Through Our Love



Capítulo V

Through Our Love

“Há momentos em que a gente pára e começa a pensar sobre a nossa vida. Bem, é um momento de crise existencial pela qual, creio, todos passem.

Momentos na nossa vida em que precisamos discutir seriamente com o nosso eu interior. Paramos à frente do espelho e, por alguma razão, não vemos a nossa imagem refletida. Bem, no meu caso eu não a vejo porque a minha imagem está magoada comigo desde a semana passada e, por isso, se recusa a aparecer.

Então, voltando ao assunto, nós não nos enxergamos no espelho, vemos além dele, fitamos a nossa alma, e começamos a discutir a nossa existência.

Pensando nisso, e passando por uma crise de ‘Quem sou eu?’ e ‘De onde eu vim?’, eu escrevi um poema:

‘Nós nascemos...’

Bem, nós nascemos e não deveríamos jamais crescer, porque ser criança é a melhor coisa que existe no mundo.

‘Nós nascemos...

Vemos a vida com cores belas enquanto crianças

Não há preocupações em nossas mentes

Não há maldade em nossos corações

Jovens e infantis, ao fim... puros...’

Dizem que homens não choram. Besteira. Eu choro. Aliás, estou chorando agora. Sei bem porque, claro. É horrível sermos adultos e enxergamos toda a maldade que existe no mundo, e então olharmos para as crianças à nossa volta e ver nos olhos dela que, na verdade, elas têm as respostas para os mistérios do mundo... sinto-me patético agora. Pequeno e patético.

‘Os anos passam, enfim somos adolescentes

Não era isso que queríamos?

Sim, quando somos crianças queremos crescer.

E quando crescemos, queremos voltar a nos esconder

Queremos voltar a ver tudo colorido

Queremos ser puros.

E então vemos que não há vira-tempo para voltarmos

Enxergamos então, a realidade...’

Seria tudo tão mais fácil se tudo fosse colorido. Mas não, quem ainda não percebeu, o mundo é cinza aos olhos da realidade. Ele pode ser perfeito sim, em alguns momentos, mas é cruel e frio na maioria deles.

Já dizia um poeta, cujo nome não me recordo agora, mas que sempre falava: ‘Nós não somos felizes. Na verdade, temos breves momentos de felicidade entre a tristeza de nossa vida’. Sim, isso é um fato.

‘Anos a fio... nos tornamos adultos...

Sentimos ainda mais vontade de regredir no tempo

Queremos mais que tudo que o tempo volte

Para que sejamos novamente crianças

E a crueldade invade ainda mais os nossos corações

E o mundo cinzento se mostra mais friamente diante de nós

Nos faz de idiotas, nos prega peças, nos tira bens amados

Nos mata por dentro quando finalmente desfere o último golpe’

Minha vida não acabou ali, mas parte dela se perdeu nesse momento. Por vezes ainda me pego pensando em como eu poderia ter feito melhor, e que eu poderia, deveras, ter agido mais apropriadamente. Sinto-me culpado por vezes, mesmo sabendo que eu não tive culpa.

’Nos sentimos feios e impotentes perante a maldade

Perguntamo-nos – por quê? – sabendo que nunca teremos resposta

Enfrentamos crises existenciais, e mais uma vez

Perguntamo-nos – por quê? – sem obter efetiva resposta do espelho

Queremos gritar para o mundo a nossa insatisfação e revolta

Por quê?’

Sim, por quê? Seis versos sem sentido para quem os lê, mas para quem os sente, faz o maior sentido do mundo. Até alguns anos eu nunca soube o que era maldade. Meu conceito a respeito dela era algo colorido demais para a realidade. Sinto por tê-la descoberto tão cruel e tardiamente.

‘Por que a vida está ao contrário?

Por que não temos respostas para tudo?

Por que somos feios e prepotentes?

Por que somos tão controversos?’

Eu sofri e ainda sofro. Agüento, sim, por causa de, principalmente, uma pessoa: ela, minha mulher, Hermione Granger.

‘Apesar de tudo, não somos feios nem controversos

Nos sentimos pequenos em momentos

Lindos em outros

Belos e eternos

Não bastasse só isso

Não importa se somos tudo isso, feios e controversos

Porque não somos –sem sentido- na verdade

Temos sentido de formas e maneiras diferentes

Basta que sejamos belos para nós mesmos

Basta que tenhamos nós as nossas crises existenciais

Que nos perguntemos –quem eu sou e de onde eu vim-

Que nos sintamos amados, porque nós somos, mesmo sem saber

Basta que vivamos eternamente

E que sejamos, sim, ilógicos e irracionais

E que façamos as pessoas lerem nossas frases

Sem que nos entendam deveras

Basta, enfim, que sejamos belos para nós mesmos

Belos em nossas almas

Puros em nossos corações – para nós e por nós apenas

Sejamos crianças por dentro e vejamos o colorido no cinza do mundo

Porque os passarinhos cantam

O céu é azul

Gatinhos correm atrás de ratinhos

Corujinhas piam

Isso é nostálgico!’

É preciso que sejamos belos para nós para que nos sintamos bem conosco. Enrolado? Não, realidade. O mundo está sim, de cabeça para baixo e, se ninguém percebe isso, deixe-me demonstrar em algumas linhas:

‘A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volto pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando... E termina tudo com um ótimo orgasmo. Não seria perfeito?’ São só palavras de alguém que não sabe quem é e nem de onde veio ou para onde vai. Como disse, de um indivíduo enfrentando uma crise existencial...”

"Ronald Weasley!- Hermione surgiu na porta do banheiro e Rony fitou-a pelo reflexo do espelho- O que você está fazendo com o meu diário?

"Mione, meu amor, este não é apenas o seu diário.- ele falou, mostrando a capa dupla do livro que ele segurava- Você vê?- ele apontou para uma aba do lado esquerdo, onde se lia ‘Through The Rain – Por Ronald Granger’ e logo depois a aba direita, onde tinha ‘Through Your Kiss – Por Hermione Weasley’ e, acima dessas duas abas, uma capa semitransparente, com o título ‘Through Our Love – Por Sr. e Sra. Granger Weasley’.

"O que... o que exatamente é isso? Ela franziu o cenho e pegou o diário.

A capa fremiu ao contato de seus dedos, provocando um suave, agradável choque elétrico. Abriu o diário e acariciou as páginas de papel cuchê. A sensação que emanava das páginas era forte, sensual e compulsiva. E ao apreciar as ilustrações que nele continham, teve a nítida impressão de aspirar o perfume de flores silvestres. Fechou-o, sentindo um arrepio percorrer-lhe a espinha. Conservou-o em suas mãos, sentindo o coração bater descompassado, os dedos formigarem. Era quase capaz de imaginar que o formigamento era provocado pelo diário. Quase podia acreditar que aquele livro em suas mãos era algo maior do que ela julgava ser.

Hermione viu o diário dividido em duas partes. Em uma delas ela reconheceu frases que ela mesma tinha escrito, ou melhor, uma história que ela tinha contado. A outra parte, a primeira, continha uma história que Rony tinha contado a ela e aos dois primeiros filhos, anos antes.

"Uma compilação de diários.- ele falou, de um jeito explicativo- Nossa história.

"Você não pretende...

"Publicar?- ele a interrompeu- Ah, sim... o mundo precisa saber da nossa bela história de amor...além do mais, você disse certa vez que não se opunha- Rony terminou, seguindo para o quarto e sentando-se na cama, apoiando o rosto nas mãos, como se o escondesse. Hermione foi até lá, percebendo algo de errado com o marido.

"Você ainda pensa neles, não é, meu amor?- ela fez com que ele fitasse os olhos dela.

"Tem como não pensar?- ele levantou-se e guiou a mulher até o parapeito da janela do quarto deles.

Nos jardins da casa, estavam seis pessoas e dois cachorros. Havia dois garotos, um deles tinha mais ou menos quinze ou dezesseis anos, um porte magro e com cabelos pretos muito bagunçados. O outro tinha mais ou menos onze anos, e tinha os cabelos muito ruivos. Havia quatro meninas, duas ruivas, uma de nove anos e outra de quatro, e as outras duas, aparentando seis anos, eram idênticas e tinham cabelos castanhos. A ruivinha mais nova, a certo momento, saiu de perto do grupo e entrou na casa.

"Me diz, Mione, tem como não pensar?- Hermione limpou algumas lágrimas dos olhos do marido.

Momentos mais tarde eles ouviram uma batida tímida na porta do quarto, e em seguida uma vozinha fina e retraída soar do lado de fora. Hermione falou um doce ‘Entre’ antes da garotinha ruiva entrar. Era, definitivamente, uma criança linda. Os cabelinhos ruivos caíam-lhe até os ombros em belos cachinhos definidos e muito vermelhos, e os olhos, num tom castanho fogo, no momento transmitiam certa tristeza e carência, embora bem ao fundo, houvesse uma alegria enorme escondida.

"Becky...- Mione abaixou-se perante a criança- o que houve?- a garotinha levou a mão até a testa, afastando a franjinha ruiva, e mostrando para Hermione uma fina cicatriz em forma de raio.

"Eu lembrei da mamãe e do papai...- ela disse antes de pular nos braços de Hermione e começar a chorar- saudade deles...

Hermione olhou para Rony, como se procurasse ajuda nos olhos claros e compreensivos dele. A garotinha em seus braços soluçava e ela não sabia realmente o que fazer. Becky era uma criança, o que poderia ela entender sobre o mundo cruel lá fora? O que ela poderia entender sobre o fato de ter perdido seus pais do mesmo modo como perdera seus avós, e assim como seu pai, que ficara conhecido como ‘o menino-que-sobreviveu’, ela e seu irmão agora eram conhecidos como ‘as crianças-que-sobreviveram’ e agora pareciam carregar uma maldição dos Potter sobre eles.

Rony abaixou-se perante a mulher e a sobrinha e tomou a criança do colo de Hermione. Becky olhou-o com os olhinhos cor de fogo cheios de lágrimas.

"Hei, anjinho- ele falou, limpando algumas lágrimas do rosto dela- nós estamos aqui, certo?

"Mas e eles, tio Rony?- ela perguntou- E o papai e a mamãe?

Rony levou Becky no colo até a janela e apontou para o garoto mais velho que brincava no jardim. Era Haley Weasley Potter, o filho mais velho de Harry e Gina. Logo depois Rony apontou para Becky, levando a mão ao coração dela.

"Eles estão dentro de vocês, Becky, dentro do seu coração e do Haley.- a garotinha sorriu e deu um beijo no rosto de Rony.

"Eu amo você, tio Rony.- ela disse, desvencilhando-se dos braços de Rony e correndo para Hermione- Eu também amo você, tia Mione.

Antes que qualquer um dos dois pudesse responder, cinco pessoas entraram no quarto acompanhados de dois cachorros que pularam em cima da cama, enlameando os lençóis e fazendo estripulias.

"Hei...- Rony reclamou- o que vocês estão fazendo aqui?- Becky sorriu, quase uma gargalhada, e logo depois saltou no colo de Haley, que a abraçou com carinho.

"Expliquem-se, crianças!- Hermione pediu, fingindo irritação. Todos começaram a falar ao mesmo tempo.- Hei! Acalmem-se! Jimmy, por favor, pronuncie-se!

"Eu recebi as cartas de Hogwarts, mamãe!- ele praticamente gritou, eufórico. Hermione sorriu, estendendo a mão para apanhar as cartas.

"Haley?- Rony perguntou.

"Sexto ano!- ele falou alegre, ainda com a irmãzinha no colo.

"Heather? Danielle? Ana?- Hermione perguntou às filhas.

"Vamos nos livrar desses chatos.- Danielle falou, do mesmo modo como, provavelmente, Hermione falaria.

Danielle Granger Weasley, ou simplesmente Dany, era, sem dúvida alguma, a mais parecida com a mãe, no quesito psicológico. Era a mais responsável e também a que mais gostava de ler naquela casa, mesmo que, devido à idade, lesse apenas livros infantis.

"E vamos poder ficar com a casa só para nós.- Ana deu um tapa carinhoso no ombro de Jimmy e recebeu um beijo dele.

"Eu também amo vocês, minhas irmãzinhas queridas.

Ana gostava de escrever e desenhar. Lia, por vezes, alguns contos de fadas. Porém, tinha um talento natural com a pena e o pergaminho. Gostava de escrever histórias de magos e princesas e, com certeza, teria um grande futuro como escritora pela frente.

Heather não se pronunciou. Não se agüentava de tanto rir. A menina mais velha, provavelmente, era a mais brincalhona e, também, a mais esquentada e rebelde. Gênio típico de um verdadeiro Weasley.

Haley sorriu, embora estivesse abraçando a irmã com mais força e mais carinho do que antes. Ele sempre ficava assim quando chegava o momento em que se separaria dela para ir para Hogwarts.

Jimmy tinha um gênio neutro. Era rebelde quando tinha que ser, brincalhão na maioria das vezes, esquentado quando necessário. Entretia-se tanto com livros como com travessuras.

Becky era doce e meiga, como Gina. E também corajosa e destemida, como Harry. Assim como o irmão, tinha herdado dos pais as melhores características de cada um.

Rony foi até o criado mudo do lado da cama e abriu-o com um feitiço. Retirou de lá um pedaço velho de pergaminho amarelado e uma fina capa prateada, parecendo ser feita de seda, embora seu tecido fosse, na verdade, muito mais nobre e fino do que a própria seda.

Entregou a capa para Haley, que sorriu em agradecimento, e duplicou o pergaminho, entregando uma das cópias para o afilhado. Abaixou-se perante o filho, Jimmy, e estendeu-lhe a outra cópia do pergaminho.

"Haley já sabe como usá-lo, Jimmy. O Mapa do Maroto é um tesouro que seus pais e seu padrinho usaram muito em Hogwarts. A capa de invisibilidade era de Harry e, por isso, é de Haley por direito. No entanto, os segredos de Hogwarts podem ser desvendados por você também. Use-o bem, ok?

“As palavras Use-o bem remetem a fatos passados e felizes. São lembranças apenas. Lembranças de quando Harry, Hermione e eu éramos crianças e saíamos por aí, pelo castelo, tentando desvendar cada cantinho da escola.

Foram brigas ao longo dos anos, amores reprimidos e, enfim, descobertos em meio a um clima de paixão e romantismo.”

"Eu posso escrever agora?- Hermione pediu, pegando a pena da mão do marido, que resmungou algo.

"Eu estava escrevendo, OK?- ela riu.

"Mas agora eu vou escrever, dá licença? O diário também é meu, não é mesmo?

“‘Desde que você surgiu no meu caminho, tornou-se impossível, para mim, imaginar a vida sem sua presença constante. Quando você não está por perto me vem uma profunda sensação de vazio, um estranho sentimento de vácuo, de total desorientação.

Sem você falta-me o chão, falta-me a segurança que você me transmite através de um simples sorriso de concordância ou consentimento, falta-me sempre a certeza de estar fazendo o mais correto ou o melhor. Sem você também faltam-me o céu e os sonhos. É da sua presença que me vem a inspiração para projetar o futuro ou mesmo a força para ultrapassar as dificuldades.

Minha vida é o meu amor. É por ele que eu procuro me fazer melhor a cada dia, é por ele que eu me faço uma pessoa mais carinhosa e gentil e é nele que meus pulmões encontram a força para respirar e me manter vivo.

Meu amor é alguém especialmente maravilhoso. É ele quem mais me admira as virtudes e quem mais me compreende os pecados, vícios e manias que carrego.

Meu amor reconhece nossas afinidades e respeita as nossas diferenças. Sabe me trazer calma e paz. Toca-me a alma com doçura e generosidade, e sem ele o Existir não teria mais sentido para mim.

Minha vida é o meu amor. E o meu amor é você, Hermione Jane Granger Weasley!’ – palavras de um poeta.

O melhor de tudo é saber que esse poeta é meu. Por anos ele foi meu, por anos eu o tenho deitado em minha cama, dormindo aconchegado ao meu lado, ou me fazendo sua durante noites inteiras.

Até hoje eu só fui de um homem. Porque desde sempre eu soube que seria ele e ninguém mais. Nenhum outro me tocou como ele me tocou. Nenhum outro me fez sentir-me no paraíso com apenas uma palavra. A nenhum outro eu poderia chamar de meu. E se qualquer outro me perguntasse porque eu não fico com outro homem, eu responderia sem pestanejar:

‘Porque nenhum outro se chama Ronald Bilius Granger Weasley, meu tchutchuquinho!’

Um dos momentos mais perfeitos que tivemos juntos fora o dia em que Rony pedira minha mãe em casamento.

Estávamos de viagem, numa ilha deserta, só nossa. Era tudo perfeito demais, ouvir as ondas baterem na encosta, sentir a brisa fresca do mar, o cheirinho salgado e intenso, e o melhor era sentir o contraste entre a areia fria da noite, e os nossos corpos quentes e envolventes.

Rony deu-me rosas vermelhas, simbolizando sua paixão, embebedou-me com champanhe, acompanhado de belos e suculentos morangos, e deu-me também um belo anel de noivado, cravado com uma solitária safira, no formato de um pequeno e gracioso coração.

Terminamos com duas garrafas de um delicioso champanhe, banhados pelas fina chuva que caía, e nos rendemos ao furor da paixão, à excitação de nossos corpos, ao desejo de nossas almas.”

"Você pretende botar todos os detalhes?- Rony perguntou, passeando, casualmente, as mãos pelo pescoço de Hermione- Você está tensa...

"Eu acho que não seria prudente contar a nossa vida sexual nesse diário, não é mesmo?

"Uhm...- ele levou os lábios à orelha dela, mordiscando-a- creio que não. Nossa vida sexual só importa a nós... e quer saber de uma coisa?- ela virou-se para ele, sentando-se no colo do marido.

"O quê?

"As crianças estão dormindo...- ela sorriu.

"Não era você que hoje de manhã estava se perguntando ‘Quem sou eu?’ e ‘O que eu quero?’?- ele riu.

"Eu sou Ronald Bilius Granger Weasley, e quero você!

""""""""""-------------

Anos se passaram. Rony e Hermione não poderiam ser taxado de outra coisa senão o ‘casal perfeito’.

Era difícil para os outros entenderem como duas pessoas puderem ser feitas uma para a outra como aqueles dois.

Cada pedacinho de Rony ficava completo com cada pedacinho de Hermione. Seus gênios se completavam, suas brigas, suas noites de amor, suas almas, seus corações...

Quando Ana e Danielle, as gêmeas Weasley, completaram quinze anos, Rony editou o seu diário, denominado ‘Through The Rain’, e publicou-o, som o subtítulo ‘A Versão de um Weasley Apaixonado Sobre o Amor Pela Melhor Amiga e Amante’.

Ler palavras românticas era uma coisa. Mas simplesmente ler romance, feito com a alma e o coração, era muito mais satisfatório e real, muito mais emocionante e cativante.

"Meu amor...- Rony aninhou-se mais entre os braços da mulher. Hermione ficou a acariciar os cabelos do marido, estes que agora estavam numa mistura de vermelho e branco.

"Sim?- ela falou com ternura.

Rony ergueu-se e sentou-se na grama, olhando para a casa à frente, iluminada apenas pelas luzes de alguns dos aposentos do interior. Ele viu as sombras de pessoas divertindo-se na casa, numa festa.

"Fizemos um bom trabalho?

Hermione pegou a mão do marido, vendo as rugas evidentes devido à idade já avançada. Logo depois ela olhou para ele, fitando-o ternamente.

"Veja por si, meu amor.- ela apontou para o fim do jardim da mansão. Rony viu um homem de cabelos pretos e rebeldes e uma mulher bonita e loira, aparentemente grávida de uns sete meses- Haley formou a sua família e espera com Victória o segundo filho deles.

"Heather tornou-se Auror, e é considerada uma das melhores de todo o mundo.- Rony completou.

"Jimmy está crescendo dentro do Ministério, isto não é ótimo? E a mulher dele está grávida.

"Sim, sim! E a minha querida Dany...ela é tão igualzinha a você, Mi. Dany é tão segura de si, como a mãe, tão inteligente e linda... e Ana também, mas a Ana puxou o meu dom de escrever!

"E você se acha bom demais, não é?

"E não sou? Até parece que você não reconhece o meu sucesso de vendas com o Through The Rain...

"É, tem razão...

"Então. E, bem, ainda tem a Becky, não é?

"Becky é tão parecida com a Gina. Tornou-se Auror tão nova, e é tão boa no que faz...

"E você ainda acha que não fizemos um bom trabalho com eles?- o homem parou por um instante e ficou olhando fixamente para a mulher- Rony?- ele tinha uma expressão diferente no olhar, parecendo carinhoso e triste demais.

"Eu já disse hoje que te amo, Mione?- ele perguntou, levando a mão ao rosto de Hermione- Eu já disse hoje o quanto você é importante para mim? E como sem você eu não seria nada?

"Rony...o quê...? Você está... me assustando, meu amor...- ele não deixou que ela terminasse e a beijou, com amor e... medo... Ele teve medo de perdê-la, ou deixá-la...

"Eu te peço perdão por te amar de repente...- ele disse, com lágrimas nos olhos- Tenho certeza que ao teu lado fui o homem mais feliz do mundo, Hermione Jane Granger Weasley.

Naquele dia choveu. Era uma chuva quente e diferente. Era como se o céu chorasse a perda de alguém...

""""""""""--------------

“Eu te peço perdão por te amar de repente

Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

Das horas que passei à sombra dos teus gestos

Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos

Das noites que vivi acalentado

Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo

Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente

E posso dizer que o grande afeto que te deixo

Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas

Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...

É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias

E só te pede que repouses quieta, muito quieta

E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem

Sem fatalidade o olhar extático da aurora”

Algumas lágrimas caíram sobre o papel, borrando as palavras. Hermione tentava não chorar, mas diante daquele poema, recém-encontrado, era impossível. Bem no canto inferior do pergaminho havia a data daquelas palavras. Dois meses atrás. Provavelmente dias antes de Rony morrer...

Junto ao papel havia tantos outros pergaminhos, contendo palavras doces e relatos de uma história de amor inesquecível. Ela pegou um livro de capa preta dentro do criado mudo.

“Último capítulo ‘Through Our Love’ – Por Ronald Granger
À minha doce, amada e tchutchuquinha... Hermione Weasley

A essa mulher devo tudo. Devo-lhe todos os meus mais felizes momentos, devo-lhe minha vida.

Com ela descobri o verdadeiro sentido da vida, descobri cada significado da palavra AMOR. Conheci sensações que homem nenhum conheceria se não estivesse ao lado do grande amor de sua vida. Com ela descobri meus amores e encantos, construí minha família, a mais perfeita de todas. Passei por caminhos dolorosos, chorei ao ombro dela e tive o apoio que precisava para, novamente, voltar a viver.

Senti em cada sorriso dela o amor que ela me dava, em cada olhar, o desejo, em cada toque... em cada momento saboreei-a ao máximo, e obtive dela tudo o que eu mais desejava para o resto da minha vida: sua companhia.

Foram anos de existência divina, sempre rindo e chorando ao seu lado, tendo de cada momento uma reação, uma sensação inédita, plenitude.

Ao fim de minha vida estou certo de que vivi com amor e por amor, para amá-la, somente isso.

Se se morre de amor? Sim. Morro por amá-la mais do que a mim, por sentir um transbordamento de amor em minha alma, querendo dizer-lhe que meu amor é tão grande e intenso que me mata e corrói.

Desde que você surgiu no meu caminho, tornou-se impossível, para mim, imaginar a vida sem sua presença constante. Quando você não está por perto me vem uma profunda sensação de vazio, um estranho sentimento de vácuo, de total desorientação.

Creio não precisar repetir tudo de novo, não é, Mione? Já sabe que tudo o que tive de melhor, em anos de vida, eu devo a você e a ninguém mais.

EU TE AMO! TE AMO MAIS DO QUE A MIM MESMO, MAIS DO QUE EU POSSO SABER, MAIS DO QUE EU IMAGINO!

Não acredite que essa é uma despedida, meu amor, porque não é, definitivamente. Este é apenas um desencontro, momentâneo e passageiro. Creia que jamais se separa duas pessoas que nasceram destinadas uma à outra. Não se separa corações e almas que nasceram juntas e, assim, para sempre estarão.

Tenha em mente que você me carregará em seu coração e em sua alma até o dia em que estaremos novamente juntos e, dessa vez, para todo o sempre, até que o jamais nos separe.

Com amor,

Ronald Bilius Granger Weasley”

!FIM!

Hermione Granger Weasley morreu cerca de um mês depois de ler a carta de Rony, logo depois de ter conseguido publicar o diário compilado ‘Through Our Love’.

O diário, por sua vez, rendeu críticas e comentários durante vários meses, e chegou a atingir recordes de vendas e publicações no gênero ‘Melhor Romance’.

Quanto à família Granger Weasley e Weasley Potter, continuaram disseminando seus nomes por vários anos.

Jimmy Weasley chegou a tornar-se ministro da magia anos mais tarde. Haley e Becky formaram uma dupla de Aurors, os melhores que podiam ser vistos em todo o mundo mágico. Heather entrou para o Ministério, ajudando o irmão no cargo de Ministro, como vice-Ministra da Magia. Ana e Danielle, a princípio, seguiram carreiras didáticas, lecionando transfiguração, porém, descobriram que podiam ser, muito bem, sucessoras dos tios, Fred e Jorge Weasley. Danielle chegou a publicar uma pequena versão de relatos dos pais sobre o amor deles e Ana, até hoje, publica romances mágicos e aventuras, que costumam ocupar lugares de destaque nas livrarias.

x.x.x

N/Rbc: Bem, era pra eu ter postado esta fic há muito tempo... mas morro de preguiça de postar aqui no floreios... então, por conta dessa preguiça, resolvi postar logo a fic toda, para não correr o risco de deixá-la inacabada por aqui por meses e meses sendo que no ff.net ela já está completa há mais de ano... mas é isso, espero que tenham gostado...!

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