Duelo de Titãs

Capítulo quatro: Duelo de Titãs

Um momento de tensão. Gina e Cho se encararam por segundos intermináveis. Logo, o olhar anteriormente doce e carinhoso da ruiva tornou-se raivoso. Ambas miravam-se cheias de rancor, os anos de separação não mudaram em nada o que uma pensava da outra, apenas acentuaram a quantidade de animosidade existente entre as duas mulheres.

- Weasley - cumprimentou Cho friamente, os olhos faiscando de raiva.

- Chang - respondeu Gina rispidamente.

Novamente as rivais se encararam e Cho teve extrema dificuldade em conter um rugido de raiva assim que o rosto de Gina contorceu-se em fúria, os olhos faiscando. Mais uma vez um silêncio desconfortavelmente abateu-se sobre o lugar. Harry e Luna entreolharam-se temerosos, pois sabiam muito bem que não se podia esperar coisa boa de um encontro entre Cho Chang e Gina Weasley, especialmente nas circunstâncias em que encontravam-se.

- Lindo dia, não? - Harry comentou imbecilmente para disfarçar o constrangimento que já fazia suas bochechas avermelharem-se de vergonha.

- Sabe, Cho - começou Gina, ignorando completamente as palavras do noivo. Cho estreitou os olhos, odiando o tom irônico que a ruiva havia utilizado-se ao pronunciar seu nome - Eu estava tendo um dia realmente ótimo, sabe? Maravilhoso mesmo, mas, como sempre, você teve o prazer de acabar com ele...

- Esse é o meu dever, certo, Weasley? Tenho que cumprir com as minhas obrigações - retrucou Cho, forçando um sorriso simpático só para provocá-la.

- Aha, como você é engraçada! - Gina riu falsamente, mostrando os dentes. Os olhos castanhos exprimiam um brilho selvagem, cruzando com o olhar assassino de Cho.

- Realmente, Gina - dessa vez foi Gina que incomodou-se profundamente com a ironia - Isso, vamos avaliar a minha vocação para a comédia! Afinal, você, sem sombra de dúvida, é uma ótima comediante. Sucessora dos seus irmãos, eu diria... Mas agora eu não estou conseguindo me lembrar o nome deles... Como era mesmo? Não me vem na memória, já que você tem uma penca deles... Vem cá, seus pais não tinham televisão, não?

Gina soltou um sonoro palavrão e partiu com ignorância para cima da rival, erguendo a mão para mirar um belo tapa no rosto dela, mas antes que pudesse concretizar seu desejo, um braço cruzou a sua cintura, prendendo-a contra um corpo forte. Sem nem precisar olhar para trás, a ruiva soube na hora quem a havia impedido de prosseguir seu ataque contra Cho.

- Me solta, Harry - mandou ela, trocando olhares hostis com a oriental.

- Eu só vou te soltar quando você parar de se comportar como uma criança de 5 anos de idade. - respondeu ele embaraçado, enlaçando a noiva pela cintura e segurando seus braços firmemente, de modo que ela não pudesse se mover.

Gina até tentou soltar-se do enlace, esperneando e remexendo-se, mas de nada adiantou, ele era mais forte que ela e sua superioridade em relação a situações como aquela era notável, mas ela ainda tinha um trunfo na manga:

- Você está pedindo para levar um chute naquele lugar, não é, querido?

Harry arregalou os olhos de espanto, olhando envergonhado para Luna e Cho que observavam a cena de braços cruzados. Luna com uma expressão de ligeiro divertimento e embaraço, mas permanecendo como antigamente, como se estivesse parado ali por acaso. Cho, por outro lado, batia o pé no chão, denunciando sua impaciência. Estava louca para entrar numa briga com aquela Weasley e arrancar, fio por fio, os cabelos dela. Sabia que era infantil da sua parte querer algo assim, mas era uma sensação que não podia controlar, queria proporcionar à aquela mulher o dobro do sofrimento que passara nos longos três anos de romance entre a ruiva e Harry.

- Não, amor - Harry disse carinhosamente irônico, voltando seu olhar para a esposa em seus braços - Tenho certeza que você não faria isso, afinal, eu vou ser seu marido em breve, teremos a lua-de-mel, e, se Deus quiser, os nossos futuros filhos, mas não poderei fazer tudo isso sem meu... equipamento, não é?

Cho baixou os olhos após as palavras pronunciados por Harry. E, com o movimento, seu olhar acabou convergindo com a aliança que Harry usava na mão direita posicionada sob a barriga de Gina para tentar conter os esforços dela em se libertar. Os olhos da mulher imediatamente tornaram-se sôfregos, tornando sua revolta interior explícita. Ela ergueu o olhar para Harry, encontrando os olhos verdes voltados para Gina que parecia estar avaliando as palavras dele.

- É, você está provavelmente certo. Mas existem outras maneiras de uma mulher se defender, sabe? Eu conheço outros meios de defesa que certamente não afetarão a nossa lua-de-mel e nossos futuros filhos - e dizendo essas palavras, Gina pisou com força no pé do namorado, fazendo-o soltá-la no mesmo instante.

- Gina! - Luna, que até agora permanecera calada, censurou a amiga, correndo para ajudar Harry que pulava num pé só pela sala, resmungando.

Gina sorriu malignamente para Cho que retribuiu o gesto, descruzando os braços. As duas caminharam calmamente até o centro da sala, parando a centímetros de distância uma da outras, quase que encostando os narizes. Gina postou as mãos na cintura, encarando Cho de cima, já que era alguns poucos centímetros mais alta que a rival. Mas Cho não deixava por menos, embora ainda abalada pela declaração de Harry quanto ao desejo de gerar um Weasley-Potter em breve, seu olhar expressava o mais profundo ódio.

- Então, não vai me dizer o que está fazendo aqui, sua piranha? - perguntou Gina com a voz suave, fazendo as palavras parecerem extremamente venenosas.

- E quem você pensa que é para falar assim comigo? - retrucou Cho asperamente, erguendo o queixo numa posição de desafio.

- Com certeza sou alguém bem melhor do que você, Chang - disse Gina calmamente, mas suas bochechas coradas de raiva e seu corpo ligeiramente trêmulo a delatavam, informando o quanto irritada ela estava.

- Ah, é? - Cho riu de maneira irritantemente superior - Você se acha muito perfeita, não é mesmo, Weasley? Mas eu vou te dizer uma coisa: Você não é, nunca foi e nunca será. Só não digo o que você realmente é, por respeito ao Harry que, por alguma razão, escolheu você para ser sua noiva...

Gina sorriu, um brilho de entendimento surgindo em seus olhos.

- Ah, então tudo isso é por causa do Harry, né? Eu devia saber... Tudo é por causa dele, não é mesmo? Você nunca entendeu o porquê de ele ter te trocado por mim... Pois bem, eu vou te dizer o porquê: Porque eu, ao contrário de você, não sou uma oferecida que fica dando em cima do noivo das outras...

- Ah, é mesmo! Me esqueci! - Cho deu um tapa na própria testa maliciosamente - Você não dá em cima de homens com casamento marcado, só fica se oferecendo para o namorado das outras, não é?

- O que você está querendo dizer, sua desclassificada? Está me chamando de vadia, é? - esbravejou Gina, as mechas vermelhas agitando-se violentamente enquanto sentia o sangue ferver.

- Você é quem tá dizendo... - disse Cho ironicamente.

- Ora, sua... - Gina adiantou-se furiosa para cima da morena, sua mão voando até os cabelos negros dela, mas Cho foi mais rápida e puxou com força os fios ruivos da rival antes que ela fizesse o mesmo consigo. Quando tudo indicava que as duas iriam se engalfinhar, uma voz soou na sala, chamando a tenção de ambas:

- O que está acontecendo aqui?

Gina deixou o queixo cair ao reconhecer seu ex-namorado, Miguel Corner, parado na frente da porta, observando a cena atônito. Cho apenas ergueu as sobrancelhas, ligeiramente surpresa, enquanto Luna cumprimentou o colega com um aceno. Mas a reação mas exagerada foi certamente a de Harry. Ele parara de resmungar pelo pé machucado e, na verdade, parecia ter até esquecido da dor, pois, assim que avistou Miguel, seu rosto contorceu-se numa expressão de ciúmes e seu olhar convergiu com o espantado da esposa.

- Mi... Miguel? - gaguejou Gina.

- Gina - cumprimentou Miguel polidamente, visivelmente surpreso por reencontrar a ex-namorada.

- Ora, que cena mais linda! - exclamou Harry debochado, a cara emburrada. Gina olhou feio para ele - A sessão "Reencontro"! Devo comprar uma pipoca para assistir ao showsinho?

- Bom dia para você também, Potter - Miguel retrucou mal-humorado.

- Miguel, o que você está fazendo aqui? - perguntou Cho.

- Eu vim atrás de você! - justificou-se o homem - Você saiu tão desabalada lá de Hogwarts que eu resolvi te seguir para ver se você não iria fazer nenhuma besteira... Mas vejo que cheguei tarde de mais...

Gina e Cho coraram quando Miguel olhou com repreensão para as mãos de ambas enroscadas nos cabelos da rival. Imediatamente, elas separaram-se, mantendo uma distância segura uma da outra.

- Emocionante, Corner - Harry disse grosseiramente - Agora, se me der licença, tenho de ir antes que eu passa mal por estar respirando o mesmo ar que você...

- Harry! - repreendeu-o Gina. Harry voltou-se irritado para ela.

- E você não pode falar nada, Gina! Até agora você estava brigando com a Cho!

- É diferente! - ralhou Gina exasperada.

- Não vejo diferença alguma! - teimou Harry, recusando-se a dar o braço a torcer.

- Pois eu vejo, e muita! - Gina reclamou, mirando o noivo com teimosia.

- Qual é a diferença, então? - Harry ergueu o queixo, desafiante.

- A Cho ainda gosta de você, mas o Miguel não gosta mais de mim! - respondeu Gina como se fosse a cosia mais óbvia do mundo.

- Obrigada pela parte que me toca - disse Miguel, postando-se ao lado de Cho. Mas o casal não lhe deu atenção tampouco.

- E como é que você tem tanta certeza disso? - desafiou-a Harry.

- Ih, já vi que a sessão "Reencontro" vai acabar em tragédia! - intrometeu-se Luna, recebendo um olhar muito feio de Harry que fez uma careta desgostosa, como se somente agora tivesse reparado na presença dela na sala.

- Você! - ele apontou para a loira - É tudo culpa sua!

Luna arregalou ainda mais seus olhos saltados, fazendo-os adquirirem o tamanho de limões. Franzindo a testa, ela olhou para Gina de sobrancelhas erguidas enquanto dizia à Harry:

- Retornando aos tempos do colégio, Harry? Não precisa ser tão grosseiro, sabe?

Harry fez um bico realmente cômico, como o de uma criança ao ser contrariada.

- Não liga para ele, não, Luna - Gina desculpou-se pela grosseria do noivo, lançando um olhar de repreensão à ele - O Harry anda meio estressado esses dias, não é, amor?

Harry resmungou, mas retraiu-se sob o olhar feio da noiva e preferiu acenar com a cabeça, desculpando- com Luna, do que ter de se entender com Gina depois.

- Não foi nada - Luna reassumiu seu ar avoado de sempre.

- Está bem, então - Gina, por sua vez, assumiu um tom animado - Eu vim aqui para te fazer um convite, mas fui bruscamente interrompida pela Changalinha flertando descaradamente com o meu futuro marido.

- Hei! - protestou Cho. Miguel riu.

- É, o Harry já tinha me falado... é do casamento, não é? - perguntou Luna batendo palmas, feliz.

- Ele te contou, foi? - Gina novamente olhou feio para Harry que encolheu-se, dizendo que não havia dito nada. Luna confirmou sua versão, perguntando curiosa:

- Então? O que é?

- Bom, eu preciso que você me faça um enorme favor, Luna - sorriu Gina esperançosa - Minha melhor amiga, a Beki, fraturou a pélvis dançando no show da "Gabriele e as veelas", aquela banda da irmã da Fleur, a minha cunhada, sabe? Pois bem, a Beki não vai poder comparecer ao casamento, está em repouso no St. Mungus. Você pode ser a minha madrinha?

- A Beki? Fraturou a pélvis? - Luna disse maliciosamente - Acho que ela tem levado muito a sério o namoro com o Fred, Gina. Vai ser se esforçou de mais, se é que me entende...

- Luna! - Gina riu.

- E então, Luna? Sim ou não? - Harry apressou-a, lançando olhares hostis para Miguel que respondia com caretas irritadas.

- Ah... Eu sinto muito - Luna disse sem jeito - Mas eu não vou poder.

- Por que não? - decepcionou-se Gina.

- Sabe o que é, Gina? A minha profetisa disse que as vibrações da influência nefasta de Saturno me afetarão durante o restante da semana. Desculpe, mas não posso me arriscar a desempenhar alguma função importante... - ela justificou-se desviando o olhar, claramente escondendo algo. Gina ergueu as sobrancelhas.

- Arriscar-se num casamento, Luna? - Harry olhou-a incrédulo.

- Ora, mas é claro! Como poderemos saber quando um inimigo nos espreita ou quando o azar está na nossa cola? Sabe, um dia meu tio-avô Alfredo saiu de casa para tomar um drinque no Três Vassouras quando o seu mapa astral dizia que ele deveria tomar cuidado. Bum! Não deu outra, ele vai atacado por um bando de heliopatas...

- Isso não existe, Lovegood - retrucou Cho.

- Existe, sim! - confirmou Luna zangada - São espíritos de fogo...

- Sim, sim, Luna, nós já sabemos o que as heliopetas são... - Gina cortou-a, tentando retomar ao assunto do casamento, mas Luna corrigiu-a:

- Heliopatas e, como eu ia dizendo, ela queimam tudo por onde passam...

- E o Fudge tinha um exército delas escondido embaixo do travesseiro, não é mesmo? - Cho revirou os olhos, fazendo Luna fechar a cara - Já ouvi essa ladainha bilhões de vezes...

- O que aconteceu com a sua gentileza, Chang? Acabou assim que conseguiu o que queria? - retorquiu a loira, mas antes que Cho pudesse se defender, Harry interrompeu-as:

- Luna, você aceita ser madrinha da Gina ou não?

- Temo que não, Harry... Desculpe, Gina - Luna desculpou-se constrangida.

- Não, tudo bem - Gina disse chateada - Mas você vai ao casamento, não vai?

- Vou, vou - Luna sorriu, os olhos brilhando - Eu não perderia isso por nada! Além do que, meus dias de azar só vão até a véspera do casamento.

- Verdade? - Gina desconfiou - E qual foi a cartomante de lhe disse isso?

- Profetisa, Gina - Luna corrigiu - Foi a Parvati, ela leu as minhas folhas de chá hoje de manhã antes de escrever a coluna semanal pro Pasquim sobre quiromancia.

- A Parvati, é? Eu sabia! Aquela piranha vingativa! - Gina xingou em voz baixa.

- Como? - perguntou Luna.

- A Parvati! Ela deve ter descoberto sobre o acidente com a Beki...

- É óbvio que ela soube, Gina! Ela adivinha o futuro, esqueceu? - riu Luna nervosa.

- Que adivinha nada, Luna! Ela é uma charlatã como aquela mentora dela, a Trelawney. Ela de certo descobriu sobre a fratura da Beki pelo Jorge, eu soube que os dois estão de rolo, sabe como é, gêmeo com gêmea... De qualquer jeito, ele deve ter presumido que a Beki não iria poder comparecer a cerimônia e resolveu te descartar para o posto de madrinha para que eu a convidasse no seu lugar! Vaca! Só o Harry mesmo para ter coragem de sair como ela!

- Hei! Eu só fui ao baile de Inverno com ela, tá bom? - defendeu-se o moreno.

- E quanto aos amassos que vocês dois davam na Torre de Astronomia, hein, vai negar? Hogwarts inteira comentava! - reclamou Gina ciumenta, compartilhando seu ciúme com Cho, que desviou os olhos.

Harry riu, os olhos verdes iluminando-se com o comentário.

- Virgínia Weasley! Você está com ciúmes de mim?

- Eu? Ciúmes? De você? Não me faça rir, Harry Potter - Gina disse, corando de leve.

Ele riu ainda mais, irritando-a.

- Qual é a graça? - perguntou a ruiva emburrada.

- Do quanto você fica bonita enciumada - Harry respondeu em tom sedutor, piscando para ela que se desmanchou num sorriso desejoso. Assim que ele lhe sorriu amavelmente, ela fez um gesto que indicava que mais tarde eles continuariam com o jogo de sedução e não terminariam tão cedo.

Cho, cansada do grude meloso do casal, tratou de interromper a troca de olhares, pois tinha plena certeza de que se ficasse olhando a cena romântica por mais alguns segundos, não conseguiria reprimir uma careta de nojo e ânsia que lhe invadia, embrulhando seu estômago.

- E quanto ao assunto da madrinha, como ficou?

Harry sorriu, desviando os olhos dos de Gina e fixando as íris claras nas escuras da oriental. A ruiva torceu a boca, suspirando frustrada enquanto fuzilava Cho com um olhar extremamente venenoso.

- Não sei, como ficou, amor? - Harry perguntou à Gina que olhou desanimada para Luna, respondendo:

- Não sei também... Não faço idéia de onde poderei encontrar uma conhecida disponível agora, assim encima da hora... A Mione já será sua madrinha, a Parvati eu não convido de jeito nenhum, nem a Padma que é uma fofoqueira como a irmã, a Lilá está viajando, só voltará no dia do casamento, minhas colegas de trabalho serão as minhas damas de honra... - Ela fez uma careta ao atingir a última mulher da lista de sua contagem - Só sobra a...

- Marjorie! - exclamou Luna sonhadora.

- Marjorie? - confirmou Gina, gemendo. Sua voz soou mais como uma pergunta do que uma afirmação, como se indagasse a Luna se a presença da tal mulher era realmente necessária.

- Sim, a Marjorie! Ela adoraria ser a sua madrinha! - Luna sorriu - Além disso, ela pode tocar umas músicas no tambor dela, não é?

Gina fez uma careta enquanto Harry ria abertamente. Marjorie era uma de suas amigas do colégio, ela estudara junto com a ruiva na Grifinória e, atualmente, era uma alternativa que compunha músicas muito malfeitas, ao qual tocava em seu tambor. Chegava a ser mais louca que Luna (o que poderia ser considerado um grande feito), talvez por isso a amizade entre as duas era tão duradoura.

- Por que não? - Luna perguntou chateada.

- Porque, sinceramente Luna, aquele novo perfume da Marjorie tem um... cheirinho... - começou a ruiva, torcendo o nariz enquanto gesticulava.

- Ela vai tomar banho quando os elfos forem libertados! - exclamou Luna com convicção, fazendo Harry e Miguel soltarem uma risada pelo nariz, mas logo se recuperaram, voltando a encarem-se com hostilidade.

- Mais uma adepta do F.A.L.E, hein? - Gina sorriu, lembrando-se do movimento fundado por Hermione.

- É, a Granger está conquistando todo mundo! - Luna disse ironicamente, referindo-se a conquista de Hermione sob Rony, sua antiga paixão de adolescência.

Gina sorriu amarelo, descobrindo o real motivo pelo qual Luna não queria ser sua madrinha: Se assim fosse, ela teria de subir no altar ao lado da mais nova Sra. Weasley, esposa de Rony, e, consequentemente, presenciar momentos de intimidade entre o casal.

- Ah, sim... - sussurrou Gina com uma expressão compreensiva - Mas eu realmente não poderei convidar a Marjorie, Luna, acho... acho que vai estar ocupada... com... com os projetos contra a matança dos spiderdogs de papo avermelhado, lembra?

- Ah sim! - Luna exclamou. Ela era a única que apoiava o movimento de Marjorie contra a extinção dos spiderdogs, pois era a única que realmente acreditava que aqueles bichos existiam - É, ela deve estar muito atarefada!

- É, é uma pena, né? - Gina riu, mas Luna não notou o tom irônico em sua voz - Agora não sei quem irei convidar para ser minha madrinha...

- Pois eu sei - pronunciou-se Miguel, recebendo um olhar interrogativo de Gina - A Cho!

- Como é que é? - gritaram Luna, Gina, Cho e Harry ao mesmo tempo.

- É uma ótima idéia, pensem bem - Miguel instigou, sob o olhar incrédulo de Cho - Como você mesma disse, Gina, será muito difícil encontrar alguém disponível de última hora e a Cho aqui já confirmou a sua disponibilidade até o final da semana.

- Confirmei? - disse confusa, os olhos esbugalhados em surpresa diante da repentina e completamente absurda idéia de Miguel.

- Confirmou - disse Miguel convicto, lançando um olhar significativo a amiga, que não entendeu nada.

- Mas, com toda a certeza, ela não iria querer... - começou Gina, tão surpresa quanto Cho em relação a proposta do ex-namorado.

- É, eu não... - ia dizendo Cho, mas Miguel foi mais rápido e respondeu por ela, seus olhos fixos enquanto tentava transmitir, em vão, uma mensagem através do contato ocular:

- Ela adoraria.

- Não, eu não... - Cho tentou reparar o erro do amigo, desesperada, mas novamente ele passou a sua frente, dizendo em tom calmo:

- Não reparem, ela é só tímida demais para admitir. E quanto a você, Gina - ele voltou-se para a ruiva, o olhar significativo sendo transmitido agora para ela, enciumando Harry - Veja só, esse pode ser a sua chance única! Você poderá matar dois coelhos com uma cajadada só: Poderá manter a Cho sob as suas vistas para que ela não... hum... saia da linha - Cho fez uma expressão revoltada - E poderá, ao mesmo tempo, vê-la subindo ao altar ao seu lado, vendo o Harry jurar amor eterno a você, ouvindo vocês dois sacramentando seu matrimônio, sendo madrinha do SEU casamento, com o SEU Harry...

Um lampejo de entendimento perpassou os olhos castanhos da ruiva que sorriu, malévola. Concentrando seus olhos nos de Miguel, ela piscou, demonstrando que entendera a indireta. Miguel acenou com a cabeça em direção a Cho, incentivando Gina a concluir o pedido.

- Então está tudo certo! Aceita ser a minha madrinha de casamento, Cho?

Mas assim que Cho abriu a boca para responder que nunca se prestaria a aquela papel, Miguel disse:

- Ela aceita.

Cho deixou o queixo cair, estupefata, assim como Harry e Luna que acompanhavam o diálogo embasbacados. "Como ele tem coragem de fazer isso comigo?" - pensava ela, sentindo as mãos pinicarem para apertar o pescoço de Miguel, asfixiando-o por completo. Mas antes que pudesse realizar seu desejo, Miguel segurou seu braço, arrastando-a até a porta enquanto despedia-se de todos e confirmava com Luna a entrevista para a próxima semana.

- QUE IDÉIA IDIOTA FOI ESSA, SEU IMBECIL? - vociferou Cho completamente irada, assim que Miguel fechou a porta atrás de si. Todos os jornalista olharam para os dois. O homem baixou a cabeça, pedindo silêncio para a mulher - SILÊNCIO? SILÊNCIO? E VOCÊ AINDA ME PEDE SILÊNCIO? COMO POSSO FICAR EM SILÊNCIO DEPOIS DO QUE VOCÊ ACABOU DE FAZER, SEU CRETINO FILHO DA MÃE? PORQUE VOCÊ FEZ ISSO?

- Cho, calma, eu só...

- SEU IDIOTA TRAIDOR! FAZENDO PACTO COM A WEASLEY AGORA, É? DANDO IDÉIAS A ELA DE COMO ME HUMILHAR? POIS SABIA QUE EU...

- EU NÃO ESTOU TENTANDO TE PREJUDICAR, CHO! - Miguel gritou de volta, fazendo os olhos dela arderem de ódio, e ele soube que ela estava pronta para soltar mais meia dúzia de insultos em sua direção - EU SÓ FIZ AQUILO PARA TE AJUDAR, DROGA!

- AJUDAR COMO? - Cho berrou, vermelha de raiva, finalmente percebendo que os olhares de toda a edição do Pasquim estavam fixos em si - E O QUE VOCÊS TÃO OLHANDO, SEUS INCOMPETENTES? VOLTEM AO TRABALHO, AGORA!

O grupo de jornalistas imediatamente voltou a desempenhar suas funções, constrangidos. Cho respirou fundo, fazendo as mechas negras de seu cabelo movimentarem-se ligeiramente. Passando uma mão pelos fios escuros, ela colocou a outra sob peito que subia e descia rapidamente, acompanhando sua respiração ofegante.

- Cho, eu... - começou Miguel novamente, olhando com certo temor para Cho.

- VOCÊ ME DEVE UMA EXPLICAÇÃO! - exclamou ela irritada.

- Pois é isso que eu estou tentando fazer - Miguel disse suavemente - Escute, Cho, eu fiz isso porque pensei...

- PENSOU O QUÊ? QUE SERIA DIVERTIDO ME HUMILHAR?

- Não, eu pensei que seria divertido ajudá-la! Vamos lá, Cho, você é uma corvinal, e portanto é inteligente. Pense bem: Se você for a madrinha, terá muito mais chance de conviver diretamente com os noivos, terá acesso aos preparativos, aos convidados...

Cho olhou-o por alguns segundos com cara de paisagem, sem expressão definida. Até que um sorriso foi vagarosamente surgindo em seu rosto, demonstrando que ela entendera o recado.

- Mas é claro! - exclamou ela, não acreditando que não tivesse percebido a empreitada antes - Se eu for a madrinha poderei destruir o casamento com muito mais facilidade! Como é que eu não percebi isso?

- Mas eu percebi - disse Miguel com simplicidade - E resolvi te ajudar, afinal, eu posso até não guardar rancor pelo Potter, mas ele estava me devendo uma crise de ciúmes, já que passei por tantas por causa dele. Além disso, uma sacanagem de fez em quando não faz mal a ninguém, certo?

- Completamente certo! - confirmou Cho, atirando-se do pescoço de Miguel e beijando sua bochecha várias vezes seguidas como forma de agradecimento - Eu te amo, Miguel! Você é o cara mais legal do mundo! Obrigada, obrigada, obrigada! Você é meu anjo da guarda!

- Eu sei disso, querida - respondeu Miguel convencido - Nem sei o que seria de você sem mim.

- Seria uma vegetal, com certeza - disse Cho com um sorriso enorme, ainda pendurada no pescoço do amigo - Como é que eu posso agradecer a ajuda que você está me dando?

- Não me pedindo mais nenhum favor nos próximos dez anos - respondeu Miguel com uma piscadela marota.

- Pode deixar que o último favor que você me fará será muito bem aproveitado - Cho piscou de volta, dando um beijo excessivamente demorado na face vermelha dele. Ele riu, enlaçando-a pela cintura.

Sorrindo, os dois caminharam abraçados por entre os jornalistas curiosos. E quando Cho saiu do Pasquim, uma sensação de dever cumprido invadiu seu peito, alegrando-a e aquietando seu coração que palpitava apressado. Enquanto andava pelas ruas chuvosas do Beco Diagonal, abraçando Miguel pela cintura, ela ergueu os olhos uma última vez para olhar para o prédio ao qual acabara de sair. Foi quando ela viu um par de olhos verdes ciumentos olhando fixamente dentro dos seus.

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