A casa Nova de Almofadinhas

A casa Nova de Almofadinhas



Gente, hoje a fic tá fazendo um ano de postagem. Nossa! nunca pensei que demoraria tanto pra terminar o que deveria ter sido uma sohortfic... pois é... não sou de escrever histórias curtas, desisto!

bem, este é o capítulo que vocês esperavam, mas acho que ficarão meio... decepcionadas... já que as descrições se limitam à razão do título...

mesmo assim, espero que gostem, deste e do capítulo seguinte, que vou postar em seguida, afinal é bem complementar e não quero "sair do clima"...

bom, de qualquer forma, é um presente de niver e tanto! dois capítulos num só dia!

xiii, quase me esqueci: este capítulo e o seguinte não foram exatamente betados, embora a Belzinha já tenha feito uma leitura prévia deles. por isso, peço desculpas se tiver passado qualquer coisa, mas não quis perder uma data tão importante. sorry!


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A Casa Nova de Almofadinhas

- Pode abrir os olhos. Já chegamos. – ele sussurrou em seu ouvido.
Já haviam chegado há alguns segundos, mas Serenna mantinha os olhos fechados. Queria aproveitar um pouco mais aquela sensação tão boa de estar abraçada com ele. Porque não se dera conta antes, de que era tão bom estar ali? A contragosto, abriu os olhos, fitando o rosto à sua frente como se o fizesse pela primeira vez. Na verdade, não deixava de ser, já que agora é que assumira pra si mesma que era mesmo o rosto de seu amado, do homem de seus sonhos...e por um instante, sentiu-se uma adolescente ou uma daquelas heroínas de romances de banca, e riu de si mesma.
Sirius, por sua vez, a fitava com curiosidade. Ela tinha uma expressão sonhadora, tranqüila, e pela primeira vez não a sentia tensa ou na defensiva em seu abraço. Aquele beijo tinha sido um sinal, um bom sinal, e agora, ela parecia gostar de estar ali. Até sorria ligeiramente.
Eles se fitaram por um longo momento, intensamente. Serenna sentiu um arrepio, mas se afastou dele, tentando disfarçar sua inquietação, fingindo avaliar o lugar. Deu-lhe as costas, caminhando pela sala, observando os detalhes.

Na verdade, aquilo não era exatamente uma sala. Era um espaço amplo, sem parede alguma. De um lado, cortinas coloridas se abriam num gracioso arco deixando ver amplas janelas de vidro, com uma sacada de onde poderia se debruçar pra ver a paisagem e que, pelo espaço, poderia até servir de campo de pouso para um hipogrifo...
- Em que andar estamos? – Perguntou, virando-se para ele, curiosa e preocupada.
- Décimo terceiro. É o único apartamento deste andar. Como eles dizem mesmo? Cobertura. Eu enfeiticei a entrada, de modo que os trouxas que subirem ao telhado para o que eles chamam de “manutenção” não a encontrem.
- Mas então... você “eliminou” um andar da construção?
- No registro deles, sim. Mas não se preocupe, eu comprei o lugar, paguei direitinho por ele. Os trouxas só... se esqueceram de que havia um apartamento de cobertura no prédio.
- Mas então... Só se chega aqui aparatando? – Serenna piscou, confusa.
- Na verdade, não. Quem souber o endereço, sendo meu convidado, claro, vai passar sem problemas pela portaria e pegar o elevador até aqui. Um simples feitiço fidelius.
- Interessante... Mas como você achou esse lugar? – Serenna duvidava que um sangue puro, ainda mais ele que passara tanto tempo “fora do mundo”, tivesse articulação suficiente para tanto.
- O Remus... ele viu uma placa de “vende-se cobertura” na porta do prédio...- Sirius tinha uma expressão travessa de quem confessa uma traquinagem – Ele trabalha bem ao lado, sabe? Isso facilitou as coisas.
- Como, bem ao lado? Que eu saiba, Remus só trabalha na Fundação da Ordem da Fênix e... lá em casa! – ela correu para a porta de vidro ao lado da janela, indo conferir na varanda.
Sim, estava certa. Reconheceu os telhados do “Lar de Elizabeth”, pois podia ver além das proteções colocadas em volta de sua própria casa. Viu até o pátio onde as crianças treinavam vôos de vassoura e se divertiam aprendendo quadribol.
Serenna não sabia o que dizer. A intenção dele estava clara para ela, ou será que estava imaginando demais? Ele fizera tanto esforço assim pra se aproximar?
- Acho que ficou bem adequado, não? Quando eu quiser falar com alguém... Com o Remus, quero dizer... é só gritar pela janela. Porque a lareira ainda não está funcionando.Burocracia do Departamento de Rede Flu...
- Sei... – Serenna voltou para dentro e resolveu examinar o resto.

O apartamento tinha uma decoração interessante. Não era sombria como o Largo Grimmauld, nem espartana como os aposentos de Snape. Muito pelo contrário, era tudo uma profusão de cores e tendências. Pufes e sofás baixos, mesinhas baixas e cheias de coisas que encantariam a qualquer criança pequena doida por mexer em tudo. A sala de jantar estava numa espécie de estrado, um piso elevado em que chegou subindo dois degraus. A mesa larga com oito cadeiras era de madeira clara, que muito lhe agradou. Um arranjo colorido – não muito bem ordenado – enfeitava o centro. Atrás de um aparador também de madeira, ela via a cozinha, que tinha apenas armários, pia e fogão.
- Você não tem geladeira? – ela perguntou, só por perguntar.
- O que é isso?
- Deixa pra lá... – ela riu, voltando para a sala – Onde fica o banheiro?
- Ali. – ele apontou uma única porta na parede oposta.
Serenna olhava em volta, espantada. Era uma decoração extravagante, sem dúvida alguma, mas agradável e aconchegante em suas cores quentes. Lembrava-lhe muito uma tenda cigana, por isso, perguntou:
- Os Black têm alguma ascendência cigana?
- Ainda bem que minha querida mamãe não pode ouvir você dizendo uma “barbaridade” dessas! Ela mataria você na hora! Ciganos, mesmo os bruxos, são muito pouco considerados pelos sangue-puros. – ele comentou com um misto de raiva e ironia.
Serenna balançou a cabeça, meio que concordando. O pouco que sabia da mãe dele, lera num livro, e não era muito elogioso. Mas continuou observando tudo, sentindo-se tão bem como se fosse sua própria casa, mas não diria isso a ele. Já dera bandeiras demais por um único dia. Ou melhor, noite, pois o céu lá fora já estava pontilhado de estrelas.
Uma coisa lhe chamou a atenção: era uma moldura na parede, acima da lareira, vazia.
- Você ainda não resolveu que quadro colocar?
- Como? – ele seguiu a direção de seu olhar, sem entender – Ah! Sim. Quer dizer, não. Não é um quadro. É um retrato. É que meu digníssimo antepassado não fica aí o tempo todo, tem afazeres, sabe?
- Antepassado?
- Sim. Um antigo diretor de Hogwarts. Reclamou quando eu contei que ia me mudar. Disse que era seu dever acompanhar seu último descendente direto, essas coisas. Depois de prometer não me importunar muito, e já que passa mais tempo na escola do que aqui, resolvi deixar. Mas à primeira gracinha dele... o mínimo que farei será mandá-lo de volta pra Mansão Black. E tambémdei um jeito para que um amigo possa me visitar também.
Sirius apontou para um porta-retratos dourado no aparador da lareira, que ela não tinha notado que também estava vazio, e pensou que ele se referia, provavelmente a Dumbledore, ou pelo menos ao “Dumbledore-retrato”. A lareira estava apagada, mas ela não deixou de pensar na sequência de visitas que tinham presenciado no Largo Grimmauld. Sirius pareceu ter captado seu pensamento, porque comentou:
- Como eu disse antes, ainda não está conectada à Rede Flu. Felizmente por isso, teremos alguma privacidade por aqui...
Serenna se mexeu, sem jeito. Isso significava que agora sim, estavam a sós. Tentando esconder sua perturbação, ela perguntou:
- Mas você vai dormir aonde, quando vier morar aqui? Naquele sofá? Não parece apropriado para um homem adulto e...
Ela parou. Por Merlim, o que era isso? Estava mesmo pensando “naquilo”?
Sem se dar por achado, Sirius puxou a varinha e acenou para o canto oposto. Uma escada baixou, deixando-a perceber pela primeira vez uma espécie de mezanino, escondido por uma das várias cortinas.
- Meu quarto é lá. Quer ver como ficou? – ele fingiu cara de sério e ergueu a mão direita – “Juro solenemente não fazer nada de bom”... ops. Senha errada.
- Hum... – Serenna fingiu-se indignada, mas sentiu pena da cara de cão sem dono que ele fez, e riu.
Sirius ensaiou uma reverência, aguardando que ela subisse à sua frente.

Serenna subiu tentando aparentar tranqüilidade. E parou ao chegar ao topo, maravilhada. Se a sala parecera uma tenda cigana, era porque ainda não tinha visto o quarto.
Não havia cama, apenas o colchão sobre um tapete grosso no chão, coberto por tapetes menores. Por todos os lados, mais almofadas coloridas, cortinas e um biombo chinês que escondia parcialmente um armário de roupas sem portas. A um canto, uma pequena estante com livros antigos, perto dele um pedestal com um telescópio e no alto... bem... não havia teto. Ou melhor, havia sim, mas transparente. Um teto encantado como o do salão de Hogwarts. Parecia realmente transparente, e que o céu estava mesmo logo ali. Serenna era incapaz de dizer alguma coisa.
- O que achou? – Sirius perguntou, às suas costas, falando bem perto de seu ouvido, um hábito que ele parecia estar adquirindo perigosamente.
- Eu... nunca imaginaria algo assim. É lindo!
- Tão lindo quanto o dono?
- Você é mesmo um presunçoso incorrigível! – ela retrucou em tom divertido, virando-se, apressadamente, mas perdeu o equilíbrio, fazendo com que Sirius reagisse imediatamente na tentativa de ampará-la. A força do abraço inesperado a fez desequilibrar-se ainda mais, e ambos caíram sobre a “cama”. Sirius a mantinha presa sob si, mas apoiava os cotovelos ao seu lado, e ela não conseguia se decidir se o empurrava ou se estendia as mãos para puxá-lo para mais perto. Então, reagiu verbalmente, mesmo sentindo um nó incômodo na garganta:
- Você fez de propósito! – ela ralhou com ele, incapaz de manter o olhar naqueles olhos claros.
- Eu não fiz nada, você é que caiu. – ele sorriu de novo, fazendo-a pensar mais uma vez que deveria haver uma lei proibindo aquele bruxo de sorrir assim tão sedutor. – Está bem, me desculpe. Mas isso não é exatamente necessário, já que aquela loucura toda lá no véu foi o nosso casamento...
- Então... você também sabia! Só a boba aqui que nem imaginou uma coisa dessas... – ela retrucou, raivosa, com uma tentativa de se levantar, e Sirius afastou-se para o lado, contrafeito.
Mas ela permaneceu onde estava e ele a fitou, confuso. Passou as mãos pelos cabelos, num gesto impaciente e disse:
- Olha, desculpe. Eu soube no momento em que você derramou seu sangue o que estávamos a ponto de fazer, e tive a ligeira impressão de que você não fazia idéia do que era a coisa toda, mas... Depois daquele dia, parecia fazer questão de me manter longe, então, como eu ia chegar pra você e dizer: “Garota, você é minha mulher, sabia? Não tem jeito, estamos casados.” – ele tinha a expressão séria como nunca ela tinha visto – Eu tenho minha dignidade, oras! – ele socou o chão, nervoso, e deu um longo suspiro antes de comentar em tom resignado e triste – Tentei me convencer de que você apenas tinha me feito um favor mas… Eu só queria acreditar que tinha mesmo uma chance de finalmente ter alguém, como James teve... Como Remus tem agora, e o Harry também. Isso é sonhar muito?
Sua tristeza a comoveu, e ela estendeu a mão, acariciando seu rosto.
- Eu não sabia, não inteiramente, só me contaram agora, no Natal. Mas se soubesse, não teria feito diferença. Buscaria você nem que morresse tentando. – ela confessou, rindo sem jeito quando ele ergueu uma sobrancelha, espantado. – Eu estava assutada, quem não estaria? Ver um sonho de menina se tornar algo tão real de repente e tão complexo, foi mais do que eu esperava enfrentar. Mas eu sempre amei você, mesmo quando parecia ser só um pesadelo. Eu sofria com eles, mas era por não conseguir te alcançar.
- Verdade, mesmo? – ele riu, de um jeito que a fez sentir o coração disparado.
Serenna apenas o olhou, incapaz de dizer mais alguma coisa.
- Está bem, faço um novo juramento... – ele deixou de sorrir e, debruçando-se novamente sobre ela, segurou seu queixo para forçá-la a encará-lo, e disse com a voz rouca que lembrava um latido morno – Juro solenemente não fazer nada que você não queira...
E a beijou.

***

- Alvo! Alvo, venha logo.
- Calma, Fineas. Nossos retratos não estão assim tão próximos.
- Deixe de bobagens, homem. Você é um velho tolo... – o sonserino comentou com impaciência.
- Pronto, aqui estou. Mas porque precisamos visitar nossos outros retratos, o que está acontecendo?
- Você verá, meu caro, você verá...

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