a capa do profeta



CAPÍTULO UM – A CAPA DO PROFETA DIÁRIO



Já era de se esperar. As férias com a família Dursley não podiam ser chamadas de as melhores do mundo. Harry Potter gastava seu tempo dentro do quarto, lendo alguns livros que Hermione havia dado sobre quadribol e cartas antigas de Sirius, quando não relembrava dos últimos acontecimentos do quarto ano na escola de Bruxaria. Fazia uma semana que Edwiges havia levado sua carta ao padrinho, mas a resposta ainda não tinha chegado.

- Desça para o jantar!- gritava tia Petúnia do andar debaixo.

Até o jantar era entediante e irritante para Harry. Como de costume, tia Petúnia havia feito um assado de carneiro e alguns acompanhamentos. Duda não mexia mais com o primo, pois tinha medo que ele pudesse dar alguns daqueles efeitos aterrorizantes como fizera Jorge e Fred Weasley no ano anterior.

Logo após a sobremesa, o mesmo suflê de chocolate, Harry sentou na sala e tentou assistir um pouco de televisão. Porém, enquanto via o noticiário, ouviu um pio alto vindo de um dos cômodos do andar de cima. Subiu correndo, na esperança de ser Edwiges.

Alegremente, Harry encontrou sua coruja no parapeito da janela, uma carta amarrada a sua perna. O menino apressadamente retirou a carta e tratou de lê-la:

Caro Harry,

Espero que esteja bem, sei que passar as férias com seus tios não é o melhor descanso que se pode ter, mas logo você voltará a Hogwarts. Gostei muito de sua carta. Gostaria de estar com você aí em seu aniversário, mas estou muito ocupado, Dumbledore tem me dado bastante trabalho! Apesar disso, o tempo que tenho passado com Lupin está sendo muito bom. Ele é um grande amigo e também está com saudades suas. Mas quando voltar a Hogwarts terá grandes surpresas! Tome cuidado e me avise se sua cicatriz doer!

Sirius Black

- Uau! Surpresas!- exclamou Harry.

Uma semana depois, o menino acorda às sete horas da manhã muito feliz. Este é seu décimo quinto aniversário e havia tido um lindo sonho, como há muito tempo não tinha. Sonhara que estava com seus pais, Sirius, Lupin, Dumbledore, Hagrid, Rony, Hermione e uma outra pessoa que não conseguira distinguir, todos sorridentes e muito unidos. Levantara extremamente motivado porque sentia em seu sonho que estava realmente feliz, o que havia sido difícil depois dos últimos tempos. Parou em frente ao espelho de seu quarto e lembrou-se da cena de seu sonho. Era como se estivesse de novo diante do Espelho de Ojesed.

Desceu as escadas para tomar seu café. Chegou a mesa da cozinha e viu Duda encolhido num canto, comendo uma rosquinha de caramelo. Sabia que estava fazendo isto escondido porque sua mãe forçou-o a fazer uma dieta urgente.

Não disse nada e sentou-se à mesa. Tia Petúnia entrou em seguida e pegou Duda comendo as rosquinhas. Passou a gritar com o filho, uma coisa que Harry nunca havia visto. Em seguida, com o jornal na mão, tio Válter entrara com a cara amarrada.

- Esses juros, sobem cada dia mais!- depois observou sua mulher gritando com o filho e este aos berros, reclamando da atitude da mãe - E Duda, obedeça a sua mãe e largue esse doce!

Harry não estava prestando atenção ou mesmo importava-se com o tio gritando com ele por estar comendo o último pedaço de pão, estava feliz demais para prestar atenção. Voltou ao quarto, terminado o café e encontrou Pitchinho do lado de fora da gaiola de Edwiges. Tirou a carta de sua perna e olhou o pacote em cima de sua cama.

Amigo Harry,

Como está? Meus parabéns! Lamento não poder buscá-lo, mas mando estes presentes em nome da família. Estamos todos com muitas saudades e não vejo a hora de voltar à nossa rotina em Hogwarts. Mamãe e papai mandam um abraço e meus irmãos também. Se tiver alguma novidade, mande uma carta com tudo! Tem falado com Hermione? Não consegui encontrá-la nas férias. De qualquer forma, daqui a cinco dias passarão aí e você vem pra cá, assim vamos ao Beco Diagonal juntos, tá!

Rony
Harry abriu o primeiro pacote e era o suéter que Sra. Weasley sempre fazia para o garoto. O segundo era um conjunto de três livros contando tudo sobre quadribol e seus principais ídolos. O último era sobre a vida de Vítor Krum. Junto com ele, vinha um recado onde Rony explicava porque estava dando aquele livro (“Você acha que eu preciso saber alguma coisa a mais sobre esse cara?”). Um terceiro pacote vinha algumas das estripulias que Jorge e Fred faziam todo o ano.

Almoçou e a família não mencionou seu aniversário. Esperou algumas horas lendo o primeiro dos livros de quadribol, quando uma coruja preta entrou em seu quarto e deixou em cima da escrivaninha um pacote e uma carta. Harry pulou até o envelope. Era de um amigo muito querido.

Harry,

Parabéns! Como estão as coisas por aí? Espero que tudo ande bem. Sabe, a escola anda tão quieta sem os alunos, mas logo tudo voltará ao normal. Anda falando com Sirius? Espero que sim. Ele está ajudando bastante Dumbledore. Eu não ando vendo o professor Snape, acho que também está fazendo algum trabalho para combater Você-Sabe-Quem. Bom, quero que esteja feliz e contente por estar chegando o dia de volta a Hogwarts. Nos vemos daqui um mês.

Hagrid
Abriu o pacote e surpreendeu-se com uma grande foto dele com Hagrid em sua cabana, ao lado de Canino, seu cão. Era uma foto muito bonita, onde tanto Hagrid quanto Canino sorriam.

No final da noite, Harry começava a desanimar.

- Apenas Hermione não mandou uma carta sequer! O quê será que aconteceu?

Entretanto, foi apenas pensar que logo uma gritaria vinda do andar debaixo dispersou o lamento de Harry. Desceu correndo as escadas e deu de cara com o tio Válter com o rosto todo cheio de pó branco e uma pessoa atrás dele, envolta a uma fumaça vermelha.

Por espanto do garoto, a pessoa atrás dele era alguém muito conhecido por Harry:

- Mione! O que você está fazendo aqui?

A garota havia usado Pó de Flú para chegar até a casa do amigo. Porém, sua idéia de chegar de repente pela chaminé assutara tio Válter e toda a família, que limpavam-na.

- Surpresa!- dizia a garota, mais vermelha que um tomate.

Harry impressionou-se ao ver Hermione. A garota estava mais alta, com os cabelos lisos e muito bonita. Havia crescido e chamara bem a atenção do amigo.

- Quem é você?- gritava tia Petúnia.

- Sua garotinha maluca! Descer pela chaminé!- reclamava Válter Dursley, enquanto Duda escondia-se atrás da mãe.

- Vamos, eu te perguntei quem é você, que entra na casa dos outros assim, do nada!- voltava a gritar tia Petúnia – Duda, quer largar de mim!

- Me desculpe – respondia acanhada – Meu nome é Hermione Granger e sou amiga do Harry...

- Sabia! Tinha que ser um dos amigos malucos do meu sobrinho! Desse bruxinho de meia tigela!- esbravejava tio Válter.

- Venha Mione, suba aqui.- convidava Harry para tirar a amiga da confusão que a família Dursley fazia.

No quarto de Harry, Hermione entrou, sentou na cama e respirou fundo. O garoto viu que a amiga havia ficado espantada com a recepção. Tentando esquecer o que os tios tinham feito a pouco, começou a conversar com a garota.

- Então, Mione, o quê faz aqui às nove horas da noite?

- Primeiro de tudo – dizia a amiga tentando se recuperar do imprevisto – um abraço no meu querido amigo. – e deu um forte abraço em Harry – Segundo, seu presente. – deu um grande pacote para Harry.

O amigo abriu o presente e levou um susto: a capa do Profeta Diário do dia primeiro de agosto de quinze anos atrás. A foto no centro da página, mostrava seu pai, Tiago Potter, e sua mãe, Lílian Potter, sorridentes com uma pequena criança em seus braços. Tinha profundos olhos verdes e era muito cabeludo para um bebê. Harry deu conta então que estava vendo a si próprio nos braços de seus pais, no Salão Principal de Hogwarts com Sirius Black, Dumbledore e mais uma mulher bonita juntos.

Hermione percebeu que Harry estava com os olhos cheios de lágrimas, que segundos depois escorriam em seu rosto. Era um misto de felicidade e dor. Harry não conseguia falar absolutamente nada, apenas observava a foto e lembrava de todos os momentos que tinha na mente onde seus pais haviam aparecido. Depois de relembrar os seus espectros saindo das varinhas enquanto enfrentava Voldemort no ano anterior e as vozes de sua mãe pedindo piedade ao seu assassino quando se aproximava dos dementadores no terceiro ano em Hogwarts. Mas ao mesmo tempo, estava feliz de conhecer uma parte tão importante de sua vida: seu nascimento!

Depois de algum tempo, ele virou-se para Hermione e perguntou como a garota havia achado isso.

- O Rony por acaso comentou que eu não havia respondido suas cartas? – Harry confirmou com a cabeça – Pois foi por isso que não as respondi. Estava procurando por todos os lugares um presente ideal. E parece que encontrei!

- Mione! Isso foi incrível! Acho que é o meu melhor aniversário.

- Que bom! Harry, eu andei muito esses dias sabe e andei pensando algumas coisas.

- Que coisas?

- Bom, eu posso começar por alguém que eu vi andando no Beco Diagonal.

- Quem você viu lá?

- Snape.

- O professor Snape? Mas o que ele poderia estar fazendo lá?

- Ah, eu também não sei. Mas eu vi que ele levava várias sacolas na mão. A maioria era da Floreios e Borrões.

- Que estranho! O que o Snape iria querer comprar lá. Ele já tem tudo o que precisa!

- E não era pouca coisa não! Tinha coisa do Sr. Olivaras também.

- Eu me lembro que no ano passado, antes de irmos embora, o Dumbledore tinha passado alguma missão a Snape. Mas ele não disse o quê era.

- O Snape já sabia, porque não respondeu nada, lembra?

- Eu hein! Qual será o plano do Snape dessa vez?

- Não sei, mas isso é muito estranho, você não acha?

- É, pois é.

Na mesma noite, Hermione foi embora da casa dos Dursley, sem que eles percebessem, pois não agüentaria outro escândalo de tia Petúnia. Os dois estavam na sala às duas horas da madrugada se despedindo.

- Nos encontramos daqui uma semana no Beco Diagonal, certo?- dizia Hermione a Harry.

- Certo. Mande uma carta pro Rony, pois eu acho que ele tá preocupado com você e avise-nos do lugar para nos encontrar lá, ok?

- Tá bom. Tchau Harry e feliz aniversário!

***

Dali cinco dias, Harry arrumava suas malas logo de manhã, esperando a chegada dos Weasley. Tia Petúnia trancara Duda no quarto para protegê-lo de algum novo ataque dos irmãos gêmeos de Rony. Porém, desta vez, quem viria buscar seria Gui e Carlinhos, que por algum milagre, tinham ganhado férias juntamente com a família.

Por volta de três da tarde, os dois chegaram e tocaram a campainha da casa nº 4, na rua dos Alfeneiros. Tio Válter atendeu a porta com a cara mal-humorada de sempre.

- Nós viemos buscar Harry Potter.- dizia Carlinhos.

- Só um minuto.- respondeu grossamente aos rapazes.

Sr. Dursley deu um sinal a sua mulher e Petúnia gritou para Harry descer. O garoto desceu as escadas com poucas malas, o necessário para Hogwarts e para as duas semanas na casa dos Weasley. O menino parecia muito feliz de encontrar os filhos mais velhos de Molly Weasley.

- Vamos Harry, temos um longo caminho ainda. – falou Gui.

Harry apenas disse tchau aos tios e saiu de casa. Nem pensou direito que, com Voldemort vivo novamente, nunca mais poderia falar com os tios, com o primo mimado com cara de porco e sequer entrar na rua dos Alfeneiros de novo. Mas não queria pensar isso, estava contente demais para lembrar de seu principal inimigo.

Entrou no carro e perguntou aos amigos porque Rony não estava junto. Carlinhos respondeu:

- Você verá quando chegar em casa. – e riu em seguida.

Chegando à Toca, como eles chamavam a casa dos Weasley, encontrou o antigo relógio que tinha os nove ponteiros mostrando onde estava cada um dos membros da família. Percebeu que nem todos estavam em casa. Pelo menos o Sr. Weasley não. Dizia que se encontrava no trabalho. Harry aproveitou e perguntou a Gui:

- Seu pai nunca está em casa?

- Não, é que nosso pai trabalha muito para nos sustentar.

Logo se viu que a mãe dos meninos estava em casa. Veio correndo aos berros até Harry, a quem tinha uma grande afeição, e o abraçou forte, muito forte.

- Ai, estava com tantas saudades suas, meu querido!

- Eu também. – tentava falar em meio aos braços da Sra. Weasley.

- Foi bom você tem vindo um pouco mais cedo, Harry. Sabe, Gina estava tão ansiosa com sua chegada! Assim, ela volta ao normal...

- Onde está Rony? – perguntou, querendo cortar o papo.

- Está na cozinha. – respondeu Molly seca. – Eu não sei o que aconteceu com seu amigo. Ele simplesmente anda grosso e nervoso conosco. Disse que só ia sossegar quando você chegasse e... Outra coisa que não consigo me lembrar agora, mas de qualquer forma, ele está fazendo uns favorzinhos para mim.

Harry achou estranho o quê a mãe havia contado, mas foi até a cozinha, queria muito rever o amigo. Entrando na copa, deparou-se com um garoto vestido como uma menina, com um comprido avental laranja todo sujo de molho de tomate e com a maior cara amarrada que Harry já vira em toda a vida.

- Rony? – perguntou o garoto, segurando a risada.

Rony olhou para o amigo por um instante e depois respondeu:

- Graças a Deus Harry! Não agüentava mais esperá-lo. – já foi retirando o avental enquanto sua mãe o olhava nervosa.

No mesmo momento, Fred e Jorge vinham em direção a Harry com grandes sorrisos em seus rostos. Fred trazia junto ao corpo uma garota. Harry reparou que era até muito bonita. Tinha compridos cabelos vermelhos e leves sardas nas bochechas.

- Harry, nosso salvador! – gritava Jorge - Estávamos esperando-o para mostrar novas invenções, digo – foi consertar rápido vendo o olhar de Molly – nossas lições completas que os professores passaram para estas férias.

- Exatamente, temos muito que te mostrar – dizia Fred. – Gina, o Harry chegou! – gritou o irmão com a garota, que logo apareceu. Tinha as bochechas mais vermelhas que os fortes cabelos ruivos, característica da família. Harry tomou um susto ao saber que a antiga menina, agora praticamente mulher era Gina.

- Oi Harry. – cumprimentou Gina não mais embaraçada.

- Olá Gina! Tudo bom? – respondeu educadamente o garoto, ainda reparando na mudança da garota que havia salvado no segundo ano de Hogwarts.

Gina confirmou com a cabeça. Rony pediu para que Harry subisse com ele a seu quarto. Atrás deles vieram Fred dando cascudos no irmão.

- Você quase deu com a língua nos dentes. Já imaginou, tudo arruinado novamente! Eu te estrangulava!

No quarto de Rony, este aproveitou para tomar um banho. Enquanto isso, Jorge pegava uma pequena sacola com algumas das invenções dos irmãos gêmeos.

- Nossa, ficou muito mais legal! – comentava Harry sobre a Incha-língua usada em Duda no ano anterior, quando foram buscar Harry na casa de seus tios para assistir a Copa de Quadribol.

Dez minutos depois, Rony saiu do banheiro trocado e com uma cara bem melhor. Sentou-se na cama e enxugava os pés com a toalha de banho. Gina entrou no quarto de repente e disse que sua mãe havia chamado Fred e Jorge para limparem o jardim.

- A Gina está diferente. – comentou Harry com Rony.

- Como diferente? – estranhou o amigo.

- Não sei. Ela cresceu. – disse Harry, um pouco corado.

- Tira o olho, hein! Ela é minha irmã. – zombava Rony.

- Muito engraçado – respondia Harry encabulado – Rony, sua mãe me disse que você anda grosso com a família inteira. Por que?

- Ah, ninguém me entende nessa família, essa é que é a verdade! – respondeu com um tom de rancor na voz.

- Ela disse que a razão explicada por você era que queria que eu viesse mais cedo. Aconteceu alguma coisa?

- Não, é que, é como eu disse. Não consigo conversar com ninguém aqui dentro. E não tem condições de se manter uma conversa com corujas indo e vindo, né.

- É, realmente...

- E também não é só por isso que estava assim.

- E qual era o outro motivo?

- É... É... É a Mione.

- A Mione? Qual é o problema com ela? – perguntava Harry curioso.

- Sabe, ela tem me deixado realmente maluco! Primeiro é aquela história mal explicada com o Vítor Krum, depois não responde nenhuma das cartas que eu mando, depois ela me manda um livro do Krum – exaltou-se nesse momento – e por final me responde que você pode explicar tudo! Eu tô ficando doido!

Harry tentou segurar a risada, mas foi muito difícil e começou a gargalhar na cara do amigo. Rony ficou sem entender nada e esperou Harry parar de rir, pedindo uma explicação.

- Então, quer dizer que você apenas quis que eu viesse mais cedo – ofegava Harry – por causa da Hermione!

- Não... Não exatamente – gaguejou – Também porque você é meu melhor amigo.

- Tá bom, me engana Rony. Bom, o porquê de ela ter te mandado um livro do Krum eu não sei, mas eu sei porque ela demorou em te responder.

- Então me fala logo!

- É que ela foi atrás do meu presente de aniversário.

- E que espécie de presente é esse? Ela te deu o quê? Um dragão?

- Não, não mesmo. Bem que eu até gostaria de rever Norberto agora que você falou de dragões.

Norberto era o dragão de estimação de Hagrid.

- Não enrole Harry! – pedia apreensivo Rony.

- Ela me deu a capa do Profeta Diário do dia seguinte ao meu nascimento!

- Sério! Que legal!

Harry levantou da cadeira desgastada e procurou em sua mala a capa do jornal, estava carregando para onde fosse, e não queria ficar sem ela em Hogwarts.

- Veja – jogou em cima da cama de Rony, que logo a pegou – não é maravilhoso!

- Esse aqui é o Sirius? E o Dumbledore?

- É, eu achei incrível! E está em tão bom estado. A Hermione foi um anjo arranjando este presente.

- Mas não é possível ela ter ficado duas semanas fora de casa procurando isso. – insistia o garoto.

- Ela foi também no Beco Diagonal. E sabe quem ela encontrou lá?

- Malfoy?

- Não, pior.

- Quem poderia ser pior que Draco Malfoy? – de repente Rony pensou um pouco mais e respondeu – Snape!

- Certo.

- Mas o quê Snape poderia fazer no Beco Diagonal. Ele não precisa de nada de lá. Nem quando vamos a Hogsmeade ele vai com a Sonserina!

- E Hermione falou que viu com várias sacolas da Floreios e Borrões.

- O quê ele poderia querer com coisas de lá? Bom, vai saber... Talvez esteja preparando algum plano doido para esse ano, sabe, para nos arrasar.

- Sei lá, vai saber o que se passa na cabeça dele.

***

Dois dias depois, toda a família organizava-se na sala, juntamente com Harry, para a viagem até o Beco Diagonal. Harry percebera a falta de Percy Weasley, o terceiro filho da família, que tinha sido monitor da Grifinória durante quatro anos.

- Rony, cadê o Percy?

- Ah, eu não te contei né?

- Tem algo pra me contar?

- O Percy ficou maluco depois daquela história do Sr. Crouch no ano passado. Ficou totalmente obcecado pelo cargo do ex-chefe. É claro que não o aceitaram lá, pois é muito novo e um pouco, digamos, afobado. Aí ele fica o dia todo no Ministério tentando mostrar serviço. Chega aqui de madrugada, às vezes depois que o papai.

- Poxa, pensei que não fosse chegar nesse ponto!

Rony verificava se havia pegado a comprida lista de material e a carta de Hermione que havia chego no dia anterior.

Caro Rony,

Já que você me mandou uma coruja hoje, resolvi responder hoje mesmo, assim você não fica apavorado! Estarei no Beco Diagonal amanhã para encontrá-los. Esperarei vocês na frente da loja do Sr. Olivaras às dez horas. Estejam lá.

Hermione

- Está tudo aqui. – avisava Rony ao pai, que levava a bolsa amarela de Sra. Weasley.

Molly distribuía entre os filhos e Harry o Pó de Flú, e explicava novamente a Harry como o usara, já que havia errado o método há dois anos atrás. Primeiro foram Fred e Jorge, estranhamente felizes. Harry percebeu e comentou com Rony:

- Os dois vão aprontar alguma. – sussurrou ao amigo.

Em seguida Gui, depois Carlinhos e por fim Gina com sua mãe. Sr. Weasley decidiu ir por último, dizia que tinha esquecido algo no andar de cima. Harry e Rony usaram então o Pó de Flú e chegaram ao Beco Diagonal facilmente. Toda família já estava reunida. Porém, Sr. Weasley não chegara. Molly logo percebeu.

- Por isso ele deixou o dinheiro comigo! – dizia furiosa.

- Não entendi mamãe. – respondeu Gui.

- As coisas estão um pouco confusas no Ministério da Magia e seu pai tinha reclamado que teria de ir conosco ao Beco e faltar no trabalho. Parece que inventou uma desculpa e ficou por lá. Aposto que foi para o Ministério. – explicava decepcionada.

- É tão sério assim mamãe? – perguntou Gina.

- Se Fudge não fosse tão cabeça dura e acreditasse que Você... – de repente ela parou de falar e completar depois – e também estamos ajudando Dumbledore, está tudo muito agitado, minha filha. Gina vá com Fred e Jorge. Eles comprarão o seu material.

Depois que os três saíram, Molly pode explicar melhor.

- É que eu não posso falar de Você-Sabe-Quem perto de Gina, ela ainda se lembra muito bem do primeiro ano em Hogwarts e de toda a confusão com aquele diário maldito. Mas, é que, agora que Ele está de volta, precisamos sempre estar atentos.

- Eu entendo o papai. Ele sabe que como eu e Gui estamos aqui, nada irá acontecer e que não precisamos tanto dele. – explicou Carlinhos.

- Bom, agora não importa. Vamos comprar seus materiais meninos. – dizia Sra. Weasley lamentando.



MATERIAL PARA OS ALUNOS DA QUINTA SÉRIE

O Livro padrão de feitiços, 5ª série

De Miranda Goshawk

Criaturas de outro mundo

De Peter Klockert

Poções de todos os gostos

De Clifart Blifblif

Anos de história: Hogwarts

De Frederick Gusmamh

Influência dos astros

De Hitaflup Mansolhi

Enfrente seus medos, volume V

De George Schifleid

Trato com criaturas mágicas

De Lilith Newghat

Herbologia: riqueza em natureza

De Alinest Clevetah

O estudo dos trouxas, ano 5

De Wilarve Selelt



- Esta é a lista de material. Faça em dobro, por favor. – pedia Molly ao atendente da Floreios e Borrões. – Rony, sossegue!

Rony não parava de cutucar a mãe avisando que não poderia se atrasar para um importante compromisso.

- Que compromisso tão importante é esse, meu filho?

- Não importa mamãe, só precisa saber que não posso me atrasar. – respondia grossamente a mãe.

Pontualmente, Hermione estava em frente da loja do Sr. Olivaras. Cinco minutos depois, chegou Harry com algumas sacolas na mão. Rony ficou parado. Harry também reparou. Seus queixos caíram ao ver a mudança sofrida por Hermione. Também estava diferente do dia em que invadiu a casa dos Dursley. Mas para Rony foi um choque. A garota estava muito bonita e tinha crescido um bocado. Harry deu um cutucão no amigo, que saiu correndo em direção à amiga.

- Eu tenho algumas perguntas para fazer a você, Mione. – ordenava Rony, ofegante, com os olhos brilhando.

Aproveitaram e sentaram numa mesa no Caldeirão Furado. Harry perguntara se Hermione tinha descoberto alguma coisa.

- Nenhuma. Também, é difícil descobrir algo sem estar em Hogwarts. Harry, por falar em Hogwarts, você tem se cuidado, não é?

- Nem saio de casa – Rony parecia nervoso enquanto Harry conversava com a amiga – O Sirius me disse a mesma coisa.

- Agora posso fazer algumas perguntas? – dizia Rony apreensivo.

- Fale Rony. – respondia Hermione, já sem paciência.

- Primeiro, por que você me deu o livro do Krum!?

- Como por que? Pensei que você fosse gostar!

- Eu já estou por aqui – Rony indicava a mão acima da cabeça – com esse Krum. Ah, mas eu me esqueci, você teve aquele caso com ele, não é?

- Rony, eu não vou discutir com você novamente sobre isso! – respondeu a garota nervosa – Eu não tive nada com o Vítor!

- Ah é, eu havia me esquecido, não é Krum, é Vitinho!

Hermione levantou da cadeira decidida:

- Se você veio aqui para isso, eu vou embora agora!

Harry levantou-se e tomou a frente na discussão dos amigos.

- Acalmem-se, vocês estão brigando por causa do Vítor Krum, por favor! Ele nem irá aparecer mais!

Hermione em seguida sentou-se e avisou Rony.

- Olha, eu não vou ficar gastando saliva à toa com você sobre esse assunto, Rony. Se você tocar novamente nisso, eu juro que acabo com essa história rapidinho.

Quando Rony iria responder para a garota, Fred e Jorge chegaram com Gina. Hermione os cumprimentou e Fred ofereceu uma balinha azul a ela. A garota recusou.

- Mas que coisa feia! – dizia Jorge – Recusar um presente do Fred! É um presente meu também!

- Balinhas azuis! Não mesmo, deve ser alguma das “gemialidades” Weasley.

- Ah, droga Fred! – reclamava o irmão, fazendo caretas a Hermione – Precisamos pegar alguém que não conheça as nossas invenções!

A turma ria das caras e bocas de Jorge. Gui, Carlinhos e a Sra. Weasley chegaram logo em seguida e pediram alguns petiscos para alimentar o pessoal.

Infelizmente, uma voz tornou o ambiente insuportável:

- Veja papai, se não é a família Weasley reunida. Coitados, o mestre não está junto, será que está trabalhando?

Hermione virou-se para ver quem era e teve a confirmação, era Draco Malfoy e seu pai.

- Ora, ora. Agora eles andam com sangue ruim também!

Rony levantou da mesa, mas Harry o puxou de volta. Draco riu e seu pai deu as costas, saindo do Caldeirão Furado com pressa.

- Eu mato esse moleque, eu mato! – ameaçava Rony, sendo observado com a expressão de reprovação da mãe.

- Hermione, esse menino sempre te chama de sangue ruim? – perguntava Carlinhos surpreso.

- Sim, ele se acha mais do que todo mundo. Mas sequer vale esse bolinho de carne. – dizia a garota, apontando um petisco bem queimado em cima da mesa.

Mais à tarde, todos voltaram às suas casas e combinaram de se encontrar na plataforma nove e meia dali três semanas.

***

Depois de curtir três relaxantes semanas, sem ao menos lembrar dos seus tios na rua dos Alfeneiros, Harry divertiu-se muito na Toca. Acordou às sete horas e logo tomou um banho, procurando não atrasar a família Weasley para o embarque a Hogwarts.

- Desçam para o café da manhã! – chamava Molly da cozinha.

Aos poucos, desciam os membros da família. Estranhamente, Fred e Jorge não estavam animados como de costume. Porém, Harry preferiu não comentar nada. Gina tremia da cabeça aos pés de frio, pois seu cabelo ainda estava molhado e pingava em suas costas.

- Hoje você não escapa de nós, papai! – dizia Rony.

- Não, hoje eu não fujo. – ria Arthur em meio à gritaria entre Gui e Carlinhos, que discutiam sobre quem era melhor em quadribol.

- Eu realmente não sei porque o Gui insiste nisso. Ele sabe que Carlinhos é melhor que ele. – explicava Gina a Harry, que até se divertia em lembrar que Olívio Wood, o antigo capitão do time da Grifinória, o comparava com Carlinhos.

- Onde está o Percy mamãe? – perguntara Fred com tom de desanimo.

- Adivinhe?

- Ele não sai mais daquele Ministério da Magia! – dizia Jorge.

- E eu preciso dar um jeito nele. – cobrava-se Arthur.

Às nove horas, todos estavam na plataforma nove, esperando o horário de passar para a plataforma nove e meia. Harry estava apoiado sobre a gaiola de Edwiges que descansava tranqüilamente. Sra. Weasley ajeitava as golas das camisas de Rony e Fred enquanto Jorge conversava com o pai. Carlinhos e Gui haviam parado de discutir e lembravam de seus anos em Hogwarts com Gina escutando.

- Ai, ai. Como era bom. Eu adorava chegar aqui nessa plataforma porque lembrava da minha vassoura e dos divertidos jogos de quadribol. Sem contar nas garotas que me amavam da Sonserina. – recordava Carlinhos.

- Eu passava as minhas férias inteiras planejando supresinhas ao professor Snape e as desculpas dadas a McGonagall e a Dumbledore. – dizia Gui, em meio às risadas de Gina.

Dado o horário, Hermione chegava apressada com suas malas e seus pais. Harry nunca tinha conhecido os pais de Hermione. Podia ver que a menina puxava os pais na direção dele, mas ficaram parados onde estavam. Apenas perceberam que ele era o famoso Harry Potter. Hermione se despediu então e juntou-se ao resto. O sinal do horário soou e uma coisa inacreditável aconteceu: Fred e Jorge começaram a chorar!

- O que é isso? – perguntava desacreditado Gui – Por que vocês estão chorando?

- Po... Por... porque será a nos...nossa últim...ma viagem a Hog... Hogwarts. – explicava Fred soluçando.

- Oh, meus filhos queridos! – consolava-os com um grande abraço Sra. Weasley.

- Também, só por ca...causa dis...so nós va...vamos zoar co...mo nun...ca zoamos! Pode...podem esperar! – avisou Jorge.

- É isso aí! Esses são meus irmãos! – animava-os Carlinhos.

- Esse a...ano fica...rá marcado! – prometia Fred.

- Pode ficar preparada Molly! – dizia Sr. Weasley rindo.

Todos se despediram e aos poucos passavam para a plataforma nove e meia. A primeira foi Gina. Depois passou o Sr. Weasley.

- Por que seu pai vai conosco? – perguntou Hermione para Rony.

- Precisa falar com Dumbledore.

Depois de um forte abraço nos irmãos e na mãe, Fred e Jorge passaram para a plataforma nove e meia. Antes de passarem para a plataforma, Hermione ficou olhando pensativa para a parede a sua frente. Harry e Rony perceberam e perguntaram o que ela estava olhando. Hermione apenas respondeu:

- Talvez seja o mesmo sentimento que Fred e Jorge.

Harry e Rony ficaram sem entender e deixaram a plataforma nove e atravessaram a parede. Do outro lado, o enorme Expresso de Hogwarts estava parado e várias famílias se despedindo de seus filhos, embarcando para a maior escola de Magia e Bruxaria. Entraram logo no trem e conseguiram uma cabine. Sr. Weasley resolveu se juntar aos outros coordenadores no trem. Logo, Lino Jordan chegou e Fred e Jorge saíram com ele.

- Coisa boa desses três não sai. – dizia Gina. – Rony, eu vou procurar a Bianca Whorth.

- Tá bem.

Hermione olhava compenetrada os jardins pela janela. Harry a cutucou e ela nem deu importância. Rony sibilou ao amigo:

- Qual é o problema dela? Será que está pensando no Krum?

- Você não desiste hein! – respondia baixinho – Eu vou começar a achar que você está com ciúmes, Rony.

- Tá louco, ciúmes dela! Nunca!

Rony sentou-se na frente de Hermione e percebeu que a garota estivera chorando. Ficou preocupado e chamou Harry, que estava sentado ao lado da amiga.

- Mione, o que você tem? – perguntava Rony apreensivo. – Não está feliz de voltar a Hogwarts?

- Não... Não é isso. – respondia enxugando as lágrimas.

- Então por quê você está assim? – perguntava Harry.

- É que... Eu só estou preocupada.

- Com o quê? – não entendia Harry.

- Com Hogwarts.

- Hogwarts? Por que? – perguntou Rony.

- Eu pensei muito nessas férias e... Eu estava com medo de voltar para lá. Não sei se é seguro.

- Seguro? Do que você está com medo? – continuava Rony.

- É... É do Você-Sabe-Quem.

- Mas não precisa se preocupar, ele não está atrás de você. – tentava tranqüilizá-la Rony.

- Como não?! Ele está atrás de todos nós! Principalmente de mim porque sou trouxa. Lembre-se que ele persegue primeiro os trouxas! E ainda tenho sangue ruim!

- Não fale isso Mione! – indignava-se Harry – Nós estamos nessa juntos. Unidos podemos destruir qualquer um, até Voldemort! – Rony tremeu – Juntos com Dumbledore, com Sirius, até com Snape nós estaremos seguros!

- Você tem certeza? Por que eu não estou só preocupada comigo, eu também penso em você Harry, não sei se o mesmo que aconteceu a Cedrico Diggory pode acontecer com você!

- Confie Hermione! Você-Sabe-Quem pode ter voltado, mas não conseguirá arrancar nada de nós! – animava-a Rony – É como Harry disse, estaremos sempre juntos!

- Não sei, isso tem tirado meu sono.

- Mione, estamos com você. E estaremos juntos em qualquer situação. – reforçava Harry.

- Ah! E eu não quero mais ouvir você dizer que tem sangue ruim. Isso é coisa que o Draco fale, não você. – dizia Rony quando foi interrompido pela entrada de Draco Malfoy, acompanhado de Crabble e Goyle.

- Então quer dizer que você tem se contentado e percebido que tem sangue ruim mesmo Granger? – dizia Draco para Hermione. – Sabia que um dia você iria perceber que só falava aquilo para o seu bem.

- Não te ensinaram a bater na porta, Malfoy? – falava Harry.

- É, eu até tenho pai e mãe pra me ensinar isso. – respondeu Draco em meio às risadinhas de Crabble e Goyle.

Harry levantou com o punho fechado para cima de Draco que deu dois passos para trás, deixando Harry de cara com Crabble e Goyle.

- Impressionante como você não sabe se virar sozinho, não é Malfoy! – dizia Rony, fazendo a clara pele de Draco passar a vermelho-sangue.

- E você que não sai da saia do Potter! – respondia a Rony.

- Vamos ver quem ganha na mão Draco, eu ou você. – ameaçava Rony, que começara a ficar nervoso.

Nesse momento, atrás de Draco, apareceu Fred, Jorge, Lino e Sr. Weasley. Os três perceberam e Crabble e Goyle recuaram.

- Já está de saída, Malfoy? – perguntara Fred.

Draco virou para Rony e disse:

- Salvo novamente pela família, não é! Mas vamos ver da próxima vez – virou-se para Sr. Weasley. – Meu pai deveria estar aqui.

Arthur Weasley ficou apenas olhando Draco com os dois capangas o seguindo saindo da cabine de seu filho. Todos entraram na cabine e espalharam-se.

- Ele vem importunar vocês todas as vezes que estão dentro desse trem? – perguntou Arthur.

- Sim pai. É simplesmente insuportável. Agora você já fica sabendo as razões se algum dia ligarem para casa dizendo que me peguei com Draco Malfoy. – respondeu Rony.



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