Far Away



Início do Flashback:
“-Você é um completo idiota! Eu não sei como pude me apaixonar por você um dia. - gritou a mulher, espalmando em seguida a mão na própria testa. Ela caminhou pesadamente em direção ao homem e apontou o dedo no peito dele – Eu te desprezo. Você representa tudo o que eu abomino, Sírius”.

-Que coincidência, Violet. Repito tudo isso pra você. – falou no tom mais maldoso que conseguiu reunir.

-Saia daqui! – gritou ela mais uma vez. Os olhos brilhando de ira. Ele raramente a via perder o controle daquele jeito. –Desapareça da minha frente! Eu desisto de você, ouviu bem? Desisto!

-Isso era de se esperar. Você sempre foi uma fraca, Violet. Desistir? Isso é o que você sempre faz.

-Saia! – berrou ela novamente, entrando no próprio quarto e batendo a porta com força em seguida.

O homem ainda olhou a porta do quarto fechada e suprimiu a vontade de arrombá-la. Ela já tinha desistido, não? Não adiantaria mais brigas. Apesar de seu inconsciente lembrá-lo que aquela briga tivera origem quase que exclusivamente por ele, dessa vez ele não correria atrás. Violet teria que engolir seu orgulho e pedir desculpas, ou realmente as coisas findariam ali. Balançando a cabeça, Sírius saiu do apartamento batendo a porta com força também. Tudo o que ele queria agora era uma boa dose de uísque”
Fim do Flashback

This time, this place
Este tempo, este lugar
Misused, mistakes
Desperdícios , erros
Too long, too late
Tão demorado , tão tarde
Who was I to make you wait
Quem era eu para lhe fazer esperar
Just one chance
Apenas mais uma chance
Just one breath
Apenas mais uma respiração
Just in case there's just one left
Apenas um caso que foi deixado de lado
'Cause you know,
Porque você sabe,
You know, you know
Você sabe , você sabe...

O homem abriu os olhos atordoadamente. O relógio ao lado da cama marcava 6 horas da manhã. Suspirou. 3 dias! 3 dias e nenhuma notícia. O que ela queria? Deixá-lo maluco? Pois estava conseguindo. Passando a mão nos cabelos, Sírius levantou-se e foi em direção ao banheiro. Alguns minutos depois, saía com os cabelos completamente molhados e usando apenas um roupão. Passando pela sala do pequeno apartamento, no qual estava escondido, em direção à cozinha para tomar uma xícara de café, Sírius ouviu o apito estridente da lareira. Seu coração acelerou instantaneamente. Alguém estava mandando uma mensagem via flú! Só podia ser ela!

Apressou o passo e parou à frente da lareira, no mesmo momento em que a cabeça de Lupin aparecia entre as chamas. Sentindo-se um pouco frustrado por ver que era apenas o amigo, Sírius o cumprimentou, tentando não transparecer a ansiedade que estava.

-Bom dia, Aluado.

-Sírius, tenho que falar rápido. A Rede flú não está segura. É sobre a Violet.

Sírius empertigou-se. – O que houve?

-Ela foi encontrada. Ela não tinha fugido, como você pensou. Parece que os Comensais arrombaram o apartamento em que ela estava e a levaram. Não sei direito o que aconteceu, nem sabemos qual o estado dela. A única coisa que sabemos é que os aurores que a encontraram a levaram-na para o Saint-Mungus. Alguns representantes da Ordem e do Ministério estão indo para lá agora.

O que se passou depois não seria mais do que um borrão na memória de Sírius. Dizem que isso acontece em momentos traumáticos. A única coisa que ele sabia era que Violet estava ferida. Talvez até morta! Não, não, isso não podia acontecer. Não agora que eles tinham se reencontrado. Não agora que ele descobrira que tinha dois filhos com ela e que...apesar de todos aqueles anos separado, todos os sofrimentos e provações, ele ainda a amava.

That I love you
Que eu te amo
I have loved you all along
Eu te amei o tempo todo
And I miss you
E eu sinto sua falta
Been far away for far too long
Estive afastado por muito tempo
I keep dreaming you'll be with me
Eu continuo sonhando que você ficará comigo
And you'll never go
E você nunca irá embora
Stop breathing if
Paro de respirar se
I don't see you anymore
Eu não ver você de novo

Entrou como um raio no Saint-Mungus. Passou pela portaria, sem se importar se estava sendo reconhecido ou não. A atendente não sabia nenhuma informação sobre a paciente Violet Sanders, apenas lhe informou que havia dois aurores no 2º andar, mas ela não fazia idéia do porquê da presença deles ali. Assim que chegou no andar indicado pela enfermeira, visualizou Tonks num canto da parede e foi em direção à mulher. O coração batia tão acelerado que ele imaginou se não estava ecoando nas paredes do hospital.

-Onde ela está, Tonks? – perguntou, afobado.

-Ela está sendo atendida, Sírius. Foi a única coisa que descobri. Nenhum dos enfermeiros soube informar mais nada. Parece que eu não fui a única enviada do Ministério pra cá. Acho que eles estão tentando abafar o ataque a uma semi-elfa que ainda por cima é agente do alto escalão do Ministério Francês. – completou, dando de ombros.

Sírius sentiu-se murchar. Àquela hora, em algum lugar daquele maldito hospital, Violet poderia estar morrendo e ele não podia fazer nada! Deu um murro de frustração na parede, sendo recepcionado pelo olhar de reprovação e um sinal de silêncio de um dos quadros na parede. Controlando a vontade de xingar o quadro, Sírius sentou-se em uma das muitas cadeiras do corredor.

Isso não podia estar acontecendo. Ele amava Violet. Sempre a amou. Ela era seu ponto forte, seu apoio, sua sanidade mesmo nos tempos de Azkaban! E quando soube de sua suposta morte? Aquele fora um dos piores momentos de sua vida! E fora a morte dela, além da de Lílian e Thiago, que o impulsionara em sua obsessão por vingança. Era por ela que ele acordara todos os dias naquele inferno, com vontade de fazer pagar a todos aqueles que a tinham feito mal. E era pela lembrança dela, da adolescência, do noivado, de sua vida com ela antes daquela maldita guerra, que ele suportara os 16 anos de solidão que vivenciou. Ele que pensava não ter nenhuma família – a não ser Harry, seu afilhado – descobriu-se pai de gêmeos! E seus filhos que sequer sabiam de sua existência? Não, Violet não podia deixá-lo novamente. Não agora. Baixou a cabeça entre os joelhos, assanhando seus cabelos, e pela primeira vez em muito tempo, rezou.

On my knees, I'll ask
De joelhos, eu pedirei
Last chance for one last dance
Uma última chance para uma última dança
'Cause with you, I'd withstand
Porque com você, eu resistiria
All of hell to hold your hand
A todo o inferno para segurar sua mão

I'd give it all
Eu daria tudo
I'd give for us
Eu daria por nós
Give anything but I won't give up
Eu daria qualquer coisa, mas eu não desistiria
'Cause you know,
Porque você sabe
You know, you know
você sabe, você sabe...


Alguns minutos depois, Lupin chegou e após conversar um pouco com Tonks, sentou-se ao lado de Sírius. Em questão de segundos, Moody apareceu no corredor acompanhado de dois homens vestidos de preto. Provavelmente eram homens do Ministério. Sírius levantou-se num sobressalto. Não estava gostando da feição dos homens e já ia interceptá-los quando Moody afastou-se dos estranhos e veio em sua direção. Antes que pudesse perguntar qualquer coisa, o ex-auror falou.

-Ela está viva. – disse Olho-Tonto – Mas seu estado é grave. Os medibruxos não sabem o que fazer. Ela não reage a nenhum dos feitiços de cura, e está perdendo bastante sangue. Pelo que eles constataram, ela foi torturada com Crucio, além de ter várias escoriações e ferimentos, e ainda sofreu uma fracassada tentativa de Imperium – eles ainda não sabem as seqüelas que isso possa ocasionar no cérebro dela. Por enquanto, estão mais preocupados com o corpo dela. Eles nunca trataram um elfo, Sírius. Não sabem que tipo de medicamento usar.

-Você sabe o que isso quer dizer, não é, Sírius? Ela não vai reagir a nenhum desses tratamentos – disse Lupin, cansado. Sírius voltou a abaixar a cabeça entre os joelhos e o lobisomen voltou-se para Tonks e Moody, que pareciam não estar entendendo. – Lembro bastante bem que na época de Hogwarts Violet tinha algumas doenças e ferimentos que Madame Powfrey não conseguia tratar. Uma vez, durante uma das minhas estadias na enfermaria pós-lua cheia, ouvi a enfermeira confidenciar a Dumbledore que a natureza semi-élfica de Violet tinha desencadeado uma doença nela. Se não me engano, algo relacionado com a Fênix: Violet se tornara imune a grande parte de pequenos feitiços, porções e envenenamentos. Mas em compensação, nenhum feitiço de cura também faria efeito nela. Desde o mais simples machucado, até ferimentos mais graves, o organismo dela só contaria consigo próprio pra curar-se.

-Você está querendo dizer que a vida dela está nas próprias mãos dela? – perguntou Tonks, num tom confuso.

-Exatamente isso, Nympha. Graças a Merlim, no entanto, o poder de cura de um elfo é um de seus pontos fortes. Agora acho melhor irmos até os medibruxos e avisá-los dessa...situação especial, digamos assim, da Violet.

Lupin deu uma palmadinha de conforto nas costas de Sírius e saiu junto com Tonks pelo corredor.

That I love you
Que eu te amo
I have loved you all along
Eu te amei o tempo todo
And I miss you
E eu sinto sua falta
Been far away for far too long
Estive afastado por muito tempo
I keep dreaming you'll be with me
Eu continuo sonhando que você ficará comigo
And you'll never go
E você nunca irá embora
Stop breathing if
Paro de respirar se
I don't see you anymore
Eu não ver você de novo


Sírius estava no hospital há pelo menos 2 horas. A última noticia que tivera era de que Violet ia ser removida para um quarto. Os sangramentos tinham diminuído, o que era uma boa notícia, mas os medibruxos diziam que ela ainda corria perigo, afinal, não sabiam como estava o corpo dela por dentro, os órgãos e principalmente o cérebro. Nem os feitiços de exame estavam conseguindo penetrá-la. Parecia que seu corpo tinha se fechado para travar uma batalha contra si mesmo.

Arthur e Molly estavam no hospital, assim como uma tal de Ellen, que aparentemente era a Chefe de Violet na França. Remus fora enviar uma coruja para Harry e os amigos, que estavam à procura das horcruxes e Tonks agora estava sentada, balançando a varinha entre os dedos e parecendo bastante abatida. Moody ainda não havia voltado de sua “reunião” com os homens de preto.

Quando Moody voltou, voltou acompanhado de um medibruxo. Foi informado que Violet já estava num quarto e que podia receber apenas uma visita. Todos consentiram que Sírius entrasse no quarto e era por isso que agora ele estava ali, ao lado da cama dela, segurando a mão fria dela, enquanto acompanhava cada respiração da mulher, com um medo gigantesco de que uma delas fosse a última.

So far away
Tão longe
Been far away for far too long
Estive afastado por muito tempo
So far away
Tão longe
Been far away for far too long
Estive afastado por muito tempo
But you know, you know, you know
Mas você sabe, você sabe, você sabe...

E foi ali, quando a viu tão frágil e ele se sentiu tão impotente, que ele percebeu: todos os seus desejos, toda a sua felicidade, tudo se resumiria em vê-la abrir os olhos. Quer fosse pra olhá-lo com raiva, quer fosse para recriminá-lo, quer fosse para ela gritar com ele e xingá-lo até o último fio de cabelo... Ele a queria. Mandona, chata, arrogante, incrivelmente linda e sedutora, com aquela mistura de delicadeza e força que só ela era capaz de ter. Queria sentir o cheiro de menta do cabelo dela, o perfume de pêssego... Ver o modo como ela mordia o lábio quando estava nervosa, como empinava o nariz quando o “desafiava”. Ele a amava, completa e assustadoramente; e a grande ironia era que ele não havia dito-lhe isso... Dando-se conta disso, pela primeira vez em muito tempo, Sírius William Black chorou.

I wanted
Eu quis
I wanted you to stay
Eu quis que você ficasse
'Cause I needed
Porque eu prescisava
I need to hear you say
Porque eu preciso te ouvir dizer
”That I love you
"Eu te amo
I have loved you all along
Eu te amei o tempo todo
And I forgive you
E eu perdoo você
For being away for far too long”
Por ficar longe tanto tempo"


Passaram-se minutos, horas talvez, mas Sírius não se importava. Continuava a velar o tumultuado processo de cura dela. Foi aí que ele sentiu um pequeno tremor em sua mão. Violet tinha se mexido! Controlando a mistura de euforia e pânico que se arremeteu dentro de si, o homem aproximou-se ainda mais da mulher, alisando sua face com a mão livre, enquanto a outra continuava a apertar a mão dela.

-Violet? – sussurrou – Você está me ouvindo, querida?

Mais um pequeno movimento sentido em sua mão confirmou que não era só impressão. Parecia que ela ia acordar. Viu, maravilhado, a mulher abrir os olhos lentamente, os olhos violetas dela pareciam confusos e por um momento Sírius teve medo de que as seqüelas cerebrais tivessem sido graves.

-Sírius? – perguntou ela num tom de voz baixo e fraco – É você? O que...

-Shiiu. – fez ele, colocando o dedo indicador na boca dela – Você está no Saint-Mungus, encontraram você ferida e te trouxeram pra cá.

-Os Comensais. – ela fazia um grande esforço pra falar. Seus lábios estavam secos -Foram eles que...

-Nós já sabemos, querida. Não se preocupe. Você só tem que descansar agora, ok?

Sírius viu que ela já estava fechando os olhos novamente. – Estou cansada, Sírius. Muito cansada... – falou ela quase imperceptivelmente.

-Durma, querida. Mas antes – Sírius viu ela fazer o que parecia ser um último esforço de manter-se acordada - eu só queria que você soubesse que eu te amo. Que eu sempre te amei. E acho que vou te amar pra sempre. E que nunca, nunca mais eu vou me separar de você, nem permitir que você se afaste de mim ou que qualquer idiota no mundo tenha sequer essa idéia, ok?

Ela deu um pequeno sorriso – Eu também te amo, mas isso não muda o fato de você continuar sendo um idiota.

Ele sorriu e beijou-lhe a testa. – Durma bem, minha linda.

-Boa noite, querido.

So keep breathing
Então continue respirando
'Cause I'm not leaving you anymore
Por que eu não te deixarei mais
Believe it
Acredite em mim,
Hold on to me and, never let me go (2x)
Me abrace e nunca me deixe ir. (2x)

Quando percebeu que ela voltara a dormir, Sírius saiu do quarto para procurar os medibruxos e os amigos e informá-los que ela havia acordado. Antes de fechar a porta, no entanto, deu mais uma olhada para a cama em que ela estava. A respiração tranqüila, os cabelos dourados caindo pelo travesseiro... Ela era linda. E tinha absoluta razão: ele era e sempre seria um idiota, um completo idiota apaixonado por ela.

Deu um pequeno suspiro de resignação. “A que ponto chegamos, Sírius Black?” Balançou a cabeça e sorriu um pouco antes de fechar a porta atrás de si. As coisas seriam diferentes a partir de agora.

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