Capoeira no Beco (peq.edição)

Capoeira no Beco (peq.edição)



Como eu disse antes, a partir de agora o tempo da fic fica bem definido: estamos em meados de agosto.

Obs.: Teremos uma pequena edição após o próximo capítulo de "Harry Potter e o Segredo de Corvinal" (Belzinha), mas não é nada que altere o andamento. Apenas... tô evitando um baita spoiler!

Se ficou muuuiiito estranho... me desculpem, é que me diverti muito escrevendo isso.

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Capoeira no Beco

Indiferente aos olhares esquivos e desconfiados sobre si, Severus Snape examinava atentamente a lista de ingredientes para poções, para ver se ainda faltava alguma coisa. Lista que quase caiu de suas mãos,quando sua capa negra foi puxada com insistência para baixo.
- Tio Sev.
Ele fitou o garotinho de cabelos encaracolados que o chamava, sem ligar pros murmúrios de surpresa à sua volta:
- Você não deveria estar com sua mãe? Onde está ela?
- Lá. – o garoto apontou para fora da loja, mais exatamente para a pequena praça em frente ao Gringotes, vista através da vitrine empoeirada, onde uma roda de pessoas parecia estar se formando – Ela aceitou um desafio. Vai lutar.
- O que você disse? – ele olhou para o garoto e depois para fora, mal se dando conta de que gritara com o garoto.
Perscrutou com o olhar o grupo aglomerado em frente ao banco, se dirigindo para lá a passos largos, seguido pelo garotinho que precisou correr para alcançá-lo.
- Será que ela ficou louca? Duelar em plena rua?E como? Ela ainda não tem domínio da varinha para isso! – ele interrogava a si mesmo, atônito, tentando entender como e porque sua irmã se aventuraria a algo assim...

Na loja de artigos para quadribol, três homens examinavam atentamente o novo modelo da famosa vassoura Firebolt, quando um zumzumzum incomum lhes chamou a atenção.
Os nomes “Lupin” e “Snape”, assim como as palavras “desafio” e duelo” também chegaram aos seus ouvidos, por isso eles, que não eram outros senão Harry Potter , Rony e Carlinhos Weasley saíram imediatamente para a rua, encaminhando-se para o ajuntamento incomum em frente ao Gringotes.
Praticamente se emparelharam com Snape, indo para o mesmo lugar, e então se fitaram, mais perdidos ainda... Se ele estava ali, que “Snape” estava duelando com “Lupin”?
A resposta para todas estas questões chegou até eles na forma de um som indolente, produzido por um instrumento desconhecido. O som, acompanhado por palmas ritmadas, vinha do meio daquela roda estranha, em que bruxos de todas as idades pareciam se acotovelar para assistir a algo que acontecia lá dentro.
Os quatro homens forçaram caminho pelo grupo, até chegarem ao centro e... se deparar com a cena mais estapafúrdia – este o pensamento de Snape– que já haviam presenciado.
Mas... como aquilo podia estar acontecendo em pleno Beco Diagonal?

A resposta era mais simples do que podiam supor. Naquela manhã, ao se separar do marido para fazer suas próprias compras, acompanhando os sobrinhos, Ana Weasley encontrou-se com sua amiga Sarah Laurent, ou melhor Serenna Snape, na porta do Gringotes. Ela estava em companhia de seu sobrinho Alan Snape e também de seus filhos adotivos, Aline e Leo, que faziam sua primeira visita ao Beco Diagonal, aproveitando a compra dos materiais escolares de Alan. Lucy e Peter, também alunos de Hogwarts e residentes do Lar de Elizabeth corriam as lojas em companhia de Lady Marjorie, uma bruxa viúva que dedicava quase todo o seu tempo à instituição que para ela fora um achado. Encontrariam-se todos mais tarde, para um lanche antes de voltar pra casa.
Mel olhara intrigada para aquele grupo atendendo pelo sobrenome bruxo que ela talvez mais detestasse: Snape! Ainda não confiava integralmente no Morcegão. Alan, ela já conhecia da escola, e ainda não entendia direito aquela história do Snape ter um filho... mesmo adotivo. Quanto àquela mulher... sua tia dissera ser uma irmã dele, desaparecida por muitos anos. Ana e Serenna (ela dizia com um sorriso que tinha que se acostumar com o nome) conversavam animadas, quando um casal chegou perto delas. Susan Bones – e Mel ficou entusiasmadíssima por conhecer mais um membro da AD – e seu marido, um homem negro e alto, que abraçou e beijou Serenna Snape, era seu irmão adotivo.
- Nossa! Os laços de família por aqui estão ficando intrincados! Pior do que novela do Manoel Carlos! – ela comentou, e Alan sorriu ao ouvi-la, respondendo:
- Nem me fale! Eu só tinha meu pai, agora... tenho uma porção de tios, tias, primos...
Mel e ele se fitaram por um momento, e a menina sorriu, timidamente. Seu irmão Lipe olhava de um para o outro, abrindo e fechando a boca, como se pensasse em perguntar algo e desistisse. Se para Mel aquilo era confuso, para ele ainda mais.
Mas os adultos conversavam, muito animados. Outro homem negro se aproximara: Kingsley Schakebolt. Falavam de algum tipo de esporte, luta, qualquer coisa assim:
- Eu acho impressionante a desenvoltura deles, Ana – ele dizia – Estou seriamente tentado a incluir um treinamento básico no curso dos aurores. Pode ser que melhore a performance de autodefesa, desvio de feitiços, por exemplo.
- Acredito que sim – Ana respondeu.
- E eu posso confirmar com certeza, minha amiga! – a voz de Tonks se fez ouvir ao lado da Auror. Ela chegava naquele momento, juntamente com Remus e Hector, que sorriu satisfeito ao reconhecer Mel e também Josh na companhia de seu pai.
E, enquanto os “Novos Marotos” ali presentes se cumprimentavam, alegres pelo encontro não planejado, Mel apresentando seu irmão aos amigos, Tonks, sem ligar para a relutância do marido, perguntava para Serenna.
- Que tal uma demonstração? Se André quiser, eu conjuro os instrumentos e a gente “manda ver”!
Serena olhou ao redor. Bruxos e bruxas continuavam seu ir e vir afoito, crianças bruxas correndo, pais com livros e pacotes, mais os sons inconfundíveis da via comercial mais peculiar que já conhecera na vida: pios de corujas, coaxar de sapos, pipocar de feitiços leves, odores exóticos e produtos de magia para todos os lados. Uma roda de capoeira ali... seria completamente incomum...
- Ora, seria uma boa maneira de demonstrar que a idéia de Schakebolt tem cabimento – Susan Bones, entusiasmada com a perspectiva, comentou.
- Ótima idéia! – Serenna sorriu em resposta, já usando a própria varinha pra transfigurar suas vestes e roupas apropriadas, enquanto Tonks fazia o mesmo.
– Vamos lá? – Tonks, já ostentando cabelos rastafari dignos de Lino Jordan e as roupas brancas apropriadas para capoeira, guardou a varinha, depois de ajudar Susan a conjurar o que era necessário -. Sem varinhas, claro. Acho que incluir azarações não é uma boa idéia por enquanto, precisaremos treinar isso.
- Claro, ainda mais que eu não seria páreo para uma Auror... – Serenna disse com um sorriso – Imagine só, nem passei para os livros do terceiro ano ainda...
Então, em poucos minutos foi formado o cenário que Snape, Carlinhos, Rony e Harry encontraram ao chegar.

Susan convocara um berimbau para o marido, que o tocava agora, acompanhado inicialmente apenas pelas palmas de Tonks e Serenna, que indicaram aos outros como continuar, as duas se preparando para o desafio.
Leo atravessou na frente de Snape, estático ante aquilo tudo, indo ficar ao lado da irmã, e começando a acompanhar o tio na canção tradicional de capoeira, com sua voz infantil sobressaindo-se com graça na melodia manhosa que ditava o ritmo para a luta:
- Zumzumzum... capoeira mata um...
Na grande roda que se formara, não havia ninguém mais espantado que os membros da Ordem da Fênix ali presentes, pois somente Shakebolt e Tonks tinham aulas com André Laurent e defendiam a idéia de que o esporte poderia ajudar no condicionamento físico dos novos aurores em treinamento, mas isso ainda era um simples projeto...
O top curto e branco, deixando a barriga de fora, a calça também branca com aquelas faixas coloridas na cintura, os pés descalços, os cabelos negros em longas tranças, era revelador demais para a tranqüilidade de Snape. Lupin também parecia aturdido, e Harry Potter se sentiu divertido, ao perceber a reação de ambos. Tudo bem que Snape fosse possessivo e cuidadoso com relação à irmã, mas perceber que seu amigo Remus estava um pouco... enciumado pela “admiração” que sua esposa auror despertava, era novidade.
Remus nunca se importara com o jeito de se vestir de Tonks.. Afinal, ele a conhecera usando uma camiseta das Esquisitonas e um jeans rasgado... mas aquilo era demais! Havia olhares ali provavelmente muito mais interessados nos... atributos físicos das duas lutadoras do que na luta em si.
Snape se inquietava por motivos semelhantes: sua irmã ainda não convivia tranqüilamente no meio bruxo, ainda nem se considerava uma bruxa inteiramente. Claro que se sentia mais à vontade em roupas trouxas. E ele convivera com ela um bom tempo em sua casa trouxa para não estranhar seu gosto, em momento algum digno de alguma crítica... mas vê-la exposta daquela forma num meio em que aquele tipo de traje era completamente inusitado... já era outra coisa. Já percebera as idéias de alguns engraçadinhos... que já teria estuporado em outros tempos. Com certeza, isso lhe causaria dores de cabeça futuras...
Mas ambos tiveram que admitir: os movimentos ágeis e ao mesmo tempo suaves eram interessantes. Por momentos,elas pareciam dois animais se movendo com graça junto ao solo e no momento seguinte já se erguiam, num verdadeiro balé.
Mel, espontaneamente, nomeava alguns dos golpes e movimentos para os amigos ao seu lado, sem perceber que muitos prestavam atenção no que dizia, curiosos:
- Aquilo foi uma meia lua de frente... agora, uma meia lua e armada. Isso é um rabo de arraia...
Quando até mesmo o flash da máquina curiosa de Colin Creevey pode ser ouvido, Snape achou que já haviam despertado muita atenção. Então, chegou ao lado de André e falou algo em seu ouvido. Este assentiu, entendendo, e sinalizou pras mulheres, que em poucos minutos terminavam sua performance.
Palmas entusiasmadas foram ouvidas, enquanto as bruxas transfiguravam suas vestes novamente.
- E aí, colega? O que achou? – Tonks perguntava para Ana, que estava boquiaberta. Não imaginara que a Auror aprendesse tão rapidamente a técnica.
- Juro que me lembrei da entrada da Durmstrang no quarto ano e...
- Do que você está falando, Ana? – Harry espantou-se – Nunca vi ninguém de Durmstrang fazendo nada parecido.
- A tia Ana está falando do filme... – Mel começou a dizer, então parou, assustada, murmurando - Não acredito! Fizemos isso de novo!
Constatando que apenas o grupo “familiar” tinha permanecido em volta delas, Serenna explicou, rindo da menina que corara como um pimentão:
- No filme 4... os produtores idealizaram a entrada das duas escolas de uma forma bem inusitada. Inclusive, foi um professor brasileiro de capoeira que treinou o grupo e também atuou como figurante, representando um colega de Krum. Ah, claro, ele também ajudou na coreografia do baile de inverno, ensinando a Emma, que faz a Hermione – Ela fitou a esposa de Rony com um sorriso engraçado e, ante o espanto geral, voltou-se para André – O que me lembra que você está me devendo aquele DVD. Acredito que, se conseguirmos dar um jeito, todos aqui vão gostar de conferir...
- Fale baixo! – Ana recomendou – Você conhece as regras. Se alguém do Ministério ouve isso...
- Ops... desculpem! – Serenna sorriu, marota – Quero beber algo gelado, urgentemente. Concorda comigo, Tonks?
- Claro! Que tal um sorvete, turma?
Os mais novos concordaram com entusiasmo, enquanto os adultos ainda permaneciam levemente preocupados, mas não ouve outro jeito senão acompanhar as duas até a sorveteria.
Snape estava em silêncio, um perigoso silêncio, que fez Ana fitá-lo com o canto o olho. Mentalmente, usando a peculiar capacidade que os unia e Serenna chamava de “luz roxa” já havia repreendido a irmã, que retrucara dizendo que ele estava exagerando em seu cuidado. Afinal, ele já a vira em rodas de capoeira anteriormente, na companhia de seus irmãos brasileiros. E ela concordava inteiramente com Schakebolt, os bruxos eram muito dependentes de suas varinhas, precisavam desenvolver outras habilidades...

Remus Lupin era outro que estava pensativo, mas não pelo mesmo motivo. Ele observou Snape por um momento, e deixou escapar um suspiro desanimado. Quanto mais pensava no seu plano, mais esbarrava no principal impedimento para sua realização: Ranhoso!
Quanto mais conhecia Serenna, mais se surpreendia. E também, mais se convencia de que estava certo. E agora tinha certeza de que não teria problemas em convencer aquela que seria sua principal “colaboradora”. Serenna Snape era uma mulher de coragem, sem medo dos desafios. E só precisaria aprender a vencer o medo que provocava a forma inusitada de seu bicho papão, que para Lupin era apenas... o retrato de um velho amigo.

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Gente, com a psotagem do cap. 17 de "Harry Potter e o Segredo de Corvinal" pela Belzinha, precisei alterar um pequeno trecho aqui, ok?
(hehe... incluir o Lipe antes era spoiler... apesar de ter passado batido o fato de Snape estar verificando novos itens pra seu estoque... ninguém perguntou o motivo...)

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