Ruivinha ou Trasgo Malhado?
Capitulo 03
Ruivinha ou Trasgo Malhado?
- Andem, acordem de uma vez! – disse Remus inquieto com seus amigos preguiçosos.
- Mas já é de manhã? – perguntou Sirius levantando, agarrado em seu travesseiro.
James, que não estava animado para levantar, sentiu uma luz atingir seus olhos quando Remus abriu o cortinado de sua cama.
- Levanta, Bela Adormecida!
- Pelo menos reconhece que sou belo. – falou James com um olhar maroto.
- Cala a boca e levanta! – disse Sirius ainda agarrado em seu travesseiro.
De repente um som invadiu o quarto dos grifinórios. Este som vinha de dentro do cortinado de Peter.
“Bom dia pra você
Bom dia pra você
Bom dia pequeno príncipe
Bom dia pra você”
- Ah, bom dia para vocês também! – disse Peter animado por ter sido acordado pela musiquinha de sua mamãe.
- Cala a boca, Peter! – falaram os três marotos, ainda abismados com o despertador esganiçado do outro.
- Dormiram bem? – perguntou Remus animado por ver os amigos de pé.
- Vocês nem sabem o quanto! – falou James olhando para a foto de Lily com um ar pervertido.
- Então era daí que vinham os sussurros que eu ouvi durante a noite! – comentou Sirius, rindo maliciosamente, mas fechou a cara quando percebeu que ninguém mais estava rindo.
- Vamos descer logo, ou vamos perder o café da manhã. – implorou Peter, já vestido.
- É verdade, se não também vamos perder a primeira aula, que é História da Magia. – acrescentou Remus, olhando o relógio.
- Espera um pouquinho, - disse Sirius finalmente largando seu travesseiro. – Como você sabe disso se só receberemos o horário no café da manhã?
Ao ouvir isso, Remus tentou esconder algo no peito, mas antes de conseguir desconversar, um James de cueca o abordou:
- Sr. Remus John Lupin, o que você está tentando esconder? – perguntou James desconfiado.
- Tá maluco, James? Não estou tentando esconder nada.
- Tá sim! – disse James puxando o braço do amigo. Depois de muita luta, um silêncio se fez no dormitório... – MAS QUE PORCARIA DE COISA DOURADA É ESSA??? – berrou James para um Remus apavorado.
- Ai meu Deus, não pode ser o que eu estou pensando! Não pode ser, não pode ser! – gritou Sirius abismado.
- Remus John Lupin, você nos deve explicações! – disse James.
- É, é isso mesmo James, - falou Remus tirando o distintivo da mão do amigo. – Virei Monitor, e daí?
- Como assim “e daí”? Isso é traição! Um Maroto-monitor!? Você nos apunhalou pelas costas! – Sirius gritava e gesticulava horrorizado.
- Se sou mais responsável e ajuizado que vocês, não é culpa minha! Vocês deviam seguir meu exemplo!
- O quê? Virar Monitor? – questionou James sarcástico. – HAHAHA! Você só pode ter fumado alguma coisa!
- Eu sei a explicação!!!! Eu sei! Eu sei! – disse Sirius como se tivesse acabado de descobrir a Atlântida.
Todos ficaram olhando para ele, esperando para saber a tão maravilhosa descoberta. Remus começava a temer o que viria pela frente. Vendo que o momento de suspense já tinha sido longo o bastante, Sirius falou:
- Emily Gresham é a monitora! Não é? Não é?
- Não. É a Lily Evans.
Sirius sentou-se na cama com profundo desapontamento, dizendo apenas um “ah”.
- A Evans? – perguntou James com um brilho nos olhos.
- É. A Evans. Vai querer virar monitor também? – perguntou Remus com um sorrisinho no rosto.
- Não mesmo! Vou querer arranjar muito mais detenções! – disse James sorrindo marotamente.
- Chega! Eu não agüento mais! Vamos descer para tomar café! – gritou Sirius cansado de tudo.
Depois de um café da manhã cheio de delírios de James e negações de Remus, eles enfrentaram uma aula dupla de História da Magia. Ainda tiveram que fazer a manutenção da pequena criação e Mimbulus Mimbletonia da Profª Sprout antes de descerem para a almoçar.
À tarde, os dois períodos de Transfiguração fizeram o mau humor de Sirius piorar, pois a professora McGonagall além de passar uma montanha de deveres, repetiu os conselhos de Remus, dizendo que ele também deveria se tornar Monitor. O último período do dia era Runas Antigas e, depois de ter que traduzir uma carta oficial, os Marotos extremamente estressados, desceram para jantar.
Ao sentarem-se à mesa da Grifinória, famintos e cansados, James reparou em Lily Evans, que não estava a uma grande distância deles. Ela conversava animadamente com suas amigas sem ao menos notar sua presença.
- Lily, por acaso você pegou sua foto de dentro de minha agenda? – perguntou Diana.
- Não Dy, eu não mexeria em nada tão pessoal e importante como sua agenda. – respondeu Lily.
- Nem fala! Eu odeio quando meu irmão mexe nas minhas coisas, principalmente em minha agenda! Ele não respeita minha privacidade! – disse Emily revoltada.
- Ah, ainda bem que o meu irmão nunca faria isso! – disse Diana. James surpreendeu-se ao ver sua irmã olhando em sua direção. Ela deu uma piscadinha e ele sorriu amarelo.
James se voltou para seu prato, refletiu por um segundo e levantou-se rapidamente.
- Aonde você vai? – perguntou Sirius.
- Colocar meu plano em prática. – disse James com um ar sedutor.
- Ele até já tem um plano! – comentou Sirius com Remus. Este, só olhou para James rapidamente e voltou a atenção para seu prato.
James caminhou decidido até onde sua irmã e as amigas dela estavam:
- Como está a maninha querida do meu coração? – perguntou, abraçando Diana.
- Vou bem, maninho querido do meu coração.
- E como vão as amiguinhas da maninha querida do meu coração?
- De saída. Preciso retirar um livro na biblioteca. Vejo vocês mais tarde, garotas. – disse Lily frisando bem a última palavra.
- Garotas, sinto desapontá-las, mas eu também preciso me retirar. – disse o Maroto indo atrás da ruivinha.
James seguiu-a até um corredor vazio, quando ela se virou e perguntou:
- Você está me seguindo, Potter?
- Eu quero falar com você.
- Então ande logo, pois tenho mais coisas para fazer.
- Eu não pretendo me demorar. – disse James se aproximando sedutoramente. – Você vai fazer alguma coisa hoje à noite?
- Você está me convidando para sair, Potter?
- Não. Eu estou te convidando para ir até as estrelas. – disse ele num sussurro em seu ouvido.
- Hum... então você está convidando o trasgo malhado que tem uma esponja de aço enferrujada ao invés de cabelo para ir até as estrelas?
Ele se afastou, perplexo, enquanto a via lhe dar as costas, pisando firme. Até que, as lembranças vieram à tona.
Sem ao menos pensar, seus pés o dirigiram para o salão comunal e ao passar pelo buraco do retrato, ele viu Sirius e Remus sentados nas poltronas perto da lareira. Peter estava no chão, comendo.
- Que cara é essa James? – perguntou Remus espantado com a expressão no rosto do amigo.
- Você tá pálido, cara. – acrescentou Sirius arregalando os olhos.
- Senta aqui. Conta o que aconteceu. – disse Remus apontando para a poltrona vazia em sua frente.
- Eu acabei de descobrir... – falou James finalmente, olhando pro nada, mas sem conseguir terminar a frase.
- O quê? Você é gay? – perguntou Sirius, com a mão no peito.
- Vai a merda, Sirius! – retrucou James, voltando a realidade.
- Não, porque depois de descobrir que um é monitor e o outro acorda com a música da mamãezinha, eu posso esperar qualquer coisa de você!
- Mas você ainda não contou o que aconteceu. – disse Remus, lançando um olhar feio a Sirius.
James refletiu por um instante, até que falou:
- Tá bom. Eu conto. Tudo começou quando eu tinha onze anos e uma... amiga da Diana foi passar duas semanas em nossa casa, pouco antes de virmos para Hogwarts pela primeira vez. Aquela menina era... era... HORRÍVEL! – disse James com medo nos olhos só de se lembrar.
- Pior do que a Tiffany? – perguntou Sirius com nojo.
- É difícil dizer. Elas são diferentes. Ela era uma tábua. Baixinha e sardenta... muito sardenta... extremamente sardenta. Ela usava uma... uma coisa que segundo ela, os trouxas usam para arrumar os dentes... um tal de “arapelho”... mas era... era de metal, por dentro da boca deixando ela maior... os dentes... pareciam podres. Era... HORRÍVEL!
- Cruz credo! – exclamou Sirius horrorizado. – Devia ser um bicho mesmo!
- E o cabelo... o cabelo era pior ainda. Não era muito comprido, mas era extremamente alto, tipo um black power, não um red power, porque era vermelho, muito vermelho.
- Pára com isso James, se não o Peter não vai conseguir dormir de noite. – Sirius interrompeu enojado.
- Numa manhã, minha mãe foi me acordar dizendo que a amiguinha da Dy havia chegado e como a minha irmã só voltaria à tarde da casa de nossos avós, quem teve que fazer companhia para ela? Eu.
“Eu desci as escadas e vi aquela criatura na minha sala. Ela me cumprimentou encabulada, mas eu vi que aquela garota seria a minha diversão naquelas férias tão monótonas. Eu a cumprimentei de volta com um beijinho no rosto. Durante duas semanas suportei aquela garotinha feia tratando-a como uma musa. Ela me adorou e eu até poderia dizer que ela estava caidinha por mim, afinal eu era irresistível desde aquela época. Isso fazia a brincadeira ficar ainda mais divertida. Até que no último dia de sua visita, eu apliquei o golpe fatal.”
“Minha irmã estava tomando banho enquanto ela estava sozinha no quarto de Diana arrumando as malas.”
“- Você já vai embora? – perguntei com uma voz doce e interessada.”
“- Vou sim. – disse ela sorrindo meio sem jeito.”
“Eu me dirigi até ela contornando-a até parar em suas costas. Passei a mão delicadamente em seus cabelos sussurrando: ‘Sentirei sua falta’. Nisso, tirei uma tesoura de dentro do bolso e cortei uma grande mecha daquela palha. Ela virou-se rapidamente horrorizada e perguntou:”
“- Por que você fez isso?”
“- Pra guardar de lembrança! – falei sarcasticamente dando gargalhadas.”
“- Eu pensei que você gostasse de mim! – falou ela com seus olhos repletos de lágrimas.”
“Aproximei-me de seu ouvido e disse as palavras que nunca deveriam ter saído da minha boca.”
“- Como alguém poderia gostar de um trasgo malhado com uma esponja enferrujada na cabeça?”
“Dei uma gargalhada enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.”
- E hoje, Lily Evans me fez lembrar do ocorrido quando a convidei para sair.
- O quê? A monstrinha era Lily Evans? – perguntou Sirius abismado.
- É verdade! Ela era assim no primeiro ano! Eu me lembro dela naquela época. – disse Remus também abismado.
- Eu achava que o nome da feiosa era Linda! – disse James.
- Linda? Nossa... – falou Sirius ainda chocado com a história.
- Depois daquilo eu nem notava sua existência. Ela era meio insignificante.
- Mas as coisas mudaram. Quem está caidinho agora por ela é você. Eu acho bem feito ela ter te dispensado.
- Remus, de que lado você está afinal?
- De lado nenhum. Só acho que você está pagando por ter sido tão cruel com a menina.
Antes que James pudesse retrucar, Lily Evans irrompeu pelo Salão Comunal. Ela caminhava tão rápida e decidida em direção ao dormitório feminino, que os Marotos mal tiveram tempo de vê-la. Diferente de quatro anos atrás, de seus olhos não caía nem ao menos uma lágrima, mas ela tinha uma expressão séria que demonstrava a raiva que ela devia estar sentindo.
- Coitadinha! – disse Peter contendo o choro.
- Eu vou dormir. – James falou, dirigindo-se ao dormitório no alto da torre.
Ele subiu as escadas e fechou a porta, pensando no que tinha acontecido e no quanto teria que fazer para tentar consertar as coisas.
A poucos metros dali, Lily Evans estava deitada em sua cama pensando no mesmo momento. Apesar de seu olhar sério, seu coração estava gritando. Mas de uma coisa ela tinha certeza: nunca mais cairia nas histórias de James Potter outra vez, afinal não era mais aquela menininha boba de onze anos. Para ele, ela era apenas um desafio... Então que morresse tentando, pois não iria ceder... Já havia sido machucada o suficiente uma vez...
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