Quando tudo parecia ir tão bem
Er... bem... hum... humm... aqui está: "The day After"!
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- Por mais agradável que seja ficarmos assim juntinhos... o pessoal vai começar a reparar. Acho melhor escolhermos uma mesa.
Serenna suspirou ao ouvir isso. Pela terceira vez em menos de vinte e quatro horas, haviam aparatado juntos. Desta vez, para o Caldeirão Furado. Ela não queria mais sair daquele abraço gostoso, mas afastou-se, corando ligeiramente ao perceber que alguns dos ocupantes das mesas vizinhas olhavam para eles com curiosidade mal disfarçada.
Sirius riu com vontade, ao ver sua esposa corar tão facilmente.
“Sua esposa”. Agora era definitivo, ela era sua esposa, em todos os sentidos. E ele se sentia imensamente feliz por isso. Sua primeira noite fora maravilhosa – e sua primeira manhã também, uma vozinha maliciosa sussurrou em seu interior. Fora com muita relutância – e só porque uma certa parte de seu corpo, o estômago, para ser mais exato, reclamara ruidosamente - que haviam deixado sua confortável e aconchegante cama, “de volta à vida normal”, como sugerira Serenna.
Ele retrucara que precisavam de uma “lua-de-mel” de verdade, e ela o chamara de bobo, com um sorriso, mas depois dissera que precisavam pelo menos avisar aos outros que estariam “saindo por alguns dias”…
- Mas todo mundo já sabe mesmo! – ele retrucara mais uma vez, lembrando-se da enxurrada de lareiras da noite anterior, mas ela dissera sobre sua família. Ele então se lembrou dos filhos dela e de todas as suas responsabilidades como diretora do Lar de Elizabeth.
E agora, estavam juntos no Caldeirão Furado, porque ele dissera que precisavam de um bom café, antes de resolverem as coisas.
- Podíamos ter feito isso... em casa. – ela comentou, em tom suave.
- Gostei de ouvir isso... “em casa”... mas sou péssimo na cozinha e de maneira alguma ia dar um trabalho desses pra você logo na nossa... – ele parou, vendo que tinham companhia.
Tom já se aproximara e cumprimentou-os, escondendo a surpresa por ver justamente aquele casal tão cedo em seu estabelecimento com a imparcialidade de décadas como barman:
- Bom dia, Srta Snape. Bom dia, Sr. Black. O que vão querer?
- Tom, meu velho. Traga-nos dois cafés completos, sim? Como vão as coisas por aqui? Muito movimentado?
Sirius nesse instante observava todo o local. Poucos bruxos estavam no bar naquele momento, mas era notório que o período de paz no mundo bruxo era bom para os negócios.
Tom sorriu, afastando-se para buscar o pedido. Quando trouxe os cafés, fez uma mesura e voltou ao seu balcão, observando o casal inusitado com o canto do olho sempre que tinha chance.
Sirius riu e comentou:
- Tom é um bom homem. Não perde nada do que acontece aqui dentro. Mas é discreto, não se preocupe.
- Porque eu deveria me preocupar? O senhor por acaso teria alguma má intenção a meu respeito, Sr. Black?
- Ah, todas as possíveis e imagináveis... Sra Black! – ele piscou.
Serenna revirou os olhos, como quem desiste de esperar algo diferente, mas sorriu para ele.
Devia isso a si mesma, daria uma chance a Sirius de se mostrar capaz de um comportamento normal. Talvez... se ele ficasse normal demais, ela cantasse aquela canção infantil, como era mesmo? Ah, sim: "Oh, were can my little dog gone?" .
Porque – mas isso ela não diria a ele nem sob uma maldição imperius ou sob o efeito de uma veritaserum – seu maior charme era justamente ser tão intoleravelmente cativante e convencido. Mas ele continuava falando de seus planos para a manhã.
- Vamos ao Gringotes primeiro, porque tenho algo guardado pra você lá. Não se preocupe, não é nada que tenha pertencido ao lado negro da Família Black – ele riu do próprio trocadilho – É algo que comprei, quando fui ajudar James a comprar o anel de Lílian... e que vai combinar bem com esse. – ele pegou sua mão, brincando com o anel em seu dedo, o seu presente de Natal - Depois, precisamos mandar uma coruja para seu irmão, se bem que... com essa sua telepatia... Ainda estou um pouco receoso de levar uma maldição da morte daqui a um segundo.
- Não seja bobo! Severus não vai fazer isso. E... já contei pra ele.
- Já?
- Como você disse... nossa “luz roxa”... Conversamos enquanto você ainda dormia.
- Mesmo? – Sirius piscou, um pouco encabulado por saber que Severus já tivera conhecimento de que eles haviam passado a noite juntos, e de que maneira...
Serenna balançou a cabeça afirmativamente, enquanto tomava um longo gole de suco de abóbora. Ambos se concentraram no alimento a sua frente, repentinamente famintos. Não perceberam que a conversa fora acompanhada por alguém muito atento, uma sombra sinistra e esquiva, de olhar enlouquecido.
***
Em Hogwarts, o café dos estudantes terminara e eles se dirigiam às suas salas de aula, onde a maioria dos professores já se encontrava.
Mel dirigia-se levemente preocupada para a aula de poções. Notara que o Prof Snape estava ainda mais sério do que o normal na mesa dos professores, como se isso fosse possível.
Entretanto, a primeira aula do dia não correu como costumava ser. No momento em que ia começar a falar, o Professor Snape parou abruptamente, expressão torturada e olhos arregalados como se visse ou ouvisse algo que os alunos não percebiam.
E, depois de levantar sua varinha e projetar um espectro de luz prateada que deixou a sala antes mesmo que os alunos percebessem ser um patrono, saiu também em disparada, sem ao menos dispensar a turma.
Quando Mel acordou do espanto, por ter visto claramente a forma do patrono de seu professor – que não era nenhum morcego como muitos costumavam imaginar – ele já atravessara os jardins até o ponto de aparatação, sem que ninguém – com exceção de Minerva McGonagall, que já ouvira extremamente chocada a mensagem do patrono - conseguisse descobrir o que estava acontecendo.
***
O café fora agradável, mas precisavam ir. Sirius pediu a conta e Tom em poucos instantes estava ao seu lado. Enquanto ainda trocavam algumas palavras cordiais, Serenna se distraiu um pouco, observando o lugar. Ele sempre lhe chamava atenção, era tão pitoresco!
Lembrou-se dos filmes em que o local era mostrado e pensou em trocar umas impressões sobre isso com sua amiga Ana Weasley na primeira oportunidade.
De repente, algo lhe chamou mais atenção: uma bruxa se levantara de uma mesa ao canto e vinha em sua direção. Ou melhor, olhava fixamente para Sirius, enquanto caminhava, a varinha em punho. Tinhas as roupas sujas, meio rasgadas, os cabelos desgrenhados, os olhos muito abertos e a expressão febril. Sem dúvida, era uma louca.
Antes que Serenna tivesse tempo de dizer algo para prevenir o marido, a mulher apontou a varinha e gritou algo. Sem pensar, Serenna reagiu. Mas não puxando sua varinha como qualquer bruxo faria. Não, ela ainda não desenvolvera esse reflexo. Ela simplesmente pulou à frente de Sirius e… mais uma vez, a sua força mágica agiu como proteção.
O seu pingente de prata brilhou, quando o feitiço bateu em seu peito, e ela caiu desmaiada, segurando-o entre os dedos.
Imediatamente após, alguém gritava um expeliarmus, enquanto outro segurava a louca que a atacara, mas já era tarde…
Sirius, desesperado, erguia a mulher nos braços, enquanto Tom balançava a cabeça, penalizado.
Alguém que entrava no bar nesse exato momento reconheceu de pronto o casal e agiu rápido. Kingsley Schakebolt dispersou a pequena multidão e enviou um patrono de aviso. Dali a pouco, Tonks e Harry aparatavam ao seu lado e olhavam surpresos para a cena. Não demorou muito, e outro estalo se fez ouvir. Snape acabara de aparatar ao lado do casal, mas não fora chamado pelo patrono do auror.
- Ela… me pediu socorro… para você. – ele disse a um Sirius pálido e trêmulo, ainda mantendo a mulher junto ao peito.
- Alguém já tentou um enervate? – Tonks fez das palavras ação, mas Serenna não voltou a si, embora percebessem claramente que não estava morta.
Nenhum dos presentes se movia. Em parte pelo susto do ataque, em parte porque o grupo reunido ali era para muitos o mais improvável do mundo e sem dúvida alguma notório:
- O feitiço foi forte demais, com que ela foi atacada? – Schakebolt indagou em voz alta.
Ninguém soube responder, e só então apontaram para a mulher agachada a um canto, murmurando frases desconexas.
- Ele esqueceu de mim. Foi ela que fez isso. Mas o Tony é meu. Eu vou ter ele de volta. Ele vai esquecer dela agora…
- Quem é essa mulher? Alguém a conhece?- Snape perguntou alto, mas ninguém disse nada.
Schakebolt pegou a varinha da mulher e usou um “priori incantanten”. O último feitiço surgiu, tomando a todos de surpresa. Ninguém o conhecia. Ou melhor, quase ninguém:
- Temos que levá-la para o St Mungus urgente! Esse é um feitiço antigo só usado por bruxos das trevas… Como essa infeliz o conhece? – Snape indagou, ainda mais nervoso.
Incapazes de lhe responder, os aurores limitaram-se a erguer a mulher e, depois de prendê-la com um “incarcerous”, declararam-se prontos a levá-la consigo.
Assim, Harry e Tonks levando a pobre louca, Sirius carregando Serenna, escoltados por Schakebolt e Snape, todos aparataram para o St Mungus.
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Desculpem a nossa falha, era pra ter postado na segunda... mas tive uns contratempos.
os próximos capítulos já estão "em ponto de bala", mas vou postar um de cada vez pra dar tempo de vocês respirarem, ok?
ah, e não briguem com minha "beta", a demora não foi culpa dela, tá?
e quase me esqueci: a canção infantil de que Serenna se recorda, eu não conheço... hihi... é coisa da Belzinha, em sua gentil e fofa contribuição para este capítulo.
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