Em seu devido lugar.



Capítulo 8 – Em seu devido lugar.



Harry não conseguia se mover. Quando voltou do surto de raiva que o acometeu, se deu conta de que Hermione o segurava pelo braço, e percebeu que ela o havia puxado até um canto do grande salão. Se desvencilhou das mãos da amiga e, numa tentativa de descarregar seu ódio, partiu na direção de Voldemort, mas foi interrompido. Rony, cuja força Harry agora desconhecia, o havia segurado pelos ombros, sussurrando:
- Fica calmo.
Harry cerrou os punhos, e já abria a boca quando Gina aproximou o rosto do seu, de forma que os lábios dela ficaram bem próximos de seu ouvido:
- Se você quer vingança, não seja burro e faça direito – E voltou-se para Rony e Hermione – Vamos sair daqui.
Harry não se moveu. Antes que pudesse pegar a mão de Gina e sair correndo dali, a voz cortante do ser mais perverso que conhecia no mundo se fez ouvir, em um tom repugnante:
- Quanto tempo esperei por esse momento. O mal, finalmente, no auge de sua vitória. Ganhei uma batalha, mas a guerra não está terminada. Harry Potter está sem a menor chance. Ele vai ter o mesmo fim que seus pais, aqueles vermes que achavam que poderiam me vencer. E ele cometeu o mesmo erro. Mas antes de aprender a não se meter com Lord Voldemort e morrer... A vingança não acaba por aqui. Ele perderá tudo.
Enquanto Rony lutava para segura-lo, Harry investia toda sua força em uma tentativa de chegar a Voldemort. Estava furioso como nunca havia se sentido na vida. A morte de todos aqueles que amava precisava ser vingada; Ele sentia essa certeza percorrendo suas veias. Gina tocou sua mão e, por um instante, ele se distraiu da raiva, olhando nos olhos da garota. Não tinham chances contra Voldemort. Não sozinhos. Enquanto o mirava, Gina sussurrou:
- Eu não suportaria... Harry, por favor...
Foi suficiente. Seu corpo finalmente cedeu, e ele imediatamente segurou com força a mão de Gina e tentou dizer algo. Sua voz, porém, parecia ter sumido. Hermione, que estava visivelmente atônita, respirou fundo uma vez e proferiu baixinho:
- Provavelmente não poderemos aparatar. Vamos dar um jeito de sair daqui.
Andando vagarosamente até a porta, onde o segurança de cara amarrada ainda se encontrava parado de costas, eles ficaram em silêncio. Quando Rony olhou confuso, possivelmente duvidando que houvesse uma forma de sair dali, Hermione ergueu a varinha, decidida, e em seguida o homem da porta caiu duro no chão. Os quatro, por fim, saíram do grande salão e logo depois da Travessa do Tranco.
Quase chegando ao Caldeirão Furado, absortos em andar apressadamente, Harry, Gina, Rony e Hermione não haviam falado nada. Depois de alguns suspiros, de olhar fixo no horizonte, Gina se manifestou:
- Se Rony não te segurasse, você tem idéia do que poderia ter acontecido?
- Tenho – respondeu Harry sem pensar.
- Ótimo. Espero que você, no mínimo, ainda se lembre da existência das Horcruxes. Você não pode vencer Voldemort sem encontrá-las e sabe disso.
- Me desculpem. Eu sei que me precipitei, mas Voldemort realmente me traz uma raiva dominante. Aliás, valeu por me segurar. Não conhecia essa sua força! – Concluiu, dirigindo a palavra a Rony.
O garoto respondeu com um sorriso tímido de canto de boca, e se limitou a olhar para o horizonte também. Depois de alguns segundos, Rony indagou:
- Ei... Mione nem abriu a boca pra murmurar “Petrificus Totalus”... Desde quando você domina essa arte com tanta perfeição?
- Andei estudando nas férias, ao contrário de vocês.
Rony fez uma careta e prosseguiu:
- Mesmo sabendo que Hogwarts provavelmente não abriria, mesmo estando em férias e mesmo sendo ótima em todas as matérias... Você estudou?
- Você se esqueceu de que sou uma “máquina calculadora”, Sr. Ratinho Medroso? Máquinas calculadoras não param de trabalhar.
- Você realmente não vai esquecer nunca disso. Eu não falei por mal!
- Pois deveria ter pensado nisso antes de falar.
Harry e Gina se olharam, com um sorrisinho cúmplice escondido, e como se um lesse o pensamento do outro, passaram à frente do outro casal, que discutia incansavelmente. De repente, Harry soltou:
- Não poderia continuar tentando atacar Voldemort, depois do seu olhar...
Gina parou e olhou pra trás. Rony e Hermione estavam também parados, gesticulando e discutindo de forma ainda mais frenética. Depois, voltou-se para Harry, um pouco confusa:
- O que você quer dizer com isso?
- Eu...
Vendo que Harry não emitiria nada além de resmungos e tentativas fracassadas de se expressar, Gina tocou os lábios dele com os seus, em um momento único. Ao fim daquele breve beijo, com os olhos a centímetros uns dos outros, os dois se abraçaram. Quando os sentimentos de Harry chegavam perto de transbordar de seu peito, ele fechou os olhos e sentiu a intensidade daquele momento. Isso sim era magia. E Harry sabia que ter um amor intenso como aquele, era ainda uma surpresa maior para ele do que a que o acometeu na noite em que descobrira que era um bruxo.
- Eu não posso te perder – Sussurrou Gina, de forma quase inaudível.
Soltando-se carinhosamente dos braços da namorada, Harry tocou seu rosto e sua cintura, olhando em seus olhos; novamente sentiu aquela sensação de que não era mais o Harry Potter de antes.
- Eu nunca vou te deixar.
E, unindo as mãos em uma promessa silenciosa de que estariam juntos até o fim, ao som da discussão que continuava acontecendo lá atrás, Harry e Gina recomeçaram sua caminhada rumo às poucas luzes que ainda se acendiam naquele lugar outrora mágico, agora nas sombras.


Na manhã seguinte, Harry não se lembrou de ter sonhado com nada de importante durante a noite. Quando chegaram ao Caldeirão Furado depois da festa na travessa do Tranco, os dois casais caíram duros na cama, dormindo rapidamente.
Harry não viu ninguém ao seu lado quando despertou. Se levantou, sonolento, colocou os óculos e a roupa, e se dirigiu às escadas. Antes de descer, porém, teve outra idéia e parou em frente à porta do quarto de Gina e Hermione.
Antes que pudesse bater, a porta se abriu e Gina saiu depressa, batendo-a fortemente:
- Não entre. Rony está aí há uns dez minutos e os dois estão realmente irritados.
- Aquela mesma briga de ontem?
- Sim, sim. O ratinho medroso e a máquina calculadora são dois orgulhosos imbatíveis; O que se pode fazer?
- Quanto a eles, não sei. Mas eu preciso comer alguma coisa com urgência.
Gina parou por um instante e sorriu de forma contagiante. Harry também o fez, embora sem entender por que.
- Que foi? – perguntou.
- Sei lá por que diabretes, mas lembrei de um momento engraçado, agora.
Harry não soube dizer como aconteceu. De forma quase instantânea, após Gina dizer a última palavra, recebeu uma imagem de seu quinto ano em Hogwarts como se tivesse vivido aquele momento no exato segundo. Disparou, sem pensar:
- Na biblioteca, quando você me ajudou a pensar em um jeito de... falar com Sirius.
Gina sorriu novamente:
- Está se tornando apto em captar os sinais da minha mente, não é? E sim, era disso que eu estava falando. Você comeu seu ovo de chocolate que mamãe mandou, e fomos chutados pra fora por causa disso. Meus ouvidos ainda doem ao lembrar do berro: “CHOCOLATE NA BIBLIOTECA?”.
Quem ria agora era Harry.
- Não foi bem disso que me lembrei. Só me veio certa curiosidade: Nesse dia, eu estava meio nervoso por causa... Por causa de algumas coisas que havia presenciado. Mas ninguém parecia ter notado até você perguntar o que eu tinha de errado.
- É, você estava nitidamente nervoso. Quero dizer, pelo menos pra mim... Aliás, essa foi uma época realmente crítica. Nunca me esqueço da sua grosseria no dia em que eu e Luna queríamos ajudar você a... Salvar Sirius.
Harry percebeu que Gina estremeceu ao pronunciar as duas últimas palavras, e quis ser solidário com ela:
- Não se preocupe. Já acostumei com esse assunto, e se ele me traz alguma raiva ainda, é por causa da minha burrice em não ter escutado Hermione.
- Já é tarde pra se arrepender do que fez. E você não deve pensar nisso agora, Harry.
- Posso pensar em panquecas?
- Se você não ficar gordo feito um pelúcio, pode.
Os dois sorriram, mas a graça não durou muito tempo. Rony e Hermione tinham acabado de descer as escadas; A garota com os olhos cheios d’água e um olhar indignado, e Rony carrancudo e com os olhos semelhantes.
Gina olhou de soslaio para Harry e sussurrou:
- Acho melhor você falar com ele – E, virando-se para a amiga – Mione! MIONE!
Harry olhou penalizado para Rony. Há algum tempo atrás, era o ruivo quem tinha conversas com ele sobre Cho ou coisa parecida; Agora ele estava feliz com Gina e o amigo é quem precisava se ajuda.
- Que é que houve cara?
- E eu sei lá? Pergunta pra Hermione o que diabos as garotas pensam. Já disse: Ela tem de traduzir pra mim, porque simplesmente não entendo.
- Acontece o tempo todo.
- Pelo menos Gina não te dá apelidos idiotas.
- Quem sabe por que eu não dou nenhum a ela, também?
Rony o observou com um olhar fulminante. Depois de algum tempo, suspirou e continuou:
- Eu gosto dela, cara. Gosto pra valer.
Harry sorriu para o amigo.
- E você acha que eu não sei?
- Acontece que é impossível entender o que se passa na cabeça delas, num segundo está tudo bem e no outro elas choram por alguma coisa que nada tem a ver com nada.
- Não me faça lembrar de Cho, por favor. Ela sim: Mais chorava do que qualquer outra coisa.
- Nem se compara com Hermione, francamente. Ela até que não é tão complicada.
Harry o mirou com visível ironia.
- Ah, sim. Você quer dizer que ela não é tão ruim, e que é só drama o que vocês dois estão fazendo?
- Eu... Não disse isso – respondeu Rony, amarrando a cara.
- Mas é o que Hermione precisa ouvir.
- Me empresta um escudo pra eu chegar perto dela?
- Do jeito que ela parece estar chorando no ombro de Gina, é mais aconselhável um guarda chuva. Se bem que, até onde eu sei, uma chuvinha de vez em quando não faz mal à ninguém.
Rony desamarrou a expressão do rosto e fez um movimento brusco. Já em pé, olhou fixamente para a porta por onde Gina e Hermione haviam saído, arqueou o peito, deu um leve suspiro e falou:
- Eu vou falar com ela.
Um pouco surpreso, Harry acenou com a cabeça em concordância e acenou para que Gina viesse até ele, ajudando Rony a se aproximar com privacidade. A ruiva falou algo ao ouvido de Hermione e saiu apressada, indo na direção do namorado, que observava Rony andando com ar apreensivo.
***

Rony respirou fundo, a criatura rugindo ferozmente dentro de seu peito. Precisava falar com Hermione, antes que as coisas se tornassem mais complicadas ainda.
- Mione?
Hermione, que esteve sentada de costas, num pequeno banco, até ele se aproximar, não se virou ao responder:
- Que é?
- Eu... A gente pode... Olha... Eu queria, assim...
- Discutir a relação?
Rony tentou engolir a bola que sua garganta esteve retendo. Não conseguindo, continuou com dificuldade:
- Eu ia dizer pra gente... Conversar.
- Já entendi essa parte.
- Então você bem que poderia demonstrar, olhando pra mim.
Hermione hesitou por um instante; Depois de alguns segundos, girou o corpo para encarar Rony. Seus olhos estavam vermelhos e sua boca muito trêmula.
- Está bom assim?
- Sim. Eu estive pensando...
- Porque você não fala ao invés de só pensar?
- E porque você não se acalma pra gente poder se acertar?
Agora era diferente. Rony tinha respostas para dar, ao contrário de como sempre foi.
- Desculpa... Continua.
- Eu estive pensando no tempo que perdemos.
Hermione abriu mais os olhos. Sua boca parou de tremer e ela tentou falar:
- Do que... Do que você está falando?
- Ah, não vem com essa, Mione. Eu já gostava de você há muito tempo... Não sei se pra você foi assim, mas eu não podia admitir isso... Não podia admitir que... Que eu...
- Que você gostava da garota mais “complicada” que conhecia?
Rony ficou vermelho e Hermione sorriu. A garota fez sinal para que ele sentasse. Ele sustentou o olhar nas mãos dela; Era estranho saber que podia tocá-las. Como se soubesse o que ele estava pensando, Hermione falou:
- Eu sei. Era realmente estranho quando, antigamente, você tocava minha mão.
Ela também estava vermelha, mas, ao contrário de Rony, mantinha o olhar fixo no rosto da pessoa que estava ao seu lado. Como se sua coragem tivesse voltado de repente, Rony olhou para ela e pegou finalmente em sua mão.
- Gosto de poder fazer isso sem temer sua reação.
Hermione sorriu, sem jeito. Era incrível como os olhos dela brilhavam de tão cheios... Mas Rony desconfiava que o motivo das lágrimas, agora, era outro. Ainda olhando seu rosto, Rony tocou o queixo de Hermione, em uma atitude em que se libertava a ansiedade de anos por momentos como aquele, que habitou o lugar mais fundo do seu coração que chegou a ser ignorado. Rony a beijou como num sonho. Aos poucos foi percebendo que tudo tinha ficado bem, e não precisaria mais se preocupar. Tudo estava, finalmente, em seu devido lugar. Aquele beijo veio pra responder as milhares de perguntas que devia ter feito; Mas a criatura em seu peito agora o deixava cego. Cego de amor.



N/A:

Olá, amores!

Desculpe novamente pela demora em postar.
Estive realmente ocupada, mas isso é assunto pra uma outra hora (:
Como vocês vão perceber ao final desse capítulo, eu adquiri uma certa quedinha pelo shipper R/Hr. Sempre fui mais de H/G,
mas depois de alguns vídeos no You Tube acabei me apaixonado pelos dois em igual. Espero que os fãs dos shippers estejam
satisfeitos ;D
E obrigada à Babi, que foi quem me mostrou os vídeos e me fez viciar em R/Hr!

Pra terminar, já que novamente não vou poder responder aos comentários de vocês, quero contar que ganhei uma Beta :DDD
O nome dela é Milene, ela tem uma fic LINDA e não postou ela ainda ¬¬
BRIGAAAADA MIH! Eu (L) você #)
E é em homenagem à ela e a Babi que eu falo da Cho. PORQUE NÓS A ODIAMOS!
HIEUHEUIHIUHEUIHEUIHEUIE :x

Espero, então, que vocês gostem!
No próximo capítulo, os casais vão ir para um outro lugar ;)
Aguardem!

Beijos,
Isa :).
Obs.: Os comentários estão cada vez mais perfeitos! Obrigada mesmo pra quem têm lido e comentado; é muito importante pra quem escreve, ver o retorno do trabalho e tudo o mais! Continuem!

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