Misterio - 2ªparte
{Continuandooo}
Nacyus sentiu o sacolejo e pensou estar no lombo de um cavalo particularmente mal cheiroso, mas abrindo melhor os olhos pode ver que era carregado pelo brutamontes que o prensara no carvalho e a mesma voz que mandara os vampiros pararem falava, zangada:
- Thunder vc não tem que segui-lo! – disse ela veementemente – Gregori sempre se achou especial o suficiente pra fazer o que quiser mas ele não é! Não há honra ou orgulho em ser desrespeitoso daquela forma...! vc sabe que será castigado... e não sei se poderei interceder por vc dessa vez. – disse ela pesarosa
- Eu sinto muito, prima... – disse Thunder, tentando se desculpar – mas é que... pensei que fossemos apenas nos divertir! Não queria desrespeitar as tradições, não mesmo! Mas... Quando vi este forasteiro nas nossas terras, fiquei fora de mim...! – disse ele irritado
- Pois se quiser ser um vampiro digno, creio que vai ter que começar a se controlar, Thunder. – disse ela conciliadora. – Vem vamos levá-lo logo até papai, ver o que fazer com o humano...
- Não é um humano comum, Ivy. – disse Thunder parecendo ainda mais irritado
- Como assim? – perguntou ela se virando
- É um bruxo... – disse ele com desgosto
Ivynes parou por um momento e analisou o corpo inerte de Nacyus. Sempre sentira uma simpatia por bruxos, nunca os mordia... Analisou o rosto do homem demoradamente, e um sorriso iluminou seu rosto.
- Tenho uma idéia melhor do que fazer com este Bruxo... – disse ela repentinamente – Pode deixar, eu o levarei daqui... Tenho planos. Quero que vc vá até meu pai e conte o que aconteceu, mas omita a parte do bruxo... Diga que ao levarmos até ele, vc tropeçou e o deixou cair em uma das Fendas Perpétuas... – disse ela fazendo Nacyus levitar com um movimento das mãos.
- O que vai fazer, prima? – perguntou Thunder desconfiado
Ivynes levantou uma das sobrancelhas.
- Não interessa Thunder! – disse ela dando as costas e entrando floresta adentro outra vez.
Caminhou durante uns dez minutos pela floresta escura, até chegar a pequena casinha abandonada. Abriu a porta devagar. Havia vários morcegos ali, eles olharam pra ela e esperaram, olhando cobiçosos, para o corpo inerte de Nacyus que Ivynes colocava na cama com um movimento das mãos.
- Saiam! – disse Ivynes impetuosamente, os morcegos saíram em revoada imediatamente.
Ivynes olhou de relance para o corpo de Nacyus na cama, ele respirava devagar, seu tórax descia e subia em movimentos constantes. Ela conseguia ouvir seu coração acelerado, conseguia sentir o sangue quente correndo em suas veias... Aproximou-se da cama e o luar iluminou o rosto machucado do homem, ele tinha um corte profundo na sobrancelha e seu pescoço tinha muitas arranhões. Ivynes constatou, feliz: Nenhuma mordida.
Andou até o armário de poções que mantinha na casa em busca de essência de murtisco para o corte. Sim, ficara bastante feliz dele não ser transformado. Já fazia 500 anos... E ela vivia como uma alma perdida... Que não vive. Viver para sempre... para sempre sem carinho, sem amor, sem vida... Viver sem viver realmente... Era apenas isso. Alimentar-se da vitalidade alheia, invejando aqueles que tinham uma vida finita... Ela sempre achara “eternamente” tempo de mais... E prometera a si mesma nunca reservar a mais ninguém, tal sina... nunca. Ainda bem que ele não havia sido mordido.
Voltou com o frasquinho verde e o algodão em mãos e se deparou com Nacyus em pé ao lado da cama com a varinha em mãos, apontada pra ela. Ivynes ergueu uma sobrancelha.
- Não é bem assim que agradecemos aqui na Transilvânia... – disse ela colocando o frasco em cima da mesa e indo e direção a ele.
- Afaste-se vampira! – disse ele ainda com a varinha apontada, Ivynes sorriu.
- Medroso vc, heim? – disse debochadamente sentando-se a cadeira da mesa – Não vou machucá-lo. Olhe... – ela levantou o frasquinho verde e o algodão – Essência de murtisco para seu corte. Ande, deixe-me cuidar do ferimento... – disse ela impaciente
- E como saber se vai me morder ou não? – disse Nacyus temeroso, Ivynes riu do medo dele.
- Não posso mordê-lo... – disse ela chegando mais perto – Estamos em jejum... O jejum dos Treze.
Nacyus puxou na memória ter lido algo sobre isso... Os treze guardiões vampiros da rainha... o sangue real na taça de cristal... uma tradição vampírica, em que jejuavam três dias antes, durante e três dias depois do solstício de verão. É... a vampira falava mesmo a verdade. Nacyus abaixou a varinha devagar e sentou-se na cama. Ivynes sorriu e sentou-se ao lado dele. Abriu o frasco e ensopou o algodão com o liquido verde de cheiro forte passando suavemente pelo corte exposto que ainda sangrava. Nacyus estava empenhado em não se distrair e manter os olhos diretamente nela... qualquer gracinha, e ele não seria clemente. Ivynes cheirava a flores, bem diferente do vampiro que carregara Nacyus, seus olhos eram de um azul escuro, quase negro, um rosto bem desenhado, com lábios convidativos e sobrancelhas sarcásticas. Era realmente uma mulher linda, e estava começando a dificultar a concentração de Nacyus. Poucos minutos, e ele já não conseguia mais parar de reparar no movimento dos olhos, no balanço do cabelo negro... ela tinha algo que ele nunca reparar em mulher alguma... um magnetismo diferente... pareceu uma eternidade quando ela retirou o algodão e tapou o frasco.
- Pronto. – disse olhando Nacyus nos olhos profundamente, um brilho estranho no fundo daqueles olhos azuis fez Nacyus se arrepiar, e mais estranho ainda, foi ele ter certeza que gostou. Ela se levantou da cama e foi guardar o frasco no pequeno armário.
- Por que me ajuda? – disse ele firmemente, Ivynes deu de ombros
- Gosto de Bruxos... e bem, achei que vc poderia servir para... – mas parou abruptamente, respirou fundo e disse – olhe, eu preciso de um favor...
- Um favor? – perguntou Nacyus, desconfiado
- Exatamente... vou precisar com a sua ajuda em Magia – disse ela sorrindo
Foi a vez de Nacyus rir
- Magia? Uma vampira...? – disse ele debochadamente
- Ora! Por que não...? – disse ela ofendida
- O que vc era antes de ser transformada? – perguntou ele um pouco mais solto, mais confiante... ela era bonita de mais para oferecer perigos.
- Nasci assim. – disse ela simplesmente. Nacyus arregalou os olhos, incrédulo.
- Nasceu? Mas filhos de vampiros nascem mortos. – disse ele
- Bem, eu não nasci assim... Fui mordida aos três minutos de vida. – disse ela dando de ombros e sentando-se na cama a frente de Nacyus – fui criada como uma vampira desde então.
- Quantos anos vc têm? – perguntou Nacyus curioso
- Que pergunta mais deselegante pra se fazer a uma mulher... – disse Ivynes sorrindo. Nacyus enrubesceu – tenho 499 anos. Farei 500 no ultimo dia do jejum. – disse ela, seu tom ficou triste de repente, mas Nacyus fingiu não reparar.
- Bom, então vc mal pôde saber se era ou não uma bruxa? – disse ele pensativo. Agora que pensara melhor, estava realmente grato dela o ter salvado e cuidado de seus ferimentos... Alem do que, não estava nem um pouco a fim de se afastar dela...
- Naturalmente... – disse Ivynes com os olhos brilhando, e com o tom de voz normal.
Nacyus pensou por um momento. Precisariam de uma varinha, mas aonde arranjá-la?
- Uma varinha? – disse Ivynes como se ele lhe houvesse perguntado algo.
Nacyus a olhou desconfiado. Ela não poderia... não era ao menos uma bruxa!
- Ahh... Mas a legilimência é de família vampírica mesmo... – disse ela dando de ombros. Nacyus deu um pulo da cama, admirado.
- Vc aprendeu como isso? – disse ele que ficara Cinco anos de sua vida estudando a arte da legilimência, sem sucesso algum.
Ela sorriu, os olhos azuis brilharam misteriosamente.
- Nós, o clã Blood Busters, todos nós, quando iniciados, tomamos uma gota ou duas do sangue de nosso grande mestre, Bravius, um bruxo poderosíssimo, que foi transformado em vampiro por uma poção que ele mesmo fez. Bem, eu tomei dois goles inteiros quando ainda era um bebe, e, ninguém sabe por que, mas alguns dos poderes de Bravius foram passados pra mim. Por isso, sou quase metade bruxa metade vampira... e é por causa desses dois goles de sangue que quando eu completar 500 anos... Bem eu vou assumir como soberana do clã. – disse ela soltando um suspiro pesado – só não tenho certeza se é exatamente mesmo ISSO que eu tanto desejo... Nunca fui feliz sendo vampira... viver sem viver de verdade, é isso que faço. Passei 499 anos de minha vida roubando a juventude alheia, almejando pelo dia em que eu finalmente encontraria uma maneira de ter uma vida finita... – disse ela perdida em pensamentos, então fixou os olhos azuis em Nacyus – e então vc apareceu! Enquanto estava sendo levado por Thunder, entrei em sua mente e vi que vc é um grande mestre de poções, sei bem que vc veio por causa da erva de Gabriel, e que precisa dela para o antídoto de um veneno poderoso. – ela parou e ficou calada por um momento.
Nacyus estava zonzo. Uma vampira que era legilimente e que não suportava ser imortal?!
- Pare de pensar... – disse ela de olhos fechados balançando a cabeça negativamente – vc pensa alto de mais...
- Ok... e o que eu vou poder fazer por vc? – disse Nacyus, tentando pensar o mínimo possível.
- Bem... tomando a seguinte lógica de que Bravius foi transformado em vampiro por intermédio de uma poção... eu pensei que talvez houvesse um antídoto. – disse ela esperançosa. Nacyus ergueu uma sobrancelha – é... eu sei que vc está pensando... Mas, eu preciso tentar! Vc não tem idéia do que é ser uma criatura da noite, sem destino... o meu futuro é a eternidade! – disse ela levantando-se e indo até a janela, as estrelas brilhavam forte pois já eram quase 10 da noite. Ivynes suspirou e virou-se pra Nacyus – olhe... eu posso te ajudar a achar a erva de Gabriel! Afinal... Sozinho vc nunca conseguiria. E se eu te ajudar... bem, vc poderia tentar resolver meu problema tb... o que me diz?
Incomodava Nacyus não poder pensar sem que ela o ouvisse, mas o sentimento de gratidão e uma compaixão desconhecida começavam a surgir dentro dele. Viver pra sempre por um momento lhe pareceu interessante e logo em seguida... horrível.
- Ok... Vou te ajudar. – disse ele levantando-se da cama e indo até ela – mas preciso da erva de Gabriel, e já são 10:27. – disse ele consultando o relógio de pulso.
Ivynes deu tal sorriso que seria impossível explicar em palavras. O sorriso mais lindo que Nacyus jamais vira em toda a sua vida. Era só isso. Simplesmente perfeito.
- Vamos então. Ah! A propósito.. como se chama meu cavaleiro do cavalo branco? – disse ela encarando Nacyus.
- Nacyus Rose, a disposição. – disse ele com um reverencia – E tu donzela?
- Ivynes Klaus. – disse ela sorrindo – só não apostaria muito no donzela... – disse ela rindo
Nacyus sorriu. Ivynes o pegou pela mão, puxando-o para fora da cabana.
- Vamos então! – disse ela
=*=
Deviam estar caminhando a no Maximo vinte minutos. Nacyus deu uma olhada no relógio de pulso, 11:00 da noite... ainda teriam uma hora pra chegar e pegar as flores... Talvez poderiam vê-las desabrochar e quem sabe... “Ela lê pensamentos!” lembrou abruptamente. Olhou de relance para Ivynes e um sorriso tímido emoldurava seu rosto, um sorriso tímido e completamente enigmático. Nem que ela quisesse demonstrar que havia, ou não, ouvido algo... Seria impossível saber.
- Chegamos. – disse ela.
Os dois adentraram um terreno enlameado, on de os pés afundavam em um barro anormalmente cinza. O pântano Cinza era mais escuro que o resto da floresta, de modo que Nacyus acendeu a ponta de sua varinha. Ivynes voou nele com uma rapidez inacreditável, cobrindo a varinha com a longe capa Negra.
- Ficou louco?! Quer que saibam que estamos aqui?! – disse ela num sussurro nervoso, os olhos azuis demonstrando uma preocupação severa – apague isso. Nacyus apagou a varinha imediatamente. Ela segurou firme na mão dele, um arrepio desconhecido percorreu a espinha do homem. – segure a minha mão... eu enxergo no escuro. Vou guiar vc.
Segurando a mão de Ivynes, os dois adentraram ainda mais fundo no pântano escuro. Nacyus não conseguia ver um palmo a frente do nariz, o que o deixava extremamente temeroso. Mais alguns metros a frente e uma clareira pode ser vista em um pedaço do terreno que parecia conter terra firme, e não aquele barro acinzentado. Andaram até lá, subindo o barranco que separava a pequena ilha de terra seca.
Lá havia uma grande arvore, que com certeza deveria estar morta, completamente tomada por um era de um verde amarelado e vários botões de flores arroxeadas. A erva de Gabriel. Nacyus soltou-se da mão da moça e correu até a planta. Uma luz estranha emanava da era, que parecia muito mais iluminada que qualquer outra coisa no pântano. Nacyus olhou o relógio, faltavam quinze minutos.
- Ela é linda... – disse Ivynes sentada em uma Pedra mais atrás.
- É... mesmo impressionante. – disse Nacyus indo até ela e sentando-se no chão ao lado da Pedra. – faltam ainda quinze minutos. Que acha de me dizer exatamente o que eu vou ter que procurar?
- Bem... é exatamente o que eu disse na cabana. Preciso descobrir o antídoto pra poção que transformou Bravius em um vampiro. – disse ela dando de ombros – simples assim.
Nacyus sorriu.
- E por acaso vc não teria um pouco dessa poção? – disse ele com uma sobrancelha levantada
- Tenho. Num frasco verde guardada em meu quarto. – disse ela sorrindo – faz algumas semanas que ando estudando sobre ela e etc... mas como minhas habilidades com magia são bastante limitadas, eu precisaria da ajuda de um... profissional. – disse ela com aquele mesmo sorriso tímido e enigmático. Nacyus piscou abobado. Mas que raios estava acontecendo com ele?! – Nacyus... eu acho que sei o que seta acontecendo com vc... – “o quê?” – pare de pensar e fale comigo!
- Ok... – disse Nacyus amaldiçoando-se por pensar tão alto – o que seta acontecendo comigo?
- Vc está se rendendo aos meus encantos vampíricos. – disse ela humildemente
Nacyus piscou abobado pra ela ao mesmo tempo e que uma voz dizia em sua cabeça “vc sabe que ela esta certa...”. mas... como podia se apaixonar assim tão rapidamente?
- Mas eu não disse que vc se apaixonou. – disse ela com o tom de voz triste – disse que minha natureza está te enfeitiçando. Vc está caindo como uma caça que eu deveria morder. – disse ela encarando os pés
- E vc quer me morder? – perguntou Nacyus segurando seu queixo e fazendo encará-lo nos olhos. Um instinto até então que ele desconhecia. Era a primeira vez na vida que tomava uma iniciativa.
- Não... – disse ela. Uma lagrima vermelha escorreu por sua face – vc seria a ultima pessoa que eu morderia.
Nacyus sorriu. Tirou um lenço de linho branco do bolso da calça e enxugou a lagrima de sangue. Mas, não havia mancha alguma no lenço.
- Mas... Vc estava sangrando...! – disse ele confuso
- Isso acontece de vez em quando... – disse ela tristemente – ultimamente anda acontecendo com maior freqüência... logo, ela não vai mais desaparecer. E eu vou ser definitivamente a “rainha da eternidade”.
- Não. Eu não vou deixar. Vou descobrir o antídoto. – disse ele com veemência – é uma promessa.
Ivynes sorriu ao mesmo tempo em que um vento perfumado soprou delicadamente, fazendo os cabelos negros dançarem a brisa noturna, como numa musica que nunca tocou, a não ser na cabeça de Nacyus. Ela se aproximou devagar da face dele, os olhos não se desgrudando nem por um momento, estudando cuidadosamente cada detalhe do rosto a frente. Nacyus conseguia ver a eternidade nos olhos dela, mas ela via esperança nos olhos de Nacyus, uma esperança que ela nunca pensou existir. Foi um segundo, e os lábios estavam colados um no outro, colando assim duas almas em parte atormentadas pela vida, pela morte, em parte felizes por terem se encontrado e fazerem daquele momento realidade. Era um misto infinito de sensações novas tanto pra Nacyus quanto pra vampira que nunca experimentara nada além da vida eterna. Uma movimentação ao lado os fez se separarem para compartilhar de um momento ainda melhor. As flores abriam devagar, como que sonolentas, exalando um perfume adocicado e envolvente. A brisa ainda soprava, fazendo as pequenas flores em forma de taça dançarem livremente, exalando ainda mais aquela fragrância especial. Ivynes encaixou a cabeça no peito de Nacyus, emocionada.
- É realmente emocionante... – disse ela baixinho, sem desgrudar os olhos das flores – até mesmo pra alguém como eu.
Nacyus sorriu, extasiado. Não podia acreditar no que via e sentia. Ao mesmo tempo realizava seu sonho e se apaixonava pela vampira mais doce que já conhecerá... não esperava tanto assim da Transilvânia...
[Fim Do FlashBack]
=*=
N/A: \o/ \o/ atualização recorde!
uff... Tá ai...
Segunda parte um dia depois???
=)
Calma, sou eu mesma que estou escrevendo...
é que a chuva...
a chuva faz milagres!
Espero que vcs gostem tanto quanto eu!
Por que... ahhhhrá sô! tá masssa paks³³³
[Menos mariana... ¬¬]
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