Al, Auguste, Alain, Angus e F
- CAPÍTULO SETE -
Al, Auguste, Alain, Angus e ... François!
- Alain... – Aya escutou o loiro murmurar ao seu lado. James torceu o pescoço para observar o rapaz moreno careca descer as escadas e em seguida virou-se para frente novamente, erguendo as sobrancelhas e soltando um bufo muito alto.
- Algum problém, Arthur? – o moreno perguntou ao lado da poltrona em que James se largara tão informalmente.
- Nenhum, Alain. – James respondeu indiferente – Trouxemos a prisioneira.
Aya sentiu seu rosto corar quando James apontou o indicador em sua direção. Imediatamente o moreno-claro desviou seu olhar avaliador de James e pousou os olhos verdes em Aya. Aya pigarreou, incerta de como se portar diante do rapaz, enquanto ele ainda a fitava dos pés doloridos pelo salto agulha à cabeleira castanha desgrenhada.
- Pensei que ela fosse mais bonitè, Alexander, prra ter custado tode esse trrabalho. – o moreno comentou com um olhar repugnado. Aya sentiu seu rosto esquentar ainda mais e remexeu-se incomodada no mesmo lugar. Abriu a boca para responder algo à altura do comentário do moreno quando Alex a cortou:
- Isso não é da sua conta. – Aya observou James prender o riso – Onde está Adolphe?
- Creio que Mademoiselle Amelie já deve ter informado a vocês que Conde Adolphe foi obrrigado a se ausentar por um perríode devide à prroblems familiarres. – o moreno respondeu com a voz suave – Sugiro que esperremos os outros Ases chegarrem prra decidirr o que fazerr com sua amiguin.
- Ninguém tem o poder de silenciá-la senão Adolphe, Alain. – Alex respondeu com seu habitual semblante sério – E, receio ter uma proposta alternativa à morte para minha amiguin...
Alain sorriu pelo canto dos lábios.
- Mesmo? – o sarcasmo na voz do moreno era quase palpável – E qual serria esse alternative? As orbes de Alexander tornaram-se tão azuis quanto Aya jamais as vira.
- Isso... – o loiro fez uma pausa, erguendo as sobrancelhas claras.
- ... Não é da sua conta. – James completou, abrindo um sorriso sarcástico em seguida – Eu escutei essa frase pelo menos três vezes ao dia nesses sete anos que convivi com Alexander em Hogwarts.
- Talvez signifique que você se intromete demais, Arthur. – Alex respondeu, sem sequer desviar os olhos azuis dos verdes de Alain.
- É, talvez. – respondeu James despreocupado, dando de ombros – Mas bem, enquanto os outros não chegam... Que tal jantar? Estou morto de fome...
Aya franziu o cenho. Como James conseguia pensar em comida depois de ter dado um soco em Alex, viajado até a França, enfrentado um frio de rachar e ser intimado por um moreno no mínimo, folgado?
- Fiz crème de fromage Monsieur Potté´rr. – a voz feminina da moça de robe de seda chenesa se fez presente no canto do saguão. Aya se sobressaltou; por um momento havia esquecido da presença da morena.
- Ótimo! – James exclamou, acariciando o abdômen musculoso e se adiantando para uma porta de vidro à esquerda – Poderia esquentar pra mim? Aproveita e me faz companhia... Odeio jantar sozinho.
A moça assentiu, apesar de Aya ter observado por uma fração de segundo uma sobrancelha se erguer no rosto delicado e formar uma ruga em sua testa.
- Está com fome? – a voz rouca de Alex fez Aya desviar os olhos ambarinos do casal que acabara de desaparecer pela porta. - Um pouco... – ela murmurou acariciando a barriga.
- Então vamos.
Alex seguiu a passos calmos fazendo o mesmo trajeto que James e a moça de robe, enquanto Aya o seguia tentando ignorar o olhar insistente do moreno Alain sobre seus passos.Quando estava prestes a cruzar o umbral da porta, uma mão forte se fechou em seu braço, e ela virou com violência para seu dono.
- Não creio que você durrarrá muite aqui, Mademoiselle Wood – Alain sussurrou em seu ouvido – Mas, como mande a educação frrancèse, seja bem-vinda ao covil dos Hussardos...
Ela se soltou com violência das mãos do moreno, sacando discretamente sua varinha da fenda de seu vestido, quando, mais uma vez, Alexander a impediu.
- O que você está fazendo aí? – o loiro perguntou, mas seus olhos denunciavam que ele já sabia a resposta – Aya –
- Só estava conhecendo seu amiguinho Sr. Berinjela... – ela cortou sorrindo, enquanto Alex fechava ainda mais a cara – Muito simpático esses franceses... Ainda mais os gays...
Alain fez um movimento brusco que Aya preferiu não ficar pra olhar de perto, enquanto a morena puxava Alexander pra dentro da cozinha. Ela riu, enquanto o loiro mantinha as sobrancelhas erguidas.
A cozinha da mansão, como não poderia deixar de ser, era muito espaçosa e luxuosa. Havia um grande balcão no centro, rodeado por fogão, pia e outros artefatos posicionados rente às paredes de azulejo amarelo-claro. Várias panelas foram penduradas acima do balcão, e alguns bancos altos sem encosto serviam para descanso de quem pretendia uma refeição rápida ou improvisada. James saboreava sua sopa do alto de um dos bancos, enquanto a moça continuava mexendo um pequeno caldeirão de latão no fogo. Ambos voltaram suas atenções para o casal logo que Alex entrou pela porta parecendo alterado de alguma forma.
- Depois você diz que sua sinceridade não é um defeito. – o loiro comentou seriamente, enquanto se acomodava em um dos bancos altos e recebia um prato transbordando de um líquido espesso amarelado fumegante da moça de robe.
- Realmente eu não acho que seja. – Aya retrucou, ainda risonha, recebendo a mesma refeição que Alex – O que é isso?
- Crreme de Queijo. – a moça respondeu, com um sorriso – E o que Mademoiselle fez, posso perguntarr?
- Como está educada! – James exclamou do outro lado do balcão – Sério, Amel, não sei como você consegue disfarçar tão bem!
- Nam faço idéia do que Monsieur Pótte´rr está falando... – a moça respondeu com ar ofendido, embora Aya tenha visto um sorriso discreto transparecer em seu rosto – Eu sou semprre muite educade...
James sufocou um riso pelo nariz, fazendo com que um jato de creme de queijo voasse pelas suas narinas em uma cena particularmente repulsiva. A moça apressou-se em limpar o estrago com sua varinha, não sem antes revirar os olhos de um modo repreensivo.
- Crriancès... – murmurou, enquanto atirava um guardanapo de linho para o moreno que ainda tossia. Aya riu, observando James e a moça, enquanto sentia o olhar forte de Alexander sobre ela.
- O que? – ela perguntou suavemente, sem se virar para encarar o loiro.
- Sabe, você acabou de se colocar em uma enrascada ainda maior. – Alex murmurou, enquanto o outro casal voltava sua atenção novamente para os dois.
- Quem era ele, afinal? – ela perguntou, se concentrado em seu creme de queijo. - Alain Raymond Doinel. – respondeu, como se aquele nome fizesse algum sentido na cabeça da morena – Ele é afilhado de Galois.
- E quem é Galois? – Aya rebateu erguendo as sobrancelhas.
- Conde Adolphe Galois – Aya ergueu o olhar para encarar a moça que se manifestara – É um dos conselheirros dos cavaleirros. Crreio que é a figurra mais important dos Hussardos.
- E é ele quem vai decidir se você morre ou vive. – concluiu Alex – E você acabou de infernizar o afilhado dele.
Por um momento Aya sentiu-se realmente estúpida. Mas esse momento passou no instante em que ela relembrou as palavras de James, ainda na sacada do castelo na Inglaterra. “E Galois perderia a chance do filho de seu afilhado subir ao poder? Nunquinha...”.
- Mas esse tal Conde de Galois é padrinho do tio Jean também, não é? – ela perguntou, esperançosa. Alex revirou os olhos discretamente enquanto um sorriso se formava no canto dos lábios de James.
- É. – o loiro confirmou desanimado – Mas isso não importa muito.
- Como não importa? – Aya rebateu indignada – É claro que importa!
- Não, não importa. – o loiro insistiu, e a calma dele fazia Aya ficar ainda mais nervosa – Meu pai anda meio brigado com Galois. Não creio que o Conde esteja muito disposto a nos ajudar.
- Iich... – Aya soltou um som indecifrável de lamentação – Quer dizer então... –
- Provavelmente você já era. – Alex completou sério, enquanto James ria alto e a moça de cabelos castanhos lançava-lhes um olhar de censura.
- Mademoiselle...? – começou ela, com sua voz suave e firme.
- Pode me chamar de Aya.
A outra assentiu com um sorriso.
- Nam se prreocupe. Conde Galois é um homem muito severro, e porr vezes assustador, mas é muite justo também. Sei que ele nunque a condenaria se houver um outro meio parra seu hm... deslize.
Aya encarou os olhos cinzentos da moça e não pôde conter um certo sentimento de intimidação. Apesar do rosto bondoso e do sorriso doce, aqueles olhos cinzentos estreitados mostravam toda uma aura de determinação e força que Aya nunca vira em olhos de bruxo ou bruxa algum.
- Que bom. – Aya sorriu, soando estranhamente despreocupada, fazendo uma enorme ruga se formar na testa de Alex – Então, não preciso me preocupar!
- Não é bem assim... – o loiro ia dizendo, quando uma grande algazarra foi escutada no saguão de entrada.
- Crreio que os outrres cavaleirros chegarram. – Amelie, a moça de longos cabelos castanhos ondulados e robe de seda chinesa murmurou, com um vestígio de sorriso nos lábios.
Aya se remexeu inquieta no banco. Seriam todos os cavaleiros tão intragáveis e arrogantes quanto Alain? Um leve rubor tomou-lhe a face enquanto um grupo de jovens rapazes, que não devia passar dos vinte um anos entrou como um tufão pela porta da cozinha, conversando e rindo alto.
A princípio Aya pensou estar parada diante um grupo no mínimo... excêntrico. Um grupo tão heterogêneo quanto juntar sonserino, lufa-lufa, corvinal e grifinório em um mesmo ciclo de amizades. A primeira impressão de Aya foi moldada a partir das características mais marcantes de cada um dos rapazes. Por fim, antes mesmo que qualquer um deles lhe dirigisse a palavra, o que ela apenas viu foi um corte de cabelo estilo moicano de pelo menos dez centímetros de altura; um óculos redondo de aro fino que desaparecia sobre um nariz de porco em um rosto gorducho; um rapaz forte de nariz empinado que usava óculos de armação preta; e por fim, o que menos lhe chamara a atenção, mas que inconfundivelmente era o mais bonito do grupo, cabelos negros curtos, levemente encaracolados e o sorriso mais bonito que ela já vira. Os quatro jovens rapazes pararam de conversar no instante em que perceberam que a cozinha não estava habitada apenas por Amelie. Um a um, os olhares foram recaindo sobre a figura de James despreocupado, ainda limpando os vestígios de sopa que manchavam suas vestes de gala; passando por uma Amelie de cabelos castanhos extremamente sedosos e expressão divertida; depois por um Alexander sério e indiferente; quando, inevitavelmente, os olhares dos quatro encontraram com o olhar surpreso de Aya. Se encararam por um tempo, Aya sustentando o olhar de cada um.
- Olá! – o mais baixo de todos, o rapaz gorducho cujos óculos desapareciam sobre as narinas alargadas, foi o primeiro a se recuperar. Aya prendeu o riso quando ele abriu a boca; sua voz grave parecia deslocada no corpo flácido e no rosto divertido – Você deve ser nossa fugitiva, há? Aya assentiu com um sorriso avaliador.
- Lana Aya Wood – o rapaz do sorriso praticamente irresistível se manifestou, enquanto sentava-se na mesa redonda ao lado da porta de entrada – Geminiana, dezessete anos, grifinória, artilheira do time de quadribol, filha da jornalista Amélia Lie Chang e do goleiro da seleção e do Puddlemere United Olívio Rodrigo Wood. – completou, sem em um minuto sequer desviar seus olhos do dela. Aya sentiu seus olhos se estreitarem e um sorriso se formar em seus lábios inconscientemente.
- Vejo que fez sua lição de casa. – respondeu ainda encarando o moreno, que alargou o sorriso.
- Fazer o quê, se tenho facilidade pra guardar informações, ainda mais se forem de mademoiselles bonitas como você? – ele piscou um olho enquanto o rapaz gorducho de cabelos de palha revirava os olhos em um pose que lhe parecia habitual.
- Ora, vamos, francamente Angus – o rosto redondo se contorceu em uma careta impaciente, fazendo com que os minúsculos óculos desaparecessem por um momento – Você não respeita nem uma moribunda!
- Ei! – Aya protestou sob os risos abafados de James. - Desculpe-me, querida, mas se Conde Adolphe quiser realmente te... você sabe – e fez um risco invisível com o indicador (grosso feito um salame) na garganta – Bem, não há escapatória. Aya encarou perplexa os olhos castanhos-avermelhados do loiro gorducho, enquanto ele permanecia com a expressão muda “fazer o quê...”.
- Casamento. – Aya escutou Alex resmungar ao seu lado, enquanto todos os rostos se voltavam para ele. O rapaz de moicano comia lentamente uma maçã que surrupiara do cesto de frutas enquanto erguia discretamente as sobrancelhas. O rapaz do sorriso irresistível, a quem o gorducho se referira de Angus, assentiu; o outro, forte de óculos de armação preta permaneceu com a expressão dura e indecifrável, enquanto o gorducho, que parecia o líder, assentia vagamente com um ar pensativo.
- Realmente, realmente... – murmurava com um tom pensativo – Há essa possibilidade... Se Conde Adolphe concordar em mantê-la aqui até a princesa ser achada e fazer sua escolha... Há sim, uma possibilidade...
De algum modo o fato de o gorducho ter concordado com o que Alex dissera trouxe algum alívio para Aya. Parecia-lhe que aquele loiro-líder era quem mais sabia do que acontecia nas entranhas da sociedade secreta.
- Oh! – a exclamação repentina do loiro à sua frente sobressaltou Aya, e ela quase despencara do banco não fosse os reflexos ágeis de Alex a segurarem – Desculpe, querida, desculpe... – o loiro lhe deu palmadinhas no ombro de um modo pomposo – É que, me recordei agora que ainda não nos apresentamos a você... Oh, que falta de modos... terrível, terrível...
Aya se segurou para não contorcer o rosto em uma careta mal-humorada. O gorducho quase a fizera rachar a cabeça no chão por falta de... apresentações? “Ora, fracamente...”. Mas um sorriso involuntário iluminou seu rosto àquela hora, ao perceber os braços de Alex em sua cintura e a mão do rapaz repousada sobre sua coxa direita. Sem querer assustar o loiro, ou fazê-lo se dar conta de seus atos, Aya virou-se para o gorducho com seu melhor sorriso.
- Então... apresentem-se... – ela tentou conter a nota trêmula de sua voz ao sentir Alex tão perto, e mesmo que ele ainda estivesse absorto em sua sopa, ela sentiu um vestígio de carinho nos dedos quentes do loiro. O gorducho pigarreou dramaticamente enquanto indicava com a mão direita o rapaz alto e esguio de penteado moicano que se escorava displicentemente na parede enquanto devorava a mesma maçã que outrora Aya havia o visto.
- Esse – o gorducho despertou-a de sua análise, fazendo as atenções de Aya recaírem sobre ele novamente – é Alcebíades... ora, e eu tenho culpa de sua mãe ter lhe dado esse nome infeliz? – ele ralhou, quando recebeu um bufo irritado, muito parecido com o de um cavalo arisco, vindo do rapaz moicano.
- Pode me chamar de Al. – o moicano completou com uma voz estranhamente simpática enquanto Aya sorria.
- Muito prazer, Al.
- Ele pode parecer todo arisco, mas na verdade é o mais tranqüilo do grupo. – o gorducho sussurrou discretamente para Aya, ajeitando os oclinhos redondos no nariz de porco. - Este – apontou seu indicador-salame para trás, e sem ao menos se virar para o rapaz de cabelos escuros, contou-lhe em uma voz entediada – É Anglade... Mas você pode chamá-lo de Angus. Como você pôde perceber, é o conquistador do grupo...
Angus ergueu as sobrancelhas ao mesmo tempo em que abria um sorriso cafajeste, e Aya reparou que aquela pose lhe caia muito bem.
– Agora, só entre nós, Arthur e Alex fazem muito mais sucesso entre as mulheres do que ele. – o gorducho completou com um sussurro somente audível para a morena, que estava incerta entre sorrir por Alex ser disputado, ou se preocupar com o mesmo pensamento.
- Agora este – o loiro gorducho apontou com o polegar o rapaz forte de óculos de armação preta que permanecia com a mesma expressão dura e calada – É Auguste. E, bem... pode chamá-lo de Auguste mesmo. Ele é a força do grupo.
Aya arriscou um sorriso simpático a Auguste, que meramente acenou com a cabeça. Aquela expressão dura e séria, tão parecida com a de Alex não a intimidava nem um pouco. Ao contrário, ela até chegava a apreciar.
- E, por fim, eu, o cérebro mais brilhante do grupo – o gorducho completou com um sorriso, não sem antes Angus murmurar um audível “Exceto por Alex e Arthur” – Sou Anquetil, - o gorducho continuou, como se não tivesse sido interrompido – mas pode me chamar de François... Quer dizer, quando o Conde não estiver por perto, claro...
- Por que? – Aya perguntou curiosa. Reparara que coincidentemente todos os nomes dos cavaleiros tinham início com a primeira letra do alfabeto, assim como os mesmos se referiam a James pelo nome do meio “Arthur”.
- Ora, não somos os Ases apenas por montarmos em cavalos alados – o gorducho respondeu pomposamente, e Aya teve de segurar o riso ao imaginá-lo subindo em um pobre trestálio magricela – ou por “ás” ser a carta mais importante do baralho...
- Coincidência ou não – Angus cortou-o, e François fez uma careta aborrecida – Todos os cavaleiros que chegaram a ser um Ás, tinha um nome que começasse com essa letra. Nem que fosse o nome do meio, ou o sobrenome...
- ...E é assim que devemos nos tratar enquanto estivermos sob o juramento, nessa mansão, ou em alguma missão afora. – completou François ajeitando os óculos com um franzir do nariz de porquinho – É uma lei entre os Ases.
- Mas você prefere que te chamem pelo primeiro nome. – comentou Aya distraidamente enquanto recebia um revirar de olhos de Alex em sua nuca.
- É, bem... – Anquetil pareceu um tanto deslocado e nervoso para a presença tão imponente que impunha O gorduchinho não teve muito tempo para se constranger.
Naquele instante o rapaz esguio moreno-claro que apertara o braço de Aya minutos atrás apareceu com sua careca reluzente pela porta. Parecia um tanto ofegante, mas mantinha a pose arrogante.
- Conde Galois retornou. – ele anunciou, encarando cada uma das faces recém-chegadas – Encontraram o paradeiro da princesa.
A notícia não pareceu fazer o efeito esperado. François meramente bufou irritado. Angus revirou os belíssimos olhos negros, enquanto Auguste e Al permaneciam com seus semblantes estáticos, embora diferentes.
- E é realmente a princesa dessa vez? – Al perguntou casualmente, enquanto ajeitava um dos espinhos de seu moicano – Ou será que o conde não confundiu outra fada mordente? Do jeito que anda meio cegueta...
A maioria dos Ases, exceto por Alex e Auguste, prenderam o riso àquela hora. Alain, o moreno que ainda se encontrava no vão da porta, encarou Al com um olhar repleto de desprezo.
- Vocês estão aqui para obedecer e não para contestar. – retrucou com sua voz fria e um tanto afetada – E o que estão esperando? ANDEM LOGO!
Lentamente, entre resmungos e lamentações, os seis Ases deixaram a cozinha. François ainda teve tempo de sussurrar para Aya “Esse é Alain, o homo...”, antes de sair com passos arrastados.
Aya sentiu a mão de Alex apertar levemente sua cintura e virou-se para ele com o rosto corado e uma expressão de indagação.
- Vê se não apronta nada... – ele murmurou em seu ouvido, antes de fechar o cortejo de cavaleiros que rumava a mais uma missão. Ela sorriu, ainda observando as costas largas de Alex desaparecerem pela porta da cozinha. Virou-se assustada para a moça de cabelos castanhos ondulados quando percebeu que ela a observava.
- Acho que nam me aprrresentei devidament – ela sorriu bondosamente, embora aqueles olhos cinzentos ainda causassem um calafrio em Aya – Eu sou Amelie, mas, se um dia você chegarr a ser intime suficiente, pode me chamarr de Amel. Aya sorriu pelo canto dos lábios.
- Íntima como James? – ela perguntou, entre cínica e acusadora. A outra morena, com cabelos quase da mesma cor que Aya, sorriu.
- Monsieur Potte´rr pense que é intime... – ela comentou, sorrindo – Ele pense que é intime de todas as mademoiselles da Eurrope... e nam duvido nada qui el´seja... Exceto, talvez, porr vous... Aya ergueu as sobrancelhas.
- Eu estava em um baile com ele antes de ser praticamente arrastada pra cá. – Aya comentou, prestando a devida atenção nas reações de Amelie – Mas acho que estou livre dos encantos de James Potter.
Amelie riu baixinho.
- De Monsieur Potte´rr talvez si, mas já de um cerrte loiro carrancude... – Amel completou com um tom risonho, enquanto Aya virava-se para ela com um sorriso. De alguma forma, aquela estranha e simpática moça, apesar dos olhos cinzentos intimidantes, passava uma sensação de conforto a Aya. Ela, que em Hogwarts não cultivara nenhuma amizade feminina, sempre andando ao encalço de Alexander e Benjamin, sentia-se um tanto feliz por poder desabafar seus pensamentos com uma outra mulher, mesmo sendo uma completa desconhecida.
- Você o ama? – Amel perguntou sem rodeios.
- Não. – Aya respondeu imediatamente. Não sabia ao certo o que sentia por Alex, mas aquela resposta lhe veio tão clara e automática à cabeça que ela não precisou pensar duas vezes. Amel não pareceu surpresa.
- Você só nam descobrrir ainda. – ela sussurrou com a voz suave – Mas ainda há muite temp... Aya encarou sua sopa que há muito esfriara, enquanto Amel retirava os pratos de Alex e James e com um aceno de varinha, e a louça começava a se lavar.
- Você se formou em Beauxbatons? – Aya surpreendeu-se perguntando, enquanto brincava com seu creme de queijo.
- Nam, eu aprrendi magique com Madame Galois. Nunque fui prra escola. – Amel respondeu com a voz calorosa, embora Aya tivesse notado ressentimento em sua voz – Só sei alguns feitiços domestiques... Trransfigurrações, uma azarraçón aqui, outrre ali... Nada de muito important... James e Al me ensinam algumas côses às vezes... – ela mudou o assunto, sorrindo em seguida – Mas só quande tem tempo... São meus Ases prreferrides.
- Al é um pouco... excêntrico. – Aya comentou sem pensar. Amel sorriu.
- Si, ele gosta daquele cabele horrorose, e da pose de revoltade, mas é muite engrraçade. François é muite pompose e às vezes atrrapalhade, mas é muite inteligente. – enquanto falava dos rapazes, um sorriso genuíno ia se formando nos lábios finos de Amel. Seus olhos cinzas brilhavam de admiração – Angus é muite... ahn... como se diz na sua lingue... ehn... si! Safade... Angus é muite boêmio, mulherrengue, mas tem uma memórrie forra do comum... Só nam sei onde ele consegue arranjar espace prra guardar informações com aquele cerrébrro cheie de titica...
Aya riu.
- E aquele caladão, de óculos pretos? – perguntou Aya levemente curiosa.
- Auguste? – Amel sorriu com o interesse de Aya – Auguste é bem parrecide com Alex. É semprre quieto, calade, mas tem um corração de ourro. É o melhorr rapaz dos Ases.
- Mesmo? – Aya ergueu as sobrancelhas, não conseguindo disfarçar seu espasmo. Amel lhe lançou um olhar avaliador.
- É tam dificile acrreditarr? Vous conhece Alexander, nam conhece?
- Desde meu nascimento. – respondeu Aya prontamente.
- Entam... Vous duvide que ele tem corração bom?
Aya sorriu, erguendo as sobrancelhas de um modo assombrado. - Às vezes.
Amel riu, meneando a cabeça.
- Alex é o unique Ás que eu nunque consegui me aprroximar. – ela confessou, agora conjurando duas taças e despejando um líquido vermelho nelas – Nam conhece quase nade dele...
Aya deixou escapar um suspiro aliviado enquanto recebia com gosto uma taça de vinho de Amel.
- Mas esse perrsonalidade de Alex só faz as garrotes gostarrem ainda mais dele. – continuou Amel, bebericando de um modo elegante seu vinho – E James! Ho! São o sucesse das mulherres aqui no Frrronce...
- Não muito diferente do que acontecia na Inglaterra. – Aya comentou baixinho.
Entre cálices de vinho, risadas cada vez mais altas e uma intimidade extraordinária, Aya e Amel foram se tornando amigas. Aya lhe contara sobre os anos em Hogwarts, o dramático romance de seus pais, enquanto Amel contava como fora abandonada na porta daquela mansão e como Conde Adolphe a acolhera e permitira a ela saber dos segredos dos cavaleiros, bem como as passagens secretas da mansão em troca de trabalho doméstico. Amel tinha que cuidar da limpeza da mansão, da cozinha, bem como da recepção dos convidados e dos cuidados médicos dos cavaleiros.
As horas se passaram madrugada adentro, e quando os primeiros raios solares perfuraram a janela da cozinha, Aya sentiu sua cabeça latejar fortemente enquanto fios de seu cabelo castanho invadiam sua boca semi-aberta. Piscou os olhos, pensando por um momento que o gesto fosse acionar botões invisíveis e explodir sua cabeça de vez, quando escutou Amel cantarolar alegremente preparando o café da manhã.
- Bom dia. – ela desejou alegremente enquanto despejava um líquido muito negro em uma larga caneca na frente de Aya – Tome um pouco, é bom pra ressaca!
- Você não está com... ui... dor de cabeça? – ela perguntou com a voz embolada, massageando as têmporas.
- Não muito. – a outra respondeu, e Aya reparou que ela já trocara de roupa e vestia um conjunto verde musgo muito discreto. A saia pregada rodopiou quando Amel virou-se para as laranjas que se espremiam sozinhas a um canto – Eu sou forte com bebida. Sempre fui.
- Sorte a sua... – Aya resmungou, perdendo a mão nos cabelos embaraçados.
- Acho melhor mademoiselle tomar um banho e trrocarr de roupe. – Amel aconselhou – Ache que ficarrá nos quarrto de hóspedes. Subindo as escades, terrceirra porrta a esquerda.
- Obrigada. – Aya resmungou, e com esforço, desceu do banco alto em que dormira sob efeito do álcool na noite anterior. Mas antes que pudesse chegar a porta da cozinha, a presença notável e inconveniente de François Anquetil tampou-lhe a visão de todos os outros Ases que a fitavam curiosos.
- Por Merlim, Aya, o que fizeram com você? – o gorducho perguntou com a voz espantada, os óculos pendiam tortos no nariz de porco.
- Eu... – ela tentou alguma explicação, mas sua cabeça latejava e punhos invisíveis socavam-lhe as têmporas. Imaginou como sua aparência devia estar deplorável: as vestes de gala de seda azul rasgadas, o coque desfeito, cabelos desgrenhados, olhos inchados e hálito de álcool.
Antes que pudesse arquitetar uma resposta que sairia, na melhor das hipóteses, estúpida, Aya sentiu um braço forte envolver suas pernas e carregá-la nos ombros duros. No instante seguinte, ela sentia-se estranhamente como um saco de batatas com a visão privilegiada de um traseiro masculino.
- Onde vai com ela, Alex? – a voz esganiçada de François a fez revirar o rosto numa careta agoniada.
- Ora, não é óbvio? – agora era James quem dizia, em uma voz maliciosa – Pro quarto dele...
- Vou tirá-la daqui antes que Adolphe desça pra ver a princesa e acabe... – a voz de Alex foi morrendo, enquanto ele parava de andar em frente à escadaria. Fez-se um silêncio mortal em que Aya apenas podia observar as faces ligeiramente espantadas dos Cinco Ases atrás de Alex, que fitavam um ponto nos últimos degraus. Então, com um tremor involuntário no fundo do estômago e a face mais vermelha que os cabelos de seu primo Benji, Aya escutou uma voz fria carregada de desprezo, vinda de frente para suas pernas.
- É essa a princesa?
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N/A: Os problemas na FeB continuam, mas eu to aqui, firme e forte na FF!!
Tammie: Pois eh, o James ser um Ás só apimenta mais as coisas né? Espero q vc tenha gostado do capítulo! Ficou muuuito comprido! >__________< Espero q vc tenha achado a foto! Qqr coisa eu salvo da net e te mando oka??????? Bjãão Tammie! Obrigada por tudooo Te adoro queridaaaaa
Emmy: Conhecendo o resto dos Ases!! ^___________^ Espero que sua simpatia pelo James tenha aumentado! Hehehehe Ah, to morrendo de curiosidade com suas idéias!! Me fala, me fala?!???????!! Espero q tenha gostado do cap! ^^ bju bju bjuuuuuuuuuuuuusssss!!! Minha fã No. 1!
Tati: O James entrando na fic da uma apimentada e tanto nééé????? Hahahahaha que bom que vc gosta dele! No fundo ele eh bonzinho siiim! ^^ Hehehe Nossa, obrigada mesmo por ter tido todo esse trabalho de vir no meu scrapbook comentar!! Significa muito pra mim viu?! Obrigada mesmoo! Bjãão tatii
Ilana Slytherin: Ahhh Obrigada pelo coment!! ^^ heheh esse negócio do Draco e do Blaise me fez dar muitas gargalhadas, sabe?! Eu to lendo uma fic muito legal que conta essa amizade dos dois e achei interessante... quer dizer, na fic q eu to lendo o Blaise parece mais o Sirius, mas sei la..! ^^ Hehehe q ótimo que vc esteja gostando! Obrigada pelo coment viu? Bjãoo
Ligia: hahahahaha "nao tenho problemas com os homesn da sua fic" foi otimooo! hahahahahaha adoreeeiii!! Espero q vc tenha gostado da nova "leva"... a Emmy ja disse q qr o Angus pra ela... hauhauhauahua eh soh escolher!!! Bjãoo! Obrigada por comentarrr!
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