nem uma louca do sorriso pateticamente meloso dele e do ar abobalhado da sua expressão.

Quando recuperou parte da lucidez, ele riu junto com ela, mantendo-se recostado no chão, com a cara da ruiva a uma pequena distância da sua. Quando ambos se aquietaram ele ficou mais sério, lembrando-se de como estava sendo difícil para os dois se manterem longe um do outro.

Ergueu uma mão devagar, que antes estivera pousada sobre a grama e, agarrando uma madeixa de cabelo ruivo que ondulava na brisa, colocou-a atrás da orelha de Ginny, mantendo depois a mão encostada na face da garota.

Ela ficou mais séria, perfurando os olhos dele com os seus. Pareceu encontrar o que procurava, pois sorriu novamente e colocou uma mão sobre a de Harry, acariciando-a levemente com a pontinha dos dedos. O vento morno rasava o jardim à volta deles, em vagas quase tão intensas quanto as ondas de amor que tomavam o peito de ambos.

Com todo o seu espírito concentrado na beleza daquela visão, o aroma floral entranhando-se em cada um dos seus poros, ele humedeceu os lábios e disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça, num gesto tão impetuoso como aquele que fizera com que a beijasse pela primeira vez.

- Você é tão maravilhosa – o tom de voz saiu num sopro, ainda assim firme – Tudo o que eu penso agora é em partir, mas tudo o que eu quero é ficar. Cada pedaço de mim quer correr pelo mundo, terminar uma tarefa que comecei mesmo antes de nascer, apenas porque no final poderei voltar para você.

- Harry… - ela começou, um olhar duro e ardente típico dela apoderando-se da sua expressão, mas ele colocou a mão livre sobre os lábios dela de forma a que ela não terminasse.

- Eu sonhava em ter uma casa, um lar, quatro paredes dentro das quais eu pudesse ser eu mesmo, Harry e mais ninguém. Mas eu percebi que não preciso de um lugar físico…onde você estiver eu estarei em casa. Você é minha casa, meu lar, meu futuro se eu ainda puder ter um. Você é Amor – sorriu levemente. Nunca dissera tão expressamente o que sentia, Hermione ficaria orgulhosa se estivesse ali – Eu não posso pedir que me espere, nem posso pedir que compreenda, nem sequer posso pedir que fique sentada olhando a luta pelo mundo que conhecemos se desenrolando como se não fosse nada com você. Mas existe algo que eu posso pedir. Uma luz que eu carregarei comigo para onde eu for, por mais escuro que o mundo pareça, essa resposta poderá ser a minha guia.

Ela debruçou-se ainda mais sobre ele, os lábios a ponto de se tocarem.

- Casa comigo, Ginny Weasley.”





5 anos depois

Aparatou no jardim, observando com um sorriso enquanto alguns gnomos corriam ao longo da cerca. A noite já abraçava o mundo, cobrindo o céu de estrelas, enquanto o sol ainda se punha ao longe. Metade do céu de um azul profundo, a outra rosada de mil tonalidades. Era como se a Terra estivesse vestindo a roupa de dormir, um traje sereno e confortável.

Aquele seria um dia importante, um daqueles momentos que prometem nos engolir à distância, uma vez que simultaneamente os receamos e os ansiamos. Ele realmente queria que aquele dia chegasse, mas agora que finalmente estava diante de si, o medo começava a espreitar.

Parou diante da porta, respirando fundo antes de um longo mergulho, e foi sem surpresa que viu a porta abrir-se e uma figura esbelta e profundamente ruiva sorrir para si. Retribuiu o sorriso, antes de ela se mover.

Ginny saltou sobre ele, abraçando-o pelo pescoço, enquanto ele a segurava pelas pernas e ficavam encaixados numa posição sensual e romântica. O moreno depositou um beijo quente e apaixonado, ainda que breve, nos lábios da garota e depois colocou-a de volta no chão.

Embora tivessem passado cinco anos desde que partira em busca dos Horcruxes e derrotara Voldemort, ele certamente podia ainda ver naquele rosto muitos detalhes da menina que o beijara docemente na última noite, no meio das escadas, sem que ela soubesse que seria aquela a sua despedida.

Depois de longas e penosas batalhas, de muito sofrimento e perdas, um dia ele voltara. Não fora um dia especial; o ar não estava especialmente perfumado, nem o dia soalheiro, nem a Terra rodava mais rápido na sua órbita.

E, contudo, ainda parecia impossível que o mundo não parasse quando ele estava junto dela.

Desde que voltara que não se haviam largado mais. Ela exigia estar sempre perto dele e ele, ciente de que já a fizera passar por muitos sacrifícios e privações, não a contrariava. A família Weasley ficava mais do que satisfeita por o acolher durante longas temporadas, sempre que ele deixava Grimmauld Place, que adoptara como sua casa.

E agora, finalmente, aquele dia chegara. Despertando dos seus pensamentos, fixou-se em Ginny que o olhava intrigada.

- Desde que a sua mãe me colocou nesse relógio eu já não consigo surpreender você - sorriu, com a lembrança do dia em que Mrs.Weasley o presenteara com o seu próprio ponteiro no seu útil e inseparável relógio.

- Como se eu precisasse dele para sentir um certo quatro olhos chegando – Ginny mencionou, sorrindo de forma travessa.

- É melhor entrarmos antes que os seus irmãos mandem uma equipa de resgate para verificarem se eu estou fazendo alguma “indecência” com a irmãzinha deles – segurou-a pela mão, enquanto ela suspirava resignada.

Seguiram pelo corredor até à cozinha barulhenta e animada dos Weasley, onde já era possível sentir o aroma da comida boa e reconfortante da matriarca.

Ron estava sentado na ponta da mesa, com uma cara extremamente enfastiada e algo amuada. Harry ergueu o sobrolho, mas logo em seguida observou enquanto Hermione emergia de uma pilha de livros e se controlou para segurar o riso. Parecia que o amigo estava travando mais uma das suas discussões “Você-ama-mais-os-seus-livros-ou-o-seu-noivo-Hermione-é-que-eu-diria-que-o-seu-casamento-com-a-biblioteca-está-para-mais-breve-do-que-o-nosso”.

Do outro lado da mesa os gémeos estavam de cabeças unidas, falando em surdina sobre algo. Harry tremeu pensando no tipo de animação que eles consideravam “engraçada” para aquele tipo de ocasiões festivas e reuniões familiares. A cadeia de lojas dos Marotos em versão ruiva era um verdadeiro sucesso, existindo já algumas filiais nas principais capitais e centros de confluência bruxa.

Como deixara de poder reclamar sobre as opções de carreira dos seus filhos, Molly Weasley dedicava agora a sua vida a uma luta ainda mais feroz e frustrante: arranjar um casamento duplo para aqueles dois. Ela já contactara todas as filhas das suas amigas em idade “casadoira”, mas aparentemente as mais tortuosas desgraças aconteciam nos encontros.

Harry estava mais do que consciente de que os gémeos só assentariam quando eles quisessem e com quem eles quisessem. E estava bastante certo de que teriam que ser duas mulheres, digamos…especiais. Talvez duas santas de paciência ilimitada ou, por outro lado, duas enviadas do Inferno que conseguissem superar aquelas criaturas ruivas em manha e senso de humor.

Olhando em volta viu uma mancha platinada em volta de Bill e percebeu que Fleur estava ali também. Sorriu-lhe e percorreu com os olhos o corpo da “cunhada” até à sua barriga dilatada. O segundo ruivinho viria em breve, após o nascimento de Michelle (nome escolhido pela mãe, para grande desgosto dos Weasley) há dois anos atrás.

Bill acenou-lhe bem-humorado. As marcas do ataque levado a cabo por Fenrir Greyback permaneceram sempre, independentemente de todos os esforços de Madame Pomfrey e de outros curandeiros.

Contudo, para grande alívio de todos os Weasley, essas foram as únicas marcas graves advindas daquela fatídica noite.

Mr.Weasley dedicava-se, naquele momento, a examinar uma cafeteira eléctrica com uma expressão absolutamente fascinada. Mesmo após a queda definitiva de Lord Voldemort, o desempenho de Arthur enquanto chefe de uma secção mais abrangente causou uma impressão muito positiva e, como tal, o seu posto foi mantido. Afinal, como Dumbledore dissera um dia, era impossível erradicar o mal completamente – havia que lutar sempre para impedir que as forças das trevas recuperassem poder; e essa era uma luta era diária e eterna.

Mas se questionassem Harry, ele saberia dizer sem hesitar que Arthur Weasley sentia muitas saudades das suas fichas e bules de chá mordedores.

Charlie Weasley brincava com Michelle, colorindo figuras animadas de dragões. Segundo Ginny lhe contara, ele estava agora noivo de uma jovem romena chamada Anya. A família ruiva estava desejosa de conhecer o futuro elemento, mas ela andava ocupada com o seu trabalho na reserva de dragões.

- Ah, já chegou Harry, querido! Pode me ajudar com as mesas lá fora? – lançou um olhar mortal sobre os filhos, ocupados em não fazer nada – A Ginny está na cozinha tomando conta do jantar.

- Claro, Mrs.Weasley…Molly – corrigiu, perante o sorriso de satisfação da mulher. Ultimamente ela pedia-lhe que a chamasse pelo nome próprio, argumentando que o conhecia desde os onze anos…”e que ele já era praticamente da família”, enquanto fazia um sorrisinho para a filha, que retribuía com um dos seus olhares gélidos.

Enquanto seguia para o jardim, após paragem obrigatória na cozinha para admirar a beleza da divisão, Harry pensava em todas as vezes que a namorada repreendera a mãe ou os irmãos pelas constantes pressões e piadinhas sobre casamentos.

Um súbito medo invadiu-lhe o peito, apertando-o até à boca do estômago, temendo também ele estar a apressar as coisas.

Mas uma parte de si – provavelmente o monstrinho que descobrira habitar o seu peito durante o quinto ano de Hogwarts, bem pertinho do coração (e baptizado por Ginny de Alfie quando ele lhe contara tudo sobre aquela sensação) – dizia-lhe que ela apenas esperava que ele desse o primeiro passo, que fizesse um sinal de que era aquilo que ele realmente queria.

Embora as meninas falassem muito nos novos tempos, em pararem de esperar que os garotos abrissem os olhos e dessem passos cruciais na relação, a verdade é que ele ainda não descobrira uma mulher que não sonhasse ser pedida em casamento.

Podia até ser um sentimento esquivo, vivendo apenas no seu íntimo em conjunto com os seus sonhos de menina sobre príncipes e castelos, mas estava inegavelmente lá.

Com um gesto de varinha fez com que as mesas voassem para um espaço do jardim e, enquanto olhava para uma borboleta pousada na árvore perto das mesas, um rasgo brilhante cruzou-lhe a mente.

A feitiçaria não apenas lhe permitia fazer coisas úteis e práticas…mas também encher de magia cada dia da sua vida. E da de Ginny, se ela aceitasse.




Os Weasley, Percy (ele aparecera para jantar, mas já não era oficialmente contado como um deles por iniciativa dos gémeos), Hermione e Harry já tinham praticamente acabado de se banquetear com a deliciosa comida de Molly.
Durante toda a refeição, Harry não conseguira descolar o olhar da ruiva à sua frente, observando cada gesto, sorriso, olhar.

A forma delicada como ela segurava o saleiro.

O sorriso doce enquanto ouvia as palavras ainda meio enroladas da sobrinha.

O olhar ardente e triunfante que ela lhe deu, enquanto ele sentia o pé descalço dela subir pela sua perna.

O riso debochado e o ar falsamente preocupado que lhe dirigiu no momento em que ele se engasgara.

Ginny Weasley era o seu mundo, todo o oxigénio e alimento de que ele precisava para viver. E agora, finalmente, ele daria o grande passo para tornar a sua vida mais completa. E a cada instante, a cada olhar trocado, aquilo lhe parecia mais certo. Irremediável e fatal, mas não no sentido desesperante…apenas na ideia de que existem coisas, pessoas, que são para sempre, independentemente das voltas que seja necessário dar para que elas entrem, gloriosas, na nossa vida.

Olhou em volta e viu todos os Weasley concentrados nas suas conversas, sendo que o lado ocupado pelos gémeos parecia uma autêntica explosão sonora, ocupados que estavam na tentativa de fazer Percy perder a compostura.

O momento tinha chegado. Deu um toque com a varinha e concentrou-se em obter o efeito desejado.

Lentamente, uma borboleta nocturna, a mais bonita que Ginny já vira, desceu dos céus para pousar bem diante de si. A garota observou-a, curiosa, enquanto o animal sacudia as asas e saltitava à sua frente, chamando a atenção da ruiva. Finalmente ficou parada e Ginny quase poderia jurar que olhava para ela, expectante.

Encantada com aquele comportamento tão peculiar, a ruiva ergueu uma mãe, a medo, mas a borboleta não se moveu. A atenção de todos os presentes estava agora naquele acontecimento de rara beleza.

A mão de Ginny avançou cautelosamente, tentando não assustar aquele ser, até que a ponta dos seus dedos finalmente alcançou uma das suas asas perfeitas.

Foi uma sensação estranha, quente e delicada, de enorme plenitude, até que a borboleta se desfez com um som harmonioso, explodindo em pequenas estrelas prateadas que envolveram a jovem, voaram velozmente pelo jardim e subiram em espiral para o céu.

Harry observava o brilho das luzes reflectido nos olhos da jovem mulher diante de si, a sua mulher, e viu, encantado, como as pequenas nuvens cintilantes lhe rodeavam o cabelo, fazendo-o ondular e luzir.

Era a visão da mulher perfeita, suave e forte, rodeada de um brilho que apenas encontrava par no seu interior.

Quando as luzes abandonaram totalmente o local onde antes estivera a borboleta, Ginny viu com grande surpresa uma pequena caixa de veludo negro. Lançou um breve olhar a Harry, meio encoberto por mechas do seu cabelo longo e cacheado e, hesitante, pegou no embrulho.

As suas mãos seguraram a caixinha com tamanha delicadeza que Harry pensou que poderia ter colocado o seu coração lá dentro. Num gesto determinado, abriu-a.

Os olhos dela abriram-se ainda mais, brilhando imensamente, enquanto um largo sorriso se espelhava nos lábios rosados.

Harry viria depois a relembrar aquele momento e nunca, em nenhum instante, conseguiu recordar a expressão de qualquer outra pessoa. Os seus olhos apenas viam Ginny e o seu coração estava dependente das reacções que observava longamente, como se o tempo se tivesse esquecido de passar, também ele desejoso de observar e marcar a fogo aquele momento.

Algum tempo depois, ou o que pareceram anos a Harry, a ruiva ergueu os olhos e sorriu para ele, algo maliciosa.

- Tem certeza, Potter? Depois disso não tem volta…

- Eu já tinha essa certeza há cinco anos atrás. A sua resposta é a mesma? – questionou, ansioso.

- Hm…eu sempre gostei do nome Potter, mesmo – fixou os olhos nos dele.

- E isso é…? – ele mal conseguia acreditar, precisava ouvir uma resposta exacta naquela voz que ele tanto amava.

- Sim – respondeu ela, simplesmente.

Harry nunca antes havia pensado em como ter uma mesa larga entre eles podia dificultar as amplas demonstrações de amor e alegria.

Jogando tudo para o alto, com Alfie ronronando satisfeito no seu peito, debruçou-se sobre a mesa e puxou-a para um beijo apaixonado e quente.

- Erm…hum hum – Ginny e Harry soltaram os lábios e rodaram as cabeças, observando o resto da mesa. Fred tossicava e fora ele que chamara a atenção do casal, enquanto George, ao seu lado, abanava a cabeça de um lado para o outro, como um cachorro tentando sacudir a água das orelhas.

Ron estava com um ar positivamente alarmado e olhava enviesado para Hermione, como se esperasse que ela lhe batesse por não ser como Harry; ela, por sua vez, sorria e tinha as mãos unidas no peito e os olhos brilhantes.

Ginny passou o olhar pelos rostos dos pais, sendo que Arthur tinha um sorriso largo estampado no rosto e Molly chorava copiosamente. Harry levantou-se e rodeou a mesa, indo até junto dela. Segurou a caixinha e retirou o anel, colocando-o depois no dedo anelar da ruiva. Os corações de ambos retumbavam e o mundo parecia mais maravilhoso, feito por um mágico sábio e poderoso.

Depois de um beijo rápido, ela ergueu a mão para mostrar o anel de noivado a todos. De ouro branco, com um diamante encastoado, lapidado na forma de uma pequena borboleta, era simples mas refinado, especial e único como aquela que o detinha agora.

Os noivos colocaram-se lado a lado, de mãos dadas, e olharam novamente para o resto da família.

- Até que enfim, não é Harry? – Bill sorriu para o cunhado, piscando-lhe o olho. Ao seu lado, Fleur também parecia animada.

- Mas…mas…como assim? – Percy balbuciou – Como se atreve a não pedir autorização para essa…essa…decisão, Potter?

- Talvez, Cabeça-de-alfinete – Fred tomou a defesa antes que Harry sequer abrisse a boca – porque foi precisamente isso, uma decisão. Ou você esperava ser consultado sobre os detalhes antes?

- Talvez dar umas dicas de decoração e planeamento de festas? – sugeriu George, com uma expressão sonhadora – Ou chorar um pouco porque ele não te pediu em casamento, Perce? Porque ninguém quer você? – fez um ar falsamente triste, enquanto o gémeo lhe dava um tapinha animador nas costas, como se o consolasse.

- Ora, calem a boca seus pirralhos mal formados! – Percy estava vermelho, numa expressão verdadeiramente Weasley.

- Não Perce…nós simplesmente não somos formados. Achámos que bastava um Weasley puxa-saco no Ministério – Fred retorquiu enquanto o gémeo mandava um beijo teatral a Percy.

- Fico muito feliz pelos dois – Charlie levantou-se e foi até eles, apertando a mão de Harry e abraçando a irmã – Mas espero que tenha a noção de que está levando a melhor de nós…olha a responsabilidade, Harry!

- Eu sei – o moreno respondeu, apertando ainda mais a mão da namorada na sua.

- Harry – Hermione também se aproximara – Não tem como não ficar feliz pelos dois. Pena que certas pessoas não sigam o vosso exemplo e tomem atitudes maduras e interessantes… – rodou os olhos discretamente para o lado onde Ron estava sentado, ainda com um ar atordoado – Vocês se complementam de forma perfeita, tenho certeza de que serão muito felizes.

- Obrigada, Hermione – Ginny abraçou carinhosamente a amiga, sendo depois imitada pelo namorado. Ron, finalmente, parecia ter recuperado algum domínio, avançando para eles. A cara sardenta estava fechada numa expressão desconfiada e adoptara a típica postura de irmão mais velho. Enquanto Ginny mostrava o anel para Hermione e comentavam sobre o feitiço que Harry utilizara para aquela surpresa, Ron segurou Harry pelo ombro e puxou-o discretamente para mais longe.

- Você… – Ron tossiu, parecendo precisar de uns instantes para articular um discurso há muito pensado – Olha, eu o vejo como um irmão. Simplesmente, eu nem lembro mais da minha vida antes de ter você como meu melhor amigo.

- Ron… – Harry tentou interromper, ele sabia tudo o que Ron queria dizer, mas o ruivo não deixou.

- Quando eu pensava na Ginny com algum homem, eu odiava a ideia. Alguém iria levá-la para longe de nós, para longe de mim. Mas hoje… – o ruivo fitou directamente os olhos verdes do amigo – …hoje eu sei que ela não estará partindo. Eu não vou perder uma irmã, Harry. Eu vou ganhar mais um irmão. Você é meu irmão, desde o primeiro momento naquele Expresso de Hogwarts. Simplesmente…você é a única pessoa para ela. E é por isso, por você ser tão especial para nós dois, para toda a família, que eu te digo…nunca a magoe – a expressão dele era invulgarmente séria.

- Certo – Harry respondeu igualmente sério.

- Porque se isso acontecesse, eu podia esquecer que você é o meu melhor amigo e partir para a ignorância. E eu não iria gostar nada disso…

- É, eu sei que me bater não te ia deixar muito bem…

- Nada disso. É que você é bom para caramba com feitiços e eu sou muito novo para cometer suicídio pela honra da família – riram ambos após esta tirada de Ron. Quando recuperaram alguma seriedade, fitaram-se profundamente e abraçaram-se. E naquele gesto foram ditas todas as palavras possíveis: de amor, cumplicidade e lealdade. De família.

Após receberem os cumprimentos da restante família, com uma Molly emocionada demais e praticamente sem fala pela primeira vez em mais de dez anos de conhecimento, Harry sussurrou discretamente ao ouvido da menina que talvez fosse uma boa altura para um tempo a sós.

Ainda tendo que ultrapassar a verdadeira muralha humana que era o humor dos gémeos, que insistiram em cumprimentar Harry umas duzentas vezes e chamar a irmã de Pimentão, coisa que a deixava vagamente irritada, acabaram por conseguir se afastar.

No entanto, Harry prometera que deixaria a despedida de solteiro a cargo dos dois e estava começando a ressentir-se daquela decisão. É que o seu conceito de diversão e o dos gémeos, nem sempre estavam totalmente de acordo.

Meio abraçados e parando aqui e ali para trocarem carinhos, foram até à árvore que ficava num local abrigado dos olhares indiscretos, o local onde Harry gostava de ficar nos seus tempos de Verão n’ A Toca.

Sentaram-se debaixo dela, encostados contra o tronco largo e forte, Ginny com a cabeça encostada no peito de Harry.

- Eu confesso que cheguei a pensar que esse dia nunca chegaria – ela acabou por dizer, enquanto o moreno lhe acariciava os cabelos. Harry sorriu, meio envergonhado consigo próprio.

- Eu sei que demorei muito, Gi… – ela interrompeu-o, levantando-se e colocando a mão sobre os seus lábios.

- Não foi isso que eu quis dizer – passou a mão pelo rosto forte dele, até aos cabelos revoltos – Houve uma época que eu temi que você não voltasse, que não existisse uma esperança de futuro para um “nós”.

- Você sempre pareceu muito confiante de que tudo daria certo – Harry protestou, sentindo a emoção tomar conta de si – Sem o seu apoio eu nunca teria conseguido continuar, fazer muitas das coisas que fiz. Porque tudo o que eu fazia, mesmo as coisas mais…incríveis – os olhos verdes toldaram-se com as recordações de momentos tristes e negros – eu fazia apenas porque elas me colocavam mais próximo de poder voltar.

- Eu sempre soube que você venceria – o rosto dela estava sério e os olhos ardiam com um fogo maduro e intenso – Apenas não estava certa de que ainda fosse você, por completo. Temia que o Menino-que-sobreviveu ganhasse do meu Harry, que você se perdesse em mágoas e lembranças. E isso eu não teria suportado.

- Quando eu quase sufocava com o peso do que eu via e fazia – sentiu um nó na garganta – eu me lembrava daquele momento, nesse mesmo lugar. E tudo ganhava sentido. Você, Gi…você dava sentido a tudo, era um rosto em que eu podia me fixar para me lembrar do porquê de estar lutando, porque é que eu não podia falhar.

- E agora, finalmente…você me pediu em casamento, Potter – sorriu – E em nenhum dos meus sonhos eu imaginei que fosse ser assim.

- Foi tão mau, é…?

- Foi melhor, Harry – os lábios dela estavam praticamente encostados aos dele – Foi melhor que qualquer sonho.

E finalmente beijaram-se do jeito que ambos desejavam desde o primeiro momento, colocando tudo de si naquele contacto. As bocas procuravam-se com intensidade e cuidado por igual, sentindo o sabor da paixão que os envolvia e o gosto da alegria e plenitude que os inundava. Quando finalmente se separaram, Harry lembrou-se de que ainda faltava um detalhe.

- Ainda não pensámos numa data. Hm…que tal daqui a seis meses? – sugeriu.

- Que tal daqui a um mês? – ela sorriu e empurrou-o para o chão húmido e fértil do jardim, deitando-se depois sobre ele. E Harry soube que aquela era uma discussão ganha, sem direito a resposta.




“Ela debruçou-se ainda mais sobre ele, os lábios a ponto de se tocarem.
- Casa comigo, Ginny Weasley.

Ela sorriu, mas não disse nada.

- Eu quero você para mim, Gi. Para sempre – ele insistiu.

A ruiva levou a boca até à orelha dele e baixinho respondeu.

- Eu já sou sua, Harry. Muito antes de você saber, eu já estava te esperando. Casar com você é apenas…inevitável. Um detalhe de poesia num enorme soneto de amor.

Ele moveu a cabeça, de forma que as testas deles ficaram encostadas, sentindo a respiração acelerada dela sobre si.

- Eu acho que isso foi um sim. E agora não tem mais como escapar…um dia eu vou te dar um sinal e você saberá que o nosso momento chegou.

- O nosso momento, Harry – ele escutou-a murmurar contra a sua boca – É agora. É todos os dias da nossa vida.

Antes que os lábios se unissem, ela levantou-se e correu para longe dos seus braços, rindo alegremente para ele e desafiando-o para que a fosse buscar. E ele apanhou-a e guardou-a, levando-a sempre consigo.”


N/A – Essa história surge por duas razões: a primeira foi que eu tive a inspiração (ahah, razão mais óbvia); a segunda porque eu queria provar para mim mesma (e acho que aos leitores que tanto carinho têm dado à Um Estranho na Minha Vida, a minha UA) que era capaz de escrever também uma boa história em universo original. Espero ser bem sucedida nessa tarefa…O facto é que de oneshot, essa história já cresceu para shortfic. Por isso, mais dia menos dia o capítulo dois virá…e seguiremos a jornada até ao casamento do meu par de eleição. Reviews sabem sempre bem, certo :)

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