O Pai de Sarah
Capítulo 11 – O Pai de Sarah
Owen olhava pela janela de seu quarto. O dia nascera belo, significando ótimos acontecimentos. O sol brilhava intensamente, havia algumas nuvens, brancas como a neve, e uma leve brisa de inicio de inverno acariciava o rosto dele. Sorrindo, ele fechou os olhos e tentou sentir toda a umidade daquela brisa.
De repente, um frio percorreu a espinha do moreno e ele paralisou. Uma estranha sensação o preencheu em segundos. Ele abriu os olhos, com muita relutância, e eles se arregalaram automaticamente. O sol havia sido encoberto por espessas nuvens negras. Grossas gotas de chuva castigavam as janelas e um vento forte e muito gelado cortava as folhas das árvores e a pele de seu rosto. Relâmpagos, trovões e raios criavam a sinfonia perfeita para a cena.
Ele se virou e saiu correndo do quarto. Ao entrar no corredor, viu a cabeleira de Hermione se ocultar quando a porta do quarto das garotas se fechou. Owen cruzou o corredor e entrou no escritório do pai, sem bater. Cassius estava sentado em sua poltrona, na frente da lareira, e olhava o resto das cinzas, muito pensativo. Ele olhou para o filho, que abriu a boca para dizer:
- Eu também senti. – informou Cassius, antes.
- O que vai acontecer? – Owen caminhou até o pai.
- Não sei. – Cassius se ajeitou na poltrona e focalizou as cinzas da lareira.
- Você acha que o...
- Ele não teria coragem. – Cassius cortou-o, frio.
- Acho melhor mandar um bilhete para a Sarah, pedindo para que ela não venha. – Owen voltou à porta.
- Não precisa. – Cassius o olhou – Sarah é muito bem vinda aqui, não importando os acontecimentos do passado, envolvendo ela e o pai.
- Está bem. – Owen suspirou e se sentou na poltrona vazia, ao lado do pai – Ela sofreu muito aquele ano.
- Isso refletiu em você. – o mago olhou o filho com carinho – Eu me lembro que você não conseguia treinar, sua mente estava cheia de preocupações e só pensava nela.
- Eu a amei logo na primeira vez que a vi. – Owen fitou o vazio – Mas ele a conquistou. – completou, amargurado.
- Owen... – chamou Cassius e, recebendo o olhar do filho, continuou – ela te ama. Sarah é uma mulher forte, que já passou por várias provações e as superou com grande talento. Tenho certeza que ela se arrepende por ter se envolvido com seu irmão.
- Espero que sim. – Owen olhou as cinzas da lareira e depois sentiu a mão de seu pai em seu ombro.
Cassius o olhou com muito carinho, como há tempos não fazia, depois se levantou e saiu. Deixando o filho sozinho no escritório com seus pensamentos.
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O relógio do hall badalou, marcando dez e meia da manhã. Harry olhou os amigos. Eles estavam no quarto dos garotos e tinham acabado de ouvir os planos de Harry. Hermione ainda achava que aquilo não daria certo e Rony e Gina sorriam, achando ótimo.
- É perfeita. – exclamou Gina, abraçando Harry.
- Também acho. – Rony deitou-se na sua cama, com Hermione sentada ao seu lado.
- Voltem para a realidade, por favor! Ele é um mago branco. Um mestre. Com certeza vai nos descobrir. – argumentou Hermione, séria.
- Qual é Mione? – Rony olhou-a – Isso tudo é medo de infringir as regras?
Harry e Gina riram, mas cessaram ao receber o olhar fulminante da morena que, depois, o dirigiu à Rony.
- Escuta aqui, seu ruivo metido. Ao contrario de você, eu não penso só em mim. Se o senhor McWell nos pegar, Harry estará frito. – ela se levantou e se virou, a fim de sair dali.
- Espera. – pediu Rony, rápido, segurando-a pelo pulso – Desculpa.
Hermione suspirou, levemente irritada, e o olhou. Depois se soltou e voltou a se sentar ao lado dele. Harry e Gina olhavam aquela cena com culpa, principalmente o moreno, por ter dado aquela ideia.
- Que horas nos encontramos? – perguntou Hermione, murmurando.
- Não sei. Tenho que descobrir que horas ele estará dormindo. – Harry franziu a testa.
- Eu cuido disto. – Gina se ergueu, com os olhos brilhando, e saiu do quarto.
Ela desceu as escadas, cruzou o hall e a sala de jantar, entrando na cozinha. Cristy e Benny estavam preparando um almoço especial, para a visita de Sarah. A ruiva caminhou até eles, sendo seguida pelos seus olhares. Ela se postou ao lado do elfo e se abaixou, para ficar mais próxima da altura dele.
- Bom dia. – desejou ela, calma.
- Bom dia. – responderam eles.
- Benny, você poderia me responder uma coisa? – pediu ela, acrescentando – É apenas um pedido, se quiser, pode recusar.
- Eu compreendo. – Benny deu um leve sorriso – Pergunte senhorita.
- Você poderia me falar que horas o seu senhor se recolhe para dormir? – ela estudou cada palavra antes de dizê-la.
As grandes orelhas dos dois elfos se abaixaram. Cristy voltou sua atenção para o fogão e Benny pareceu desorientado. Ele ergueu a mão e coçou a nuca, pensando.
- Não sei se...
- Tudo bem. – Gina entristeceu-se e ficou de pé.
- Espere. – pediu Benny ao ver que Gina se afastava – O mestre normalmente se recolhe às nove e meia.
- Muito obrigada Benny. – Gina sorriu largamente e abraçou o elfo – Muito obrigada mesmo.
Ela saiu da cozinha e voltou ao quarto dos garotos correndo.
- Aonde você foi? – perguntou Hermione, quando ela entrou.
- O senhor McWell sempre se deita às nove e meia. – informou Gina, depressa, sentando-se ao lado de Harry.
- Como descobriu? – perguntou o moreno.
- Perguntei ao Benny. – respondeu a ruiva, olhando-o.
- Puxa Gina, como você pôde acreditar nisso? – Hermione atraiu os olhares – Benny é criado do senhor McWell, que pode ter ordenado-o que informasse esse horário, que pode ser uma mentira.
- Verdade. – confirmou Rony.
- Hermione, você, que é tão inteligente, sabe que os elfos não podem mentir. – contrapôs Gina.
- Eles podem mentir. – retrucou Harry, antes de Hermione – Se mentirem para os patrões, eles se castigam. Mas não o fazem quando mentem para outros.
- Que droga. – Gina cruzou os braços, aborrecida.
- Valeu o esforço. – Hermione sorriu e pôs-se a pensar.
- Vamos colocar um horário para hoje e depois decidimos um horário para os outros dias. – disse Harry, depois de um tempo.
- Ok. – Rony sorriu – Que horas?
- Às onze. – respondeu Harry, sorrindo maroto.
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Ela olhou a parede de seu quarto. Como todo o resto, a cor da parede era cinza. Poucas coisas ali eram coloridas. Suas roupas, seus calçados e, principalmente, aquela foto que estava colada à parede.
Havia, naquela foto, um homem alto, magro e de pele clara, com olhos acizentados e cabelos negros, rebeldes, que iam até os ombros; uma bela mulher, alta e magra, de pele clara, com olhos castanhos e cabelos também negros, que iam até a metade das suas costas; e uma garota, muito parecida com o homem e aparentando ter doze anos.
Seus olhos se encheram de lágrimas, como os da menina na foto. Segundos antes, todos da foto sorriam e pareciam felizes, mas ali, naquele exato momento, tudo mudou. O céu, que antes estava tingido de um azul magnífico, agora emanava uma forte luz verde que saia de uma marca. A Marca Negra pairava sobre a familia. O homem sacou a varinha e a mulher segurou a menina com força, ele gritou algo para a mulher e ela sumiu com a garota, aparatando. Ela virou o rosto antes de ver o final, antes de ver o fim da vida de um homem. A última coisa que ela viu foi o olhar dele se encher de medo e pesar.
Aquela garota da foto era ela, aquela mulher era sua mãe e aquele homem, seu pai. Ela escondeu o rosto com as mãos, deixando as lágrimas escorrerem livremente. Aquele fora o pior dia de sua vida, o dia que sua família se desfez. O dia que perdeu a pessoa mais importante em sua vida.
Ao retirar as mãos do rosto, ficou de pé e caminhou até o espelho. Agora, com vinte e seis anos, estava ainda mais parecida com seu pai. Como o amava. Como queria que ele estivesse ali naqueles tempos difíceis. Como queria não ter o perdido para quem mais odiava, Voldemort.
O sangue correu por suas veias com força e um sentimento que já conhecia tentou dominá-la, mas controlou-o. Ela fitou o relógio que possuía no pulso. Dez e meia. Ela deveria ir para a casa de Owen às onze. Olhou-se novamente no espelho.
Era incrível como puxara mais uma característica de seu pai. O amor por vestes negras. Praticamente só usava aquela cor, as únicas exceções eram em dias comemorativos, quando vestia outras cores. Aquela ocasião pedia isso.
Ela caminhou até o guarda-roupa e o abriu, retirou as vestes que iria usar e começou a se trocar.
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As tulipas estavam emanando uma energia diferente naquele momento. Ele se abaixou e tocou as pétalas de uma tulipa qualquer. Ao fechar os olhos, pôde ver a imagem de uma mulher. Seus cabelos loiros estavam soltos, caindo até o final das suas costas, e o verde-oliva dos seus olhos faziam-no se afogar.
Ele se levantou e, abrindo os olhos, voltou para a casa. Aquela tulipa fora criada por aquela mulher, o que trazia sua lembrança de volta. Ele entrou em seu quarto e se sentou na cama. Como sentia saudades dela. Como ela fez e fazia falta em sua vida e na vida de seus filhos. Olhou para escrivaninha, ergueu-se e caminhou até ela. Sobre o movel havia um porta-retrato, que ele tomou em suas mãos para ver.
Estavam ali ele, sua mulher e seus filhos, gêmeos nãoiidênticos. Os meninos tinham apenas onze anos, iriam para Hogwarts em poucos dias. Eles eram opostos. Um era muito parecido com ele, o pai, moreno de olhos azuis; e o outro era parecido com a mãe, loiro de olhos verde-oliva.
Colocou o porta-retrato sobre a escrivaninha e tentou colocar a lembrança de seu outro filho no lugar dela. No passado.
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Os jovens desceram as escadas e se sentaram no sofá da sala da estar. Harry enlaçou Gina com seu braço e a trouxe para mais perto. Ela repousou a cabeça sobre o ombro dele, sorridente. Rony e Hermione olharam aquela cena, depois se entreolharam. Ficaram vermelhos no mesmo instante, arrancando risos dos outros dois. Gina sussurrou algo no ouvido de Harry e ele riu ainda mais. Rony estava com a face da cor dos cabelos e Hermione estava chegando à mesma cor.
- Parem com isso! – a morena quase gritou.
- Calma Hermione. – Harry e Gina se assustaram com o tom da garota.
- Calma uma ova! – Hermione já estava de pé – Vocês não sabem que hoje, mais do que nunca, não é um dia para brincadeiras?
- Hermione... – Rony estava pronto para se levantar, mas algo o fez permanecer grudado ao sofá.
A porta se abriu com um estrondo e bateu com força na parede. Os jovens olharam na direção da porta e Hermione preferiu que não estivesse gritando. Cassius entrou na sala, olhando-os com imensa seriedade, parou ao lado de Hermione e passou a olhá-la com ar de correção.
- Senhorita Granger... – ele fez uma pausa.
- Mil perdões, senhor! – pediu ela, rápida, em seu tom normal.
- Acalme-se senhorita. Pelo menos uma vez na vida, a senhorita poderia escutar os seus amigos, não acha? – a voz dele era fria e seca – Normalmente é a senhorita que está certa, mas, nesse caso, e pela primeira vez, seus amigos estão certos e a senhorita errada.
- Perdoe-me. – Hermione abaixou a cabeça.
- Que isso não aconteça novamente. – advertiu-a Cassius.
- Certamente que não. – a voz da garota saia fraca.
- Potter. – Cassius focalizou o aprendiz – Quero falar com o senhor. Venha comigo.
- Sim, senhor. – Harry soltou Gina e seguiu Cassuis, saindo da casa e cruzando os jardins.
O mago parou no meio do jardim e se virou para fitar o aprendiz. Harry o olhou, sério.
- Eu não quero mais que o senhor fique na presença dos seus amigos. – a voz de Cassius saiu cortante.
- Mas... – Harry quis retrucar, mas já havia aprendido a não fazê-lo – Senhor, posso lhe fazer uma pergunta? – perguntou, calmo.
- Sim. – Cassius já sabia qual era a pergunta e qual a resposta para ela.
- Por que o senhor não quer que os meus amigos fiquem perto de mim? – Harry se mantinha calmo.
- Eles estão atrapalhando-o. Principalmente a senhorita Weasley. O senhor perde a concentração ao estar com ela e perde o controle de seus sentimentos e pensamentos. – explicou Cassius, sereno.
- Eu... – Harry respirou fundo antes de prosseguir, a voz triste – Perdão, mestre. Mas eu amo a Gina e não consigo ficar longe dela.
Ao ouvir aquilo, Cassius se lembrou de um acontecimento semelhante. Neste estavam envolvidos ele e seu filho, Owen. Ele, assim como naquele momento, proibia Owen de ver Sarah para não atrapalhá-lo no treinamento. Foi inútil.
- O senhor terá que aprender a ficar longe de quem ama. Por mais que o senhor ache que esse treinamento será o único, ele não será. – os olhos do mago fitavam os de Harry com muita intensidade – O senhor ainda tem muito que aprender antes de poder salvar alguém.
- Sim, senhor. – Harry abaixou a cabeça.
- A senhorita Sanderson acabou de chegar. Vá cumprimentá-la. – Cassius olhava a casa.
- Sim, senhor. – falou Harry, virando-se e afastando-se.
“Acalme-se, meu caro aprendiz. Assim como Merlim, você terá a batalha mais difícil da sua vida e não poderá contar com ninguém.”
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- Harry! – o grito soou assim que ele entrou na sala.
- Bom dia, Sarah. – desejou ele, fechando a porta e olhando-a com um sorriso.
Ela andou até o garoto e o abraçou, como forma de cumprimento.
- Tudo bem? – perguntou ela ao soltá-lo.
- Sim e com você? – Harry caminhou até o outro lado da sala e se sentou ao lado de Gina.
- Estou ótima. – Sarah sorriu largamente.
- Deu para notar. – informou Rony, feliz.
- Se isso foi um elogio eu agradeço. – Sarah se sentou no sofá de dois lugares, vago até então – Como anda o treinamento, Harry?
- Creio que estou tendo alguns avanços. – respondeu Harry, tímido.
- Avanços? Aquilo lá é avanço? – uma voz divertida veio do corredor.
- Ah Owen, deixe-o em paz. – Sarah riu e viu seu noivo entrar na sala.
- Estou apenas brincando. – Owen se sentou ao lado da mulher e deu-lhe um rápido beijo.
- Eu gostaria de ver o Benny e a Cristy, posso? – perguntou Sarah ao noivo.
- Olá! – disseram os dois elfos, que aparataram instantaneamente.
- Bom dia meus queridos! – Sarah sorriu largamente ao vê-los.
- Bom dia, senhorita. – Cristy e Benny se curvaram.
- Por favor, me chamem de Sarah. – pediu Sarah.
- Isso mesmo. – disse Owen, animado – Logo ela será a senhora McWell e vocês já podem ir se acostumando com a ideia dela mandar.
- Claro, senhor. – Cristy falou, mas completou ao receber um olhar dele – Quero dizer... claro, Owen.
- Cristy! O almoço já está pronto? – perguntou Cassius, carinhosamente, ao entrar na sala.
- Sim, senhor. – respondeu a elfa depois de uma reverência.
- Vamos servir, se for do vosso desejo. – informou Benny.
- Podem servir, obrigado. – disse Cassius e os elfos desapareceram – Como a senhorita está? – ele se virou para Sarah.
- Muito bem, obrigada. – ela sorriu – E o senhor?
- Ótimo. – o sorriso de Cassius surgiu, como pouco fazia.
“Ele tem um belo sorriso.” - Gina se pegou com esse pensamento e corou ao ver os olhos azuis de Owen sobre si, ele também sorria. – “Você também tem um belo sorriso.”
Owem curvou a cabeça como agradecimento.
- Sua mãe está melhor, senhorita? – perguntou Cassius, sentando-se em sua poltrona.
- Sim. Por favor, senhor McWell, me chame de Sarah. – pediu ela, sorrindo.
- Como queira, Sarah. – a voz do mago saiu divertida.
- Obrigada. – agradeceu ela, virando-se para olhar os jovens que estavam calados, só escutando e olhando – Hermione?
- Sim. – a morena ergueu os olhos.
- Owen me contou que você é muito inteligente. – Sarah segurou o riso quando Hermione corou – Corvinal?
- Não. – respondeu Hermione – Grifinória.
- Todos grifinórios então. – comentou Sarah para si mesma – Que pena, Corvinal perdeu uma ótima aluna.
Rony não aguentou e soltou uma curta risada, recebendo os olhares de todos.
- Que foi? – perguntou ele.
- Por que riu? – Hermione o queimou com o olhar.
- Desculpa Mione, mas eu acho que a coisa que Corvinal mais ganharia com você é muitos pontos descontados. – respondeu ele, sincero.
- Por quê? – perguntou Sarah, interessada.
- Vamos apenas revelar que no nosso 1º ano infligimos mais regras que um aluno do 7º ano com suas infrações acumuladas. – respondeu Harry, aos risos.
- Foi necessário. – explicou-se Hermione, sob o olhar dos três adultos – Voldemort estava em Hogwarts e queria a Pedra Filosofal.
- Já ouvi falar nessa pedra. – comentou Sarah novamente para si mesma.
- Não é um assunto para ser tratado aqui. – falou Cassius, sereno – Principalmente porque o almoço está servido.
Eles se levantaram e foram até a sala de jantar. O almoço foi ótimo. A comida estava perfeita e todos conversavam alegremente. Ao término da refeição, eles se reuniram na sala de estar.
Todos estavam animados, inclusive Cassius, até que algo aconteceu. Na mesa de centro havia um vaso de tulipas amarelas com manchas rosas, que murcharam, e, no mesmo instante, Harry elevou sua mão direita até a testa e deu um gemido de dor, fechando os olhos automaticamente.
- Merlim! – exclamou Owen, correndo até o garoto.
Ninguém havia notado as flores, exceto Cassius, que estava imóvel, o olhar fixo nas flores. Sarah também foi até Harry e se ajoelhou ao lado de Owen, na frente do garoto. Gina, Hermione e Rony, que estavam ao lado dele, perguntavam o que acontecia.
- Quietos! Deixem-no pensar. – exigiu Owen, sério – Harry, mantenha a concentração, não perca o controle da sua mente.
- Voldemort... – gemeu Harry– atacando... um vilarejo trouxa.
- Não Harry! Não entre na mente dele, fique na sua própria mente. – gritou Owen, angustiado.
- Harry se concentre. – pediu Sarah.
- Raiva... – murmurou Harry como se não ouvisse o que eles diziam – sangue... alguém... tem alguém no chão... comensal...
- Harry, pare! – Hermione possuía lagrimas nos olhos, assim como Gina.
- Cara, se concentra, concentre-se em nós. – pediu Rony.
- Ele está ferido... – continuou Harry.
- Pare, Harry! – gritou Gina, suplicante, as lágrimas percorrendo seu rosto – Concentre-se!
Cassius parecia desligado do mundo. Continuava vidrado nas tulipas e não ouvia ou via o que estava acontecendo do outro lado da sala. Contudo, ele ergueu o olhar para focalizar seu aprendiz quando uma voz estranha saiu pela boca do mesmo.
- Levante-se seu tolo... vai deixar esses aurores insignificantes lhe derrotar? Ande McWell, ponha-se de pé!
Owen, Sarah e os outros jovens olhavam Harry com espanto. Não era a voz dele, era a de Voldemort. Os olhos de Sarah ficaram marejados e lágrimas começaram a rolar rapidamente, Owen cerrou as mãos em punho, demonstrando sua ira e, Rony, Gina e Hermione, simplesmente não tiveram reação.
Cassius se levantou e correu até o aprendiz, abriu espaço entre o filho e Sarah e puxou Harry pela camiseta, conduzindo-o até o meio da sala. Com as mãos segurando o rosto do moreno, o mago disse com brutalidade:
- Olhe pra mim!!!
Harry abriu os olhos, mas estes não eram os dele. Os antigos verdes intensos agora eram vermelhos. Eram os olhos de Voldemort. Os vermelhos encontraram os azuis profundos de Cassius e o pavor pôde ser visto dentro daquelas pupilas de cobra. Os outros, que estavam na sala, olhavam atentamente para Harry, sem produzir nenhum som.
- Não... – gemeu Harry com a voz de Voldemort – Não pode ser você!
- Saia do corpo do Harry! – Cassius disfarçou a voz, fitando aquelas pupilas de cobra.
Harry pronunciou, com a voz de Voldemort, algo em língua de cobra. Cassius segurou com ainda mais força o rosto do garoto e falou mais alto e forte:
- Não me amaldiçoe, Tom! Saia desse corpo que não lhe pertence!
- Ah! – Harry abriu a boca e sua própria voz explodiu em um grito sofrido.
O moreno fechou os olhos e todo o seu corpo fraquejou. Cassius tomou o aprendiz em seus braços e o levou até o sofá de dois lugares, deitando-o ali. O mago se endireitou e, ainda olhando a face do garoto, disse, sereno:
- Fiquem calmos. O desespero faz o ambiente pesar e a alma sentir. Tudo que ele menos precisa agora é desespero. Ele não vai se lembrar de nada. De nada que disse ou ouviu, apenas do que sentiu e viu. – a última palavra saiu com uma leve alteração, era quase frustrada.
- Pai! – Owen se levantou – Por que não ajudou antes?
- Owen... – Cassius se virou, percebendo que não era uma pergunta só dele, mas de todos – olhe o centro da mesa.
- Pra que? – perguntou Owen, os olhos dirigindo-se para a mesinha.
Os olhos dele se arregalaram e toda a sua expressão ficou em choque.
- O que ouve com as tulipas? – questionou Hermione, olhando-as também.
- Isso explica quase tudo. – murmurou Owen, se virando e puxando Sarah para um abraço forte – Calma. – sussurrou no ouvido dela.
- Senhor, o que aconteceu com o Harry? – Gina caminhou até o mago.
- Creio que as emoções de Tom Riddle eram tão fortes que Harry, com a ligação entre eles, sentiu. – Cassius olhou no olhos da ruiva e sentiu a aflição dela – Ele vai ficar bem, não se preocupe. – disse ele, tocando o ombro dela.
- Vem Gina. Deixe o senhor McWell cuidar do Harry. – Rony estendeu a mão para a irmã, que a tomou e se afastou.
- Senhor McWell? – Hermione se aproximou um pouco.
- Diga senhorita. – Cassius fitou-a.
- Porque Voldemort teve aquela reação ao vê-lo? – perguntou ela.
- Ele não me viu, viu apenas os meus olhos. – explicou Cassius – E a senhorita realmente não sabe o motivo?
Hermione se aproximou ainda mais dele e olhou em seus olhos, sorrindo marotamente em seguida.
- Ele confundiu o senhor com Dumbledore. O senhor e ele possuem os mesmos olhos e Dumbledore era a única pessoa que tinha medo. – disse Hermione.
- Correto. – Cassius sorriu para ela – A senhorita é, realmente, muito inteligente.
- Obrigada. – Hermione corou.
- Owen e Sarah, me acompanhem. – pediu Cassius, olhando-os, e voltou o olhar para Hermione – Fiquem com o Harry.
- Não nunca o deixamos, nem nunca o deixaremos. – afirmou Rony, firme.
- Se ele acordar antes que eu volte, tentem mantê-lo calmo. – orientou Cassius.
Ele saiu da sala, sendo seguido por um Owen nervoso e uma Sarah abatida. Eles subiram as escadas em silêncio e entraram no escritório. Sarah não esperou ninguém pedir ou informar, apenas se sentou em uma das poltronas na frente da lareira. Cassius se sentou na outra e Owen ficou de pé, ao lado da noiva, olhando o pai.
Sarah focalizava as cinzas, ela estava em estado de choque. Cassius a olhou, compreendendo sua situação.
- Harry viu o Lars pela visão de Voldemort! – gritou Owen.
- Owen, acalme-se! – Cassius fitou-o.
- Como posso ficar calmo? Como você pode ficar calmo? Aquele desgraçado está manchando o nosso nome! Use sua legimência e descubra que vilarejo é aquele que eu quero ajudar os aurores! Eu quero a cabeça daquele maldito! – gritou Owen a plenos pulmões.
Cassius fuzilou Owen com o olhar, porém, este não compreendeu o porquê. Sarah ficou de pé, com os olhos vermelhos e a face marcada pelas lágrimas. Ela olhou o noivo e, recebendo o olhar dele, se virou e caminhou até a porta, saindo sem dizer nada.
- Eu não estou calmo Owen. Eu estou mais transtornado que você. Contudo, eu percebi o estado de Sarah ao ouvir o nome do Lars saindo da boca do Harry. Apesar de tudo, eu acho que, ela ainda sente um enorme carinho pelo seu irmão, e você, mais do que todos, devia ter notado. – disse Cassius, sério.
Owen se sentiu um lixo. Passou a mão pelo rosto, retomando a calma. Olhou o pai e viu-o acenar positivamente com a cabeça. Então, se virou e saiu do escritório. Sarah já estava no final do corredor. Ele correu até ela e a segurou pelo braço. Ela se virou instantaneamente e o fitou.
- Espera. – pediu ele – Perdoe-me.
- Você não devia odiar o Lars, ele é seu irmão. – a voz dela saiu amargurada.
- Ele é um comensal, Sarah. Ele mata pessoas. – explicou-se ele.
- Isso não é motivo para odiá-lo, os aurores também matam. – retrucou Sarah.
- Mas os aurores não ajudam Voldemort.
- Mesmo assim... – começou Sarah.
- Sarah, você não conhece mais o Lars. Ele não é mais aquele sonserino metido. – Owen tentou convencê-la.
- Não importa. Ele é seu irmão.
- Eu não tenho irmão, Sarah! – explodiu Owen – Eu nunca tive um irmão! Nunca!
- Não diga isso! – Sarah soltou-se dos braços dele.
- Espera! – ele a segurou novamente – Ele não vai mudar! Uma vez comensal, sempre comensal!
- Meu pai mudou! – gritou Sarah a plenos pulmões, o rosto vermelho de raiva.
- Ele não é o seu pai, Sarah!
- Não importa! As pessoas mudam! – retrucou ela.
- Só porque seu pai mudou, não quer dizer que Lars também mudará. – ponderou Owen.
- Quem lhe garante? – perguntou Sarah, seca.
- Pelo amor de Merlim... – começou Owen, revirando os olhos.
- Owen! Meu pai foi um comensal muito importante para Voldemort, um dos mais leais. E ele mudou! Mudou por mim e pela minha mãe! – gritou ela.
- Sarah... – tentou Owen, a voz baixa e controlada.
- Ele quis se redimir! Ele quis matar Voldemort! – as lágrimas voltaram ao rosto de Sarah.
- Sarah... seu pai foi um grande homem. Um homem digno do nome que tinha. Ele, juntamente com o irmão, foi um genuíno Black.
- De quem vocês estão falando? – uma voz soou às escadas.
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Gina acompanhou Cassius com o olhar e, ao vê-lo desaparecendo pelas escadas, correu até Harry e se ajoelhou ao seu lado. Ela estendeu a mão e segurou a dele, olhando sua face tranquila. Rony e Hermione olharam os dois e caminharam até eles. O ruivo pousou a mão sobre o ombro da irmã.
- Ele ficará bem, não se preocupe. – garantiu ele.
- Eu sei. – falou Gina – Mas, foi horrível!
- Não é a nossa primeira vez, mas foi a mais horrível. – Hermione se sentou ao lado de Gina.
- Harry já sofreu tanto nessa vida. – Gina repousou a cabeça sobre o peito dele – Ele não merece.
- Harry é a pessoa mais maravilhosa do mundo. – comentou Hermione, acariciando os cabelos do garoto – Mas acho que ele seria muito diferente se não tivesse passado por tudo o que passou.
- Fiquem calmas, ele vai acordar logo. – Rony sorriu.
- Gina... – murmurou uma voz fraca.
A ruiva se ergueu e olhou a face de Harry. Ele sorria e a olhava carinhosamente. Todos sorriram. Hermione se levantou e ficou ao lado de Rony. Gina abraçou seu amado com força.
- O que eu fiz? – perguntou Harry olhando Hermione por cima da cabeça de Gina.
- Você entrou na mente de Voldemort. – respondeu a morena.
- E acabou sendo possuído por ele. – finalizou Rony.
- Desculpem-me. – pediu o moreno, acariciando os cabelos ruivos de Gina.
- Agora está tudo bem. – Gina sorriu, o soltando.
- Eu não tenho irmão Sarah! Eu nunca tive um irmão! Nunca!
Eles ouviram Owen gritando. Harry se sentou e olhou, assim como os outros, o hall. Sarah gritou algo de volta. Os dois gritavam um com o outro. Harry se levantou ao ouvir Sarah gritar:
- Owen! Meu pai foi um comensal muito importante para Voldemort, um dos mais leais.
- Não Harry! – a voz de Gina abafou o resto da fala de Sarah – Fique aqui!
Ele não deu ouvidos. Harry passou por Rony e Hermione e cruzou o hall. Subiu as escadas sem fazer barulho e ficou estático ao ouvir o término da fala de Owen.
- ...ele, juntamente com o irmão, foi um genuíno Black.
- De quem vocês estão falando? – perguntou Harry.
Sarah se virou e Owen ergueu o olhar. Os olhos de ambos se arregalaram ao vê-lo.
- Você disse Black? – perguntou Harry à Owen, incrédulo.
- Não... eu... – começou Owen.
- Não minta, Owen! – gritou Harry, enrraivessido – De qual Black vocês falavam?
- Harry, calma. – Sarah passou a mão pelo rosto, limpando-o, e se aproximou dele – Eu te explico. Eu te conto o que você quiser. Mas fique calmo.
- Harry! – gritaram Gina e Hermione, subindo as escadas.
- Eu estou bem. – informou Harry sem olhá-las.
- Vamos até a sala. Não adiantará nada eu contar a história somente para o Harry, se depois ele contará para vocês. – disse Sarah às garotas.
- Sarah, eu acho melhor... – Owen se aproximou dela.
- Você ficar quieto. – ela terminou a frase dele.
Sarah passou por Owen, que havia ficado espantado com a atitude dela. Hermione e Gina desceram na frente, Sarah foi logo atrás e Harry, quando Sarah passou ao seu lado, focalizou os olhos de Owen. Este se endireitou e o fitou. Harry acenou negativamente com a cabeça, como se pensasse algo, e desceu as escadas. Owen suspirou longamente e também desceu.
As garotas se sentaram ao lado de Rony e Harry se sentou ao lado da ruiva. O moreno acompanhou Sarah com o olhar. Ela se sentou no sofá de dois lugares e mantinha a cabeça baixa, pensativa. Owen parou à porta e se encostou à madeira, cruzou os braços e ficou olhando.
- Não sei por onde começar... – falou Sarah, sincera.
- De quem vocês estavam falando lá em cima? – perguntou Harry, irritado.
- Não é por ai que eu devo começar. – Sarah o olhou e continuou – Vocês me conhecem pelo nome Sarah Sanderson, certo?
- Certo. – responderam os jovens.
- Mas meu nome não é esse. – disse Sarah.
O choque foi visto nos olhos e nas faces deles. Owen ainda achava aquilo errado.
- Meu nome é Sarah sim... – explicou Sarah – mas meu sobrenome possui um complemento.
- Diga logo! – falou Harry, alto – Qual o seu nome de verdade?
- Sarah Sanderson... – respondeu Sarah, lenta – Black.
Harry ergueu as sobrancelhas e arregalou os olhos. Não podia ser. Não havia como. Sirius fora preso ainda jovem e nem suas primas Narcisa, Andrômeda e, muito menos, Bellatriz haviam tido filhos fora do casamento. A reação dos outros três fora a mesma. Owen abaixou a cabeça e passou a mão esquerda pelo cabelo, tentando se conter.
- Vocês não conheceram o meu pai... meu pai é um Black. – Sarah tentava conter a voz chorosa que surgia.
- Quem é? – foi a única coisa que Harry conseguiu falar.
- Calma... – pediu Sarah – você não o conheceu e, provavelmente, Sirius não lhe contou sobre ele. Sirius o odiava. – a última frase dela saiu triste.
- Sirius odiou a família toda por toda a sua vida. – Harry já não conseguia conter a irritação e já quase gritava.
- Teve uma única pessoa que ele não odiou! – Sarah alterou a voz – Mas esse ódio apareceu quando essa pessoa se juntou ao maior inimigo dele.
Hermione levou as mãos à boca, chocada. Rony a olhou e percebeu pelo olhar dela que ela já sabia.
- DIGA LOGO! – gritou Harry.
- Sou filha do irmão de Sirius Black! – uma lágrima escorreu pelo olho de Sarah, mas ela a limpou automaticamente – Sou filha de Régulos Black! Sou filha de um comensal!
Owen passou novamente a mão pelos cabelos. Não era aquela a melhor maneira de contar. Ela estava sendo controlada pelo impulso de Harry. Owen olhou o garoto. Harry estava pálido, seus olhos estavam olhando Sarah, mas parecia que olhavam através dela. Rony encarava os próprios pés e Gina fitava Harry, preocupada. Hermione colocou as mãos sobre os joelhos, pensando em um jeito de amenizar a situação. Entretanto, não conseguia encontrar nada.
- Satisfeito Harry? – a voz de Sarah cortou o longo silêncio.
- Como? – perguntou Hermione, sabendo que Harry perguntaria assim que voltasse a si.
- A história é bem longa e, - ela fez uma leve pausa, respirando fundo – espero que estejam dispostos à ficar sentados ai o resto da tarde.
- Claro que estamos. – Hermione era a única que parecia estar ligada ao mundo.
- O começo vocês já devem conhecer. Mas, ele deve ser dito. – Sarah respirou fundo novamente - Meu pai era o irmão mais novo de Sirius Black. Ele idolatrou o irmão a vida inteira, até que Sirius foi para Hogwarts. Como vocês já sabem, ele foi selecionado para a Grifinória e isso foi um desastre para os pais deles. Sirius começou a ser menosprezado por todos e, quando achou que tinha seu irmão ao seu lado, teve uma grande decepção. Meu avô sempre batia em Sirius, o xingava e o ignorava. As atenções foram depositadas em Régulos, meu pai. Ele adorou ter todos o adorando, o mimando. Ele não queria ser igual ao irmão. Não queria ser odiado pelo próprio pai e ignorado pela sua amada mãe. Ele deu as costas para Sirius.
Sarah fez uma pausa, para respirar.
- Um ano depois, Sirius e Régulos entraram no expresso. Era o primeiro ano do caçula Black. Sirius nem olhava mais para o irmão e, assim que as portas do expresso se fecharam, ele sumiu pelos corredores. Meu pai ficou sozinho, perdido. Um garoto mais velho o viu sozinho no meio do corredor e perguntou seu nome. Assim que o garoto ouviu meu pai pronunciar seu nome, ele o puxou para dentro da sua cabine e o apresentou a todos. O garoto era Lucio Malfoy. Todos da cabine eram sonserinos. Ali, inclusive, estavam minhas tias: Bellatriz e Narcisa. Ele adorou a companhia deles. Na hora da seleção, da do meu pai mais especificamente, todos pararam para ver. – ela parou novamente.
Harry olhou para Sarah. Gina e Rony fizeram o mesmo.
- Ele me disse, que o chapéu falou com ele. – falou Sarah devagar.
Harry ficou ainda mais surpreso.
- O chapéu não sabia onde colocá-lo. Ele estava em duvida entre Grifinória e Sonserina. Disse que meu pai poderia realizar seus sonhos na Grifinória. Mas também disse que ele seria poderoso na Sonserina. Meu pai preferiu o poder e o “amor” de seus pais do que os próprios sonhos. – disse Sarah, amargurada – Lá dentro, ele passou a andar com os, atualmente, Malfoy e Lestrange, tirando os outros filhos de bruxos que veneravam a Magia Negra como os Black. Por meio de Lucio e Bellatriz, ele conheceu a história de Voldemort. Ele se encantou pelos interesses de Voldemort e quis se juntar a ele. Foi no último ano dele que tudo estava pronto. Lucio, Bella e Narcisa já eram comensais e assim que ele saísse de Hogwarts também ganharia uma marca. E assim foi. Ele se tornou um comensal de elite em poucos meses.
- Comensal de elite? – perguntou Hermione.
- Sim. – Sarah começou a explicar – É uma equipe de comensais de extrema confiança de Voldemort ou, pelo menos, era. Eram os melhores comensais, os mais leais.
- Entendo. – pronunciou Hermione – Os Malfoy e os Lestrange também faziam parte, aposto.
- Sim. Lucio, Narcisa, Bellatriz, Rodolfo, meu pai e... – Sarah parou.
- Quem mais? – falou Harry, finalmente.
- Severo Snape. – falou Sarah, temerosa.
- Eu já suspeitava. – sussurrou Harry.
- Continue Sarah, por favor. – pediu Hermione.
- Voldemort confiava nele plenamente. Quase que cegamente. E, um dia, Voldemort quis “promover” o meu pai. Ele lhe deu a oportunidade de chefiar a elite. Mas para isso, teria que dizimar uma família de, desculpem o termo, sangues-ruins.
Hermione tampou a boca com as mãos novamente, seus olhos emanavam terror. Rony passou o braço por cima do ombro dela e a puxou para perto de si. Ela recebeu o carinho de bom grado. Gina olhou e depois falou à Sarah, olhando-a:
- Pode continuar.
- Ele consentiu e foi atrás da família, que estava se escondendo. A família era composta por um casal nascido-trouxa e a filha bruxa. A missão dele era matar a todos para tirá-los do caminho.
- O casal eram aurores? – perguntou Gina.
- Não. – respondeu Sarah – Eles eram medi-bruxos e estavam ajudando os feridos das batalhas. Mas eles não eram a “barreira” que impedia o avanço de Voldemort. Era a filha deles. Ela era uma aurora excepcional. Ela era de um alto posto do “exercito” de aurores. Eram poucos aurores comparado à quantidade de comensais. Mas aquela mulher já havia lutado contra os outros membros da elite e havia sobrevivido e, o mais impressionante, havia derrotado a todos. Só não os matou porque aparataram antes.
- Uau. – murmuram Gina e Rony.
- Voldemort mandou meu pai para essa tarefa porque ele era muito bom e era a opotunidade perfeita para saber o tamanho da sua lealdade. – continuou Sarah – E ele foi atrás dessa família. Ele rodou o país atrás deles e não os achou. Até que, um dia, ele estava andando pela cidade de Manchester e viu o medi-bruxo. O que ele procurava. E o seguiu.
Os jovens olhavam-na sem piscar.
- Ele o seguiu até os subúrbios da cidade e descobriu onde era a casa deles. Ele se disfarçou e passou a frequentar aquela casa. Ficou “amigo” deles, esperando o melhor momento para matá-los. Voldemort lhe mandou uma mensagem, apressando-o.
- Mensagem? Que tipo de mensagem? – Gina ficou curiosa.
- A Marca Negra. – explicou Sarah – Ele queimou a marca negra e meu pai entendeu a mensagem. Ele resolveu que naquele dia, iria acabar a sua missão. Era um domingo, todos estavam na casa. Haviam convidado-o pra o almoço e ele foi. O casal estavam radiante, parecia que haviam recebido a notícia que a guerra havia terminado. E a aurora estava um tanto inquieta e tímida. Ele não quis saber o porque, ele iria matá-los logo depois do almoço. Eles estavam na sala, os quatro, conversando sobre a guerra. O casal se retirou e ele viu que a senhora havia piscado para a filha. Ele não compreendeu, mas depois que ele e ela ficaram a sós, sim.
Sarah fez uma pausa, respirando fundo.
- A aurora se sentou ao lado dele e olhou profundamente em seu olhos. Havia lágrimas nos olhos dela e ele perguntou o que havia acontecido. Ela desabou a chorar. Ele a abraçou involuntariamente. Ela disse, em meio aos soluços, que suspeitava que Voldemort havia mandado um de seus comensais para matar a ela e aos seus pais. O casal havia contado a ela que estavam sendo seguidos alguns dias antes e, depois disso, sentiam que estavam sendo observados. Ele ficou em choque. Ele pensou que Voldemort havia mandado outro comensal para fazer o serviço. Ele pegou a varinha, sem que ela notasse e a posicionou atrás de cabeça dela, em sua nuca. Pediu para que ela esquecesse aquilo, para que ela não pensasse em besteiras, que tudo iria ficar bem.
Os quatro prestavam muita atenção e olhavam-na, atentos.
- Ele pensou que aquele era o melhor momento e decidiu que ia matá-la primeiro. Porém, antes de pronunciar o feitiço, ela disse que não temia por ela ou pelos seus pais, mas por ele. Ela não queria que nada de ruim acontecesse a ele, porque ela o amava.
Gina e Hermione se espantaram. Harry e Rony se entreolharam.
- Meu pai ficou em choque. A varinha caiu de sua mão. – Sarah estava cada vez mais emocionada – Ela o olhou no fundo dos olhos e pediu para que fosse embora, para que não corresse risco. Ele não consentiu, disse que ficaria ali, para protegê-la. Ele se surpreendeu com seus pensamentos. Ele devia matá-la, mas já não conseguia fazê-lo. Então, para “piorar” a situação dele, ela o beijou.
Gina se surpreendeu mais ainda.
- Meu pai não pôde cumprir a missão. Ele se apaixonou por ela naquele instante. Ele contou tudo para ela. Ele disse que teria que falar com Voldemort pela última vez e ela consentiu. Mas, quando ele foi falar com Voldemort, ele descobriu que ele estava dando um jeito de ser imortal. Ele descobriu que Voldemort estava fazendo Horcruxes.
- Como ele descobriu? – perguntou Gina.
- Voldemort pediu a ajuda dele para achar as algumas pessoas.
- Algumas pessoas? – Gina não compreendeu.
- As pessoas que seriam mortas por ele para dividir sua alma e aprisionar parte dela no objeto. – explicou Sarah.
- Ah. – exclamou a ruiva, compreendendo.
- Meu pai ajudou, para depois destruir as horcruxes. E assim o fez. Ele viu Voldemort matando as pessoas e criando as horcruxes. E acompanhou Voldemort até os locais para escondê-las. A caverna e a casa dos parentes dele. – continuou Sarah.
- Isso a gente já sabe, o anel já foi destruído. – falou Harry.
- Eu sei, o senhor McWell me contou. – disse Sarah, um leve sorriso em seus lábios – Então, depois que Voldemort fez essas duas horcruxes, ele mandou meu pai para outra missão. – ela olhou de relance para Owen e depois fitou os olhos de Harry – Encontrar a sede da Ordem da Fênix.
Os jovens se entreolharam.
- Meu pai foi atrás de Sirius, para tentar avisá-lo que ele e os amigos corriam perigo. Mas Sirius viu a Marca Negra em seu braço e só não o matou porque ele aparatou. Meu pai ficou horrorizado. Foi ai que ele nunca mais voltou ao esconderijo de Voldemort. Ele voltou para a aurora e fugiu com ela. Eles saíram do país, foram para a França.
- Mas quem afinal é essa mulher? – disse Harry, áspero.
- Alyce Sanderson. – respondeu ela.
- Sua mãe era aurora? – Harry ficou boquiaberto.
- Sim. – Sarah se ajeitou no sofá – Você disse bem, ela era aurora. Depois que meu pai morreu, ela não quis mais viver. Viveu esses anos todos por mim, acho. – a voz dela saía com dificuldade – Mas esse não é o assunto para agora.
Ela fez uma pausa, suspirando.
- Eu vivi até os onze anos no interior da França. Eu e meus pais voltamos para a Inglaterra para que eu pudesse estudar em Hogwarts. Eles trocaram de nome, é claro. Voldemort estava no seu auge. Batalhas por todo lado. Então, uns dias antes do Natal, eu estando em Hogwarts, minha mãe me mandou uma carta dizendo que meu pai havia sumido. Eu quis ir para casa imediatamente, mas Dumbledore não deixou. Eu contei cada minuto, cada hora, cada dia para o feriado. Quando eu fui para casa, minha mãe não estava me esperando na estação, então peguei um ônibus para nossa cidade. Minha mãe estava em casa, ela tinha entrado em depressão. Meu pai não havia aparecido. Eu tentei consolá-la. Mas não consegui. – ela engolhiu em seco, a lembrança impondo sobre ela uma força descomunal - Horas depois, meu pai apareceu. Ele estava praticamente morto, ensanguentado e muito, mas muito, ferido. Eu o socorri. Mandei uma carta pro Owen imediatamente, - Owen murmurou algo que eles não entenderam, Sarah o olhou irritada - pedindo para que ele e o pai viessem me ajudar.
- E nós fomos para lá. – disse Owen, amargo – Meu pai salvou a vida do Régulos. Ele ficou inconsciente durante dias. Sarah não saia de seu lado. – ele falava para os jovens – E, quando ele acordou, disse coisas sem nexo. Dizia caverna...lago...inferi...poção...medalhão.
Harry se espantou, Régulos havia ido até a caverna e tentara pegar o medalhão.
- E ele conseguiu pegar o medalhão. – Owen o fitava – Ele o entregou à Sarah. E disse para ela guardá-lo no local mais improvável para Voldemort. Hermione?
- Eu sei onde. – ela saiu do abraço de Rony – No último lugar que Voldemort iria procurar. Debaixo do nariz dele.
- Onde? – Harry fitou a amiga.
- Lembre-se Harry! – ela o olhou – Dois anos atrás!
- Desembucha Mione! – Gina a olhava também.
- Largo Grimmauld, 12. – falou ela, rápida – Nosso quinto ano... lembre-se Harry!
- Lembrar-me do que? – Harry estava confuso.
- Nós estávamos limpando um quarto... e achamos uma caixa muito empoeirada... dentro tinha um medalhão! – Hermione explicou como pôde.
Harry quase caiu do sofá. Gina e Rony ergueram as sobrancelhas e Sarah e Owen se olharam.
- Era o medalhão de Slytherin. – informou Sarah.
- Mas... ele não está mais na casa. – disse Hermione, triste.
- Onde está? – perguntou Owen, desencostando-se do beiral da porta e avançando alguns passos.
- A gente se desfez de tudo. – disse Rony, se lembrando – Provavelmente, até do medalhão.
- Essa não. – Sarah enfiou o rosto nas mãos.
- Mas... o Mundungo... – Gina havia se lembrado – Ele... ele foi atrás das pratas e dos cristais... ele deve ter pego...
- Com certeza ele pegou. – disse Harry – O medalhão era muito bonito, dava a impressão de ser valioso.
- Sim... o medalhão original valia muito. Ele possuía detalhes em prata. Muitos detalhes em prata. – Sarah afastou as mãos do rosto.
- Aquele desgraçado. – Harry se levantou – Onde ele mora? – perguntou à Hermione.
- Não sei. – respondeu ela.
- Harry, acalme-se. – pediu Owen – Sarah ainda não terminou.
- É. – foi a única coisa que Sarah disse.
- Ok. – Harry se sentou.
- Graças ao Sr. McWell, meu pai sobreviveu. Nós ficamos o resto das férias de Natal juntos. Depois eu voltei para Hogwarts como se nada tivesse acontecido. O resto do ano passou muito rápido. Eu voltei pra casa nas férias de verão e meu pai disse que nós iríamos mudar de casa, por segurança.
O quarteto consentiu, compreendendo.
- No nosso último dia naquela casa, minha mãe decidiu tirar uma foto, para guardar como recordação. Estávamos parados atrás da casa, no pequeno jardim que tinha. Estávamos felizes, sorrindo e rindo. Mas... – os olhos de Sarah ficaram extremamente marejados – a Marca Negra apareceu no céu. Dezenas de comensais apareceram e meu pai sacou a varinha. Minha mãe me agarrou com um forte abraço para impedir que eu seguisse meu pai. Ele mandou minha mãe aparatar para longe, me levando junto. – uma grossa lágrima escorreu pelos dois olhos dela – Eu nunca mais o vi. Só sei o que aconteceu por causa da foto. Minha mãe voltou horas depois à casa. Ela estava toda destruída, em chamas. A Marca já havia desaparecido e o corpo de meu pai também. Ela conseguiu achar a câmera e, consequentemente, a foto. Eu fiquei com a foto, como última e única recordação de meu pai. Ele morreu, foi atingido por uma Maldição da Morte do próprio Voldemort.
Owen se sentou ao lado de Sarah. Hermione e Gina abaixaram a cabeça e, Harry e Rony se olharam.
- Eu, sinto muito. – disse Harry.
- Não há do que pedir desculpas. – falou Sarah – Isso é passado.
- Sarah... você... bem, quer ficar aqui? Você parece cansada. – sussurrou Owen em seu ouvido.
- Não, muito obrigada. – respondeu Sarah, fria, pondo-se de pé.
- Você... – Owen tentou começar.
- Eu já vou embora. Está tarde e estou cansada. – ela caminhou até Harry, que fse levantou – Espero que a história do meu passado não interfira na nossa amizade.
- Não vai interferir. – garantiu ele – Desculpe-me por ter sido tão idiota e nervoso.
- Não foi nada, no seu lugar eu faria a mesma coisa. – Sarah forçou um sorriso e se virou para os outros três – Vejo vocês logo.
- Eu te acompanho. – Owen ficou de pé e caminhou até a porta, esperando-a.
- Até logo então. – Harry e os outros jovens disseram, vendo Sarah caminhar até Owen e os dois saírem da sala.
- Que história. – Gina encostou-se ao sofá.
- Ela sofreu bastante. – sussurrou Rony.
- Mais do que eu. – comentou Harry, sentando-se ao lado de Gina – Owen e ela brigaram, por minha culpa.
- Não se sinta culpado. – falou Hermione, a voz fraca.
- Mas eu sou. – Harry colocou a mão na testa – Ainda to com dor de cabeça.
- Acho melhor deixar o combinado da noite para outro dia. – murmurou Hermione.
- Não, Cassius com certeza está pensando que eu estou fraco demais para realizar qualquer feitiço que ele me ensinou, mas eu não estou. – Harry sorriu.
- Bem, ele é teimoso Hermione, não adianta teimar com ele. – Gina sorriu, ansiosa.
- O sol está quase se pondo, é melhor irmos tomar banho para jantarmos. – disse Rony já de pé.
- Concordo. – disseram os outros três, levantando-se.
Os quatro saíram da sala e cruzaram o hall, não viram Owen nem Sarah. Subiram as escadas e se separaram no corredor. Os meninos indo para o seu quarto e as meninas para o delas.
=-=-=
- Sarah, me perdoa. – suplicou Owen à porta.
- Pare, Owen. – pediu ela sem o olhar.
- Eu já disse que me arrependi. – ele segurou delicadamente o rosto dela.
- Não me interessa. – ela se afastou – Você sabe que o Lars ainda é seu irmão, não importa o que aconteça.
- Por que você tanto o defende? – Owen sentiu seu sangue ferver – Você sempre diz que ele não sabe o que faz. Qual é Sarah, ele soube muito bem se tornar um comensal.
- Isso não me importa, ele continua sendo o mesmo garoto de Hogwarts. Eu tenho fé. – ela olhou nos olhos dele.
- Por que você guarda tantas esperanças? Você realmente acha que ele vai voltar para o nosso lado e ficar com você? É isso que você quer? Ficar com ele? – a voz de Owen saiu rouca.
- Não diga besteira. – Sarah percebeu que os olhos dele ficaram marejados – Eu tenho esperança que ele ainda vai se tocar que está errado e que você e seu pai são as pessoas que ele deve ajudar.
- Sarah, ele tentou matar o Harry. Eu mesmo vi. – disse Owen.
- Eu não sou Merlim para fazer profecias. – falou Sarah, firme – Mas acredito que ele vai voltar.
- Não use o nome de meu Mestre, não para falar do Lars. – disse Owen, irritado.
O moreno fechou os olhos e passou a mão pelos cabelos. Sarah o olhou e viu que ele não queria brigar. Ela mordeu o lábio inferior e falou:
- Tudo bem... não vamos mais tocar nesse assunto. – ela se aproximou dele – Ok?
Ele abriu os olhos e pôs as mãos nos ombros dela, sorrindo.
- Por mim, nós nunca mais falaremos sobre isso.
- Não duvide de meu amor por ti. – disse ela, triste – Isso me magoa.
- Não duvidarei, não mais. – ele a abraçou com força.
- Nós vamos nos casar assim que essa guerra acabar. – ela se aninhou no peito dele.
- Sim, e seremos felizes. – ele passou a mão pelo cabelo dela.
- Tenho fé que sim. – sussurrou ela.
- Fique aqui. Fique comigo. – suplicou ele, sussurrando.
- Minha mãe. – disse ela fraca – Tenho que avisá-la.
- Vamos até a cozinha. – ele a soltou e tomou sua mão, guiando-os até a cozinha.
=-=-=
Cassius estava sentado em sua cadeira desde que Owen saíra do escritório. Havia virado a cadeira e, de costas para a porta, fitava a escuridão da parede. Ainda tinha aquele pressentimento ruim, o pressentimento daquela horrível visão. O que acontecera com Harry não foi o que proporcionou aquilo. Não lhe envolvia fisicamente, muito menos à Owen, que também sentira. Algo ainda iria acontecer aquela noite, possuía certeza disso.
O sol já havia se posto e, mesmo assim, ele não conseguia se levantar e ir jantar. Sentia que, se fosse, algo muito ruim aconteceria. Mas, estaria envolvendo quem? Harry? Ou, até mesmo, aqueles jovens?
Cassius se endireitou na cadeira ao ver algo se mover na escuridão da parede à sua frente. Ele deu um leve sorriso, fez uma leve reverência com a cabeça e disse, divertindo-se:
- Há tempos não lhe vejo, velho amigo.
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