Final



Título: Para mim você é o Dia dos Namorados

Autor: Sailor Earth7

Tradutor: Ana Granger Potter

Beta: Lilibeth

Classificação: K+

Casais: Harry Potter/Draco Malfoy

Resumo: É Dia dos Namorados, presentes, cartas, tudo que um garoto podia desejar, menos Harry, ele só deseja que alguém possa ver o garoto atrás da fama Disclaimer: os personagens de Harry Potter não são meus. Se fossem Harry ficaria com Draco e Sirius não teria morrido.

Avisos: romance, drama.

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Final

- Como ele está?

- Não sei, continua enfiado na cama dele e com feitiços ao redor dela para que a gente não chegue perto. – Ron se jogou num sofá em frente a lareira da sala comunal, Hermione estava sentada em uma das poltronas da lateral. Permaneceram uns minutos em silêncio, cada um imerso em seus pensamentos, ainda que ambos soubessem que esses pensamentos tinham nome e sobrenome: Harry Potter.

Desde que tinha saído do Salão Principal, Harry tinha se fechado em seu quarto (mais especificamente na sua cama ) e desde então não havia saído dali, nem sequer tinha assistido às aulas - o que tinha provocado que os professores se aborrecessem e o enchessem de deveres extras - mas isso não era realmente o que preocupava. O preocupante era o fato de que estava escurecendo e Harry não havia comido nada no dia todo, nem sequer no café da manhã, e por mais que eles insistissem, Harry não permitia que eles o vissem.

- O que você acha que dizia na carta? – perguntou Ron sem deixar de ver as chamas da lareira. Hermione olhou Ron por alguns segundos para em seguida desviar seu olhar até o fogo da lareira e responder com voz firme.

- Com certeza algo que Harry tem procurado – Ron desgrudou seu olhar da lareira e o dirigiu até sua amiga, mas ela tinha o olhar perdido em algum ponto das chamas.

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Harry permanecia encostado na cama, com a carta nas mãos e a caixinha ao lado da cabeça, a música ressoava com esplendida clareza sendo diminuída pelo feitiço silenciador que tinha colocado ao redor da cama. Tinha estado escutando todo o dia, uma e outra vez, tanto que praticamente tinha gravado a melodia na memória e havia identificado o instrumento: um violino.

Um violino, que com suas cordas e arco produziam o mais sublime som, fazendo-o sonhar com uma vida diferente, permitindo-lhe sentir tantas emoções e sentimentos que poucas vezes tinha sentido: compreensão, paz, anseio... e, sobretudo... amor...

Um amor tão apaixonado e sublime que o fazia desejar mais, que fazia pedir mais, poder vivê-lo, poder senti-lo...

Uma lágrima solitária traçou um caminho cristalino por sua bochecha até cair e desintegrar-se no travesseiro. Fechou os olhos com força tratando de reter esse sentimento e não se deixar levar novamente pelas asas da solidão. Não queria voltar ali... não suportaria de novo... não agora que um pouco de luz começava a desfragmentar sua escuridão.

Fechou com suavidade a caixinha, deixando o quarto imerso num profundo silêncio, sentou-se ainda sobre a cama e limpou o caminho que suas lágrimas tinham deixado em seu rosto. Necessitava ar fresco, necessitava sair desse cubículo, dos muros que o mundo havia fabricado ao seu redor. Desfez todos os feitiços da sua cama e guardou a caixinha e sua carta no malão, viu que o resto dos dosséis das camas estavam fechados e percebeu que tinha anoitecido. Pegou sua capa de invisibilidade e saiu rumo a Floresta Proibida.

Caminhava sem rumo fixo, nem sequer era consciente de que esse caminho ainda o levava a parte segura do Bosque Proibido, mas nem importava muito: só caminhava mecanicamente, perdido em seus pensamentos. Quem era a pessoa que tinha escrito? Será mesmo que o compreendia como dizia? O amaria realmente? E se chegasse a saber de quem se tratava, o que faria? Se jogaria em seus braços? Chegaria a amá-lo? Ou simplesmente lhe perguntaria se era verdade tudo isso, e depois se separariam como se nada tivesse acontecido? Não... isso não... tanto tempo... tantas noites em claro esperando que essa pessoa chegasse, e agora que pelo jeito a encontrara, não a perderia...

Parou em seco.

Tinha parecido escutar uma suave melodia na metade do seu caminho para o lago. Concentrou todos os seus sentidos em saber se tinha realmente escutado o som de um violino. Durante alguns segundos permaneceu imóvel, atento a qualquer som fora de lugar...

Voltou a escutá-lo.

Uma nota suave e lenta... era familiar. Caminhou tratando de seguir o som, queria encontrar a fonte, já que conforme avançava, mais certo estava de que essa melodia era a mesma que tinha estado escutando durante todo o dia. Estava tão concentrado em seguir o som que não soube quando deixou de caminhar pra começar a correr. Nem sequer importou o fato de que sua capa deslizou, deixando descoberta metade do corpo. A única coisa que queria era chegar até a pessoa que tocava essa melodia, porque encontrar essa pessoa significava encontrar quem estava procurando fazia muito tempo.

Se deteve quando pode distinguir ao longe uma silhueta na beira do lago. Arrumou a capa e se aproximou com lentidão, procurando não perturbar aquela pessoa, queria continuar desfrutando daquela música e precisava ver seu rosto enquanto tocava. Ainda com a capa de invisibilidade, se colocou atrás de uma grossa árvore. A essa distância pode ver melhor a pessoa, um encapuzado que vestia uma grande capa negra que o cobria por completo, apenas permitindo-lhe ver suaves mãos brancas que sustentavam um violino, que descansava delicadamente sobre seu ombro esquerdo.

Para Harry essa imagem recordou um formoso elfo observando a diminuição da lua. Fechou os olhos deixando-se envolver pela música, sentindo novamente a conhecida sensação de paz e segurança que o envolvia com delicadeza ao ouvir a melodia já tão familiar, sentindo como sua solidão ia se afastando cada vez mais e mais.

Uma forte corrente de vento o fez entreabrir os olhos. Vendo como a capa desse elfo revoava com força deixando a descoberto uma calça negra e uma camisa prata. Harry abriu os olhos com surpresa. Reconhecia essa roupa, mas não podia ser... ou sim?

E como se o vento respondesse essa pergunta, novamente soprou com força removendo o capuz que cobria o belo rosto, revolvendo por sua vez o cabelo loiro platinado, que brilhava com intensidade pelo efeito dos raios da lua.

Harry deixou cair a capa de invisibilidade que o cobria, sentindo como se o tivessem agredido. Esse era Draco Malfoy! Não, não podia ser, sua mente devia estar lhe pregando uma peça de muito mau gosto. Malfoy não podia estar ali, não podia ser ele quem lhe escrevera essa carta, não podia ser ele quem tocara essa bela melodia, não podia ser ele que jurara amá-lo, não podia ser ele a quem Harry desejava amar... não podia... ainda sim, quem ali estava era Draco Malfoy, observando-o com leve surpresa com seus frios olhos cinzas. De suas mãos escorregaram o violino e o arco, produzindo um delicado golpe amortecido pela grama. Suas feições finas adquiriram rapidamente uma expressão inescrutável, deixando a fugaz expressão de surpresa rapidamente no passado, como se nunca tivesse acontecido.

Harry se aproximou dele com passos lentos, mas seguros. Sua mente gritava que era um mal-entendido, que tudo era só uma coincidência e que devia voltar pra sua sala comunal e esquecê-lo, mas seu coração batia com força, como nunca tinha feito, impelindo-o a seguir a diante e se aproximar desse ser que podia ser sua salvação... ou sua perdição.

Deteve-se a uns passos de Malfoy sem deixar de olhá-lo nos olhos, tentando descobrir algo que indicasse o que devia fazer, se devia bater nele até deixá-lo inconsciente, até destroçar os punhos, ou beijá-lo com toda a paixão e o amor que tinha por ter encontrado a quem procurava.

...só me vê, não pára pra me observar, nem sequer tenta, se deixa enganar por uma máscara, uma simples aparência... igual ao resto do mundo...

- Malfoy – pronunciou sem ódio, sem aborrecimento, só como um sobrenome a mais. Viu pequenos reflexos nos olhos pratas, reflexos que antes nunca tinha visto nesses diamantes sempre frios.

- Potter – disse Draco em um tom similar, mas como se acariciasse cada letra com suavidade, sem aquele sarcasmo e orgulho que lhe dava nos nervos, sem aquela atitude superior que tanto odiava.

...Odeio não te ter a meu lado pelo simples fato de ser quem sou. Odeio não poder falar contigo e dizer tudo aquilo que desejo. Odeio não poder estar perto de você...

Harry avançou um par de passos mais para depois se inclinar e pegar o violino e o arco que jaziam aos pés de Draco, tudo com extrema lentidão, como se qualquer movimento brusco perturbasse a atmosfera frágil que os rodeava.

...Quando, talvez, a única pessoa que pode livrá-lo desse sofrimento está na tua frente... e não pode vê-la...

- Toca pra mim – disse Harry oferecendo-lhe o instrumento. Draco abriu um pouco mais seus olhos como sinal de desconcerto, mas seu rosto continuava imperturbável. Pegou o violino e o arco sem deixar de olhar as belas esmeraldas que o observavam com atenção, colocou o violino no ombro esquerdo e apoiou a bochecha sobre a superfície do instrumento, depois posicionou o arco sobre as frágeis cordas e o primeiro som saiu delas. Suave, lento, com certo temor, seguindo-lhe outros sons também suaves, mas pouco a pouco sua força aumentava. Inconscientemente Draco fechou os olhos permitindo a seus sentimentos tomar o controle da música, falando-lhe através das notas, dizendo com elas tudo o que sentia.

Harry pôde sentir através da música a solidão de Draco, seu desespero, sua dor e sua luta - tantos sentimentos iguais aos seus - tantas semelhanças, mas mais forte que tudo isso, pode sentir o amor... um amor que tinha desejado conhecer, que tinha desejado abraçar, um amor tão forte como o que tinha estado guardando para aquela pessoa que pudesse vê-lo tal e como ele era na realidade...

Fixou seus olhos nas feições agora relaxadas do sonserino, tão diferentes das que ele conhecia, mas ao mesmo tempo tão atraentes.

...Você pode ver através da escuridão e da dor, através das máscaras de ódio, que eu sempre estarei aí... te amando?...

Com antecedência tinha aceitado um par de vezes que Draco Malfoy era atraente, tinha aceitado como um rapaz aceita que o outro esteja bem, mas agora que o via de uma forma diferente, muito mais profunda, via que não era só atraente, e sim belo: sua pele era branca como porcelana e seu cabelo parecia conter fios de ouro movendo-se ao ritmo do vento, e suas mãos, suas mãos eram delicadas, mas de contornos firmes, surpreendeu a si mesmo desejando que essas mãos o pegassem com a mesma força e delicadeza com que pegavam o violino.

A música acabou, escutava-se somente o sussurrar do vento e alguns ramos se movendo. Draco abriu seus olhos lentamente, como se acabasse de despertar de um sonho e o primeiro que viu foi um par de esmeraldas que o observavam com carinho. Abaixou seus braços a cada lado do corpo, com o violino em uma mão e o arco na outra. Se observaram nos olhos, cada um pensando na forma que deveriam atuar com o outro. Desnudar seus sentimentos mais protegidos poderia destroçá-los mais ferozmente que a pior das maldições.

Os lábios de Harry se entreabrem sutilmente, começando a formar palavras que Draco conhecia perfeitamente.

- Ainda assim, o tempo de participar, e que pode nos dar uma pequena esperança, pouco a pouco se acaba e tenho esperado toda a minha vida por algo que talvez nunca chegue: Teu amor, Draco.

O sonserino deixou cair a máscara de indiferença, perdendo todo o auto-controle que tinha conseguido manter sua fachada imperturbável, deixando-se ver tal e como era perante Harry: um ser humano que só desejava ser amado pelo rapaz à sua frente.

Ele tinha escrito essa carta em um momento de debilidade, de desespero para que Harry soubesse o que sentia por ele. Ele tinha sido o único que tinha conseguido conhecer verdadeiramente o rapaz que era a esperança do Mundo Mágico, porque, ainda que o Mundo pensasse que eram nêmesis, na realidade eram mais parecidos do que podiam acreditar: a ambos tinham traçado um caminho desde antes do nascimento, ninguém tinha perguntado se estavam de acordo com isso, só os impuseram. Por isso tinha se apaixonado por ele, porque Draco apesar de viver uma vida planejada, tentava desfrutá-la, viveu uma infância carente de amor ou carinho e ao encontrá-lo em Hogwarts, viu que Harry defendia os amigos com tal paixão que o fez desejar sentir-se amado e protegido por esse rapaz. Quando escreveu a carta tinha desejado de todo coração que Harry soubesse sua verdade, mas nunca quis acreditar nessa esperança, que ele chegasse a entendê-lo, e muito menos achou que Harry chegaria até ele. Tinha ficado inquieto desde a saída de Harry do Salão Principal, tinha tentado ir atrás dele, inventar alguma desculpa, algum problema só para vê-lo, mas tinha desistido dessas intenções inúteis, por isso tinha saído, esperando que com a ajuda do seu violino pudesse se acalmar, nunca imaginou que o destino o juntaria ao ser amado, muito menos que acontecesse o que acabara de ocorrer.

Soltou seu instrumento sem se importar que quebrasse, a sua mente gritava que a única coisa importante nesse momento era que beijasse Harry. Tomou entre suas mãos o rosto ligeiramente enrubescido de Harry, e sem lhe dar tempo de reagir uniu seus lábios em um beijo, mordendo suavemente e delineando com sua língua os lábios do grifinório, seu grifinório. Sorriu contra os lábios de Harry quando sentiu as mãos do moreno abraçar sua cintura e ele corresponder ao beijo.

Pela primeira vez em muito tempo, Harry se sentiu pleno, cheio de uma sensação que nunca tinha experimentado, se sentindo com a força para mudar o caminho que lhe haviam imposto. Sentia como se tivessem tirado um peso enorme de suas costas e tudo pareceu ficar mais claro, mais brilhante. Não deixaria que nada nem ninguém o separasse da fonte desse sentimento, dessa força.

Lentamente se separaram, ao abrir os olhos encontraram os do outro, mas em seus olhares não havia o rancor e o ódio de antes, tinham um sentimento que durante muito tempo tinham sonhado ver.

- Está certo disso? Não será precisamente algo fácil – se aventurou Draco, sem deixar de olhar diretamente nos olhos de Harry, desejando com todo seu ser que as coisas não voltassem a ser como antes.

- Será difícil, eu sei, mas se permanecemos firmes, poderemos traçar um novo caminho... nosso caminho – disse em tom suave. Um tumulto de emoções passou pelos olhos de Draco, para depois clarear e lhe dedicar um sorriso genuíno.

- Tem razão... criaremos nosso próprio caminho. – E o que Harry soube a seguir, foi que os lábios de Draco se fecharam sobre os seus. A boca de Draco tinha gosto de recordações familiares, como um lugar especial que lembraria sempre, pelo resto da vida. Seus braços mantinham Draco perto dele enquanto se beijavam profundamente, deixando que o vento levasse tudo que os separou e que só deixasse o que os tinha unido, sem máscaras ou manipulações, eram só os dois, partilhando esse momento tão íntimo só porque queriam fazê-lo... porque juntos poderiam traçar um novo caminho...

FIM.

N.A.: E aqui termina mais uma fic. Obrigado de todo o coração a Lilibeth pela betagem relâmpago!

Agradeço a todos que comentaram e aviso que não vou parar por aqui.

Até a próxima!

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