Eu, Ele e ...



Eu, Ele e Meu Amado Lobisomem...



“Tenho agido como uma criança
Sua opinião, o que é aquilo?
É apenas um ponto de vista diferente
Então, o que mais eu posso fazer?
Eu disse: desculpe, e desculpe-me.
Eu disse me desculpe por tudo, se eu te magoei
Então eu me odeio,
Eu não queria me odiar, não queria te magoar
Por que você escolheu sofrer?
Se você sabia
O quanto eu te amo, te amo
Eu não serei o seu inverno
Eu não serei alguém isento de chorar
E nós podemos ser perdoados
E eu estarei lá”.
Your Winter – Sister Hazel

Argh! Como o Potter consegue ser tão irritante? Não pode ver os outros felizes que já quer acabar com tudo. Tudo bem, mas não é por isso que estou brava, e na verdade nem é com ele (milagre!).
Mas claro que Potter está no meio, ele sempre está no meio.
Estávamos tomando café. Oh, sim, estávamos (no plural), eu lá novamente no meio dos marotos. Black fazia charme para uma Corvinal que não tirava os olhos dele. Pettigrew comia como um porco (o que não é uma grande novidade), Remo comia calmamente, sempre sorrindo para mim. E Potter... Potter estava calado e absorto num livro. Eu nunca na minha vida imaginei ver Tiago Potter absorto lendo! A não ser que o livro falasse sobre quadribol. Mas não, era um livro de Poções. POÇ'ES! Ohh, meu Deus! Com certeza ele estava passando mal.
Comecei a observa-lo enquanto comia. Seus olhos cor de chocolate estavam inchados e havia bolsas embaixo deles. Ele estava mais pálido que o normal. Seu cabelo... Bem, eu direi que ele numa tentativa frustrada penteou aquele cabelo de espantalho que parecia um pára-raios apontando para todos os lugares. Mas, por mais que eu não conhecesse Tiago Potter, eu sabia. Havia algo errado com ele. Eu só não sabia porque sentia uma estranha dor no coração e porque aquele sorriso arrogante fazia tanta falta...
Onde estava aquele Potter-maldito-que-eu-odeio? O Potter que azarava Sonserinos. O Potter que desarrumava o cabelo. O Potter que brincava com seu pomo-de-ouro-roubado. O Potter que andava pela escola com o peito estufado, andando como um herói. O Potter que as garotas suspiravam apaixonadas. O Potter apanhador perfeito. O Potter Sr. Popularidade. E finalmente o Potter que me convidava para sair. Eu levei dois dias para assimilar o que estava acontecendo comigo. Passei dois dias em total estado de negação. Não conseguia simplesmente admitir que sentia falta daquele “quer sair comigo, Evans?”. Era tão estranho como, agora, meu sobrenome soava tão bem saindo de seus lábios. Lábios que eu fitava por demorados segundos. Simplesmente uma hora estava tudo bem, eu estava lá feliz com Remo, namorando numa boa, toda feliz por finalmente, finalmente depois de quase dois anos apaixonada! De repente eu estava reparando em Tiago Potter. Oh, sim! Como isso é possível??
**

Mais dois dias se passaram e Remo começou a mostrar os sinais da transformação. Estava pálido, fraco e sem fome. E eu não havia avançado nem um pouquinho no estudo da animagia! Tudo bem que não esperava me transformar em quatro dias. Mas em pelo menos um mês eu queria! Tanto queria como aceitei a ajuda dos marotos!

- Não, Evans! Você tem que se concentrar. Não é assim! Tem que deixar a sua verdadeira personalidade fluir. – resmungou Tiago enquanto Lílian se sentava mais uma vez nas almofadas e fechava os olhos.
- Estou com medo. – disse Pedro. Sirius olhou abismado para ele.
- Como assim com medo?
- Você ouviu o que o Tiago disse. Deixe sua verdadeira personalidade fluir. No que ela vai se transformar? Numa leoa? – comentou Pedro tremendo. Lílian levantou uma sobrancelha e seu lábio inferior tremeu de ódio, enquanto Sirius ria com gosto. Tiago apenas olhava pela janela e depois para o relógio.
- Acho melhor irmos, Aluado. – resmungou abrindo a porta. Lílian se levantou num salto.
- Hum, até mais, Remo. – ela disse lhe dando um beijo e saindo pela porta... Não pode deixar de olhar profundamente nos olhos de Tiago enquanto passava por ele. Remo e Sirius notaram a singela troca de olhares.
**

- Lílian eu tenho que ir lá! Mas qual é o seu problema? – disse irritada enquanto andava pelos corredores. Lílian estava desesperada.
- Não! Você não pode ir lá fora Melissa! – ela argumentava enquanto andava ao lado da amiga.
- Porque não??
- Porque NÃO! Se você for vou ter que descontar pontos da Grifinória e te dar uma detenção por me desobedecer! – Melissa parou e olhou Lily perplexa.
- O que há com você? Eu só vou pegar meu gato, não tenho culpa que ele foi parar na orla da floresta proibida, e tenho que ir antes que ele entre nela! Você... Não pode me impedir! Não tem esse direito! – ela resmungou irritada.
-Melissa você não vai!
- E quem vai me impedir?
- Eu vou! É contra as regras é perigoso e você não pode desobedecer a uma monitora-chefe! – ela ainda estava perplexa. Lílian não tinha mais argumentos foi quando notou que sua amiga voltou a caminhar para o saguão de entrada. – Eu vou!
-O quê? – ela gritou brava.
- Eu vou lá. Pegou seu gato, ninguém perde pontos eu ganha uma detenção e ficamos todas felizes, ok? – Melissa pareceu cogitar a idéia. Parou de andar e disse:
- Tudo bem. Vou esperar você no salão comunal. – ela fez o caminho de volta, enquanto Lílian caminhava pelos jardins temerosa, com a varinha em punho.

Não muito longe da orla da floresta estava Spinni, gato de Melissa. “Graças a Deus encontrei você!” disse Lílian segurando o gato contra si. Aliviada deu meia volta e quando deu o primeiro passo ouviu um uivo. E estava perigosamente perto.
Seu corpo tremeu, além de ficar totalmente arrepiado. Alarmada pensou em correr, mas suas pernas não obedeciam... E sua curiosidade era ainda maior.
**

Nunca me assustei tanto como quando virei para olhar a floresta. Lá estava ele. Eu sabia que era Remo. A menos de cinco metros de distancia seus olhos se cruzaram com os meus, e ele começou a correr na minha direção. Eu andei para trás e tropecei. Maldita árvore. Quando me levantei, tremendo, já era tarde demais. O lobisomem já havia saído da floresta proibida.
E como num flash eu também estava mais lá. Um animal, especificando um cervo, me puxou com seus chifres, que eu segurei, só Deus sabe como, afinal minhas mais tremiam como nunca. Spinni ainda estava segurou em um dos meus braços, com o outro eu me segurava fortemente ao animal que me salvou. Foi quando eu olhei para trás e vi que o lobisomem nos perseguia.
Eu estava cada vez mais assustada e em pânico. Ele uivava e fazia barulhos estranhos com sua boca, pude ver seus grandes dentes pontudos. O cervo corria diretamente para o Salgueiro Lutador, enquanto um rato e um enorme cachorro preto perseguiam e tentavam alcançar sem sucesso o lobisomem.
Eu gritei, desesperada quando vi os enormes dentes bem próximos de mim. E o cervo, também desesperado acabou tropeçando. Eu cai não muito longe do animal monstruoso... Eu queria gritar, mas minha voz não saia, só sentia meu coração batendo, parecia que ia sair pela boca.
Vagarosamente o lobisomem se aproximou de mim, e eu a todo custo fui me afastando, mas uma pontada na minha perna não permitiu. Por uma fração de segundos. Ele parou. Exatamente, ele parou. Me lançou um olhar assustado. Eu podia jurar que estava olhando para os olhos âmbar de Remo.
O tempo foi suficiente para o cervo novamente me salvar, enquanto o enorme cachorro puxava o lobisomem para dentro do salgueiro lutador e sumia junto dele.
Ao meu lado do nada, Potter apareceu.

-Você está louca? O que estava fazendo??? Vir aqui sabendo que o Remo estaria transformado. – fiquei irritada. Oras, eu não era tão retardada assim como ele estava imaginando, eu tinha um bom motivo para estar ali.
- Ou era eu, ou era Melissa. Ela estava que nem louca querendo ir até a orla da floresta buscar o gato. Não consegui impedia-la! – reclamei gritando de volta. Meu rosto estava vermelho e assustado. Até mesmo numa situação como aquela Potter conseguia ser incrivelmente irritante.

Ele ficou sem fala. Abriu a boca várias vezes para falar, mas nada disse. Parecia até um peixe. Depois lançou um olhar para mim, tocou em meu braço e disse:

- Você está bem? Se machucou? – perguntou com um tom de preocupação invadindo sua voz. Aquilo soou tão perfeito.
- Estou bem. Só machuquei a perna, mas não foi nada. Obrigada por se preocupar. – eu disse corando. Ele levou a mão até a cabeça, mexendo nos cabelos, envergonhado.
- Tudo bem. – resmungou, ele estava realmente sem jeito. Eu devia começar a andar com câmeras fotográficas, afinal, eram raros os momentos onde Tiago Potter estava sem jeito.
- Obrigada por salvar a minha vida.
- Tudo bem. – ele falou mais uma vez, recaindo seu olhar no Salgueiro Lutador. – Pode se preparar, Evans. O Remo nunca vai se perdoar.

Quando Potter disse aquilo, sobre eu me preparar, não fazia a menor idéia do que estava falando. Só entendi realmente, não fui falar com Remo na noite do dia seguinte.
**

-Não Lílian. Não podemos. – ele disse, estava chorando.
- Por favor,... Você não entende? Foi só um incidente, não vai acontecer de novo! – ela dizia também em lágrimas.
-Lily, o Tiago não vai estar sempre por perto para salvar a sua vida. – a simples menção daquele nome fez o estômago de Lílian despencou e um rubor subiu a sua face.
- Eu sei. Mas...
- Nada de mas... Isso também está me magoando. Mas eu prefiro ver você sã e salva do que... do q... – ele desatou em lágrimas. Sirius colocou a mão no ombro do amigo, que saiu pelo quadro da mulher gorda, a lua ainda estaria cheia naquela noite. Pedro o seguiu. E Sirius olhou de Tiago para Lílian e dela para ele.
- Não esperamos por você essa noite, Pontas. Cuide dela. – sussurrou ao ouvido do amigo.

Enquanto isso jazia sentada uma Lílian em lágrimas. Seus olhos ficaram vermelhos com facilidade, e seu cabelo grudou na face. Soluços acompanharam as lágrimas...
E a única coisa que ele podia fazer era olha-la com pena e dor.
Sentou-se ao lado da garota e passou a mão, levemente, em sua cabeça. Sendo guiada por ele deitou em suas pernas, enquanto os soluços não cessavam. Ele apenas acariciava seu cabelo, enquanto algumas lágrimas solitárias caiam de sua própria face e molhavam o cabelo flamejante da garota.

- Porque?? Porque comigo?? – ela sussurrava e soluçava mais e mais... Tiago a puxou para mais perto, encostando a cabeça dela em seu peito. Ela se afundou em sua camisa, molhando-a totalmente.
- Shhh... Se acalme, vai dar tudo certo. – mas ele não tinha certeza do que dizia. Aliás, ele chorava junto dela. E naquele momento também queria esconder seu rosto em algum lugar.
- Porque...? – ela sussurrou e deu um soluço agudo, começou a chorar mais desesperadamente.
- Lílian se acalme... Está tudo bem...
- Não está tudo bem. – ela disse entre dentes enquanto soluçava em seu peito.
- Eu estou aqui... – sussurrou no ouvido dela, deixando mais lágrimas rolarem.

Ela levantou vagarosamente a cabeça e deixou finalmente que seus olhos se encontrassem, sem, pela primeira vez, desviar.

- Porque você está chorando? – perguntou entre dois soluços.
- Pelo mesmo que você. Não posso ficar com a pessoa que amo. – admitiu dando um sorriso triste e tirando os óculos para limpar as lágrimas teimosas, mal entendo que acabara de fazer uma declaração.
-O que disse? Você não...? – se deu conta tarde demais e voltou a encarar o par de olhos esmeralda, que agora jaziam vermelhos e esquecidos, sem o brilho que o âmbar causava.
- Você entendeu.
- Eu quero ouvir você dizer. – ela sussurrou mal acreditando.
- Porquê? – ela riu tristemente.
- Você sabe porque eu te odiei durante esses sete anos, Tiago? – ele se assustou com a pergunta e com o fato dela usar seu primeiro nome, que soava perfeito em seus lábios.
- Porque eu e Sirius inventamos aquelas coisas obre você ser uma sabe-tudo?
-Não, não foi por isso. – respondeu encostando a cabeça no peito do garoto novamente, ouvindo agora seu coração batendo acelerado.
- Então porquê?? Porquê Lílian?? – ela soltou um longo suspirou, engoliu alguns soluços e respondeu finalmente:
-Porque desde o primeiro ano. Desde a primeira vez que meus olhos encontraram seus olhos cor de chocolate... Eu senti algo que não podia controlar. Senti uma força maior tomando conta de mim. Eu me assustei... Não podia deixar um sentimento tomar conta de mim daquela maneira. Principalmente sabendo das suas gracinhas e piadas sobre mim. A única maneira de tentar ameniza-lo era te odiando. Te odiando com todas as forças... Mas não deu certo. – ele se mexeu desconfortavelmente no lugar onde estava sentado. – Aprendi que tentar esquecer uma pessoa é pensar mais nela.
- Mas... Mas e o Remo?
- Eu me apaixonei por ele sim. Mas não era o mesmo sentimento. Não tinha a mesma profundidade. Não me controlava daquela maneira...
- Lílian você quer dizer que...

(continua...)

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