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Título: Para mim você é o Dia dos Namorados
Autor: Sailor Earth7
Tradutor: Ana Granger Potter
Beta: Lilibeth
Classificação: K+
Casais: Harry Potter/Draco Malfoy
Resumo: É Dia dos Namorados, presentes, cartas, tudo que um garoto podia desejar, menos Harry, ele só deseja que alguém possa ver o garoto atrás da fama
Disclaimer: os personagens de Harry Potter não são meus. Se fossem Harry ficaria com Draco e Sirius não teria morrido...
Avisos: romance, drama.
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- Hermione… eh… você est… você está me sufocando! – Falou um Harry cujo rosto estava passando do roxo ao azul pálido, tentando por todos os meios levar oxigênio aos seus pulmões.
- Oh... sinto muito.- disse ao mesmo tempo que afrouxava um pouco a gravata verde esmeralda que tentava amarrar ao redor do pescoço de Harry.
- Pelo menos não obrigou você a pôr uma gravata vermelho queimado – se queixou Ron.
- Deixem de reclamar, sem minha ajuda não poderiam sobressair neste Dia dos Namorados.
- Eu não quero sobressair – disse Harry imediatamente.
- Baixariam vestidos de palhaços como sempre – continuou a garota ignorando olimpicamente o comentário de Harry.
- Não nos vestimos como palhaços – se opôs Ron.
- Tem razão, me desculpo pelo que disse... os palhaços tem mais bom gosto. – Ron ia replicar novamente, mas Hermione tomou ambos pelo braço e os arrastou, literalmente, ao Salão Principal.
Era o último Dia dos Namorados que Harry e seus amigos comemoravam em Hogwarts, e Hermione queria por pelo menos uma vez em sua vida escolar, Ron e Harry se vestissem como pessoas de bom gosto no café da manhã, ainda que mais tarde tivessem que por a túnica por cima.
Quando estavam quase chegando no Salão Principal, Harry sentiu como seu estômago começava a se torcer, não queria chegar ali e ver a montanha de presentes que com certeza haveria no seu lugar. Simplesmente era algo que o desagradava completamente: dúzias de garotas (e garotos) que mandavam cartas de amor e presentes bobos (como corações saltitantes) com cartões bregas que praticamente diziam o mesmo “Você é o homem perfeito para ser meu amor eterno”, como podiam saber se era perfeito ou não? Não existia o homem perfeito, além disso, nem sequer se incomodavam em conhecer verdadeiramente ele, o Harry, o garoto por trás da fama, para todas as garotas (e garotos) só existia Harry Potter, O – garoto – que – sobreviveu, e que estava destinado a vencer Voldemort, e não Harry, o garoto órfão que cresceu com tios trouxas e que precisava desesperadamente de alguém que compreendesse o que era levar sobre os ombros o peso de ser o Salvador do Mundo Mágico e as milhares de vidas que isso implicava... Ninguém, nunca, por toda a sua vida, se dignou a ver o coração por trás da fama... ninguém...
- Harry? Hey, Harry! – o moreno piscou ligeiramente perturbado. Sem se dar conta tinha entrado no Salão principal e ele estava sentado de frente a uma grande fila de cartas e pacotes.
- Tudo bem Harry? – perguntou Hermione ao notar o ar ausente de seu amigo.
- Sim, sim, só... me distraí – Harry viu de soslaio os presentes e cartas empilhadas a sua frente, Hermione sorriu compreensiva.
- Harry tem que começar a abrir os presentes de suas admiradoras – disse Seamus sem sequer disfarçar o grande sorriso.
- Sim, e tem que fazer rápido se quer comer alguma coisa no dia tooodo. – disse um sorridente Dean.
- Ha, ha, que graça. – disse Harry com um tom claramente sarcástico.
- Veja o lado bom Harry – disse Neville a seu lado – não será o único a sofrer por algo “assim” – Harry dirigiu o olhar ao local indicado por Neville, vendo uma montanha de presentes e cartas similar ao seu na mesa da Sonserina, detrás dessa “montanha” pode ver Draco Malfoy se gabando pro resto dos sonserinos por ter recebido uma quantidade maior de presentes que todos eles juntos.
- É um depravado metido – escutou Ron grunhir.
- Talvez – começou Hermione – mas com bom gosto para se vestir.
Harry tinha que concordar com Hermione. Malfoy usava uma camisa feita de algum tipo de seda, na cor prata e com uma espécie de bordado por toda a frente, fazendo com que o brilho que irradiava, seu cabelo loiro platinado brilhasse mais do que o habitual, essa camisa junto com a calça negra um pouco justa lhe davam um toque elegante e ao mesmo tempo glamoroso. Agradeceu interiormente ter permitido que Hermione comandasse seu preparo ao menos assim não teria que suportar os comentários de Malfoy sobre vestir roupas 4 vezes maiores do que seu manequim. Ele nunca tinha imaginado vestir uma combinação como a que Hermione o fez vestir hoje, se vestia completamente de negro, isso incluía calças, sapatos, cinto e camisa, o único detalhe colorido estava na gravata verde esmeralda, que segundo Hermione, fazia ressaltar a cor dos seus olhos, dando um toque enigmático, além de acentuar suas feições, e se sua amiga achava isso, ele também acharia.
- Vamos Harry, começa a abrir e para de babar.
- Não começa Ron – disse Harry começando a abrir uma caixa de onde foram saltando até ele pequenos corações – puxa... que surpresa – murmurou entre dentes.
- Não reclama Harry – disse Hermione enquanto abria uma das cartas que chegou a seu amigo e começava a ler. Depois de ler as primeiras linhas, fechou o mais rápido que pode ao mesmo tempo em que seu rosto ficava mais vermelho que o cabelo de um Weasley.
- O que foi? – perguntou Harry ao mesmo tempo em que abria outro presente de onde agora saiam corações com asas e voavam ao seu redor.
- Uma noite de paixão desenfreada? – a voz de Ron falhou tratando de reprimir uma gargalhada, mas ao Hermione afirmar vigorosamente, ficando ainda mais vermelha, provocou em Ron um ataque de riso que quase o faz cair da cadeira.
Harry começava a se aborrecer com tudo isso, começava apensar na séria possibilidade de pegar tudo, levar para sua sala comunal e jogar tudo na chaminé, assim pelo menos teriam um uso produtivo, mas algo atraiu sua atenção: um pacote embrulhado em papel de cor prata e amarrado com um fino laço verde, muito diferente do vermelho que enchia a mesa, tinha estado enterrado pelos demais pacotes, e por essa razão não tinha visto antes. O trouxe à superfície vendo que sobre a tampa e presa junto ao resto do pacote também tinha uma carta. Desatou o laço com cuidado e pegou a carta tirando o pergaminho do envelope, começou a ler:
Harry:
O mais lógico para iniciar esta carta seria algo como: Feliz Dia dos Namorados! Ou alguma estupidez do estilo, mas não vou mencionar frases inúteis e sem sentido. Sabe por quê? Porque este dia que para todos é especial, para mim é o pior da minha existência pela simples razão de que você não está a meu lado para desfrutá-lo com frases insossas, porque simplesmente você não me conhece.
E não é porque nunca me viu, diariamente seus olhos encontram com os meus da mesma forma que os meus encontram com os seus, trocamos palavras, mas não são precisamente promessas de amor eterno, senão todo o contrário, me vê diariamente e como todos, de longe, isso, em realidade é o problema, só me vê, não pára pra me observra, nem sequer tenta, se deixa enganar por uma máscara, uma simples aparência... igual ao resto do mundo.
Mas isso é algo contra o que não se pode lutar, certo? Você mesmo é um cruel exemplo disso.
Mesmo assim isso não significa que a vida que levamos seja do nosso agrado, que ansiamos viver o que os outros esperam que façamos, temos desejos, ilusões, metas que desejamos cumprir, mas isso não importa ao Mundo.
Já sentiu alguma vez que a vida escapa das suas mãos? Que todos ao seu redor tem planejado o seu futuro? Que anotam como vai viver? Inclusive como vai morrer? Por acaso não odeia não ter o controle da sua própria vida, e sejam os outros que decidam por você? Eu sim.
Odeio ter que seguir um caminho que eu não quero trilhar. Odeio ter que ver como me julgam sem saber a verdade, Minha verdade. Odeio não te ter a meu lado pelo simples fato de ser quem sou. Odeio não poder falar contigo e dizer tudo aquilo que desejo. Odeio não poder estar perto de você. Odeio que minha única companhia seja a solidão.
Alguma vez você sentiu como a solidão te envolve? Como estende suas asas cobertas pela escuridão, tentando te cobrir com elas, para depois de devorar enquanto você se retorce na agonia de estar só, de que ninguém vai atender seu chamado por mais que tente dilacerar a garganta em gritos de ajuda, já que nenhum som na verdade sai da sua garganta, por mais que se esforce, por mais que tente, nunca poderá gritar... Dói... eu sei... dói muito, e sei que você também sofre a dor de estar só, de não poder confiar de verdade em ninguém, de que ninguém veja quem você é realmente, e que só admirem uma figura, uma lenda, mas nunca vejam a verdade, você sofre... igual a mim...
Eu sei a dor que habita sua alma atormentada, a mesma que a minha e que se torna mais escura a cada minuto que passa. Ninguém nota essa dor... Ninguém percebeu destruindo nossos corações, a fé, a esperança... ninguém sabe dessa dor... nós sim. É uma dor que lentamente dilacera a alma, que nos retorce em agonia e que nos faz ver que a vida não é mais que uma cruel piada que desfruta nos ver sofrer, fazendo-nos sentir só quando está rodeado por multidões. Quando, talvez, a única pessoa que pode livrá-lo desse sofrimento está na tua frente... e não pode vê-la.
Você pode ver através da escuridão e da dor, através das máscaras de ódio, que eu sempre estarei aí... te amando?
Ainda assim, o tempo de participar, e que pode nos dar uma pequena esperança, pouco a pouco se acaba e tenho esperado toda a minha vida por algo que talvez nunca chegue:
Teu amor Harry”
A vista de Harry estava nublada devido às lágrimas que lutavam pra sair. Sentia uma dolorosa pressão no peito que o impedia de respirar, assim como um nó na garganta que era quase impossível falar e digerir o que acabava de ler. Será possível...? Será possível que alguém parou para olhá-lo duas vezes? Que tivesse deixado de lado sua fama de herói e o havia visto como ele, o Harry? E não só isso, que, além disso, o entendia, compreendia tudo pelo qual estava passando, sua dor... sua solidão... suas frustrações... e sobretudo... sua necessidade de se sentir amado...
- Harry, tá se sentindo bem? – a voz de Hermione o fez voltar a realidade. Harry fechou os olhos tratando de se controlar, podia sentir seu corpo tremer. Ron e Hermione trocaram olhares de preocupação.
- Amigo, tá bem mesmo? A carta tinha más notícias? – a pergunta de Ron o fez sorrir de lado, más notícias? Não, não eram más notícias, e sim as que em toda sua vida esteve esperando.
- Então...? – Hermione fez um sinal com a cabeça fazendo Ron deixar a pergunta no meio.
- Nesse caso porque não abre o presente? – lhe falou a garota, esperando que ao desviar o assunto seu amigo se tranqüilizava. Harry respirou fundo e pegou o pacote prateado, retirou a tampa, dentro havia uma caixa pequena de caobá em forma retangular, com gravações de dragões em pleno vôo e cujo fecho de prata era semelhante a uma cabeça de dragão.
- Waw – murmurou um admirado Ron, tirando a palavra que Harry tinha pensado.
- É lindo – disse Hermione – abra.
Harry pegou a caixinha com mãos trêmulas, temendo quebrá-la ou manchá-la, com muito cuidado levantou a tampa. Em seguida chegou aos seus ouvidos uma suave melodia, era uma música leve e delicada, muito lenta, cheia de vai e vens sobre o tema que de alguma maneira era muito relaxante... algo íntimo, como se se tratasse de um amigo de toda vida que o conhecia e o confortava com esse delicado som, como se compreendesse pelo que ele estava passando, começando com notas tristes, quase desesperadas, para logo passar a um ritmo mais forte como se houvesse tirado forças do fundo do seu coração...
O suave compasso da música, o fez esquecer por um momento a avalanche de sentimentos que a carta havia causado e se deixou levar pelas notas dessa bela música. Logo a sensação de estar sendo manipulado inundou todo o seu ser, se sentir como se tivesse vivido como uma peça de xadrez que alguém mexia a bel prazer, o manipulando a torto e a direito sem importar seus sentimentos, se ele concordava com os movimentos, e que criava estereótipos dele, sobre suas amizades e inimizades, toda a cruel realidade chegou com força, era consciente de que não tinha pleno controle da sua vida... de não ter uma vida verdadeira para controlar...
Fechou a caixinha de repente, todo o Salão Principal tinha mergulhado numa sensação de sonho ao escutar as primeiras notas, e ao notar o repentino silêncio, toda sua atenção se concentrou em Harry Potter. Harry tremia, com sua mão ainda sobre a caixinha, se sentia frustrado, humilhado, estava furioso com tudo e com todos, nunca tinha tido a possibilidade de escolher como viver, tinham sido outros os que traçaram seu caminho, inclusive a irracional idéia de que não tivesse família verdadeira rondou por sua cabeça como se tivesse sido um plano para ter melhor controle sobre ele.
- Harry? – Ron o chamou, enquanto colocava uma mão nas suas costas. Isso o fez reagir. Se levantou de repente, pegou a caixinha e a carta e saiu correndo do Salão Principal, sem se importar com os olhares de todos, uns estranhando, outros assustados e só uns poucos preocupados. Não importava mais nada, só queria correr e sumir daqueles olhares hipócritas que só o usavam para seu próprio bem estar, porque deviam estar do lado do Garoto que era capaz de derrotas o Mago Negro mais temido de todos os tempos, porque só o viam como uma lenda e não como um garoto comum. Odiava isso...
Queria correr, queria se esconder, queria chorar até que acabassem as lágrimas, queria gritar até destroçar a garganta, mas mais que tudo, queria abraçar a pessoa que lhe escreveu a carta, dizer a essa pessoa que podiam compartilhar sua solidão, que juntos poderiam sair à luz e traçar um novo caminho só para eles, queria sentir-se amado com a mesma paixão com a que essa pessoa que escrevia e sobretudo... queria ama-lo.
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