O segredo



-Está atrasado – uma voz feminina disse.

Harry ficou imóvel.

O que Hermione estava fazendo ali?

-Cadê o Rony? – ele perguntou rapidamente.

-Bom, deve estar dormindo nesse exato momento.

Harry a fitou furioso.
Quem ela pensava que era pra enganar ele desse jeito!?
E Rony!?
Ele tinha perdido o juízo por acaso!?

-Eu vou embora! – Harry gritou irritado.

-Tente – Hermione disse sorrindo e se encostando na parede.

Harry se dirigiu para a porta e virou a maçaneta.
Novamente a voz suave de Hermione disse:

-Por favor, a senha.

Harry respirou fundo.

Se controle, se controle, se controle, se controle, pensava ele.

-Não existe senha nenhuma – Harry disse seguro.

-Resposta errada – a voz disse.

-Como assim resposta errada? – ele perguntou impaciente.

-Por favor, volte outra hora quando já souber a senha. Obrigado.

-Como assim volte outra hora!? Eu preciso sair daqui!

Mas Harry não ouvia mais a voz. A única coisa que podia ouvir era Hermione rindo.

-Pare! – ele gritou.

-Esse feitiço é realmente eficiente – Hermione disse sorrindo.

Harry suspirou e se sentou no enorme tapete, onde se encostou em uma almofada.
Hermione se dirigiu para o frigobar e pegou duas garrafas de cerveja amanteigada.
Harry pode notar que na garrafa, em letras bem grandes, estava escrito “Alto Teor Alcoólico”

Hermione se sentou do lado de Harry e lhe deu uma garrafa.

-Eu não quero – ele disse sem olhar para ela.

-Ah, pare de ser chato...vamos, pegue uma.

Harry fitou o teto e pegou uma garrafa. Mas não a abriu.

Hermione por sua vez, abriu e tomou cinco goles, deixando Harry perplexo.
Onde ela tinha aprendido a beber assim?

-Por que você fez isso? – Harry perguntou finalmente.

Hermione colocou a garrafa no chão e limpou a boca com a mão.

-Está tão difícil de entender assim? – disse com um sorriso no canto da boca.

Harry a fitou e depois desviou o olhar.
Ela só podia estar louca.
Que ela pretendia?
Depois de pisar nele durante tanto tempo, pensava que seria fácil assim?

-Hermione – ele disse abaixando a cabeça – Eu já tenho problemas demais.

-Eu sei disso...mas não me lembro de ser um problema pra você.

Harry deu uma risada cínica.

-Acredite, você é um problema sim, levando em conta o tanto que você me fez sofrer.

Hermione suspirou e pareceu cansada.

-Por que eu te magoei tanto assim? Eu te dei uma chance nas férias, Harry...nós ficamos juntos e tudo...o que eu fiz depois?

-Beijou o cretino do Tom! – Harry respondeu irritado.

Logo em seguida, abriu a garrafa e tomou vários goles.

-Eu não o beijei coisa nenhuma – Hermione respondeu lentamente – Ele que me beijou. E depois eu ainda terminei tudo com ele.

-Claro – Harry respondeu sarcástico – E depois quando eu estava morrendo no chão...você se preocupou comigo?Se preocupou hein?

A garota se calou por alguns instantes e retomou forças para continuar.

-Eu estava confusa...você precisa entender...

-Não, não preciso – ele debateu – Eu não vou entender nunca.

Hermione se aproximou.

-Será que você pode entender pelo menos que eu preciso de você?

-Mione – Harry sussurrou – Por favor...não faça isso...não brinque comigo assim...

A garota foi se aproximando mais ainda.
Puxou Harry pela nuca e quando seus lábios iam se tocar...

-Ah desculpa! – Rony exclamou.

Hermione e Harry se levantaram rapidamente, ambos corando.

-Ah...não foi nada – Hermione disse olhando para baixo.

-É – Harry concordou fitando Rony que estava mais vermelho que os outros dois.

-Mione foi mal...eu não ia vim...mas Dumbledore está procurando Harry...disse que é urgente e...

-Urgente? – Harry perguntou rapidamente.

-Isso...eu disse que você tinha ido ao banheiro...não demore senão ele vai saber que você não tava em banheiro nenhum.

-Certo – Harry disse se aproximando da porta – Mione, espere aqui, não sai pra lugar nenhum, ta? Não podem ver você andando por aí essa hora.

-Tudo bem – Mione disse se sentando no tapete – Não demore.

Harry balançou a cabeça e saiu decidido pela porta na companhia de Rony.

-Ah...Harry? – Rony chamou enquanto eles já estavam no banheiro das meninas.

-O que?

-Me desculpe...por ter atrapalhado você com a Mione...é que Dumbledore parecia realmente preocupado...precisando falar mesmo com você.

-Tudo bem – Harry respondeu – Foi melhor assim...se eu continuasse lá com ela...eu ia acabar fazendo uma coisa que eu não queria.

-Como não queria? Você não gosta dela? – Rony disse perplexo.

-Gosto – Harry respondeu tranqüilamente – Mas não sei se a melhor coisa que temos que fazer é ficar juntos.

-Ahhh...você é um panaca sabia?

Harry se calou, depois de sorrir.
Rony nunca entenderia.

Dirigiram-se para a sala do diretor.

-Eu vou esperar lá com a Mione – Rony disse – Pra ela não ficar sozinha.

-Certo. Não devo demorar muito aqui.

Rony saiu andando e quando Harry se virou novamente, Dumbledore estava lá.

-Professor – Harry disse calmamente – O senhor queria falar comigo?

Dumbledore balançou a cabeça positivamente e ele e Harry subiram para a enorme sala do diretor.

Dumbledore se sentou e entrelaçou os dedos longos.

-Por favor, sente-se – ele disse gentilmente.

Harry obedeceu.

Permaneceram algum tempo parados, quietos.

Harry fitava o teto quando percebeu que Dumbledore havia se levantado.
O garoto acompanhou o diretor com os olhos.

Dumbledore trouxe com cuidado a Penseira e a colocou na mesa.

-Harry – ele disse lentamente – Para eu poder contar o que eu devia ter te contado há muitos anos, você precisa ver o que está aqui dentro.

Harry se sentiu confuso.
O que Dumbledore queria lhe contar?
O que seria agora?
O garoto não suportaria receber outra noticia ruim, não mesmo.

Harry se aproximou da Penseira e como nas outras vezes mergulhou para dentro dela.

Sentiu sua cabeça girar, girar e girar, até que parou.

Harry analisou bem o lugar onde estava.
Não lembrava de já ter visto aquela casa antes.

Mesmo assim, pode ver que o quarto que estava só podia ser de alguma criança.

Harry logo viu uma cômoda onde havia muitas fotos que estavam se mexendo e acenando.

Mas quando ia dar o primeiro passo, a porta do quarto se abriu.

Harry deu um pulo para trás.
Sentiu seu coração parar na boca.

Era sua mãe. Lílian Potter.

Ela se aproximou do berço e pegou cuidadosamente o bebê que estava ali dentro, no colo.

Era ele.
Harry Potter.

-Oh meu amor – Lílian disse baixinho – Eu não vou deixar que nada te aconteça de mal, eu prometo...não vamos te abandonar aqui...não vou deixar você sozinho, eu juro.

Nesse mesmo momento, entrou pela porta um rapaz muito parecido com Harry.
Era Tiago, seu pai.

Ele se aproximou se Lílian e a abraçou.

-Vai acabar tudo bem – ele disse carinhosamente.

-Lilian, Tiago – uma voz disse tranqüilamente.

Harry se virou e lá estava Dumbledore.
O diretor se aproximou e pegou o bebê no colo.

-O que vamos fazer? – Tiago perguntou a Dumbledore.

-Não temos muita escolha – ele respondeu – Vocês terão que aceitar a proposta deles.

-Aceitar? – Lílian disse pasma- Nós não podemos fazer isso...é errado!

-Eles estão querendo ajudar vocês – Dumbledore disse entregando a criança para Tiago – Cabe a vocês decidir se querem tentar.

Ficaram em silêncio durante algum tempo.

-Tudo bem, vamos tentar – Tiago disse decidido – Mas me prometa que contará tudo a ele, por favor, se acontecer alguma coisa...jure que contará a ele...

-Eu prometo que contarei. Ele saberá de toda a verdade – o diretor disse.

Que verdade?
Do que eles estavam falando?

Nesse exato momento, Harry sentiu sua cabeça girar e girar e viu que estava de volta na sala de Dumbledore.

Harry se sentou e colou a mão na cabeça, devido à tontura que estava sentindo.

-O que...você jurou me contar...o que...? – Harry perguntou ainda um pouco tonto.

Dumbledore olhou para o infinito, como se não tivesse coragem de dizer.

-Dumbledore...- Harry insistiu – Me conte, por favor...

Dumbledore respirou fundo e olhou fixamente para Harry.

-O seu pai – o diretor começou a dizer; uma lágrima escorria pelo seu rosto e terminava em sua longa barba – Ele está vivo.

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