5 de Outubro de 2003
“Empurre, querida, empurre!”
Hermione Weasley puxou o marido pelo colarinho, e disse, com uma voz ameaçadora, “Não se atreva a me dizer o que fazer, Ronald Weasley! Se eu estou passando por isso, agora, a culpa é toda sua!”
Contraiu-se de dor e gritou, antes de descansar a cabeça no travesseiro novamente, largando a camisa do ruivo. Olhou para o marido. Ron e Hermione estavam casados há três anos e ela estava em trabalho de parto. Era o primeiro filho deles. Ron, sorrindo como o Gato de Cheshire, fitava a esposa. Sua adorada esposa. Ele era louco por esta mulher; tão louco, que era quase indecente.
Por muitos anos, especialmente quando estavam na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Ronald Weasley tentou esconder seus sentimentos por Hermione Granger. Mas havia sido em vão, e ela finalmente teve uma pista sobre seus sentimentos, durante o quarto ano, quando houve o Baile de Inverno. Ele nunca iria esquecer a briga que ele e sua futura esposa (embora, na época, ninguém pudesse imaginar que aqueles dois acabariam casando um dia, nem mesmo a professora de Adivinhação de Ron, a Professora Trelawney) tiveram naquela noite.
Ele ficou muito sentido com aquela briga, e Hermione lhe disse, anos mais tarde, que também ficara magoada, e que passara a noite chorando debaixo das cobertas. Mas agora, sempre que Ron e Hermione Weasley conversavam sobre aquele desentendimento, sorriam. Ron sempre lembraria da noite em que confessaram um ao outro que essa briga os fez perceber o que sentiam. Eles riram, e fizeram amor.
A voz de Hermione trouxe Ron de volta de seus devaneios.
“Do que você está rindo?” perguntou, enquanto ele enxugava o suor de sua testa. Seu toque era gentil e cheio de carinho. Hermione sentiu seu coração derreter de tanto amor por aquele homem que se importava tanto com ela. Ela pegou sua mão e a beijou. Ele a olhou intensamente e respondeu sua pergunta.
“Estou sorrindo porque você está linda.”
Ela franziu as sobrancelhas, descrente.
“Linda? Nesse momento? Pare de me gozar, Weasley.”
“Eu não estou brincando, Weasley! Você nunca esteve tão linda.” Inclinou-se, e acrescentou em um sussurro, “E está prestes a dar a luz ao meu filho.”
As feições de Hermione suavizaram e ela olhou carinhosamente para o marido, que novamente sorria abobalhado.
“Você está feliz, não está?”
“Você está brincando, não é? Ione, nunca estive tão feliz em toda a minha vida! Nós vamos ser uma família de verdade. Você, eu, e nosso filho.”
Ron estava com a voz meio chorosa. Hermione sorriu, sentindo as lágrimas se formarem em seus olhos. Ron assustou-se.
‘Ione.’ Os apelidos deles não eram nada comuns. Eles tinham uma história. Uma linda e incrível história. Apenas o Sr Weasley a conhecia. Apenas o Sr Weasley, Ron e Hermione sabiam o que havia acontecido no dia 5 de Outubro de 1985, há quinze anos atrás.
Uma lágrima rolou pela bochecha de Hermione. Ron a afastou com um beijo e acariciou o rosto da esposa com o nariz. Então, disse brincando, “Você está chorando porque me ama? Hum, isso não me parece um bom sinal, Sra Weasley.”
“Você entendeu...” repreendeu.
“Você entendeu...” repreendeu.
“Eu sei”, ele sussurrou, e Hermione não pôde deixar de achar sua voz incrivelmente sexy.
Ron deu um beijo em sua testa e encostou a sua por alguns segundos. O Curandeiro desviou a atenção do trabalho de ajudar a trazer o bebê de Hermione ao mundo, embora parecesse que havia simplesmente brotado do meio das pernas da morena.
“Já estou vendo a cabeça, Sra Weasley! Empurre com força!”
Hermione levantou a cabeça subitamente, quase derrubando Ron, quando sentiu outra contração.
“Nossa, essa foi por pouco,” disse Ron, mas ninguém o escutou, já que Hermione berrava de dor.
“Aaaaaaaaahhhhhhh! Eu quero um remédio! Me dê uma porra de um remédio!” E encarou ameaçadoramente o Curandeiro. “Seu idiota inútil, me dê um remédio! Oh, vocês homens são uns desgraçados! Vocês não sabem como isso dói. Aaarrrrrrrgghh. Façam a porra dessa dor insuportável parar! Aaaaaaaaarrrrrrrrrrghhhh!”
Ron olhava chocado para a esposa. Ele tinha ouvido direito? Hermione realmente disse ‘porra’?
“Empurre, Sra Weasley,” ordenou o Curandeiro nem um pouco intimidado pelo tom agressivo e os insultos de Hermione. “O bebê já está saindo! Empurre mais uma vez.”
“Vamos, amor. Empurre com bastante força!” disse Ron, com um sorriso estampado no rosto. Seu filho estava prestes a ver a luz pela primeira vez.
No meio de outra contração, Hermione vociferou entre dentes, “Cala essa boca, Ronald Weasley!”
Ron sorriu mais ainda. Já estava acostumado com essas mudanças repentinas de humor. Não era fácil lidar com uma Hermione grávida, mas ele estava feliz demais por se tornar pai, para reclamar.
Hermione gritou de dor.
“Aaaaarrrrrgghhhhhh!”
“A cabeça saiu, a cabeça saiu!” exclamou o Curandeiro. “Última vez, Sra Weasley! Isso, força, muito bem.” Disse, e Hermione sentiu o bebê saindo de dentro de si. Encostou a cabeça no travesseiro, exausta e respirando pesadamente. Lágrimas manchavam seu rosto. Viu que Ron observava o Curandeiro.
O choro do bebê tomou conta do ambiente. Hermione levantou a cabeça e viu seu filho.
“Ronnie...”
“O que? Ione, o que foi?”
“Tem alguma coisa errada, Ronnie,” disse assustada. “Estou sentindo outra contração vindo. Dói demais.”
“O que?” perguntou o Curandeiro. Ele tocou na barriga de Hermione e exclamou, “Pelas barbas de Merlin! Por essa ninguém esperava!”
“O que? O que é?” quis saber Hermione. “Qual é o problema?” ela começou a entrar em pânico. “Eu não quero morrer! Diga que eu não vou morrer!”
“Não, Sra Weasley, não se preocupe. Apenas faça força mais uma vez.” O Curandeiro sorriu.
“Por que?” perguntou, enquanto fazia o que lhe fora ordenado.
“Seu filho não veio sozinho, Sra Weasley. Ele trouxe seu irmão gêmeo junto!” respondeu o Curandeiro, ainda sorrindo.
“O que?” exclamou Ron, antes de apagar por completo.
Ron acordou assustado. Onde estava? O que havia acontecido? Onde estava Hermione? E o bebê?
Sentou na cama e olhou ao redor. Ele estava no St. Mungo’s, no quarto de Hermione.
Hermione.
Levantou-se e caminhou até a esposa, que dormia tranqüilamente na outra cama. Ron afastou uma mecha de cabelo que caía sobre seu rosto. Ela não acordou.
“Durma bem, Bela Adormecida.” Disse, acariciando seus cabelos.
Beijou-lhe suavemente os lábios, e então lembrou. Ele havia desmaiado na sala de parto. Mas por que havia desmaiado? Não conseguia lembrar direito. Ele apenas lembrava de ter cortado o cordão umbilical que ligava Hermione ao filho, e daí... daí Hermione começou a sentir outra contração. O que o Curandeiro havia dito? Havia outro a caminho. Outro bebê.
Ron olhou pelo quarto, procurando pelo filho. Os berços no canto estavam vazios. Onde estava seu filho? Seus filhos. Hermione havia tido gêmeos. A ficha caiu de repente. Ele era pai de gêmeos.
Gêmeos.
‘Oh, por favor, que eles não sejam clones de Fred e George.’ Pensou. Mas no fundo, seu coração estava sorrindo.
Foi até a porta e deixou o quarto. Avistou um a enfermeira e correu em sua direção.
“Senhorita!” chamou.
“Oh, Sr. Weasley! O senhor acordou,” disse sorridente.
Ron a encarou, confuso.
“Eu conheço você?”
“Não, mas eu conheço o senhor.”
“Como assim?”
“Eu fui chamada na sala de parto, junto com outro Curandeiro, para leva-lo para o quarto, quando o senhor desmaiou.”
“Oh...” disse Ron, meio sem graça.
“O senhor quer ver seus filhos.”
Aquilo definitivamente não fora uma pergunta.
“Filhos...” repetiu. Ele gostava de como aquilo soava.
“Sim, Sr Weasley. O senhor é ai de dois saudáveis e belos meninos.”
Ron sentou na cadeira que havia ali perto. Sorriu. Ele era pai. Pai. Papai. Sr e Sra Weasley e seus dois filhos. Uma família feliz. Uma linda esposa. Dois lindos filhos.
Ele então perguntou à enfermeira, “Os cabelos deles... são...?”
“São ruivos, senhor,” sorriu a mulher.
Ron jogou a cabeça para trás e riu, “Ah, a maldição dos Weasley.”
Recompôs-se e disse, “Eu gostaria de vê-los.”
“Siga-me.”
Ron seguiu a enfermeira até a sala onde seus filhos dormiam tão tranqüilamente quanto a mãe, com suas pequenas mãozinhas fechadas. Encostou o nariz no vidro que o separava dos bebês. Nem reparou que a enfermeira havia ido embora.
Seus filhos. Eles eram lindos. Ron finalmente pôde entender a felicidade de Harry. Harry era pai também. E Ginny era mãe. A sua irmãzinha. A pequena Ginny era mãe. Uma mãe maravilhosa, pra dizer a verdade. E estava casada com o homem que habitava seus sonhos desde que tinha dez anos. Ela havia dado a luz à pequena Lily Molly Potter há dois anos e meio atrás. Agora Lily teria priminhos para brincar, assim que eles crescessem mais um pouco.
Uma lágrima rolou pelo seu rosto, mas ele não a afastou. Ele não queria afastá-la. Ele não tinha vergonha delas. Essas eram lágrimas de felicidade. De alegria.
Ouviu um barulho às suas costas e virou-se a tempo de ver a enfermeira conduzindo Hermione para dentro da sala. Ela os deixou sozinhos com os filhos.
Hermione arrastou sua cadeira para perto do marido e também encostou o nariz para ver os filhos. Ron brincava com seus cabelos. Ele então, inclinou-se, e a beijou. Ela fez menção de enxugar suas lágrimas, mas foi impedida.
“Não,” disse, quase num sussurro. “Não dessa vez. Você fez demais isso durante a Guerra. Essas são lágrimas de alegria, não de dor. Não de tristeza. Eu quero curti-las. Deixe-me curti-las, Ione.”
Ela apenas acenou com a cabeça, em compreensão, e fez o mesmo que o marido. Deixou as lágrimas rolarem por seu rosto. Os dois choraram em silêncio por alguns minutos, antes de Hermione se manifestar:
“Sabe, está na hora de escolher os nomes deles.”
“É.”
“Sei que você queria chamá-lo de Liam, se fosse menino.”
“É, é verdade. Liam significa ‘O Guerreiro’.” Calou-se por um instante, e então continuou, encarando seus pés, “ Se... tempos sombrios... voltarem, talvez... talvez, com esse nome, ele tenha a força necessária para lutar, se for preciso.”
Hermione fechou os olhos, tendo os pensamentos invadidos pelas lembranças tristes.
Sofrimento
Dor
Mortes
Sacudiu a cabeça, afastando tais pensamentos.
“Que tal Liam Harry Weasley? Já que combinamos que Harry seria o padrinho do nosso filho, talvez ele possa ser do Liam.”
“Liam Harry. É uma boa. E Ginny será a madrinha.”
Hermione sorriu.
“Tem outro nome que eu gosto muito,” disse, segurando a mão do marido.
Ele a acariciou.
“Só um segundo, amor.”
Ron pegou a varinha e apontou para a cadeira.
“Accio cadeira!”
A cadeira veio em sua direção e ele sentou. Hermione lhe lançou um olhar de reprovação.
“Que?”, perguntou, fingindo não saber por que a esposa estava lhe dando ‘O Olhar’. ‘O Olhar’ era como ele chamava o modo como Hermione o olhava toda vez que ele fazia uma coisa infantil. O que acontecia com bastante freqüência. Mas agora ele amava ‘O Olhar’, mesmo isso o tendo irritado bastante em Hogwarts. Engraçado como as coisas mudam, era o que ele sempre pensava. Mas era verdade que eles costumavam agir como um casal de velhinhos quando eram mais novos. Mas agora eles eram um casal de verdade. Um casal com dois filhos.
“O que foi?”
“Francamente, Ron, você não podia pegar a cadeira sem usar um feitiço?”
“Não, digo, qual é o nome que você gosta?”
Ela suspirou, mas sorriu novamente, decidindo esquecer o assunto da cadeira.
“É Elijah. Significa ‘O Escolhido’ ou ‘O Mensageiro de Deus’.”
“Liam e Elijah...”
Ron olhou para os filhos.
“Hey, gostaram dessa, garotos?”
Sorriu, e virou-se para Hermione, que também sorria, “Elijah o que?”
“Elijah Ronald?”
“Você não prefere Elijah Ronnie?”
“Não. Só existe um Ronnie na minha vida.”, disse séria.
“Esperava que dissesse isso,” respondeu, antes de ajoelhar-se à sua frente e lhe beijar suavemente, brincando com sua língua por alguns segundos. “Mas, que tal Elijah Arthur? Como meu pai? Ele ficaria orgulhoso.”
“Elijah Arthur será, então,” disse, sorrindo, antes de beijar o marido novamente.
Quando se separaram, Hermione baixou os olhos e disse, quase em um sussurro, “Eu gostaria que Percy fosse o padrinho do Elijah.”
O sorriso de Ron desapareceu, e ele se sentou novamente na cadeira.
Percy.
Seu irmão mais velho.
Seu irmão que havia dado as costas para a família, antes de finalmente perceber que o Ministro da Magia, para o qual trabalhava, estava lhe contando mentiras e enganando-o. Percy, então, entrou na Guerra contra Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Teve sua perna machucada e desde então passou a mancar. Ron ainda sentia raiva de Percy pelo que havia feito. Hermione sabia disso. Então, por que cargas d’água ela queria que percy fosse padrinho de Elijah?
“Eu sei o que está pensando, Ron.”
Ele a encarou. Seu rosto estava cheio de preocupação. Ele odiava vê-la assim. Isso o lembrava da Guerra e dos tempos difíceis pelos quais passaram. Ela continuou, “Eu sei que ainda está zangado por ele ter ficado contra nós. Mas ele voltou. E se desculpou. E pagou pela sua traição. Ele quase perdeu a perna. Ron, ele poderia ter morrido! Se ele não estivesse vivo, não estaríamos tendo essa conversa. E tenho certeza de que você sentiria falta dele.”
Ron permaneceu em silêncio...
“Fazer dele padrinho de um dos nossos filhos o faria entender que o perdoamos. Está na hora de perdoar, Ronnie. Todos nós erramos. Por favor... ele é seu irmão, não importa o que tenha feito. Ele percebeu seu erro, e agora, ele morreria por qualquer um de nós. Eu o perdoei, mesmo que nunca vá esquecer. Mas está na hora de todos nós seguirmos em frente. Ronnie...” implorou. “Ronnie... eu quero seguir em frente. Eu quero que nós dois sigamos em frente. Tivemos sorte de não sofrer nenhuma perda na família durante a Guerra. Temos que permanecer juntos. Voldemort se foi, mas outro lunático pode surgir um dia, querendo dominar o mundo. Muito já foi feito no passado. Ficando juntos, podemos impedir que tempos sombrios aconteçam novamente.”
Silencio. Então, ron falou, bem lentamente, encarando o azulejo da parede.
“Tudo bem,” levantou os olhos, “Não pense que não amo meu irmão, Ione. Nem pense uma coisa dessa.”
“Eu não acho isso. Você não ficaria tão magoado se não o amasse. Você ficaria apenas indiferente. Não magoado.”
Uma hora depois, hermione estava de volta ao seu quarto. Liam e Elijah foram levados juntos. Ron estava carregando Liam, encantado com o quão pequeno era o bebê. Hermione amamentava Elijah, olhando carinhosamente para o filho.
Ron caminhou até a janela e falou à Liam, embora o menino estivesse quase adormecido.
“Está vendo esta cidade, Liam? É Londres. Grande, não é? E sabe o que é engraçado? É que as pessoas lá fora não sabem que aqui funciona um hospital para pessoas mágicas! É, garoto, você é um bruxo. Você é um bruxo!”
“Difícil de acreditar, não é, garotinho?” disse uma voz atrás de Ron.
Ele se virou e viu Harry e Ginny parados à porta. Sorriu largamente e caminhou até sua irmã e seu irmão. Ron sempre considerou Harry como irmão. Agora que havia casado com Ginny, Harry realmente o era.
“Hey, Gin, Harry!”
Os dois o cumprimentaram cm um beijo no rosto, e dirigiram-se à Hermione.
“Eu não acredito que você é mãe,” disse Harry.
“Eu não acredito que meu irmão é pai!” disse Ginny. “Quando recebemos sua coruja dizendo que eram gêmeos, por um instante pensei que fosse brincadeira! Mas não é. Oh, meu Deus, eles são tão lindos! E têm cabelos ruivos!”
“É, ficou feliz por isso! Eu amo os cabelos do Ron.” disse Hermione, procurando algo pelo quarto. “Onde está Lily?”
“Ficou com Bill. Ele virá mais tarde com a Fleur. Qual o nome desse anjinho?”
“Harry, Ginny, este é Elijah.”
”Olá, pequeno Elijah,” sorriu Ginny, acariciando a cabecinha do bebê.
“E deixem-me apresentar-lhes Liam,” disse Ron. “Harry, Ginny, deixem-me apresentar-lhes o seu afilhado. Nós gostaríamos que vocês fossem os padrinhos do Liam.”
O sorriso de Harry desapareceu de seu rosto. “Sério? Você... sério?"
”Sim...”
Harry pegou Liam em seus braços e uma lágrima rolou pelo seu rosto. Teria Sirius feito a mesma coisa em 1980? Teria ele carregado Harry daquela maneira?
“Hey, Liam,” disse, com a voz rouca. “Eu sou o Harry. Sou seu padrinho. Prometo que irei cuidar muito bem de você, rapazinho. Estarei aqui para o que você precisar, pode ter certeza... e esta é Ginny. Minha esposa. Ela é sua madrinha.”
Ginny e Hermione tinham lágrimas nos olhos. Ron sentiu a garganta apertar, pela montanha russa de emoções que estava sendo aquele dia.
Houve uma batida na porta. Ron abriu. O Sr e a Sra Weasley, junto com Percy e sua esposa, Penélope, entraram. Elijah e Liam foram apresentados à família. Cadeiras foram conjuradas e todos conversavam, enquanto Hermione amamentava Liam.
Ron tinha Elijah em seus braços. Caminhou até Percy, e lhe disse, “Percy, meu irmão (enfatizou bem a palavra ‘irmão’), Hermione e eu ficaríamos honrados se você aceitasse ser o padrinho do Elijah.”
O rosto de Percy se iluminou. Tomou o bebê em seus braços e o olhou, antes de voltar-se para seu irmão mais novo. “Não, Ron, eu é que fico honrado. Eu aceito.”
“Nós sabemos que você será um ótimo padrinho, Percy,” disse Hermione. “E Penélope, uma ótima madrinha.”
Penélope sorriu e agradeceu. Percy entregou o bebê à sua esposa e puxou Ron para um abraço. Ele era um pouco mais baixo do que Ron. Ron não conseguiu evitar que as lágrimas caíssem. Sussurrou no ouvido do irmão, “Eu te amo, Perce.”
“Eu também te amo, Ron. Me perdoe...” pediu Percy, que também chorava.
“Já perdoei. Me perdoe também.”
“Pelo que?”
“Por ter esquecido que você era meu irmão. Parte de mim.”
“Eu...”
“Não. Apenas diga que me perdoa, Perce. Por favor.”
“Eu te perdôo, Ron. Eu te perdôo.”
A Sra Weasley apertou a mão do marido, que repetiu o gesto. Ginny apoiou a cabeça no ombro de Harry e ele a beijou. As lágrimas de Penélope rolavam livremente por suas bochechas, enquanto embalava Elijah.
Na sua cama, Hermione também chorava. Beijou a mãozinha de Liam. Foi quando notou a data na pulseira de identificação do filho. 5 de Outubro de 2003.
Quando Ron e Percy se afastaram, Hermione chamou pelo marido, “Ronnie?”
“Sim?”
A voz dele estava vacilante.
“Você sabe que dia é hoje?”
Ron a encarou surpreso com a pergunta.
“Estamos em Outubro.”
“O dia é 5 do Outubro de 2003. Nós nos casamos há exatos três anos.
“É verdade!” exclamou Molly.
“Bem, Ione, meu amor”, disse ron, sentando na beira da cama e inclinando-se para beija-la, “Acho que estávamos destinados a ficar juntos. Quem sabe o que o destino tem reservado pra gente? Talvez 5 de Outubro seja uma espécie de data mágica pra nós, aqui no mundo Bruxo.”
“Eu acredito que seja, Ronnie,” sussurrou, antes dele beijá-la.
The End
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