Uma mão amiga
Capítulo dois: Uma mão amiga
Cho estava de volta ao seu refúgio. A tempestade roncava forte no céu, o vento fustigava com violência os aros do campo de quadribol e as árvores rangiam furiosamente na Floresta Proibida. Ela deu mais uma volta no campo. As grossas e geladas gotas de chuvas que caíam sobre o seu corpo não a desanimavam. Era como se o céu chorasse junto com ela. E Cho se perguntando até mesmo se a chuva não fora influência dela.
O vento puxava sua vassoura ligeiramente para o lado. Ela segurou o cabo com firmeza e deu uma guinada, voando velozmente em frente a arquibancada da Sonserina. As gotas de chuva molhavam seus cabelos, dificultando a sua visão quando as mesmas escorriam de sua franja negra para seus olhos. Estava encharcada e enregelada enquanto voava para frente e para trás, cruzando o campo.
O céu escurecia, como se a noite tivesse decidido chegar mais cedo. Os trovões eram cada vez mais constantes, acompanhados de raios. No momento em que ela virou-se, tencionando rumar para o centro do campo, um trovão ecoou sobre o campo de quadribol, fazendo Cho freiar com força a vassoura enquanto uma incrível luminosidade atingia o solo. Momentaneamente, a mulher pôde ver a silhueta de uma pessoas no chão, correndo em sua direção. Apertando os olhos, ela tentou distinguir quem era, mas não conseguiu devido a imensa escuridão a sua volta, brevemente interrompida pelos relâmpagos.
Preocupada, Cho mergulhou em direção ao chão, pousando no chão com uma freada brusca. Afundando fundo os sapatos na lama que formara-se no solo do campo, ela andou receosamente até a figura que ainda corria em sua direção, a face ocultada pela sombra de um enorme guarda-chuva arrebentado que segurava sob a cabeça. Segurando a vassoura na mão direita, a mulher aproximou-se do vulto, suas pegadas recém-feitas já sendo lavadas pela chuva.
- Quem é? - Cho gritou, sua voz sendo abafada pelos trovões.
- É o Miguel! - mal e mal, ela conseguiu ouvir a figura berrar. Franzindo a testa, ela correu até ele, preocupada.
- Miguel? Você está doido? O que você está fazendo aqui? - gritou Cho parando em frente à Miguel Corner, seu ex-namorado e agora amigo e empresário, como ele costumava dizer.
- Eu é que pergunto! Porque diabos você está voando no meio dessa tempestade? - berrou Miguel numa voz extremamente zangada - Vamos sair daqui! Vem comigo!
Miguel estendeu um braço e abraçou Cho pelos ombros, protegendo-a da chuva com o guarda-chuva. Os dois começaram a correr até a saída do campo o mais rápido possível. Alcançaram os campos dos terrenos de Hogwarts e atravessaram-os até as portas do castelo. Quando já estavam seguros no cavernoso saguão de entrada, Michael abaixou o guarda-chuva, revelando finalmente o belo rosto jovem.
- Cho, sinceramente, a cada novo dia em que eu te vejo você apronta uma diferente. O que te deu na cabeça? Voar no meio de uma tempestade de raios? - ralhou ele, apanhando a varinha no bolso da calça e apontando-a para amiga. Por um instante, Cho pensou que ele iria puni-la com um feitiço pela loucura que aprontara, mas assim que arregalou os olhos, evidenciando seu medo, ele riu, executando um feitiço para secar as roupas dela.
- Desculpe - sussurrou ela enquanto ele secava as próprias vestes. - Eu devo estar enlouquecendo mesmo.
- Nisso eu concordo - Miguel olhou-a preocupado - O que aconteceu?
- Nada - respondeu, desviando o olhar. Era a segunda vez que dizia aquela palavra e, consequentemente, a segunda mentira que pregava naquela manhã.
- Como assim nada? Você estava fazendo uma tentativa de suicídio e não é nada de mais?
- Não seja tão dramático. Eu estava apenas voando um pouco para me aquecer... - mentiu ela, fazendo-o erguer uma das sobrancelhas e perguntar ironicamente:
- Você estava se aquecendo com dez litros de água caindo sob a sua cabeça?
- Você me entendeu - ela o olhou superior - Eu estava só tentando espairecer as idéias e...
- Você não podia espairecer as idéias num lugar onde não houvesse a probabilidade de você ser eletrocutada por um raio? De preferência no castelo, sequinha e quentinha?
- Você não me deixou terminar a minha frase, querido - disse Cho, sacudindo a cabeça de um lado para o outro, a fim de retirar a água acumulada nos longos fios negros. Miguel colocou a mão em frente ao rosto, protegendo-o de ser encharcado pelas gotas de chuva que caíam dos cabelos da amiga. Seus próprios cabelos, antes moldados com gel, agora pingavam sem parar, caindo sobre seus olhos - Eu estava dizendo que eu estava voando para espairecer as idéias e aproveitando para treinar um pouco, afinal, eu tenho que me manter em forma, não é isso que você sempre diz?
Miguel corou ligeiramente, cruzando os braços e lançando um olhar desconfiado à amiga.
- E como você pretendia enxergar o pomo no meio de uma tempestade?
Cho abriu e fechou a boca umas duas vezes, sem respostas. Miguel sorriu triunfante, mas antes que ele pudesse soltar um comentário irônico, como sempre fazia, ela pronunciou-se calmamente:
- Não estava treinando táticas de jogos, e sim táticas de vôo. Precisava treinar um pouco embaixo de chuva, para melhorar a minha resistência, visibilidade e rapidez.
Miguel não pareceu muito satisfeito com a resposta, mas ao perceber que a conversa reclinava-se para o assunto de trabalho, abriu um sorriso entusiasmado, dizendo:
- Falando em trabalho, consegui uma entrevista para você.
- É uma entrevista de verdade, ou você só está armando mais um encontro para mim? - Cho ergueu uma sobrancelha, começando a subir as escadas em direção a sala dos professores para procurar por Ana Aboott, a nova professora de Trato das Criaturas Mágicas e nova regente da Lufa-lufa. Queria remarcar a aula de vôo com o primeiro ano da casa dela para outro dia, afinal, não podia dar uma aula em baixo de um temporal daqueles. Tinha de pensar na segurança dos alunos e nas péssimas condições de prática de quadribol com aquele tempo.
- Não te apresento mais homens. Você não sabe o que fazer com eles - respondeu Miguel, acompanhando-a na caminhada - E além disso, a sua entrevistadora é uma mulher.
- Que time que me entrevistará? - perguntou Cho interessada.
- Nenhum time dessa vez - disse Miguel - Você tem uma entrevista com um jornal.
- Jornal? - espantou-se Cho - Que jornal?
- Bom, não é um jornal muito famoso e não rola grana para prestar a entrevista... - começou Miguel desconcertado.
- Oh, Merlin! Você não me arrumou uma entrevista com uma revista de fofoca, não é?
- Não, não! Deus, não! Eu sei que você odeia ser alvo de fofoca, apesar de adorar contar uma, não é mesmo? - Cho lançou-lhe um olhar assassino e ele engoliu em seco, continuando - Mas eu sei que você ficou traumatizada quando o Profeta publicou uma matéria dizendo que você tinha um caso com o vocalista do “Crazy Bees”. Tão traumatizada que eu até hoje eu não soube se o boato era a verdade ou não... Era?
- Não! - negou a moça ofendida - Pelo amor de Deus, Miguel! Não acredito que você teve coragem de me perguntar isso! O corpo do cara era lotado de piercings e tinha tudo quanto é tipo de tatuagens em tudo quanto é lugar! Não me surpreenderia se ele tivesse um piercing... erm... lá!
Miguel soltou uma gargalhada, chamando a atenção de alguns alunos que caminhavam em direção de suas salas de aula. Cho olhou-o torto enquanto ele tentava manter-se sério a muito custo. Quando finalmente conseguiu, eles já se encontravam em frente a sala dos professores, cuja porta era ladeada por duas gárgulas de pedra.
- Como vai, Srta. Chang? - perguntou uma delas cordialmente, numa voz esganiçada.
- Muito bem, obrigada - sorriu Cho, entrando na sala seguida por Miguel, que era observado com reprovação pelas gárgulas.
Ana encontrava-se revisando o esquema de aulas de hoje enquanto bebia uma xícara de chá quando Cho a chamou, explicando-a o problema. Ela entendeu perfeitamente bem e garantiu a colega que o resolveria, disse que iria falar com os alunos do primeiro ano de sua casa sobre a transferência da aula de vôo assim que terminasse de examinar suas revisões. Cho agradeceu, saindo do âmbito em direção a sua sala para poder falar a sós com Miguel, assim poderia conversar sobre a entrevista sem interrupções.
- Que jornal que vai me entrevistar, afinal? - perguntou Cho assim que abriu a porta de seu quarto.
- Bom, já vou avisando que não é o melhor dos jornais, mas não se preocupe que a sua entrevista será ótima, sairá na capa com uma manchete enorme. Tenho certeza que depois disso seu nome voltará para a mídia e para a boca do povo, sua carreira vai deslanchar de novo! - começou Miguel esperançoso.
- Miguel, que jornal é esse? - Cho estava começando a ficar desconfiada.
Miguel encarou a amiga com um sorriso amarelo, encostando-se na parede enquanto ela colocava-se a sua frente, cruzando os braços, uma expressão perspicaz cruzando seu rosto oriental.
- Tem certeza que você quer mesmo saber?
- É claro que eu quero saber, criatura! - Ela deu-lhe um tabefe na cabeça - Você começou, agora vai ter de terminar!
- Bem, o nome é... erm... o nome é...
- Desembucha! - exclamou Cho, temendo a resposta.
- Pasquim! - disse Miguel muito rápido, sem parar respirar.
- Pasquim? - sussurrou Cho lentamente, suas bochechas ganhando tons avermelhados -Você me arranjou uma entrevista no Pasquim? Depois ainda se diz meu amigo!
Miguel engoliu em seco para logo dizer, como se não visse problema algum em sua melhor amiga dar uma entrevista num jornal como o Pasquim:
- Não entendo o porquê de tanta aversão! O que tem de mais?
- O que tem de mais? O que tem de mais? - Cho repetia alucinadamente - Ninguém me levará a sério se eu aparecer no Pasquim!
- O seu queridinho Potter Perfeito apareceu no Pasquim uma vez e ninguém deixou de idolatrá-lo - disse ele com desdém.
- Eu não acredito Miguel! - riu a mulher, descruzando os braços e andando de costas até sua cama, sentando-se sobre ela - Você ainda sente dor-de-cotovelo pelo Harry, é?
- Você também sentiria se tivesse namorado duas garotas seguidas que eram apaixonadas pelo Grande Potter! - disse ele irritado, crispando os lábios.
- Então foi por causa das suas decepções amorosas com o sexo feminino que você... erm... virou a mão? - perguntou Cho sarcástica.
- Ora, mas que grosseria! Eu não sou gay! - defendeu-se ele numa voz estridente que a fez rir.
- Se você quer negar a sua natureza, querido, tem de aprender a falar grosso... - disse Cho maliciosamente.
Miguel fez uma careta, reprovando o comentário da amiga.
- Quer parar com o preconceito, por favor? Temos assuntos mais importantes a tratar.
- Tá bom, tá bom. Não vou mais questionar a sua masculinidade - ela recuperou-se do riso, voltando a ficar séria - Mas não vejo que assunto importante tenhamos de tratar. Já disse que não vou ser entrevistada por um jornaleco de quinta feito o Pasquim.
- Não se apegue tanto aos detalhes, Cho! Você é muito exigente! - o homem irritou-se. Poxa, eu dei o maior duro para conseguir marcar essa bendita entrevista e você me agradece desta maneira?
- Pois não precisava ter se esforçado, pois esse seu “enorme” esforço não adiantou nada!
Miguel olhou-a magoado e ela percebeu que havia sido grossa com o amigo, que de nada tinha culpa do seu estado de espírito turbulento devido as recém descobertas. Percebendo que utilizara-se indevidamente do homem para extravasar a sua frustração, resolveu consertar, erguendo-se da cama e avançando até ele.
- Desculpa - disse arrependida, olhando envergonhada para o amigo que virara a cara, emburrado - Vamos, Miguel. Olhe para mim. - ele continuava a mirar o vazio em vez em encarar os olhos dela, então a mulher resolveu ajudá-lo nesta tarefa, segurando o seu queixo carinhosamente e voltando o seu rosto para encará-la - Por favor. Desculpe. Eu não tive a intenção de magoá-lo...
- Mas magoou - Miguel retirou a mão de Cho de sua face brutalmente, segurando o pulso dela - Eu venho até aqui, todo entusiasmado porque consegui uma forma de ajudá-la e você me trate de uma forma tão ingrata? Sinceramente, Cho, não sei mais o que pensar de você... Eu esperava tudo, menos isso...
- Miguel, tente entender... Eu estava nervosa, acabei descontando minha raiva em cima de você. Me desculpe, olha com quem que eu fui brigar.... logo com você, meu melhor amigo... - Cho olhou-o com lágrimas nos olhos, sentindo-se extremamente mal.
- O que aconteceu? - Miguel deixou de lado a sua posse de ofendido e perguntou com a voz doce, preocupando-se com a amiga.
- Bem, digamos que eu estou tendo um dia realmente péssimo - suspirou a mulher cansada.
- Disso eu sei, mas por que você está assim? - o homem repousou a mão cuidadosamente sobre o queixo da amiga e acariciou sua pontinha com o polegar, descrevendo movimentos circulares.
- O Harry vai casar, Miguel - sussurrou a mulher chateada.
- O quê? - o homem arregalou os olhos, engasgando com a própria saliva. Tossindo muito, ele continuava a olhar para Cho espantado enquanto ela ria tristemente, dando tapinhas nas costas dele - Com quem?
- Com quem mais? - Cho soltou um muxoxo inconformado - Com a Weasley!
- Gina? - os olhos de Miguel arregalaram-se de tal forma que agora pareciam ter adquirido o tamanho de dois limões.
- Você conhece outra Weasley?
- Bom, nada verdade sim... - Miguel começou, contando nos dedos - Conheço uns nove Weasley, sem contar com a Granger que agora é esposa do Weasley e, portanto, tornou-se uma Weasley também. Ah, tem também a Delacuor, a Srta. Quase-Weasley que está de rolo com outro Weasley, além das namoradas dos gêmeos Weasley que vivem pegando umas...
- Chega de repetir esse nome! - Cho repreendeu-o, caminhando com raiva até a janela de onde tinha uma visão perfeita do temporal que fazia lá fora, fustigando a janela. - Está me dando dor-de-cabeça!
- Ok, Ok, desculpe. - Miguel caminhou até a amiga e repousou a mão sobre o ombro dela, apertando-o e transmitindo força para ela naquele momento difícil - Eu sei que você deve estar abalada, mas...
- Abalada é pouco! - Cho choramingou - Eu estou devastada. Como um homem pode ter tão mau gosto a ponto de querer casar com aquela Weasley?
- Assim você me ofende - ele riu, lembrando-se de seu breve namoro com Gina há tempos atrás, mas percebeu que falara demais quando Cho virou-se e olhou-o com os olhos brilhando. Conhecia muito bem aquele olhar. Arregalando os olhos, ele afastou-se, recuando com as mãos estendidas a frente do corpo, negando a aproximação dela. - Não, não, não! Pare com isso, Cho! Pare, agora!
- Eu não tinha idéia de que o seu casinho com a Weasley não tivesse sido só um rolo, uma caso sem importância... Nunca imaginei que fosse algo sério...- Cho disse como quem não quer nada, escondendo suas verdadeiras intenções.
- Sim, e daí? - Miguel confirmou esquivo.
- E daí que você devia ser muito apaixonado pela Weasley, afinal, Miguel Corner pensando em casamento? Nunca pensei que você quisesse ter esse tipo de relação... - a mulher sorriu enigmática, mirando-o atenta. Miguel ergueu uma sobrancelha, respondendo:
- Eu não pensava exatamente em casamento. Afinal de contas, eu era só um moleque de quinze anos, inconseqüente e ciumento... - explicou, fazendo a amiga abrir um sorriso entusiasmado.
- Sério? Ciumento? - surpreendeu-se ela.
- É, ciumento - riu Miguel - Eu era um idiota naquela época, muito arrogante. Pra mim, quanto mais gatinhas caíam na minha lábia, melhor. Meu ego inflava. E é justamente por causa desse meu ego enorme que eu me culpo pelo término do relacionamento entre mim e Gina. Eu morria de ciúmes dela, temia que ela manchasse minha reputação de garanhão se sequer olhasse para outro rapaz. E, é claro, que, após algum tempo, ela foi ficando sufocada com aquele excesso de vigilância e terminou comigo. Eu não admiti na época, mas sei agora que fui o culpado de nossa separação. Por muito tempo odiei o Potter, colocando sobre ele a responsabilidade de ser o centro de meus problemas amorosos. Sempre tive inveja e ciúmes dele...
- E com razão! É normal que você sentisse ciúmes dele, a Weasley era apaixonada por ele!
- Mas o pior é que não era. Ela tinha esquecido aquela paixonite que tinha por ele, tinha resolvido partir para outra e esquecê-lo, deixando de lado a esperança de que ele fosse um dia notá-la e gostar dela. Mas o idiota aqui - ela apontou o dedo para o próprio peito com rancor - sempre fazia questão de relembrá-la da paixão que ela sentira pelo Potter, pois ela fora honesta comigo quando nos conhecemos. Ela me dissera que era apaixonada por Harry Potter e que seu amor não era correspondido. Eu a aconselhei e deixe-a chorar no meu ombro as mágoas que ela sentia ao notar que seu precioso Potter só tinha olhos para você - Cho sorriu em meio a narração do amigo - Mas assim que nós começamos a namorar, eu me utilizava dessa informação toda vez que a via conversando com Harry, demonstrando meus ciúmes. Até que ela, obviamente, cansou-se dos meus ataques e me deu o fora depois de ter apanhado o pomo no jogo contra a Corvinal.
- Então você deve sentir muito raiva do Harry, não? Afinal, se não fosse por ele, você não teria terminado tão prematuramente com a Weasley, certo? - ela instigou-o, sondando.
- Eu já tive muita raiva do Potter, sim. Mas agora, apesar das implicâncias, eu não sinto mais raiva dele. Tenho plena consciência de que ele é o homem certo para a Gina e que ela será muito feliz ao lado dele. Ainda sinto muito carinho por ela, mas não a amo mais, se é que um dia eu a amei, já que sei que meus sentimentos por ela nunca foram tão puros quando eu pensava...
- Então quer dizer que você não gosta mais dela? - revoltou-se Cho.
- Não, por quê? - Miguel franziu o cenho, não compreendendo a explosão da amiga.
- Por quê? Por quê? E você ainda pergunta por quê? Eu devo ser uma mulher de muita sorte mesmo! - ironizou ela, dando um soco na parede, assustando Miguel - Um gosta da Weasley, mas não quer me ajudar porque “não quer acabar com a felicidade dela”. Outro não gosta mais dela, mas não quer me ajudar porque “não sente mais raiva do Potter”. Ora, faça-me o favor!
- Cho, acalme-se! - Miguel segurou-a pelos ombros, sacudindo-a e fazendo-a sair do estado descontrolado, voltando ao normal - Eu posso e quero ajudá-la, mas não desse jeito. Olhe, você é minha melhor amiga e eu não gosto de vê-la assim...
- Então ajude-me, por favor! - pediu Cho.
- Ajuda-la como? - Miguel mirou-a solidário.
- Me ajude a acabar com esse maldito casamento!
- Quanto a isso eu não posso fazer nada, mas eu prometo que posso ajudá-la de outra maneira. - ele fez uma expressão pensativa, soltando-a.
- Qual maneira? - insistiu ela curiosamente.
- Vá até a entrevista que eu te indiquei. - disse o homem com um sorriso. Cho lançou-lhe um olhar ácido, berrando:
- Eu não quero ajuda profissional, Miguel! Eu quero ajuda pessoal!
- Eu sei disso, mas eu posso te oferecer os dois quesitos ao mesmo tempo! - sorriu o amigo, não se importando com o grito dela.
- Como?
- Sendo eu o Super Amigo Para Todas As Horas. - gabou-se.
- E o que você pode fazer para me ajudar, ô Super Amigo Para Todas As Horas?
- Eu posso apresentá-la a sua entrevistadora, a Srta. Luna Lovegood. - disse Miguel, não dando atenção ao comentário irônico de Cho.
- A Di-lua Lovegood? - espantou-se Cho.
- Exatamente.
- O que aquela pirada maluca pode fazer para me ajudar?
- “Aquela pirada maluca” é amiga da Gina e provavelmente foi convidada para o casamento. Então, se você fosse até a entrevista e conversasse com ela, talvez conseguisse extrair alguma coisa... - explicou, fazendo Cho sorrir esperançosa.
- Claro, eu posso até tentar descobrir algum podre da Weasley!
- Por que você tem tanto ódio da Gina, hein? Se você a conhecesse veria que ela é uma ótima pessoa... - começou Miguel, reprovando o comportamento da amiga.
- Vai ficar defendendo a Miss Hoggy agora, é? Ela não é mais uma pobretona, tem um cofre recheado de galeões devido o trabalho no Ministério, então não sinta pena da Srta. Perfeita! - gritou Cho irritada.
- Cho... - Miguel disse cansado.
- Não posso perder o Harry, Miguel. Vou traze-lo de volta. - disse ela séria, caminhando apressadamente até a porta.
- Hey! Aonde você vai? - ele chamou-a surpreso.
- No Pasquim! - respondeu.
- Cho, você não pode simplesmente ir até o Pasquim assim! Você tem que marcar hora!
- O que eu não posso fazer é ficar me apegando a detalhes feito este, Miguel. Eu estou muito ocupada. Tenho 4 dias para destruir o casamento, roubar o noivo... e não tenho idéia de como fazer isso... - ela começou a desesperar-se, apanhando sua bolsa.
- É melhor você se acalmar um pouco, Cho. - o amigo aconselhou-a, segurando seu braço delicadamente - Se não você vai acabar fazendo uma besteira. Tome um drinque comigo, mais tarde você vai até o Pasquim.
- Você não ouviu o que eu disse? Não posso perder tempo! Tenho que acabar com aquele casamento e vou conseguir ou não me chamo Cho Chang. - exclamou ela com a voz aguda enquanto observava Miguel trazer flutuando uma garrafa de vinho através de um feitiço convocatório.
- Carla não é uma má idéia, pense bem... - sorriu ele, caçoando enquanto abria a garrafa.
- Ele vai voltar para mim, você verá. - Cho disse com firmeza, saindo do quarto com um rodopio de sua capa.
Miguel resmungou, erguendo a garrafa e brindando sozinho:
- Saúde então...
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