A HERDEIRA DE HOGWARTS feliz a



A viagem seguiu calma depois da invasão de Draco Malfoy na cabine dos Weasley até chegarem a Hogwarts. Encontraram Neville Longbottom carregando Trevo, seu sapo pelos corredores do trem, que se juntou a eles. Puderam perceber o Expresso de Hogwarts reduzir a velocidade até parar todo na escuridão da estação de Hogsmeade. Os alunos estavam surpreendidos com o céu estrelado daquela noite. Harry desceu primeiro e parou para contemplar as constelações no céu. Em seguida apareceu Hermione, que trazia Bichento em suas vestes. Depois desceu Rony com a gaiola de Pitchinho embaixo do braço.

Aos poucos todos desciam do trem. Harry percebeu a multidão de crianças do primeiro ano que entravam nos barcos que atravessavam o lago até o castelo, tradicionalmente. Conseguiu avistar Hagrid de longe ajudando os novos alunos.

- Estes alunos têm mais sorte que os que entraram no ano passado. Lembra daquela tempestade? – recordava Gina.

- É verdade. Dênis Creevey principalmente. – lembrava Harry junto com as risadas de Fred e Jorge. Dênis Creevey, irmão do fã número um de Harry, Colin, havia caído no lago no ano anterior.

Carruagens esperavam os alunos de outros anos e Harry, Hermione, Neville e Rony pegaram logo a mais perto. Os garotos passaram pelos portões, ladeados por estátuas de javalis alados, e as carruagens subiram o caminho até o castelo.

- O castelo parece até mais bonito sob esse céu. – elogia Hermione.

A carruagem parou em frente das enormes portas de entrada de carvalho, a que se chegava por um lance de degraus de pedra. Rony saiu seguido por Harry, Neville e Hermione, que agradeceu o motorista da carruagem. Subiram as escadas e entraram no castelo de Hogwarts. Rony entrou com cautela, pois se lembrava do ano anterior, em que Pirraça, o poltergeist do castelo, os recebeu com balões de água. Passaram o saguão de entrada e logo viraram na porta de folhas duplas à direita. Porém, antes de entrarem no Salão Principal, foram surpreendidos por Argo Filch, o temível zelador.

- Por favor, Srta. Granger, a professora McGonagall quer falar com a senhorita. Siga-me.

Hermione olhou para os amigos que deram de ombros.

O Salão Principal estava com o aspecto mais esplêndido do que nunca. E todos perceberam. Corria em todas as mesas a surpresa com o castelo tão lindamente decorado. As velas penduradas estavam magicamente acesas neste ano, de acordo com as cores da casa onde estavam localizadas. Assim, acima da mesa da Grifinória, velas emitindo luzes vermelhas e amarelas iluminavam todos os alunos já sentados. Os quatro amigos passaram a mesa da Sonserina, que como sempre olhavam feio aos garotos, depois a mesa da Corvinal, estranhamente alegre, Lufa-lufa, que ainda demonstrava o clima de tristeza pela morte de Cedrico, e por fim a mesa da Grifinória. Boa parte dos alunos da casa já estava reunida. Acomodaram-se na ponta da mesa Harry , uma cadeira vazia a Hermione e Rony e Neville à frente.

Harry olhou para a mesa central, onde ficava todos os professores e o diretor da escola, Alvo Dumbledore. Harry olhou com mais atenção para a mesa onde sentavam o Prof. Flitwick, professor de Feitiços, Profª. Sinistra, do Departamento de Astronomia conversando com a Profª. Sibila, de Adivinhações, do lado dela havia um lugar vago que presumia ser da Profª. McGonagall, que ajudava os alunos do primeiro ano a se organizarem. Do lado oposto da mesa estava Prof. Binns, que dava História da Magia, Profª. Sprout, a mestra de Herbologia. Ao seu lado, o professor de nariz de gancho, de cabelos oleosos e de rosto macilento, Snape, o mestre de Poções. E então outras duas cadeiras vazias, provavelmente de Hagrid e do novo professor de Defesa Contra a Arte das Trevas. E então no meio de todos, o diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore. Harry cruzou seu olhar com o de Dumbledore que devolveu uma piscadela característica. Aí então se lembrou da carta em que Sirius dizia que teriam surpresas em Hogwarts. Começou a ficar ansioso. Harry olhou para o teto, que era encantado para parecer o céu lá fora e nunca tivera um aspecto tão maravilhoso e feliz.

De repente, as portas do Salão Principal se abriram e fez-se silêncio. A Profª. Minerva vinha à frente, puxando uma enorme fila de alunos do primeiro ano. Todos estavam sorridentes e via-se que muitos tremiam de nervoso. Atrás da fila, vinha Hermione, com os olhos cheios de água. Calmamente, sentou-se ao lado de Harry e, sorridente e chorona ao mesmo tempo, abraçou o amigo. Harry não entendeu nada:

- Qual é o problema, Mione? – indagou.

- Logo você saberá! Hoje é o dia mais feliz da minha vida! – respondeu incrivelmente emocionada.

A Profª. McGonagall agora colocava um banquinho de três pernas diante da escola e, em cima, um chapéu de bruxo, extremamente velho, desgastado e sujo. As crianças abriram os olhos de medo. Em seguida, abriu-se um rasgo junto à aba, que se escancarou uma boca e o chapéu começou a cantar:



Eu sou o Chapéu Seletor de Hogwarts
Há mil anos ou pouco mais,

Eu era recém-feito

E ainda assim eu dou de dez a zero

E estou para decidir seu destino

Preparem-se, pois Grifinória pode ser sua Casa
Seu fundador Gryffindor o mais valente e nobre

E assim serão os escolhidos,

Talvez será Lufa-Lufa sua morada

Hufflepuff seleciona os mais aplicados e justos,

Para Ravenclaw os mais inteligentes e sempre alertas

Ganhavam espaço em sua casa, Corvinal,

Ou quem sabe Sonserina seja melhor

A casa dos homens de astúcia e ambição

Slytherin pode chamá-lo para sua morada,

E aqui estou eu, para selecionar os melhores,

Coloque-me entre suas orelhas

Não adianta fugir ou tentar me enganar

Sei tudo o que esta em sua mente

E saberei defini-lo melhor que ninguém

Não tenham medo, me experimente!

Pois eu sou o único Chapéu Pensador e Seletor

Que pode salvá-lo em Hogwarts.



Aplausos espalharam-se pelo Salão Principal ao fim da canção. A Profª. Minerva desenrolava agora um longo pergaminho.

- Quando chamar seu nome sente-se no banco e ponha o Chapéu Seletor. Quando anunciar sua casa, vá se sentar à mesa correspondente. – explicava aos alunos do primeiro ano.

- O novo professor não vai chegar nunca? – perguntava Neville.

- Adams, Vítor! – gritava a Profª. Minerva.

Um menino pequeno adiantou-se e sentou-se na cadeira, colocando o Chapéu. Rony resmungava a Harry.

- Eu estou começando a ficar com raiva desse nome.

- O garoto não tem culpa de que você não pode ouvir o nome Vítor que já vem à cabeça o Krum dançando com a Mione. – respondeu Harry.

- Sonserina!

- Tinha que entrar na Sonserina! – dizia Rony.

- Vocês falaram meu nome? – perguntou Hermione aos meninos, limpando as lágrimas do rosto.

- Não, não falamos. – respondeu rapidamente Rony.

- Brefechak, Cesar!

- Corvinal!

Harry reparou sentada na mesa da Corvinal, Cho Chang, a apanhadora da Cornival, aplaudir o novo membro.

- Bunton, Susan!

- Grifinória!

- Croufort, Ryan.

- Sonserina!

Muitos aplausos ecoaram no Salão vindos da mesa da Sonserina. Rony reparou Malfoy aplaudindo alegremente e, junto com os irmãos, começou a vaiar. Malfoy virou-se para a mesa da Grifinória e encarou Rony, que ficou nervoso.

- Eu vou até lá quebrar a cara desse moleque!

- Calma Rony, não vale a pena! – dizia Harry, segurando o amigo pelo antebraço.

- Ai, antes de sair daqui eu retiro todo o gel daquele cabelo com cuspe, você vai ver! – ameaçava Rony.

A chamada foi passando aos poucos e Neville começava a reclamar de fome, como todos os anos. Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma da Grifinória, estava reunido com os garotos, na extremidade da mesa. Comentava que nunca vira uma festa tão bonita em tantos anos de Hogwarts.

- Realmente, eles me surpreenderam! – dizia enquanto “McPerce, Kevin” era selecionado para a Lufa-Lufa.

- Pradick, Brian!

- Grifinória!

- Pois é, surpreendeu a todos! – complementava Gina, enquanto aplaudia.

Rony percebeu que Hagrid já havia tomado seu lugar na mesa dos professores. Mandou um aceno e o grande professor de Trato das Criaturas Mágicas devolveu um sorriso.

E finalmente, cinco minutos depois, encerrou-se a cerimônia do Chapéu Seletor, onde a Profª. Minerva levou-o embora. O Prof. Dumbledore levantou-se e, sorrindo para todos os estudantes, fez o último discurso.

- Sejam todos bem-vindos a escola Hogwarts. Eu espero que passem aqui os melhores anos de suas vidas! Agora, o banquete e Bom apetite!

- Graças a Deus! – agradecia Neville, quase verde de fome.

As travessas de prata que estavam em cima das mesas magicamente encheram-se de comida diante dos olhos de todos. De repente, todos estavam com os pratos lotados de comida de todos os tipos. Hermione começou a olhar a comida em seu prato e disse:

- E pensar que tudo isso foi feito por mão-de-obra escrava! – recordava-se dos elfos domésticos.

- Ah não Mione! Depois você fala disso, por favor! – dizia Rony.

- É, só de lembrar daquele bendito F.A.L.E. que você criou, já me faz perder toda a fome! – resmungava Harry, com três pedaços de carne na boca.

Surpreendentemente, Dumbledore levantou-se e deixou Snape falando sozinho. Dirigiu-se a mesa da Grifinória, com alguns alunos olhando, outros estavam muito entretidos na comida e nos amigos. Passou por Harry, Rony, Neville e Hermione e os cumprimentou.

- Que estranho! – cochichava Rony aos amigos. – Nunca vi o Dumbledore levantando-se da mesa dos professores antes.

O diretor de Hogwarts foi até a outra extremidade da mesa conversar com uma pessoa. Eles não tinham reparado e desviavam das pessoas na mesa para tentar ver melhor com quem Dumbledore conversava. A pessoa parecia estar com algum tipo de capa, pois ninguém conseguiu perceber se era um aluno ou outro convidado do diretor de Hogwarts.

- Lino, licença. – pedia Hermione, curiosa.

- O que faria uma pessoa ficar toda encapuzada e isolada num lugar com este? Deve ser um dos amigos malucos de Dumbledore. – disse Rony.

- Talvez seja o novo professor de Arte das Trevas. – supôs Neville.

- E o quê faria um professor sentado no meio dos alunos da Grifinória todo escondido? – perguntou Hermione, achando a possibilidade impossível.

Ao contrário dos outros, Harry não dava a mínima atenção a quem Dumbledore estivera conversando e continuara comendo.

- Mas quem será? – perguntava curioso Rony.

De repente, Dumbledore e a misteriosa pessoa começaram a vir na direção deles.

- Eles estão vindo para cá ou é impressão? – desconfiava Hermione.

- Não fique olhando, Mione! – dizia Rony.

- Eles estão vindo para cá sim! – exclamou Neville.

- Finjam que nem perceberam que Dumbledore estava ali. – disse Rony.

Dumbledore e a pessoa encapuzada postaram-se diante deles.

- Com licença. – pedia Dumbledore a turma reunida – Ela é nova aqui. Então eu pensei que vocês poderiam ajudá-la a se enturmar. Ela é só um pouco tímida. Você seria uma ótima companhia para ela, Srta. Granger.

- Eu? – perguntava Hermione, corada com o elogio.

Hermione pediu que as pessoas do lado dessem um espaço a mais a pessoa, que ficou o tempo todo com o rosto abaixado e coberto pelo capuz. Ninguém sabia o que falar, então Rony tomou a iniciativa:

- Então, quem é você?

De repente a pessoa levantou o rosto e retirou o capuz. Era uma garota comum, de compridos e ondulados cabelos castanhos. Bonito mesmo eram os profundos olhos azuis que faziam qualquer um invejar e querer ter iguais. Rony cutucou Harry por baixo da mesa. Harry fez cara feia para Rony e bateu o olho na garota.

- Uau! – exclamou Harry, olhando direto em seus olhos.

“Foi realmente estranho”, assim definiria Harry. No exato instante em que os olhos verdes de Harry cruzaram com os olhos azuis da garota, parecia que o mundo havia parado. Uma nova sensação crescia dentro do corpo do garoto e ele sentiu um calor repentino. Deveria estar bem corado.

Logo, todos os alunos da mesa a observavam. Apesar dos notáveis olhos azuis, a garota tinha uma expressão aborrecida.

- Algum problema? – indagou a garota levemente ríspida.

Ninguém respondeu. A menina pegou o garfo e começou a comer discretamente. Hermione percebeu a situação e perguntou gentilmente:

- Qual é o seu nome?

- Ametista. – respondeu, impaciente.

- Mas você não tem sobrenome? – continuava Hermione.

A garota suspirou inquieta. Rony cutucou os irmãos, que também passaram a assistir a cena.

- É Ametista Dumbledore. – respondeu ligeiramente agressiva.

Todos ficaram parados, achando que ouviram demais. Rony voltou a perguntar perdido.

- Como?

- Eu disse que meu nome é Ametista Dumbledore. – repetiu.

- Você é sobrinha do Dumbledore? – perguntava Hermione.

- Não, ele é meu avô, por parte de mãe. – respondia a garota cansada de ouvir tantas perguntas.

- AVÔ? – perguntaram todos juntos.

- Eu nem sabia que Dumbledore tinha filha! Agora já tem até neta! – dizia Rony, depois soltando um pequeno grito, pois Hermione o chutou por baixo da mesa.

- Minha mãe já morreu há muito tempo. – explicou a garota, com um tom de tristeza e revolta na voz.

- Desculpe-nos de fazê-la tocar nesse assunto. – pediu Hermione, olhando feio em seguida para Rony.

Ametista nada respondeu e continuou comendo. Hermione adiantou-se.

- Meu nome é Hermione Granger. – apresentou-se a garota, com um comprido sorriso no rosto.

Ametista devolveu um sorriso amarelo.

- Eu sou Rony Weasley, aqueles são Fred e Jorge – os dois disputavam um último pedaço mousse de caramelo – meus irmãos, e esta é Gina, minha irmã mais nova.

- Neville Longbottom, prazer. – disse Neville, estendendo a mão a Ametista.

A menina permaneceu sem se mexer, olhando para a mão de Neville estendida. Sentiu algo e olhou para a mesa dos professores. O diretor olhava-a autoritário. Ela bufou e quando foi estender a mão, Hermione percebeu que os pulsos estavam envolvidos com uma faixa azul.

- Sou Lino Jordan, narro os jogos de quadribol do colégio. – apresentou-se.

Ametista arriscou um riso e olhou para Harry, que não disse nada, ficou apenas olhando-a. O garoto ainda tentava definir a estranha sensação que sentia. Os dois ficaram se olhando, quando Rony deu um cutucão no amigo, que o fez voltar a realidade.

- Ah, desculpe. Eu sou Harry Potter. – disse o menino, gaguejando.

- Eu desconfiava. – respondeu com rancor a garota, sem olhar para Harry.

O menino notou a indiferença e ficou pelo resto da noite sem falar nada. Ao final, Dumbledore levantou e disse as últimas recomendações:

- Aos alunos do primeiro ano, a lista de objetos proibida está à frente da sala do Sr. Filch, o nosso zelador. Lembrando também que a Floresta é proibida a todos os estudantes. Agora, os monitores de suas casas o seguiram até a torre de sua casa. – e logo em seguida, sorriu carinhosamente a Hermione, que parecia chorar novamente.

Repentinamente, Hermione levantou e foi ao oposto da mesa da Grifinória e gritou, com um grande sorriso no rosto:

- Eu sou Hermione Granger e a monitora da casa Grifinória, por favor, alunos do primeiro ano, sigam-me!

Harry e Rony ficaram boquiabertos. Nunca esperavam isso. Hermione olhava-os orgulhosa, cheia de lágrima nos olhos.

- O sonho foi realizado! – exclamou Rony ao amigo, gozando da cara da amiga.

Ametista seguiu para o outro lado do salão principal e desapareceu. Hermione guiou todos os alunos da Grifinória para sua torre. A velha gorda estava no quadro de sempre, já dormindo. A garota teve que gritar para acordá-la. Passou então a senha para todos (“Corações de Chocolate”) e subiram. Indicou aos alunos seus quartos e sentou-se no sofá da Sala Comunal da Grifinória.

A lareira estava acesa e aproveitou para se esquentar, já que havia ficado muito surpresa com a notícia. Rony e Harry aproveitaram e sentaram-se junto à amiga.

- Como você conseguiu? – perguntou Rony.

- Naquela hora que o Filch me chamou, eu fui diretamente à sala da professora McGonagall. Lá, ela me disse que, depois da saída do Percy, eu era perfeita para o cargo, apesar das aventuras com vocês dois – a garota explicava, parecendo estar nas nuvens – Só que eu não recebi a carta antes por um acidente. E também me disse que foi Dumbledore quem me escolheu! Isso não é incrível?

Rony olhou para Harry e apenas riu. Hermione ficou chateada com o pouco caso feito por Rony e Harry e subiu para o quarto. Para surpresa da menina, a neta de Dumbledore estava no mesmo quarto que ela e assim, percebeu que tinha uma cama vaga e já arrumada.

- Você vai ficar aqui? – perguntou Hermione curiosa.

Ametista levantou o rosto e respondeu impaciente:

- Infelizmente, meu avô achou melhor eu dormir junto com as meninas do que num quarto separado.

Hermione percebeu a rispidez da garota, porém preferiu não responder, não queria parecer grossa. Continuou em uma posição boa.

- Isso é muito bom, assim nós já vamos nos conhecendo melhor.

Hermione começou a retirar a roupa e colocar o pijama. As duas permaneciam em silêncio. Ametista ia apagar a vela ao lado de sua cama quando Hermione a interrompeu.

- Eu não te perguntei uma coisa. Em que ano você está entrando, porque não é possível você entrar no primeiro!

Ametista parecia bem nervosa.

- Não, não. Eu estou entrando no quinto ano, assim como você. – explicava Ametista, enquanto ajeitava o lençol azul claro.

- Mas, como? – intrigou-se Hermione – Você fez algum teste ou coisa assim?

- Não. É que eu tinha aulas e meu nível é o quinto ano. – terminou de explicar rapidamente.

Hermione percebeu novamente as faixas azuis que cobriam os pulsos de Ametista.

- Ametista, o que são estas faixas nos seus pulsos? – perguntou Hermione, acanhada.

- Nada... Nada de mais. – respondeu a garota, gaguejando.

- É que eu achei estranho... – tentou disfarçar.

- Já tá meio tarde. Eu estou cansada de responder perguntas, portanto boa noite! – cortou Ametista, virando para o lado e fechando o dossel.

- Tá ótimo. – aborreceu-se Hermione, percebendo que não deveria ter perguntado nada.

No dia seguinte, logo de manhã, no café da manhã, Rony descia as escadas com Harry, este estranhamente feliz, e os dois conversavam sobre o dia passado:

- Como pode? O Dumbledore tinha neta e nunca contou nada. – dizia Rony.

- Vai saber, talvez ele tenha as razões dele. Ela é muito parecida com ele!

- Mas, não sei se você notou Harry, acho que ela estava um pouco impaciente ontem, não é mesmo? – comentou Rony.

- Eu fiquei quieto depois do que ela me respondeu ontem no jantar. Acho que ela não é muito amigável. – respondeu o garoto.

- Mas sabe o que é o mais estranho? Como ela vai entrar no primeiro ano? – perguntava-se Rony.

- Sei lá, ela já deve ter falado alguma coisa com a Mione. Depois a gente pergunta pra ela. – terminou Harry.

- Outra coisa, por que será que ela só está entrando agora em Hogwarts? Com certeza, eu teria orgulho de mostrar uma neta com aqueles olhos a todos.

- Talvez ela não seja esse mar de rosas... – debochou Harry.

No Salão Principal, quase todas as mesas já estavam completas. Harry e Rony encontraram Hermione sentada à mesa da Grifinória. Rony deu bom dia a menina, enquanto Harry sentava-se na cadeira. Hermione parecia aborrecida.

- O que aconteceu? – indagou Rony.

- Duas coisas – resmungava nervosa. – Assim como você, Malfoy riu da minha cara só porque ontem estava muito feliz por ser escolhida como a nova monitora da Grifinória. – respondeu arrogante.

- Mione, você ainda liga para o quê o Draco diz! Ele não vale uma lágrima que você derrubou ontem de felicidade. – disse Rony, tentando animar a amiga, mas ao mesmo tempo, com um tom irônico.

- Qual é o outro motivo de tanto aborrecimento? – indagou Harry.

- A netinha do Dumbledore – respondeu debochando com a fala atravessada. – Ela é super mal-humorada! Eu tentei ontem à noite e hoje de manhã ser legal, mas parece impossível. Ela é dura demais!

- Sério? – estranhou Rony. – Eu estava conversando agora mesmo com o Harry sobre ela. Foi muito impaciente ontem conosco! – resmungou o garoto.

- Ah, eu estava tentando conversar com ela ontem e no final me falou que vai entrar no quinto ano, vai estudar conosco! Isso não é demais?! – ironizou Hermione nervosa.

Rony e Harry entreolharam-se. Como seria possível a neta do homem mais paciente que já conheceram ser tão estranha? Ao final do café da manhã, viram Ametista entrando no salão cabisbaixa. Avistou os três alunos e sentou-se na outra extremidade. Hermione ficou boquiaberta.

- Ela nos viu e sequer veio sentar conosco! – indignava-se a garota. – Eu não levo tal desaforo!

Rony segurou o braço de Hermione, percebendo que a garota iria se levantar. Harry ficou apenas observando-a pensativo.

***

Aproveitando as horas livres, Hermione encaixou todas as aulas possíveis em seu horário, eliminando apenas a aula de Adivinhações, que este ano seria feita com o pessoal da Cornival. Como todo o ano, a aula de Poções era com a Sonserina e a de Herbologia com a Lufa-Lufa. Harry e Rony pegaram o mínimo de aulas e conseguiram bastante tempo livre. Enquanto esperavam Hermione terminar de ajeitar seus horários, avistaram Ametista chegando sorrateiramente. Os garotos ficaram olhando e Hermione não percebeu que a garota parou ao seu lado. Ametista apenas não pegou a aula de Estudo dos Trouxas.

- Agora terei tempo para praticar quadribol. – sussurrou para si mesma, fazendo com que Harry e Rony escutarem com dificuldade.

- O quê? – impressionou-se Rony – Ela joga quadribol?

- No meu time ela não entra. – cochichou Harry mal humorado.

Hermione voltou para perto dos meninos. Tinha centenas de papéis nas mãos.

- Eu tive uma idéia! Já que hoje não teremos aula, por que não jogamos um pouco? – propôs Rony, fazendo Hermione torcer o nariz.

- Eu vou à biblioteca. Não tenho tempo de ficar vendo vocês jogando quadribol – respondeu Hermione, saindo. – Até mais tarde.

- Quando a Mione vai parar com essa obsessão por estudos? – indagou Rony incomodado ao amigo.

- Para prestar atenção em você? – debochou Harry, fazendo Rony ficar com as bochechas rosadas.

***

Os meninos voltaram ao quarto para pegarem suas vassouras e convidar Fred e Jorge para jogarem com eles. Enquanto isso, Harry ou Rony nem imaginavam que Ametista subia até a sala de Dumbledore. À frente do quadro da sala do avô, a garota disse a senha (“Gatos Adocicados”), e a grande porta apareceu. Ametista bateu na porta e ela se abriu sozinha. No fim da sala, rodeada de objetos pratas e a gaiola de Fawkes num canto, viu seu avô com a varinha a mão, como quem tivesse aberto a porta. Entrou e só então percebeu que Dumbledore estava com visitas. Sentado em uma cadeira à frente da mesa do avô, Arthur Weasley e o professor Snape conversavam. Ametista entrou meio sem graça.

- Desculpem-me interrompê-los – disse rapidamente. – Bom dia.

- Arthur, esqueci de mencionar. Esta é a neta de quem te falei, Ametista. – disse Dumbledore com um grande sorriso no rosto.

- Nossa, ela é realmente muito parecida com você e a mãe. E é muito graciosa. Como vai?

- Muito bem. – respondeu ligeiramente inquieta.

- Este senhor é Arthur Weasley, pai de Ronald, Ametista. – disse Dumbledore.

- É... Eu reconheci pelo sobrenome. – confirmou Ametista veloz.

- Bom, minha querida, o que veio fazer aqui? – perguntou Dumbledore calmamente.

- Eu queria saber se posso jogar um pouco de quadribol. – respondeu Ametista.

- Claro que pode. Apenas avise a professora McGonagall.

- Obrigado vovô. Foi um prazer conhecê-lo, Sr. Weasley. Com licença. – despediu-se, saindo da sala.

- Como ela é parecida com a mãe, Dumbledore. – elogiou Arthur.

- É, e já a enturmei com o seu filho, a Srta. Granger e com Harry Potter. – disse Dumbledore, fazendo o rosto de Snape contorcer-se de ódio.

***

Harry, Rony, Fred e Jorge já estavam nos jardins de Hogwarts com suas vassouras. Rony pediu o pomo de ouro para a professora Minerva, que consentiu após ver que eles iam apenas treinar e não enfeitiçar o pomo como Fred e Jorge já haviam feito anteriormente. O garoto voltou segurando fortemente o pomo na mão esquerda e Harry subiu velozmente em sua Firebolt. Estava louco para dar um volta depois de tanto tempo em sua vassoura. Fred e Jorge ficavam batendo seus bastões como se fossem duelar com espadas. Rony acenou à distância para Harry dar uma volta na vassoura para aquecer e desenferrujar. O garoto deu o impulso e saiu voando rapidamente, sentindo a brisa leve do ar contra seu rosto, embaraçando ainda mais seu cabelo.

Porém, quando tomava a direção do chão, algo muito mais veloz atravessou à sua frente e ele quase perdeu o equilíbrio. Quando se ajeitou na vassoura, pôde perceber o que havia atrapalhado seu pouso. Uma vassoura incrivelmente linda, possuía um cabo totalmente dourado e brilhante, com seu nome escrito em suaves letras clássicas em prata: Firebolt Special. As cerdas da vassoura eram todas do mesmo tamanho e unidas por um finíssimo fio prata, que reluzia mais que a própria luz que toda a vassoura imitia. Harry também conseguiu notar que os garotos observavam a vassoura boquiabertos, impressionados com um produto de última geração.

- Incrível, é maravilhosa! – exclamava Fred.

Então Harry pôde perceber que era Ametista quem o havia fechado no ar. A garota tinha a expressão vitoriosa no rosto, diante da surpresa do mais novo apanhador que o mundo já viu. Por um momento, o garoto desconfiou que ela tinha ouvido sua conversa sobre treinar com Rony e apareceu de propósito.

- Com ela poderíamos até derrubar a Lufa-Lufa, a Corvinal e a Sonserina juntas. – comentou Fred sobre a vassoura.

- Venceríamos até o Vítor Krum! – disse Jorge, fazendo Rony bufar.

Fred olhou a vassoura e de longe admirava cada centímetro dela, fazendo os outros rirem. Ametista pousou e Harry veio logo atrás. Jorge e Fred permaneceram onde estavam enquanto Rony aproximou-se de Harry. Esse nem deu importância ao amigo e dirigiu-se para cima de Ametista, que descia lentamente da vassoura.

- O que você pensou que estava fazendo? – perguntou Harry nervoso.

- Qual é o problema Potter? – indagou a garota indiferente.

- Eu é que pergunto! – irritava-se Harry. – Qual é o seu problema comigo?!

- Nenhum. Apenas acho que você deveria saber que só porque tem esta cicatriz na testa, não vai me intimidar. – respondeu ríspida.

- O que?! – indagava Harry alterado. – Por que eu deveria intimidar você?!

- Eu sei que você é metido por causa disto que você possui no meio da cara – Rony abria os olhos desacreditado. – E eu não tenho medo de você.

Harry não entendia porquê a garota se portava daquela maneira. Mas também não importava, já que era tão grossa.

- Eu não sou e nunca fui desta forma! Você nem me conhece e já acha que sabe de tudo! – respondia Harry aborrecido. – Você chega aqui do nada e só porque tem um grande sobrenome acha que pode esnobar as pessoas como se fossem nada!

- Eu não fiz isso! – reclamou a garota.

- Como não?! Ontem você foi insuportável com todos nós e sequer deu importância para a Mione! – respondeu revoltado com a cínica garota.

Rony observava a discussão abismado. Harry nunca tinha brigado tão fortemente com alguém antes.

- Ah! Então é por isso que está tão nervosinho! – zombava Ametista. – Eu fui grossa com a sua namoradinha!

Rony não gostou da colocação da garota e fechou a cara.

- Ela não é minha namorada! – gritou Harry. – E eu não sou obrigado a ficar aqui ouvindo isso!

- Realmente! E eu não estou te segurando! – respondeu Ametista ríspida.

Harry abriu os olhos desacreditado. O sangue subia na cabeça e, se não fosse uma garota, com certeza ele já teria enfiado um soco na cara.

- Que foi Potter? A verdade dói, não é?! – insinuou a garota.

- Quem é você para dizer estas coisas?! – respondia Harry berrando.

- Bem que me disseram – dizia ela em tom superior. – Realmente, você se acha muito, não é?!

- E quem foi que disse isso para você? – indagou Harry curioso.

- Meu professor. – respondeu quase que imediatamente.

- E quem é seu professor? – perguntou novamente.

Harry agora estava com o rosto praticamente colado ao de Ametista. Os dois confrontavam-se cara a cara, ela sempre olhando bem no fundo dos olhos verdes do garoto.

- Você o conhece bem: Severo Snape.

Harry perdeu a fala. Ficou durante alguns segundos com o nome na cabeça e depois começou a rir.

- O que é tão engraçado? – questionou Ametista ainda séria.

- Eu já deveria saber – dizia Harry mais calmo. – Snape me odeia tanto que consegue colocar pessoas contra mim de uma forma tão covarde!

- O que você está dizendo?

Harry voltou-se para a garota novamente. De primeira, teve um pouco de raiva, porém depois entendeu que ela havia sido influenciada.

- Durante quanto tempo você teve aulas com Snape?

- Há muitos anos. Cerca de oito ou mais. Mas por que você quer saber isso? – indagou Ametista desconfiada.

- Não vai adiantar explicar, você não vai acreditar mesmo. – duvidou.

- Como você sabe? Talvez me convença, se a história foi convincente. – desafiou a garota, já que as palavras de seu avô sobre Harry ser um ótimo garoto sempre vinham a sua cabeça e confrontavam com as idéias de Snape.

Harry sentiu seu sangue subir a cabeça de novo. Ela continuava a enfrentá-lo. Então, pensou em um modo de desafiá-la igualmente. Deixá-la na espera, curiosa.

- Eu proponho um desafio – explicava Harry, enquanto a garota franzia a testa. – Uma partida rápida atrás do pomo de ouro. Se você ganhar, não precisa “gostar” de mim ou ouvir o quê tenho a dizer. Mas se eu ganhar, você vai ter de acreditar na minha história e ver que Snape é um covar... – ia dizendo Harry quando ela voltou a ficar nervosa, não gostava que falassem mal dele. – É um homem invejoso. – completou, finalizando.

- Mas Harry – interrompeu Rony antes que Ametista pudesse responder. – Ela possui uma vassoura muito melhor que a sua! Ela ganhará certamente!

Ametista aproximou-se.

- Então proponho duas partidas através do pomo de ouro. Em um você jogará com a sua Firebolt, e no outro, jogará com a minha.

Harry trocou olhares com Rony, tentando captar alguma opinião do amigo. Rony concordou com a cabeça ligeiramente.

- Eu aceito. – disse Harry, pegando sua Firebolt.

- Eu vou pegar o pomo. – disse Rony.

Harry olhou a vassoura de longe. Ametista então, pegou a vassoura e entregou a Harry.

- Vá, de uma volta e tome cuidado com ela, não quero que caia e a destrua! – pediu a garota ainda impaciente.

O menino pegou a Firebolt Special e subiu rapidamente o mais alto que podia. Não sentia qualquer instabilidade ou mesmo tremedeira. Apenas contemplou tudo de cima. Voltou ao chão maravilhado com a perfeição daquela que nem se comparava com a sua Firebolt.

- Você realmente voa muito bem, Potter – ironizou debochando a garota levemente. – E então, vamos à partida? – perguntou Ametista.

Fred e Jorge olharam para a menina e riram discretamente.

- Aposto cinco galeões que essa garota não consegue pegar o pomo. Ela nunca ganharia do Harry. – sibilou Jorge a Fred.

- Vamos? Eu estou esperando uma resposta. – dizia em meio a sorrisos que enfrentavam o garoto.

- Vamos atrás do pomo então. – topou seguro.

- Pode jogar com a minha Firebolt primeiro. – disse Ametista para Harry.

- O quê? Você quer ganhar do melhor apanhador da escola com uma vassoura pior? – dizia Fred abismado.

- Potter decide. – respondeu serenamente, cheia de confiança.

Rony voltou com o pomo na mão. Todos esperavam a resposta de Harry, que aceitou depois de pensar um pouco. Ametista pegou a Firebolt de Harry e rapidamente postou-se ao lado do garoto, com a Firebolt Special. Rony sussurrou no ouvido do amigo:

- Ela não ganha de você, ainda mais com a sua vassoura.

Rony de repente apitou e os dois saíram voando. Claro que Harry saiu em vantagem por causa de sua vassoura ser bem melhor do que a de Ametista. Rony então soltou o pomo, que começou a voar ligeiramente. Depois de rodar uns cinco minutos, Ametista avistou o pomo a cerca de cem metros. Correu o máximo que podia, porém Harry era mais rápido e pegou o pomo. Os dois desceram ao solo e Jorge e Fred estavam rindo da garota. Ametista então disse a Harry sarcasticamente:

- Parabéns Potter, agora eu vou com a minha vassoura.

Rony olhou e balançou a cabeça como quem não acredita no que ouvia.

- Você não se conscientizou de que ele é melhor? – disse Rony a Ametista, que apenas olhou, não aceitando a derrota.

- Eu já sei que ele é bom. Agora só quero ver como se comporta com a vassoura dele. – e olhou em seguida para Harry.

Harry pegou a sua vassoura e estava decidido a acabar com a confiança da neta de Dumbledore. Queria provar porque era o apanhador da Grifinória. Agora era uma questão de orgulho.

Estavam emparelhados quando Rony apitou e os dois subiram. Por espanto de Harry, Ametista demorou a subir. Quando chegou na mesma altura de Harry, ficou apenas esperando Rony atirar o pomo. Depois de soltado a pequena bolinha dourada, os dois ficaram espertos procurando o pomo. Dez minutos depois, os dois viram o pomo caindo perto dos garotos no gramado do castelo. Os dois tomaram então a mesma posição e correram para baixo. Cada vez que ficava mais perto do solo, Harry olhava para Ametista emparelhada a ele. Ela não conseguiria. Ele pegaria o pomo de qualquer jeito. Ao mesmo tempo, os homens haviam terminado a reunião na sala de Dumbledore e saíram para os jardins do castelo. Os três pararam ao lado de Rony e ficaram apenas olhando Harry e Ametista vindo a alta velocidade. Dumbledore espantou-se:

- Eles vão bater no chão!

Harry percebeu que todos estavam olhando e resolveu empenhar-se mais ainda. Quando estavam perto do chão e do pomo, Harry viu que seria impossível fazer aquela manobra sem se estatelar no gramado. Mas via Ametista tão obstinada que resolveu enfrentar. A poucos metros do pomo e do chão, percebeu que não conseguiria endireitar a sua Firebolt de nenhum jeito. Então diminuiu a velocidade. Ametista, porém continuou e fez uma manobra espetacular, em que pegou o pomo encostando-se ao chão. A garota chegou ao solo e todos olhavam-na impressionados. Sr. Weasley começou a aplaudir. Depois todos passaram a aplaudir. Fred, Jorge e Rony ficaram boquiabertos. Harry estava bobo com a apresentação de Ametista e estendeu a mão para a garota, que apenas a apertou e depois disse:

- Você ainda é o melhor, Potter. – ironizou.

- Obrigado, mas agora empatamos. Como ficará o nosso combinado?

Ametista ficou pensativa. Ainda possuía a mesma postura superior diante de Harry. Mas ele percebeu que ela pensara melhor a seu respeito. Dumbledore e Arthur estavam sem entender nada. Snape crispava os lábios raivoso.

- Eu aceito escutar sua versão, Potter. Venha falar comigo mais tarde. – e desviou o olhar para Snape, como se não quisesse que ele soubesse que ela conversaria com Harry Potter e saiu, indo em direção ao castelo.

Snape passou ao lado de Harry e disse:

- Cuidado Potter, cuidado para não perder o lugar para a minha aprendiz. Cuidado. – e voltou a sua sala.

***

Perto do jantar, Harry encontrou Ametista sentada em uma poltrona escondido ao fundo da sala comunal da Grifinória. O garoto passou a tarde toda pensando em como começar a conversa. A neta de Dumbledore intimidava Harry claramente. Talvez fosse por ser tão determinada e mal humorada, ou apenas pelo fato de ter enigmáticos olhos azuis. Contara tudo o que acontecera a Hermione e a garota também rira quando ficara sabendo que Snape fora seu professor.

- Para agir daquele jeito, tinha de ter um mau exemplo. – zombou.

Harry ficou com aquelas palavras na cabeça. Decidiu resolver o problema rápido. Não queria ter ela como inimiga. Na verdade, ela fora a primeira pessoa que havia duelado tão fortemente.

- Ela poderia muito bem enfrentar o Malfoy. – sussurrou para si mesmo e riu em seguida.

De repente, alguém o cutucou nas costas. Harry virou veloz.

- Observando a neta do Dumbledore? – indagou Dino malicioso.

Harry riu ligeiramente. Sempre observara Cho daquela maneira, mas nunca havia reparado em qualquer outra na verdade. Aproximou-se devagar e Ametista levantou a cabeça ao ver o menino chegando. Harry corou ao perceber os olhos iguais ao de diretor o olharem.

- Finalmente Potter! – disse ela. – Já estava perdendo a paciência de te esperar.

- Paciência não é muito o seu forte, não é? – zombou Harry, fazendo a garota apertar os olhos.

- Não me provoque – respondia ríspida. – Eu estou aqui apenas pelo fato de que nunca concordo com algo que não conheço por inteiro. Já que não conhecia a sua versão da história, aqui estou eu para tomar uma posição.

Harry sabia que ela não era nem um pouco fácil. “Parece até o Sirius”, pensou ele. Teimosa. Ficaram até a hora do jantar conversando. Por inúmeras vezes, as partes das histórias que Ametista conhecia eram falsas e Harry custava a fazê-la acreditar. Uma pequena discussão surgiu quando o garoto contou o ocorrido com Sirius no terceiro ano. Snape havia contato a versão que contou para Fudge. Harry não podia acreditar. Ele havia vendido uma imagem sua como um garoto revoltado e muito mal intencionado – o jeito mais educado que conseguiu definir – para Ametista. Ao final, da troca de informações, Harry notou que estavam atrasados para a última refeição do dia. Mas na verdade, havia perdido a fome. Ametista ouvira tudo com muita atenção, mas não sabia se podia confiar em Harry, já que o quê conhecia dele, não era nada bom.

- E então? Acredita em mim? – indagou Harry ao final.

Ametista nada respondera. Observava o garoto pensativa.

- Não posso responder ainda Potter. Eu sempre ouvi outras coisas de você que eu posso garantir, eram bem piores que estas! – defendeu-se.

- Eu sei, mas eu gostaria que você não ficasse com uma impressão errada de mim ou de meus amigos. Eu imagino que o seu avô tenha te falado coisas boas sobre mim, não é mesmo? – supôs Harry sabiamente.

Ametista lembrou-se novamente das palavras do diretor e suspirou.

- Sem contar que a Mione só quis ser legal com você.

- É, mas é que, se você conhece uma pessoa como a sabe-tudo e presunçosa da escola... – tentava explicar.

Harry notava que apesar de tudo, Ametista ainda mantinha certa arrogância. Mas imaginou que até poderia se acostumar com aquilo.

- Acho melhor eu ir falar com ela. – disse Ametista em baixo tom.

Harry arriscou um sorriso de satisfação.

***

Mais tarde, perto do horário de todos dormirem, Ametista foi à biblioteca procurar Hermione, mas a garota não estava lá. Voltou então ao quarto e encontrou-na sentada na cama lendo alguns papéis. Sentou-se ao lado e perguntou o que era aquilo que estava lendo.

- Não... Não é nada. – respondeu fechando os papéis com pressa.

Ametista levantou e abriu o dossel de sua cama. Hermione também se levantou da sua cama e foi ao banheiro. Quando voltou, notou que Ametista a observava.

- Algum problema? – perguntou Hermione ríspida.

- Eu poderia falar com você, Granger? – perguntou Ametista.

Hermione virou as costas e foi em direção a porta. Quando foi sair, ouviu o apelo de Ametista, dizendo que era importante. Ela deu meia volta e sentou-se em sua cama.

- O que foi?

Ametista pigarreou baixinho e começou:

- Eu... Eu queria me... Desculpar com você. – ia completando as frases aos poucos. Aquilo parecia realmente difícil para Ametista.

Hermione abriu os olhos. Imaginava que a neta do diretor era orgulhosa o bastante para não pedir desculpas.

- Eu me comportei mal diante da sua atenção comigo. Eu não dei chance a você ou ao Potter para mostrarem quem eram realmente e... – dizia ela com a postura superior.

- O Harry me contou que você aprendeu bruxaria com Snape e, conseqüentemente, as histórias de Hogwarts que não tinham nos livros. – comentou Hermione amistosa.

- Eu queria realmente estabelecer uma amizade com vocês. Acho que tomei atitudes precipitadas, já que não conhecia vocês.

- Tudo bem – concordou Hermione, sentindo-se muito feliz por dentro. – Mas apenas com uma condição.

- Qual condição? – perguntou Ametista curiosa.

- Me chame de Hermione ou Mione, não de Granger. Eu lembro do Malfoy.

- Malfoy? – indagou Ametista como se já soubesse quem fosse.

- Provavelmente o aluno preferido do Snape – disse Hermione, fazendo Ametista sorrir. – Esquece, é uma longa história. Vamos descer para a sala comunal?

- Vamos. – respondeu Ametista.

As duas, agora amigas, desciam as escadas dos dormitórios femininos da Grifinória conversando sobre à tarde. Ametista contava a façanha em cima de Harry e Hermione morria de rir.

Desceram até a sala comunal e encontraram Rony e Harry já sentados na mesa. Os meninos assustaram-se com as lágrimas de Hermione.

- O que aconteceu? – perguntou Rony preocupado.

- Nada, é apenas a Ametista que me contou sobre hoje à tarde. Eu morri de rir. Queria ter visto a sua cara de derrota na frente do Dumbledore, do pai do Rony e do Snape. – dizia para Harry, em meio às risadas de Gina.

Rony e Harry entreolharam-se, pensando como as garotas já estavam unidas. Harry notou que era a primeira vez que vira Ametista sorrir. Parecia cada vez mais com o avô.

As garotas sentaram-se na poltrona juntas com os garotos e começaram a conversar. Gina ria junto com Hermione.

- Você também tá sabendo? – perguntou Rony a irmã.

- Muita gente já tá sabendo – respondeu – Pelo menos o povo da Grifinória.

Rony olhou para Harry, que parecia ainda bobo ao lembrar da manobra de Ametista. Ele apenas voltou o olhar ao amigo e disse:

- Só espero que isso não caia nos ouvidos do Malfoy.

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feliz 2007

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